Este é o cenário do número de fogos diários nos últimos dias. A previsão ainda é de mais dois ou três dias de vento Leste.
Ainda estamos em Março, choveu há relativamente pouco tempo, o vento não tem estadomuito forte e outras coisas que tais que permitem dizer que a situação não é muito preocupante, embora ontem tenha morrido um homem encurralado numa queimada.
Pelo contrário, o que arder agora aumenta a capacidade de evitar problemas graves quando for mais a sério e por isso o papel dos sistemas de proteção civil nesta altura deveria ser o de deixar arder o que não provocar danos sociais de maior.
Mas faço notar que o nosso sistema de combate aos incêndios terá alguma dificuldade em reagir com flexibilidade e eficácia a partir dos 250 fogos diários.
Este número varia, naturalmente, com a concentração dos fogos, com a sua severidade e rapidez de progressão. Mas ainda assim convém não esquecer esse número quando ontem, a meio de Março, estivemos nos mais de 150.
Espero que ninguém na protecção civil acredite no que é transmitido ao público: que os resultados dos últimos três anos em área ardida decorrem das opções feitas em matéria de política de prevenção e combate aos incêndios.
Se não acreditam, como espero, são maus publicitários nada mais que isso.
Mas se acreditam, mais tarde ou mais cedo estamos feitos. O que é muito mais grave.
henrique pereira dos santos
domingo, março 15, 2009
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1 comentário:
Repito aqui o comentário que fiz noutro local:
"Hoje percorri todo o perímetro do incêndio do Marão. Em condições meteorológicas relativamente suaves cerca de 200 homens (e mulheres) faziam o que sempre fazem, ou seja esperar o fogo à beira da estrada (por vezes deitados gozando o sol da tarde). O Kamov ia largando uns litros de água inconsequentes. Uma equipa GAUF que estava a fazer contra-fogo por 3 vezes o viu apagado pelo Kamov (parece que nada mudou no que toca à coordenação ar-terra). Em áreas tratadas com fogo controlado há 3-4 anos a reduzida intensidade do incêndio era notória, mas as equipas com ferramenta manual que o poderiam apagar facilmente não se encontravam lá. Nalgumas secções do fogo fazia-se o mais acertado, ou seja deixá-lo arder porque no balanço do ganhar e do perder ambiental o 1º sai claramente vantajoso com fogos que ocorrem em matos nestas condições. Mas noutras áreas o "dispositivo" foi incapaz de impedir a floresta de arder. Centenas (ou km?) de estreitas (5-10 m) faixas limpas por sapadores florestais junto às estradas e caminhos mostraram pela enésima vez a sua inutilidade. Noutra secção do incêndio a arborização absurda efectuada dois anos atrás com grande esforço de homens e máquinas em declives insanos teve o destino merecido (ardeu completamente). E os jornalistas, por telefone ou no teatro de operações, fizeram as perguntas do costume às quais eles próprios dão a resposta do costume ... Não é no fogo (ou nestes fogos invernais) que está a desgraça mas sim em todo este circo que ingloriamente desperdiça o erário público."
Paulo Fernandes
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