terça-feira, agosto 18, 2009

abandono


Durante os últimos seis anos visitei dezenas de vezes o Parque Natural do Sudoeste Alentejano e da Costa Vicentina, tendo por objectivo recolher informação sobre o núcleo populacional de Cegonha-branca que ali nidifica em condições muito peculiares, construindo os seus ninhos em escarpas marítimas, palheirões e pequenas ilhotas. Anualmente, passo cerca de 15-20 dias, entre Março e Julho, percorrendo a costa, muitas vezes a pé. Subi algumas centenas de vezes a várias dezenas de ninhos, anilhei crias, recolhi amostras de penas e de sangue. Tudo legal, pois estou devidamente credenciado. Em todo este tempo, jamais me cruzei com vigilantes do PNSACV. Jamais avistei um dos seus veículos na estrada.

Recentemente, veio a público que, por exemplo, no Parque Natural do Tejo Internacional, existe apenas 1 vigilante da natureza e, no Parque Natural do Douro Internacional, a espécie, com todo o respeito que a classe merece, foi recentemente extinta (ver aqui, aqui ou aqui).

Na minha opinião, a falta de fiscalização e, talvez pior, o sentimento generalizado da falta de fiscalização que existe nas populações que residem nas áreas protegidas, são um dos vários graves problemas com que estas áreas classificadas se debatem. O problema não é recente, mas tem-se agravado ao longo dos últimos anos. E é apenas uma das faces do enorme desinvestimento do Estado nas áreas protegidas. Assim não vamos lá.

Gonçalo Rosa

3 comentários:

Um Vigilante do PNSACV disse...

Caro Gonçalo,

Também me lembro de ti por esta costa mas isso já lá vão uns bons anos. Se bem que últimamente estejas mais ligado creio eu, a outras actividades creio, tão católicas como esta de Cegonhas penas e afins.
Seja lá como for também te digo que por aqui nem as cegonhas te têm avistado nos últimos anos. Dizem elas! É a vida.....

Gonçalo Rosa disse...

Caro Anónimo vigilante do PNSACV,

Não percebo bem o que quer dizer com a sua mensagem. Como disse, desde 2004 que passo aí uma boa série de dias, durante a época reprodutora das cegonhas-brancas. Como aliás será fácil de constatar, pelas crias que marco com anilhas coloridas. Basta verificar nos ninhos mais acessíveis.

Gonçalo Rosa

Gonçalo Rosa disse...

Caro Anónimo Vigilante do PNSACV,

O post põe em causa a falta de recursos humanos que tornam a fiscalização em várias áreas protegidas praticamente inexistente. É isso que acontece no PNSACV, PNDI e PNTI, para não dar mais exemplos. É um enorme problema, muito agravado pela escassez de recursos financeiros/materiais entre outros problemas.

Se para o ano quiser ir uns dias comigo para o campo no Sudoeste, é só dizer e combinamos, como no passado. Já sabe, entre Fevereiro e Julho, faço 5 ou 6 visitas à costa vicentina. Carro, gasolina e restantes despesas ficam por minha conta, não vá ser isso impeditivo.

Gonçalo Rosa