domingo, dezembro 06, 2009

Climategate: Resposta a Delgado Domingos


Fotografia de Miguel Araújo (Svalbard, Árctico, Junho de 2009)

No dia 30 de Novembro de 2009, Delgado Domingos escreveu um artigo de opinião no jornal Expresso onde acusa os investigadores envolvidos na troca de correspondência electrónica, roubada aos servidores da CRU ("Climate Research Unit" da Universidade de East Anglia), de manipular dados para provar o aquecimento global considerando este alegado "climategate" como um dos maiores escândalos científicos da história. A argumentação de Delgado Domigos centra-se em: A - Defender que não existe evidência de que o clima esteja a mudar a nível global; B - Afirmar que os emails roubados demonstram uma fraude científica que compromete a credibilidade da ciência climática. No texto que se segue explicarei porque razão a argumentação de Delgado Domingos é equívoca e porque considero serem algumas das suas conclusões precipitadas.

A - Não existe evidência de que o clima esteja a mudar a nível global

Para consubstanciar esta ideia, Delgado Domingos recorre a dois exemplos. O primeiro é que a catástrofe de Nova Orleães não foi causada pelo aquecimento global. Esta é uma afirmação surpreendente. O professor Delgado Domingos sabe que não é possível isolar um evento meteorológico e atribuir-lhe uma tendência climática. Também sabe que a interpretação deste tipo de fenómenos se faz analisando séries temporais mais longas e interpretando-as à luz de teorias e modelos. Ou seja, qualquer afirmação sobre furacões e aquecimento global tem de decorrer da análise de séries temporais e da sua comparação com modelos que assumem interpretações alternativas dos mecanismos que governam o clima do planeta. Se é verdade que essas séries são escassas (no passado só se registavam eventos desta natureza quando causavam prejuízos em terra), também é verdade que a "US National Hurricane Center" analisa dados sistemáticos de furacões no Oceano Atlântico desde 1944. Finalmente, o professor Delgado Domingos deveria reconhecer que o IPCC não afirma que o furação de Nova Orleães se deve às alterações climáticas actuais. O que se afirma no relatório de 2007 (página 281, Capítulo "The Physical Basis") é que se estima que os furacões do atlântico poderão tornar-se "menos frequentes mas mais intensos": "General features include a poleward shift in storm track location, increased storm intensity, but a decrease in total storm numbers". 

O segundo exemplo é que a temperatura que, segundo os dados do "UK Met Office", terá estabilizado desde 1998. Para completar este argumento deveria ter sido referido que 1998 foi um ano particularmente quente devido ao efeito "El Niño" e que 2008 foi um ano particularmente frio devido ao efeito "La Niña". Ora todos sabemos que as projecções de tendências têm associadas a si uma variação inter-anual que é de carácter estocástico (melhor dizer, não se pode explicar à luz do conhecimento actual), e que escolher um ano quente para depois demonstrar uma evolução é negativa é certamente uma boa forma de produzir argumentos retóricos. A questão é se ajudará a compreender fenómenos complexos. Se é verdade que a estabilidade climática não pode ser inteiramente explicada pelos modelos actuais, também é verdade que simulações recentes demonstram ser prováveis ciclos de estabilidade climática seguidos de aumentos de temperatura e tudo indica que 2009 voltará a ser um ano quente. Delgado Domingos também se esqueceu de referir que, de acordo com os mesmos dados do "UK Met Office", os 10 anos mais quentes do registo climático moderno registaram-se desde 1997.

Portanto e passando ao lado de se ter optado por ignorar a bateria de dados independentes sobre alterações climáticas no artigo do Expresso (designadamente os que advém da observação de como o sistema biológico responde a ela), é claro que a argumentação apresentada é, além de incompleta, rebatível.

B - Os emails roubados demonstram a existência de uma fraude científica que compromete a credibilidade da ciência climática

Aqui Delgado Domingos parece misturar duas possibilidades distintas: a possibilidade de ter havido uma fraude que compromete a ciência climática no seu conjunto (a opinião veículada no artigo) e a possibilidade de que tenham havido comportamentos eventualmente reprováveis por parte um grupo restrito de climatólogos sem que isso tenha tido consequências práticas ou que, a ter, tenha tido consequências limitadas. A primeira interpretação é, no meu entender, abusiva e carece de demonstração. A segunda, está por comprovar e para isso foi nomeada uma comissão independente. Esta comissão analisará a totalidade da informação disponível e não só a que foi seleccionada e colocada fora do contexto para divulgação na internet.

