domingo, dezembro 07, 2008

Dificuldades de comunicação


No último post publicado neste blog - Caça e conservação -, Henrique Pereira dos Santos, abre a janela a uma questão que me tem despertado particular preocupação: a qualidade da informação publicada sobre questões ambientais nos meios de comunicação nacionais.

Nos últimos quase vinte anos, diversas foram as vezes que me relacionei com a comunicação social, quer como sócio activo de duas ONGAs, quer como técnico do então Instituto da Conservação da Natureza, quer ainda a título particular. Creio que em várias ocasiões, a essência da mensagem passou, com o devido rigor, mas sem linguagem tecnocrata e académica/cientifica que pouco têm a ver com comunicação propriamente dita. Todavia, muitas situações houve em que o resultado final (por mim) pretendido ficou bem aquém do esperado. Quase sempre por falta de rigor, que não raramente distorcia de forma considerável o que se pretendia transmitir. Por manifesta falta de preparação ou mesmo por alguma ingenuidade, reconheço alguma responsabilidade pessoal, mas salvo raras e muito honrosas excepções, sentia que, muitas vezes, do outro lado, abundava a falta de rigor e existia uma enorme ausência de preparação profissional para noticiar temas relacionados com questões ambientais.

A formação de uma opinião pública com boa capacidade crítica é essencial, por forma a elevar o nível de exigência da sociedade no que às políticas ambientais diz respeito. Os meios de comunicação social são, por excelência, veículos de informação e formação de opinião, pelo que, a bem da causa ambiental, a boa qualidade e rigor do que publicam deveria ser superior ao que, muitas vezes, se vai produzindo.

Contrariamente a Manuela Ferreira Leite, não quero cair no ridículo de responsabilizar os meios de comunicação social pela mensagem que (não) passa. Acho mesmo que cabe as organizações com responsabilidades nas áreas ambientais, afinal as principais interessadas, um importante papel. A excepção de algumas iniciativas, interessantes mas avulsas, muito pouco se tem feito para alterar o actual estado das coisas, no que, na minha opinião, deveria ser uma verdadeira e efectiva prioridade do movimento ambientalista.

Gonçalo Rosa

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