"A árvore, embora sacralizada, embora integrada nas necessidades, só se tornou objecto de um saber teórico depois das plantas, que, essas sim, interessaram os sábios desde o Antigo Egipto"
Tratado da Árvore, Assírio e Alvim
henrique pereira dos santos
Daqui se assume uma certa analogia entre os botânicos e os sábios do Antigo Egipto...
ResponderEliminarHenrique,
ResponderEliminarNão sei de que contexto é que retirou essa citação, mas olhe que os nosso antepassados conheciam muito bem as árvores e, desde o neolítico, andaram a espalhar certas espécies por essa Europa fora...
Quer uma prova melhor desse conhecimento do que o feroz paganismo arbóreo dos nossos antepassados luso-galaicos, de raiz céltica, que tanto custou a assimilar pela Igreja?
O problema é que, ao contrário dos "sábios" orientais seus contemporâneos, os nossos ancestrais não deixaram hieróglifos pintados nas paredes ou nos papiros (ups! o papiro não é uma árvore... mas também não devia haver muitas no Antigo Egipto...)
B. Gomes
PS: o autor da sua citação é tão "sábio" que ignora que de entre os 37 livros da História Natural de Plínio (séc. I d.C.), obra do mais importante naturalista clássico que aborda todos os aspectos dos ecossistemas, 5 são dedicados exclusivamente ou quase às árvores e florestas.
O que não abona muito da imparcialidade do seu "sábio". Aqui há gato...
Caro B. Gomes,
ResponderEliminarCalma, o mundo não é a preto e branco e não é um permanente braço de ferro entre os florestais e o resto do mundo.
O título do post é o título de um dos capítulos do livro. O texto é a tese que o capítulo pretende demonstrar.
E para o descansar cito um parágrafo do mesmo capítulo: "Desde a Antiguidade que teofrasto, Plínio , o Velho, Columela, para citarmos apenas autores famosos, trataram das árvores, da sua beleza e das suas utilizações. Por outro lado, as árvores estão muito presentes na cultura, como testemunhariam facilmente os textos, de Virgílio a Rousseau, passando por Ronsard. São evocadas, são cultivadas, são os pilares da civilização. Como se poderá explicar que não tenham fornecido de imediato os objectos de um saber racional".
E se tiver dúvidas sobre o que chamou "imparcialidade" (não percebi em relação a quê) do senhor Robert Dumas, desconso-o como mais umas citações: o início do próprio livro e uma citação da wikipedia para a colocar em contexto. Vejamos:
"Se, como escreve François Dagognet, a semente é para a árvore o que o título é para um livro, sinto-me no dever de explicar de justificar o meu título: Tratado da Árvore. É, em primeiro lugar, uma saudação a esse século XVIII que deu os últimos retoques no primeiro conhecimento racional das árvores. Em segundo lugar, é uma forma de prestar homenagem a esse sábio e grande amador de árvores que foi Duhamel du Monceau. Por fim, tentei mostrar que a árvore merece converter-se em objecto para a Filosofia, recheada de tratado das paixões, mas pouco eloquente acerca das árvores".
Para contexto:
"Duhamel du Monceau fut l’un des auteurs les plus prolixes, des plus compétents aussi, véritable esprit encyclopétique. Si l’on met à part les dix-sept volumes qu’il donna à la collection de l’Académie des sciences à partir de 1761, il publia les ouvrages les plus importants de l’agronomie française, le Traité de la culture des terres (1756), adaptation de Jethro Tull, et les Éléments d’agriculture (1756), fruits de ses expériences personnelles. Il avait fait de son domaine de Denainvilliers, dans le Gâtinais, une véritable station d’agriculture expérimentale. Ses fonctions à la marine firent de lui un spécialiste des bois et son Traité des arbres (1755) en apporte la preuve"
henrique pereira dos santos
Caro Henrique,
ResponderEliminarAfinal havia mesmo gato...
O que não quer dizer que tenhamos que reverenciar o autor: as primeiras grandes civilizações históricas, que teorizaram e escreveram as suas teses, surgiram em (ou criaram!) regiões largamente desprovidas de árvores. O Egipto antigo importava a madeira para a sua armada das montanhas do Líbano.
Aos nossos avós, que adoravam e conheciam bem os bosques e brenhas da Europa temperada e mediterrânica, ainda lhes faltavam umas boas centenas de anos para que pudessem transmitir-nos directamente o seu saber.
Poderá estar aí uma resposta para a angústia do seu autor. Mas sou um simples florestal...
B. Gomes