Além desta aparente "confusão" sobre as eventuais implicações do alegado "climategate", que pode ter levado Delgado Domingos a empolar algumas das palavras usadas no artigo do Expresso, há factos que nos dão indícios de que a interpretação de Delgado Domingos tenha sido precipitada. Se não vejamos:

Delgado Domingos diz que houve uma tentativa de silenciar cientistas críticos, alterando "as regras de aceitação das publicações para consideração nos Relatórios do IPCC de modo a suprimir as críticas fundamentadas às suas conclusões". É verdade que, no calor do debate, dois artigos foram criticados (S. McIntyre and R. McKitrick Energy Environ. 14, 751–771; 2003 e W. Soon and S. Baliunas Clim. Res. 23, 89–110; 2003) e que se escreveu que estes deveriam ser erradicado do relatório do IPCC, mesmo que para isso fossem redefinidas as regras para inclusão de artigos no relatório do IPCC. As frases exactas terão sido: "I can't see either of these papers being in the next IPCC report" (diz Jones a Mann); "Kevin [Trenberth] and I will keep them out somehow - even if we have to redefine what the peer-review literature is"). Independentemente do que foi escrito nestes emails, em registo privado, o que interessa é o que foi feito. E o que foi feito é que ambos artigos foram referidos no relatório do IPCC pelo que não existe qualquer demonstração de fraude a este respeito.

Outro argumento utilizado para demonstrar a existência de uma fraude reside na sugestão de que os dados climáticos até 1960 terão sido destruídos. Aparentemente tal conclusão derivaria de uma frase de Phil Jones, num dos emails: "I think I'll delete the file rather than send to anyone". Mais uma vez, independentemente do que possa ter sido dito no contexto de discussões acaloradas estabelecidas entre colegas, em privado, a afirmação de que os dados foram destruídos já foi formalmente negada por Phil Jones (que será agora forçado a demonstrar que assim é na comissão de inquérito). A ser verdade que os dados tivessem sido suprimidos, seria obviamente gravíssimo. Porém, os dados continuariam a existir na sua fonte. Isto é, nos institutos que produzem os dados e os enviam ao CRU pelo que seria sempre possível voltar a juntá-los para reanalisar os dados.

No seu texto, Delgado Domingos faz outras afirmações excessivamente simplistas que comprometem a lógica do raciocínio apresentado. Por exemplo, numa passagem do artigo afirma que a "verdade [do aquecimento global actual] é incompatível com o Período Quente Medieval (em que as temperaturas foram iguais ou superiores às actuais apesar de não existirem emissões de CO2eq". Esta é uma afirmação provavelmente desactualizada. A verdade é que hoje se questiona que o Período Quente Medieval tenha sido um fenómeno global. Além do mais, é óbvio que o aquecimento actual é um período de aquecimento entre vários (ninguém o nega e o relatório do IPCC tem um capítulo inteiro sobre o assunto) e que no passado o planeta já foi exposto a temperaturas superiores às actuais. O último período com temperaturas superiores às actuais pode ter sido durante o último inter-glacial que ocorreu há cerca de 125.000 anos. Também é óbvio (e mais uma vez ninguém o nega) que o CO2eq é apenas um mecanismo, entre vários, a afectar a dinâmica climática do planeta. Neste contexto, interpreta-se mal que na sequência da constatação acima referida, Delgado Domingos afirme "Esconder ou suprimir estas constatações foram objectivos centrais da fraude científica agora conhecida".

Apesar das minhas profundas discordâncias com o tom, oportunidade e conteúdo do artigo de Delgado Domingos, há alguns pontos em que ambos partilhamos de pontos de vista comuns. Estes sintetizam-se numa das últimas frases do texto "Chame-se variabilidade climática ou alteração climática, os problemas de fundo da sustentabilidade ambiental permanecem e agravam-se pelo que devem ser atacados com determinação e realismo". Eu acrescentaria que uma excessiva focalização da actividade política sobre as ameaças das alterações climáticas pode ter efeitos contraproducentes (já está a ter, nalguns casos) na sustentabilidade global dos nossos recursos biológicos. É que alguns dos remédios apresentados para mitigar as alterações do clima e permitir a nossa adaptação aos mesmos têm efeitos negativos sobre o mundo vivo e sua capacidade de persistir num mundo em acelerada mudança. Este tema foi desenvolvido num artigo que pode ser lido aqui.

