terça-feira, março 31, 2009

Eleições incendiárias

No passado Domingo, Duarte Caldeira, Presidente da Liga dos Bombeiros Portugueses e da Escola Nacional de Bombeiros, deu uma pequena entrevista à revista do Correio da Manhã. Chamou-me particular atenção o título da dita notícia "Anos eleitorais são mais complicados para incêndios". Como não consegui o link, passo a transcrever a parte que gostaria de realçar:

C.M. - Qual a relação entre os incêndios e o período eleitoral que se avizinha?

D.C. - Não sei se é coincidência, mas os últimos anos eleitorais foram complicados em incêndios forestais; o que indicia que a perturbação normal em actos eleitorais, pela tentação das forças políticas em usar os incêndios como uma arma de combate político, introduz factores indesejáveis.


C.M. - E pode provar-se que esses incêndios são criminosos?


D.C. - Pelos resultados das investigações da PJ, não.


A entrevista passou assim, de forma discreta, tanto quanto me pude aperceber. Aparentemente, segundo Duarte Caldeira, o uso dos incêndios [ou melhor, da eficácia ou não do seu combate e prevenção] como arma de combate político potencia o "fogo posto". Pelo menos, é a única leitura que consigo fazer. É uma tese aceitável mas que liga muito mal com a afirmação de que, pelos resultados das investigações da PJ, aqueles incêndios não são de origem criminosa. O entrevistador não aprofunda mais e talvez fosse tempo de nós, comuns cidadãos, percebermos afinal qual a verdadeira origem dos nossos fogos florestais, ou melhor, o que ou quem os acende.

Gonçalo Rosa

2 comentários:

Henrique Pereira dos Santos disse...

Já houve um ano eleitoral em que o ano estava a correr mal e o Vara veio com esta teoria da conspiração. Este tipo de afirmações são conversa de café que nem sequer nas estatísticas são suportadas e muito menos na lógica.
Volto a dizer, a questão nem sequer é a de saber como começam os fogos mas porque não se consegue apagá-los em alguns dias no ano.
henrique pereira dos santos

Lightnin' Jones disse...

Uma anedota. Também já apareceu o Secret. de Estado da Floresta no Correio da Manhã com a mesma conversa. Parece que nos anos com eleições o nº de fogos aumenta 5% em média... Como menos de 5% do nº total de fogos é responsável por mais de 80% do total da área ardida (e isto acentua-se em anos meteorologicamente mais complicados) é muito pouco provável que aquele eventual aumento no nº de fogos se traduza em mais estragos.

Paulo Fernandes