Anteontem houve 21 fogos. Ontem 61. Há muito pouco tempo, choveu.
A previsão para os próximos dias (e que não compreendo bem porque não é vulgar haver em simultâneo vento leste e aguaceiros) é a seguinte:
Previsão para 6ª Feira, 26 de Setembro de 2008
Céu limpo, aumentando gradualmente de nebulosidade a partir do fim da tarde na região Sul.Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) do quadrante leste. Neblina ou nevoeiro matinal no Baixo Alentejo.
Previsão para Sábado, 27 de Setembro de 2008
Regiões Norte e Centro:
Céu pouco nublado ou limpo, aumentando gradualmente de nebulosidade a sul do Mondego, a partir da tarde.Vento em geral fraco( inferior a 20 km/h) de leste, soprando temporariamente moderado (20 a 30 km/h) nas terras altas. Região Sul:
Céu geralmente muito nublado. Vento em geral fraco( inferior a 20 km/h) sueste, soprando temporariamente moderado (20 a 30 km/h) nas terras altas. Períodos de chuva ou aguaceiros, em especial a partir da tarde e que poderão ser por vezes fortes. Condições favoráveis à ocorrência de trovoadas.
Previsão para Domingo, 28 de Setembro de 2008
Região Norte:
Céu pouco nublado ou limpo, temporariamente muito nublado. Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) de leste. Possibilidade de aguaceiros fracos.
Regiões Centro e Sul:
Céu muito nublado.
Vento fraco a moderado (10 a 30 km/h) do quadrante leste, soprando temporariamente moderado a forte (30 a 40 km/h). Aguaceiros que poderão ser por vezes fortes, em especial até ao final da manhã. Condições favoráveis à ocorrência de trovoadas.
Previsão para 2ª Feira, 29 de Setembro de 2008
Céu pouco nublado ou limpo, apresentando-se em geral muito nublad, em especial por nuvens altas na região Sul. Vento fraco a moderado (10 a 25 km/h) do quadrante leste. Aguaceiros fracos a sul do Tejo.
A verificarem-se estas previsões, nomeadamente quanto ao rumo do vento, prevejo uma subida rápida e acentuada do número de fogos.
Veremos. Se a previsão do vento se confirma e se, confirmando-se, se verifica o aumento rápido do número de fogos.
Se assim for é mais uma indicação a favor da minha ideia de que o rumo do vento em Portugal é um simplicíssimo e poderosíssimo indicador no que aos fogos diz respeito.
Se assim não for porque não se verifica a previsão do rumo do vento, ficamos na mesma.
Se assim não for, porque se verifica a previsão do rumo do vento mas não se verifica um acentuado aumento do número de fogos, é mais um indício de que não tenho razão.
henrique pereira dos santos
Caríssimo Henrique,
ResponderEliminarTemos milhares de portugueses, que trabalham no mundo rural, mortinhos para que o tempo seque um pouco para que possam queimar os seus sobrantes das podas, das limpezas dos quintais, dos milharais, etc.
Aos sábados e domingos ainda é melhor, sobretudo para os que vivem durante a semana na vila ou na cidade e só naqueles dias podem fazer esses trabalhos. Para esta gente, que mantém o agros vivo, o "período crítico" já acabou.
Outras boas dezenas, pastores, só estão à espera que o vento se levante e as ervagens sequem para garantir que o lume que deitam todos os dias às urzes (ou às giestas, se já não queimam há muito tempo) tenha mais eficácia. Especialmente se a GNR não andar por perto.
Com toda esta piromania à solta, fruto da estação outonal, acha mesmo que há hipótese de o número de incêndios (e provavelmente a área ardida) não aumentar? Caramba, não é preciso ser o Zandinga!
B. Gomes
Caro B. Gomes,
ResponderEliminarDe acordo com o seu modelo interpretativo daqui para a frente todos os fins-de-semana haverá aumentos de número de fogos e área ardida (visto que o que refere é válido para todos os fins-de-semana). E consequente diminuição aos dias de semana.
Eu, pelo contrário, defendo que este período que vai de sexta a segunda é especial (daí para a frente não tenho previsões mas se se mantiver o rumo do vento aumentam os fogos e se mudar o rumo do vento diminuem independentemente do dia da semana) e terá um aumento maior que nos outros dias.