PS. Continuaremos a dar informação actualizada sobre o alegado "climategate". Para esse efeito criou-se uma etiqueta no blogue "climategate" que permitirá aos leitores interessados o acesso directo a todos os artigos que foram escritos e divulgados sobre o tema. Como complemento a este artigo de opinião sugere-se a leitura dos editoriais das revistas Nature, Science, New Scientist e The Economist. Ainda que com pontos de vista nem sempre coincidentes, estes textos oferecem uma visão equilibrada e informada do tema em apreço.

21 comentários:

Unknown disse...

Miguel,

Não sei se fizeste, mas seria interessante enviar este texto para o Expresso.

Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

"A - Defender que não existe evidência de que o clima esteja a mudar";

JJDD faz claramente a distinção entre "aquecimento global" e "alterações climáticas". Não distinguir os conceitos é de uma grande ignorância ou desonestidade intelectual.
mfs

Miguel B. Araujo disse...

Caro MFS, Agraceço o reparo. Acabei de mudar o sub-titulo para incluir a palavra "global" ainda que esta constasse do texto e estivesse associada a "aquecimento global". De resto, recordo-o que é possível fazer comentários sem insultar. A cortesia é sempre de agradecer quer seja em regime anónimo ou não. Cumprimentos, MBA

Anónimo disse...

Excelente artigo de resposta! Ainda bem que alguém se deu ao trabalho de desmontar o artigo de JJDD. JOS

Anónimo disse...

Outra demonstração que JJDD se precipitou foi esta afirmação:

"Phill Jones, director do Climate Research Unit (CRU) da Universidade de East Anglia e Hadley Centre (Reino Unido)"

Phil Jones não é nem era director do Hadley Centre.

Pedro C.

RPL disse...

Deixem-no brilhar um bocadinho. O artigo dele derrama frustração por todo o lado e necessidade de afirmação.

Alguém que acha que toda a comunidade científica que defende a existência do aquecimento global está comprada e que só os poucos - que mais de uma vez se provou terem fortes ligações à indústria petrolífera - é que são verdadeiros heróis é alguém que vive no seu pequeno mundo egotista.

Admiro a tua vontade em esgrimir argumentos, Miguel, mas estas pessoas salivam quando vêem uma pequena oportunidade para vilipendiar meio mundo.

O escândalo dos emails é real e não deve ser ignorado. Mas as conclusões generalizadoras de quem não tem dados nem ciência do seu lado mostram a sua igual, se não pior, falta de seriedade.

A soberba de alguém que SABE tudo. Tanta certeza contra tudo e contra todos. Mais um herói...

Claro que os media adoram estes senhores e publicar o que dizem. Ao contrário de serem abafados, como diz que são, não há texto que escrevam a negar aquecimento global que não tenha 100 vezes a exposição de um estudo a indicar a sua existência. Como aliás ele mostra com a virose de 'emailgate' que invadiu a net.

Quando as ligações à indústria petrolífera - entre outras - da grande maioria dos que defendem a inexistência de aquecimento global é exposta os media estão-se pouco a borrifar.

Mais um ego a precisar que lhe rebentem o balão, neste país cheio de balões.

Anónimo disse...

O Delgado Domingos sabe que uma determinada grandeza medida com um ou dois algarismos significativos, não se pode transformar por manipulação matemática, num resultado com 3 algarismos significativos. E isto é saber aquilo que os ilustres comentadores que me antecedem, definitivamente, não sabem.

Anónimo disse...

