De acordo com as previsões hoje terminará mais um episódio de vento Leste.
Apesar de ser rara a existência de chuva com vento Leste foi esta a situação no Algarve. Em qualquer caso o número de fogos subiu acentuadamente durante os dias em que houve vento Leste e hoje é difícil saber qual será a tendência mas nos próximos dias, em que se prevê bom tempo e aumento da temperatura, estou convencido de que o número de fogos vai baixar em relação a estes dias.
Importante é também notar que este aumento de fogos ocorreu apesar de ter chovido há menos de uma semana.
henrique pereira dos santos
Com a mudança de vento de ontem (um dia mais cedo que o previsto) o número de fogos caiu abruptamente de 146 para 63. Os pastores, os almoçaristas e todos os pirómanos que se possam pensar continuam por lá na mesma. Em rigor se esta acompanhamento diário fosse feito com a área ardida (não há informação para isso) a relação seria ainda mais clara, porque o número de fogos é um indicador razoavelmente frágil.
ResponderEliminarhenrique pereira dos santos
Caro Henrique,
ResponderEliminarÉ tão bom ter uma teoria-plasticina, que se molda a tudo!
Mudança de vento, qual? As estações do INAG não a detectaram, nem uma diminuição significativa da velocidade. Nem abaixamento de temperatura. Terá o HPS uma rede de estações meteorológicas própria?
Consulte a evolução dos factores meteorológicos nas seguintes, bem espalhadas (só na metade norte, para não sermos salpicados):
- Folgares;
- Castelo/Burgães;
- Ladoeiro;
- Pinelo;
- Amarante;
- Abrantes;
- Vila da Ponte;
- Pombal.
Onde é que o HPS vê "a mudança de vento de ontem"? Estou perfeitamente abismado.
Quanto a não haver elementos referentes à área ardida , devo sonhar quando os vejo nos relatórios da DGRF.
Não dava para pedir aos seus colegas do ministério ao lado? Ou trabalham para governos diferentes?
B. Gomes
Caro B. Gomes,
ResponderEliminarO seu contributo para a discussão neste blog tem sido muito interessante.
Para verificar a mudança da direcção do vento consultei o site do Instituto de Meteorologia no próprio dia (quer a previsão, quer as observações de superfície).
Se não se importar de me dar o link para o site onde posso consultar a área ardida diária agradecia imenso porque acho que é muito mais significativo que o número de fogos diário mas não conheço nenhuma fonte que tenha esses dados (digo que não conheço porque sou ignorante, não é porque não existam, que isto seja claro).
Neste blog eu não trabalho para o ICNB, digo o que penso.
Fora deste site, também não trabalho para o governo, trabalho para o Estado (ou para os cidadãos, se preferir).
Só ainda não percebi qual é a sua explicação alternativa à minha. É que a da variação dos factores de ignição não serve porque não bate certo com os dados.
henrique pereira dos santos
Caríssimo Henrique,
ResponderEliminarMais uma vez lhe remeto o link em que é publicado relatório onde se apresenta a superfície ardida nos últimos dias, com a décalage de cerca de 1 semana, acho eu. Veja a página 11.
http://portal.min-agricultura.pt/portal/page/portal/MADRP/PT/servicos/Imprensa/Documentos/ficheiros/AFN_DFCI_PGIR_RP9.pdf
Julgo ser impossível (ou extremamente caro) representar com actualizações diárias a área ardida, dado que só após a confirmação das superfícies afectadas isso pode ser divulgado, o que leva dias ou semanas - não são os bombeiros que o fazem. Isto nos incêndios com duração de menos de 24 horas, que nos mais duradouros, raros nos dias que correm, ainda podemos ter de esperar vários dias antes que o incêndio acabe...
Como sabe, uma coisa é contar os números de vezes que um carro de bombeiros sai do quartel ou que alguém manda sair a 1.a intervenção, outra é medir áreas de centenas ou milhares de hectares (mesmo com imagens de satélite, as nuvens podem impedir isso durante longos períodos depois dos incêndios terminarem). E há tanta urgência nessa informação que justifique o esforço e o gasto de avultados recursos públicos?