Óptimo, a sua previsão e a minha são fáceis de verificar e depois discutiremos o que efectivamente aconteceu.
henrique pereira dos santos
Hoje, Domingo de manhã, 28 de Setembro temos então a seguinte informação: 21 incêndios na quarta, um dia em que ainda chovia. 61 na sexta quinta quando terá começado o episódio de vento Leste (sobretudo no Norte porque tem estado a chover para o Algarve e Alentejo e no litoral abaixo no Porto não se verificam as condições assiociadas ao vento Leste). 83 na sexta e 107 no sábado. Embora as explicações dos incendiàrios do fim de semana não expliquem o aumento a partir de quinta esta interpretação ainda é compatível com os dados se considerarmos que as pessoas faem uns fins de semana muito grandes. Já é mais difícil essa explicação explicar os números da semana passada, moderados (entre os 80 a 90 fogos) quinta, sexta e sábado, baixando acentuadamente no Domingo mas enfim, pode ter sido um incidente.
ResponderEliminarJá agora, no ano passado também hou quem defendesse essa teoria porque o principal episódio de vento Leste começou numa sexta feira feriado e a culpa era do fim de semana comprido. Mas o vento manteve-se toda a semana e foi uma das semanas de maior área ardida no ano passado. Depois o vento mudou.
Veremos então o que se passará neste Domingo e Segunda (para os quais se mantém a previsão de vento Leste) e depois na terça em que se prevê uma alteração do rumo do vento.
henrique pereira dos santos
O Henrique é bom a fazer apostas, sobretudo pelos outros, mas apressado a ler os posts dos seus oponentes.
ResponderEliminarOu será que na sua terra os pastores só "trabalham" ao fim de semana e "descansam" nos dias úteis?
Na minha não..
B. Gomes
No site do IM, às 15 horas de hoje, era possível observar que em quase todas as estações meteorológicas o vento era de leste. De sul a Norte e do litoral ao interior. A grande diferença estava nos valores de humidade relativa, com valores de 30% ou menos no Norte do país e 90% a 100% no Sul. Os elevados valores de humidade no Sul eram devidos à depressão que afecta essa região.
ResponderEliminarNormalmente as situações de fluxo de leste em Portugal continental são caracterizadas por valores muito baixos de humidade relativa, às vezes inferiores a 5%, mas nem sempre isso se verifica. Existem também outras situações que, não tendo vento de leste, apresentam também valores muito baixos de humidade relativa.
Caro B. Gomes,
ResponderEliminarOs pastores (ou se preferir,mais correctamente, os factores de ignição que podem não coincidir com os maiores índices de área ardida que por sua vez não coincidem com as áreas de maior pastorícia mas sim com as áreas de maior percentagem de floresta produtiva, pelo menos nas áreas estudadas por filipa torres manso na sua tese de doutoramento) estão lá todos os dias.
Mas há dias com mais fogos e com mais áreas ardidas.
O que me interessa discutir são os factores que diferenciam esses dias dos outros, sobretudo os doze dias no ano em que arde 80% da área ardida anual.
Caro Anónimo,
Agradeço os comentários que me permitem clarificar o que aliás já disse várias vezes: o rumo do vento, em si, diz de facto pouco. De maneira geral as situações meteorológicas que coincidem com o vento Leste são responsáveis pela potenciação de todos os outros factores de risco dos fogos.
Chuva e vento Leste, como parece estar a acontecer no Algarve ontem e hoje, é uma raridade (quase diria uma anomalidade meteorológica).
Com certeza que há muitas situações de humidade atmosférica baixa não associada ao vento Leste.
Mas a verdade é que a existência de um típico vento Leste por vários dias é certo e sabido que dá origem a situação muito difícil do ponto de vista dos fogos.
O que me interessa neste facto é que há uma grande coincidência entre este rumo do vento e as situações catastróficas de fogos. E que este é um indicador simples, compreensível e verificável por qualquer pessoa em qualquer circunstância.
Pô-lo em evidência não é negar tudo o resto, é mesmo só pô-lo em evidência.
henrique pereira dos santos