segunda-feira, maio 15, 2006

A grande farsa

Um relatório hoje divulgado pela Comissão Europeia revela que as quotas de emisões de dióxido de carbono concedidas pelos diferentes Estados, incluindo Portugal, não foram esgotadas durante o ano passado. Apenas os ingénuos julgarão que esta é uma boa notícia; na verdade, é uma péssima notícia, pois demonstra, como se sabia desde o início, que este tipo de mercado de emissões era um «salvo-conduto» para as indústrias continuarem a poluir, sem qualquer esforço de redução.

Claro está que este esquema, ao beneficiar as indústrias, prejudica os cidadãos, porque estamos perante a situação do «cobertor» que se se puxa para um lado descobre o outro. Ou seja, ao se ter cedido uma maior margem às indústrias, isso não significou qualquer alteração nas quotas totais de cada país. Significa isto que os Governos dos Estados-membros - leia-se os contribuintes - têm de assumir todo o esforço (logo, os encargos...) do Protocolo de Quioto. Isto não é mais do que, na prática, uma concessão de subsídios encapotados que os Estados dão às empresas. Era tão-só isto que, por exemplo, o empresário Patrick Monteiro de Barros pretendia com a «sua» refinaria, que afinal também trazia acoplada uma central térmica. Ele e os seus sócios queriam apenas que fossem os contribuintes a pagar aquilo que eles poluiam... Eles ficavam apenas com os lucros.

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