Não tenho explicação alternativa à sua. Julgo porém correctos os seguintes factos:
1. A previsão da ocorrência de incêndios deve ter uma componente regional muito forte, pois em cada região temos causas e cobertos florestais muitos diferentes. Por exemplo, uma coisa são os incêndios do pinhal interior, outra, completamente diferente, os das serras do norte e centro em que os pastores, sobretudo a partir de meados de Agosto, tentam todos os dias (a partir de certa hora) chegar o lume às urzes e carquejas.
Os trabalhos agrícolas de fim de semana, no fim do Inverno ou no Outono, e as romarias no meio de Agosto são outros factores que ajudam muito a explicar picos de ocorrências de incêndios, pelo menos regionalmente.
Como sabemos, estatísticas nacionais escondem realidades regionais muito diferentes e analisar àquele nível é temerário, quanto mais fazer previsões.
2. O factor estritamente meteorológico é bem explicado por índices como o FWI, que condensa informação interessantíssima sobre uma componente muitas vezes menosprezada - os combustíveis, factor essencial para prever o potencial de grandes incêndios incontroláveis. Sobretudo se depois de dominarmos esse índice lhe associarmos a interpretação das previsões da evolução dos sistemas meteorológicos.
Senão, como poderíamos prever, só com a leitura das cartas de superfície previstas, o brutal incêndio da serra de Ossa de 2006, em que arderam mais de 4000 ha de eucaliptos (e sobreiros) com o fogo puxado por ventos de todos os rumos menos o de Leste?
B. Gomes
PS- Arranjar dados sobre incêndios florestais sendo colaborador de um serviço do Estado que trata da matéria, como o ICNB, deveria ser muito mais fácil do que para o vulgar cidadão simplesmente ligado à internet...
Caro B. Gomes,
ResponderEliminarNão percebo onde quer chegar.
O link que mandou é o do relatório periódico que é produzido. Evidentemente ninguém produz áreas ardidas diárias (e como diz, nem faria muito sentido) em tempo real (nem mesmo com uma semana de atraso). O que é feito é esse registo nos relatórios periódicos mas que infelizmente não caracterizam diariamente o rumo do vento predominante. Daí a dificuldade de fazer a relação entre a área ardida diária e as condições meteorológicas naquele momento com este indicador. Escolheu-se outro, considera-se boa a aderência e pronto.
Em qualquer caso, a partir dos gráficos apresentados é fácil verificar que os picos com a área ardida são ainda mais acentuados que os do número de fogos (como é previsível com o meu modelo de interpretação do fenómemo). Eu não tenho informação arquivada sobre condições meteorológicas regionais (que são as que interessam), incluindo o rumo dominante do vento (cuja interpretação estação meteorológica a estação meteorológica tem muito que se lhe diga como demonstra Suzane Daveau no seu livrinho, infelizmente pouco lido, sobre o ritmo e a repatição das chuvas em Portugal).
Portanto não tenho condições para fazer uma coisa relativamente simples para quem tenha acesso a esses dados: ir a cada um desses picos mais acentuados verificar se efectivamente existe ou não correlação com o vento Leste. Tenho-o feito aqui por antecipação com bastante acerto (mesmo neste episódio não vemos a mesma coisa porque nas estações meteorológicas que apontou anteriormente o que eu vi foi de facto uma rotação do vento ao longo do dia, mesmo tendo em conta as reservas da generalização de observações locais para a meteorologia regional. E mais importante que isso, previ quer a subida no número de fogos, quer a sua descida o que efectivamente se verificou.).
Mas sobretudo eu nunca contrapuz o vento Leste a todos os outros factores, o que tenho afirmado é que o vento Leste potencia todos os outros factores e por isso tem fortes probabilidades de estar presente nas situações mais catastróficas e é um bom indicador por ser simples e facilmente perceptível.
E pela enésima vez, eu, neste blog, não sou colaborador do Estado. Uso a informação pública a que tenho acesso como qualquer pessoa.
henrique pereira dos santos