sexta-feira, março 22, 2013

Medo mulato


A QUERCUS resolveu fazer um comunicado preocupada com a extinção do lobo no Parque Natural do Alvão.
Eu não percebo por que razão me devo preocupar com eventuais extinções locais com uma espécie generalizadamente em expansão e comprovadamente associada a uma dinâmica de extinções e colonizações locais.
Até aqui é uma mera questão de opinião.
O que me preocupa é a ligeireza com que se tiram conclusões e se fazem afirmações cuja fundamentação é mais que duvidosa:
"Neste momento, as alcateias sobreviventes no SIC Alvão-Marão e no PN do Alvão estão isoladas". Há alguma evidência disto? Não.
"Esta situação teve como principal causa a proliferação de infraestruturas, como vias de comunicação, parques eólicos e seus acessos, as quais provocaram a fragmentação do habitat da espécie e a sua perturbação, através do aumento da presença humana e de veículos automóveis nos seus territórios de caça e de reprodução" Não, pelo contrário, há evidência de que cruzam as estradas, de que passam nas passagens aéreas e subterrâneas e nem vale a pena comentar a ideia peregrina de que os acessos dos parques eólicos são barreiras para os lobos. Há evidência de que outras áreas exactamente com o mesmo tipo de perturbações não parecem ter os lobos em regressão? Sim, há (Montemuro, Minho, por exemplo). Assim sendo o que suporta afirmações tão taxativas sobre processos complexos?
Mistério.
Mas por que razão faço um post sobre isto em vez de ir protestar contra a barragem da Iberdrola? Ou contra a estrada municipal que a Quercus refere?
Simples, porque não estou convencido dos dramas que representam para o lobo estas infra-estruturas mas sobretudo porque me faz falta um movimento conservacionista forte, sólido e ouvido por toda a gente. E com coisinhas tão pouco sustentadas não vamos lá.
henrique pereira dos santos

5 comentários:

  1. Além das imprecisões e não verdades que o comunicado da Quercus tem. O mesmo esquece de dizer que esta estrada (estradão já tem largas dezenas de anos e vai ser agora simplesmente asfaltado) vai ligar a aldeia de Lamas de Olo à aldeia do Barreiro numa extensão de 2600m, dos quais 1700m já estão asfaltados já há alguns anos (parte do Concelho de Mondim de Basto).
    O comunicado da Quercus é sobre um troço de 900m de um estradão que vai ser asfaltado.
    “A construção de mais uma nova estrada no Parque Natural do Alvão, promovida pelo Município de Vila Real, é mais uma infraestrutura que trará efeitos negativos nas já ameaçadas alcateias, com a previsível passagem de milhares de carros por ano em locais que atualmente têm uma intensidade quase nula de tráfego automóvel”
    Sejamos sérios!

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  2. Anónimo24/3/13

    «…por que razão faço um post sobre isto em vez de ir protestar contra a barragem da Iberdrola?... sobretudo porque me faz falta um movimento conservacionista forte, sólido e ouvido por toda a gente.» (HPS)

    Concluímos pois que o Henrique prefere fazer um post e não ir protestar contra a barragem da Iberdrola, porque lhe faz falta um movimento conservacionista forte e sólido.

    O Henrique é isto: para ter um movimento conservacionista forte e sólido, ele dedica-se a fazer posts e sonha com um conservacionismo a favor das estradas de alcatrão!!!

    O Henrique não podia autodefinir-se melhor!

    E revela-nos a sua verdadeira ideologia ambiental – o conservacionismo dos posts a favor das estradas de alcatrão!!!

    Palavras para quê? Falamos de Henrique Pereira dos Santos.

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  3. Anónimo24/3/13

    E para completar a festa não se esqueça que ao falar de economia portuguesa, o Henrique Pereira dos Santos ultrapassa em optimismo a própria Troika.

    Para o nosso contabilista paisagista basta a capacidade de financiamento superar a necessidade de financiamento para termos os problemas económicos em vias de resolução.

    Só mesmo um contabilista paisagista poderia produzir com tanta convicção, sem pejo algum, nem um pingo de ponderação , raciocínios tão simples e tão pueris.

    Para que conste para os mal formados e os menos informados em economia:

    Homem do FMI para Portugal "chocado" com o nível da recessão
    Abbebe Selassié, o homem do FMI para Portugal, está surpreendido e chocado com o nível da recessão e do desemprego. Na primeira entrevista depois da sétima avaliação, Selassié avisa que Governo deve cumprir o programa de ajustamento para recuperar o emprego e promete alguma flexibilidade da Troika para corresponder as pretensões de Portugal. O responsável do Fundo confessa que o nível do desemprego é "muito pior" do que se esperava.

    http://www.rtp.pt/noticias/index.php?article=638270&tm=9&layout=122&visual=61

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  4. Olá,

    HPS: "Há evidência de que outras áreas exactamente com o mesmo tipo de perturbações não parecem ter os lobos em regressão? Sim, há (Montemuro, Minho, por exemplo)."

    É inteiramente correcta esta afirmação? A minha dúvida deve-se principalmente ao caso do Montemuro. Tenho a ideia (admito que possa estar errada) que a "população" do Lobo a Sul do Douro seria tudo menos saudável.

    Pedro Cardia

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  5. Pedro,
    O facto da população de Montemuro não estar saudável (e não estou a discutir esse ponto de vista) não significa que essa falta de saúde resulte das infra-estruturas. Ela não está de boa saúde há muitos anos e depois da instalação das infra-estruturas não parece ter regredido, mesmo continuando com uma saúde frágil.
    henrique

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