Finalmente uma voz contra a teoria do aquecimento global CAUSADO PELO HOMEM (AGCPH) é referenciada num OCS de importância em Portugal. Pelo menos há seis anos que qualquer um que esteja contra esta ideia, que serve basicamente para ROUBAR ainda mais o povo, é sistematicamente silenciado nos nossos OCS. Bem ao contrário do que afirma Pedro Lérias. Aliás, ainda nenhum se referiu a esta treta dos mails roubados ou violados ou colocados propositadamente no domínio público com algum propósito sinistro. Só quem tenha acesso à net ou tv por cabo é que consegue saber o que se passa.
Depois, Miguel Arcanjo, qualquer acontecimento mais abrasivo é sempre aproveitado para confirmar a tese do AGCPH, mas qualquer outro mais gelado é pura e simplesmente ignorado. Não é preciso ser cientista para perceber isso. Basta ter memória. Este ano foi comentado, com grande alarido, o fenómeno abrasivo de Outubro e da malta que aproveitou para ir à praia. Demonstração cabal que o AGCPH está aí! Mas o que dizer dos fenómenos gelados de 2003, 2006 e deste ano, com neves súbitas não habituais nesta época do ano e a altitudes onde normalmente não cai neve no Inverno? Aí é um fenómeno isolado que não desmente a teoria.
Para quem pouco percebe do assunto, não deixa de causar estranheza o motivo que leva um biólogo a contestar as afirmações desse professor. Ele afirmou: "As tragédias climáticas no Bangladesh, não são provocadas por emissões de CO2eq, aquecimento global ou subida do nível do mar mas sim pelas inundações resultantes do assoreamento dos rios originado pela erosão que as extensíssimas desflorestações a montante agravaram e pelo crescente aumento do número de habitantes e construções em leito de cheia." Os meus filhos estão justamente na fase de estudo dos fenómenos erosivos. A importância das árvores e do coberto vegetal. O caso do pinhal de Leiria. Será que os manuais escolares estão a pregar petas nos putos?
"Segundo a ONU, mais de mil milhões de pessoas estão actualmente ameaçadas pela fome ou subnutrição, e agita-se o fantasma do seu aumento ou das suas migrações massivas se não forem combatidas as emissões de CO2eq para reduzir o aquecimento global. A situação dramática e escandalosa destes milhões de seres humanos não tem nada a ver com as emissões de CO2eq, nem com o aumento oficial de 0,8ºC na temperatura média global nos últimos 150 anos." O professor não desmente o AG. (Mas também gostava de saber onde foi ele buscar aquele número.) Desmente o AGCPH e dá um exemplo da hipocrisia dos donos do mundo: nós destruímos a floresta deles para manter o nosso nível de conforto e culpamos o clima.
"É devido simplesmente ao facto de fenómenos climáticos naturais, que sempre existiram, terem efeitos cada vez mais catastróficos porque as acções humanas sobre o território criaram as condições para isso ao desflorestarem as cabeceiras de rios (que agravaram o seu assoreamento e as consequentes inundações), ao aumentarem os riscos de deslizamento das encostas (porque eliminaram a vegetação que as estabilizava), ao construírem cada vez mais em leitos de cheia, e ao provocarem alterações cada vez mais extensas e profundas no uso do solo." Será que um biólogo é contra esta ideia? Os documentários da BBC referem sempre estas ideias transmitidas pelo professor. Nesse ponto de vista ele nada diz de novo. E isso é fácil de verificar no nosso país, com uma costa cheia de maus exemplos.
Mas em relação a esta polémica, há uma dúvida que ainda ninguém me soube esclarecer: como se determina a temperatura média do planeta Terra?
Pedro, Montijo

Zuanzico disse...

Miguel: Sou da opinião que a tua resposta está muito bem articulada e que todos teriamos a ganhar se fosse publicada.
Saudações, Joana

Anónimo disse...

Mesmo quem confirma que as temperaturas sobem não confirma que os furacões têm a ver com isso... :
http://arxiv.org/ftp/physics/papers/0601/0601050.pdf

Miguel B. Araujo disse...

O que realmente incomoda nesta conversa é a presunção, por parte de pessoas que realmente não se preocupam em aceder às fontes primárias de informação, que os cientistas são ou tontos ou desonestos e estão cá para os enganar. O famoso relatório do IPCC que todos os cépticos criticam é uma excelente síntese do trabalho científico feito nos últimos anos. Se é verdade que já está desactualizado (foi publicado em 2007 e refere-se a trabalho feito antes disso), também é verdade que não omite informação crucial para entender o sistema climático. Aconselho-o vivamente a ler as fontes primárias. Vai-lhe poupar tempo a si e a mim. Ora vá lá ver à dita página 282 (o relatório é de acesso gratuito na internet), leia o que diz sobre ciclones e depois diga que semelhança tem o texto do IPCC com as interpretações simplistas que sobre ele fazem:

"There are, however, significant uncertainties with such analyses, with some studies (Bromirski et al., 2003; Chang and Fu, 2003) suggesting that storm track activity during the last part of the 20th century may not be more intense than the activity prior to the 1950s. Eddy meridional velocity variance at 300 hPa in the NRA appears to be biased low prior to the mid-1970s, especially over east Asia and the western USA (Harnik and Chang, 2003). Hence, the increases in eddy variance in the NRA reanalysis data are nearly twice as large as that computed from rawinsonde observations. Better agreement is found for the Atlantic storm track exit region over Europe. Major differences between radiosonde and NRA temperature variance at 500 hPa over Asia (Iskenderian and Rosen, 2000; Paciorek et al., 2002) also cast doubts on the magnitude of the increase in storm track activity, especially over the Pacific. Station pressure data over the Atlantic-European sector (where records are long and consistent) show a decline of storminess from high levels during the late 19th century to a minimum around 1960 and then a quite rapid increase to a maximum around 1990, followed again by a slight decline (Alexandersson et al., 2000; Bärring and von Storch, 2004; see also Section 3.8.4.1). However, changes in storm tracks are expected to be complex and depend on patterns of variability, and in practice, the noise present in the observations makes the detection of long-term changes in extratropical storm activity difficult. A more relevant approach seems to be the analysis of regional storminess in relation to spatial shifts and strength changes in teleconnection patterns (see Section 3.6). Significant decreases in cyclone numbers, and increase in mean cyclone radius and depth over the southern extratropics over the last two or three decades (Simmonds and Keay, 2000; Keable et al., 2002; Simmonds, 2003; Simmonds et al., 2003) have been associated with the observed trend in the SAM. Such changes, derived from NRA data, have been related to reductions in mid-latitude winter rainfall (e.g., the drying trend observed in south-western Australia (Karoly, 2003) and to a circumpolar signal of increased precipitation off the coast of Antarctica (Caiet al., 2003). However, there are signifi cant differences between ERA-40 and NRA in the SH: higher strong-cyclone activity and less weak-cyclone activity over all oceanic areas south of 40°S in all seasons, and stronger cyclone activity over the subtropics in the warm season in ERA-40, especially in the early decades (Wang et al., 2006a)."

Anónimo disse...

Caro M.B.A.,
Tenho-o por pessoa educada e tolerante, e por isso tenho a certeza que será o primeiro a não gostar do argumento que invocou. O William Gray à data em que escreveu o paper, tinha mais de 50 anos de investigação em furacões, que é mais do que a idade que você aparenta ter...

Miguel B. Araujo disse...

Caro anónimo,

A questão qur tentei referir na minha resposta (é verdade que com alguma animosidade desnecessária - só quem não se expõe a responder a comentários anonimos nos seus blogues é que não se descai de vez em quando) é que em nenhuma parte o IPCC simplifica o argumento dos ciclones ao ponto de dizer que a relação é de uma simples causa-efeito com temperaturas. Portanto não vale a pena invocar estudos individuais que argumentem o contrário pois esse não é o argumento de base do IPCC (pelo menos não é o que consta do relatório na parte que dos ciclones fala).

Volto s sugerir a consulta aturada do relatório que, não sendo perfeito (um documento escrito por milhares de pessoas não pode ser), não é tão mau como se diz por aí. Outra coisa são as interprtações que dele se fazem de um lado e do outro.

Cumprimentos,

Anónimo disse...

No início de um filme do Michelangelo Antonioni «Identificação de uma mulher» há um actor que faz um exercício de improvisação num palco em torno de uma palavra que o encenador lhe atirou. A palavra é : «classe» ,e o actor termina dizendo mais ou menos isto: «já vi latas de sardinha com mais classe do que alguns homens».
Pois bem Miguel Araújo a sua resposta revelou Classe, e independentemente do que me separa de si no assunto AGW, é da mais elementar justiça sublinhá-lo. Como também é a de lhe reconhecer a enorme combatividade que tem tido na defesa das suas ideias.

Miguel B. Araujo disse...

