A ideia de realizar um referendo sobre a opção nuclear em Portugal, proposta pelo antigo ministro Mira Amaral (o tal do «petróleo verde», que agora arde todos os Verões...) seria peregrina e estúpida se não fosse o caso de lhe estar subjacente uma clara intenção de manipulação. Há questões que não são referendáveis e a questão nuclear é um paradigma. E isto sobretudo porque uma decisão tomada hoje teria repercussões dentro de 10, 20, 30 ou mais anos. Ou seja, os maiores impactes passariam para a geração seguinte; aquela que obviamente não tinha votado no referendo. Seria a mesma coisa que decidir referendar os impostos ou os salários; referendar a dívida pública, de tal modo que daqui a 50 anos quem aqui estivesse que se safasse...
Além disso, uma questão desta natureza torna-se difícil de ser decidida quando a esmagadora maioria da população pouco ou nada sabe sobre energia nuclear. E no meio das vantagens e desvantagens que lhe estão subjacente, claro está que do lado dos que estão a favor se encontram poderosos e ricos lobbies que inundariam o país com hossanas às centrais nucleares.
Por fim, mesmo que se aceitasse um referendo, que tipo de pergunta se faria? Bastaria perguntar: aceita a construção de uma central nuclear em Portugal? Ou convinha indicar a localização? E mesmo que 100% da população da zona onde estaria prevista a central nuclear votasse contra, mas a maioria da população portuguesa votasse a favor, o que se faria? Construía-se à mesma a central nuclear?
Por mim, a avançar-se com esta ideia, a pergunta somente poderia ser esta: Aceita a construção de uma central nuclear em Portugal, qualquer que seja a sua localização geográfica? Somente assim se estaria a jogar limpo. De uma outra forma, é arriscar passar um cheque em branco...
Além disso, uma questão desta natureza torna-se difícil de ser decidida quando a esmagadora maioria da população pouco ou nada sabe sobre energia nuclear. E no meio das vantagens e desvantagens que lhe estão subjacente, claro está que do lado dos que estão a favor se encontram poderosos e ricos lobbies que inundariam o país com hossanas às centrais nucleares.
Por fim, mesmo que se aceitasse um referendo, que tipo de pergunta se faria? Bastaria perguntar: aceita a construção de uma central nuclear em Portugal? Ou convinha indicar a localização? E mesmo que 100% da população da zona onde estaria prevista a central nuclear votasse contra, mas a maioria da população portuguesa votasse a favor, o que se faria? Construía-se à mesma a central nuclear?
Por mim, a avançar-se com esta ideia, a pergunta somente poderia ser esta: Aceita a construção de uma central nuclear em Portugal, qualquer que seja a sua localização geográfica? Somente assim se estaria a jogar limpo. De uma outra forma, é arriscar passar um cheque em branco...
1 comentário:
Argumentário interessante, mas... onde se realizaram referenduns (seja antes de instalar, como na Austria) seja com a opção encerrar as existentes ou construir mais (Suecia) os resultados foram (pese os dinheiros e etc) favoráveis ao não (ou a encerrar, embora hoje o poder politico tente dar a volta).
Claro que a pergunta teria sempre um obice...não se vão instalar centrais em zonas sem água q.b. e mais dificilmente em zonas sismicas.
Para mim teria que ser (como com a regionalização) um duplo referendum. Nacional e local e só em caso de duplo sim se deveria avançar.
Mas, devo dizer, e parabéns à Quercus que divulgou (hoje?) um excelente comunicado sobre o tema...que até haver condições para problematizar o referendum muitas águas passarão...
António Eloy
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