Caro anónimo,

Retiro-lhe o meu chapéu e desejo-lhe boa noite. Devo-lhe uma resposta mais longa a outro comentário que ficará para quando tiver tempo.

Miguel Araújo

H. Sousa disse...

Caro Senhor, a ONU devia estar mais preocupada com o H2O que tem um papel muito mais importante que o CO2 no efeito de estufa. Enquanto que o H2O contribui com 95% o CO2 contribui com 3,62% e em que a parte antropogénica é apenas 0,12%. Se acha que são estes 0,12% os culpados da catástrofe anunciada, passe bem mais os restantes crentes do AG.

José M. Sousa disse...

Caro H. Sousa

Se você fôr mordido por uma cobra Black Mamba, p. ex., bastam umas gotitas do seu veneno para o pôr a meio caminho do outro mundo, no entanto representam uma ínfima parte do volume do corpo de qualquer humano. Espero que tenha compreendido a analogia.

Lowlander disse...

H.Sousa:

Esta errado nos seus numeros:

1 - A contribuicao de cada gas de efeito estufa para o efeito estufa global tem de ser calculado nao so tendo em conta a sua concentracao mas tambem a sua capacidade de capturar radiacao infravermelha. Estes calculos tem margens de erro porque muitas das moleculas de gases com efeito estufa absorvem no mesmo comprimento de onda o que dificulta o calculo da sua contribuicao relativa (mas o torna impossivel).

2 - O vapor de agua tem um peso relativo no efeito estufa global entre 36% e 66% e se lhe juntar o efeito das nuvens este valor fica; o CO2 entre 9% e 26%; o ozono troposferico (baixa altitude)cerca de 7% e os outros variados gases com efeito estufa cerca de 8% o resto fica distribuido entre aerossois e nuvens que tem tambem um efeito estufa alem de efeito deflector da radiacao solar que chega do espaco.

Lowlander disse...

H.Sousa (cont.):

3 - O facto de o vapor de agua ser o principal gas de efeito estufa nao o torna um forcing, isto e, um gas capaz de sozinho alterar o estado de equilibrio do balanco radiativo planetario. Isto porque a maior parte do vapor de agua se encontra na troposfera e se encontra ai em estado de saturacao o que significa que o seu tempo de residencia na amosfera varia entre 5 a 10 dias ao passo que o CO2 varia entre 50 anos e seculos. Assim sendo qualquer vapor de agua extra que seja emitido em excesso e rapidamente eliminado na forma de condensacao antes de chegar a ter um efeito sobre a temperatura media global, ao contrario do CO2. O vapor de agua e um feedback, porque a temperatura da troposfera define o seu ponto de saturacao em vapor de agua, o qual aumenta com um aumento de temperatura, assim sendo, se um forcing externo (actividade solar; vulcanismo ou gases de efeito estufa com longo tempo de pemanencia) alterar o ponto de equilibrio da temperatura da atmosfera, logo tambem, troposfera, altera o ponto de saturacao desta e altera a quantidade de vapor de agua que la estara, como o vapor de agua e ele proprio um gas de efeito estufa esta alteracao ela propria afecta o proximo ponto de equilibrio da temperatura, isto por definicao e um feedback de um sistema dinamico.

Lowlander disse...

H.Sousa (conclusao):

4 - Dizer que o CO2 e um componente diminuto da atmosfera, logo, sem importancia, nao e um argumento cogente porque assume que todos os componentes se comportam de forma igual, o que e manifestamente errado, o Jose Sousa ja lhe apontou um exemplo simples do erro desse raciocinio mas ha muitos outros. O oxigenio constitui apenas 21% (em volume) comparado com a parcela de leao ocupada pelo azoto, 78% da atmosfera terrestre, e no entanto, consta que o oxigenio, sozinho, consegue suportar toda a respiracao aerobia dos seres vivos deste planeta...

João Vaz disse...

Infelizmente o Prof. Delgado Domingos optou por escrever sobre política e não sobre ciência. Nunca vi nos seus textos, uma vez que fosse, referências ao aumento dos GEE na atmosfera, acidificação dos Oceanos, diminuiação das calotes polares, alteração dos comportamentos de animais e plantas devido às alterações climáticas.

Além disso, fala sobre o tema com uma extraordinária arrogância, apesar de não ter publicações na área nem trabalho específico em climatologia.