Foto de Jan Buys, tirada no Alvão em 2003
A semana passada, recebi de um amigo um e-mail com uma listagem das espécies que tinha observado durante uma saída de campo que tinha feito às lagoas de Chaves, existente junto ao Rio Tâmega, entre algumas espécie como a Andorinha-do-mar, o Mergulhão-pequeno, a Garça-real ou Aves-frias, apareceu um mamífero, o Visão-americano (Mustela vison).
É sempre bom ver uma espécie rara, contudo esta é uma espécie exótica e o seu carácter invasor e oportunista poderá ter um impacto negativo nos sistemas aquáticos. Não me admirava nada que muitas espécies de aves que nidificam nesta zona (regionalmente uma área importante para avifauna aquática), possam vir a sofrem impactos directos (e.g. predação) ou indirectos (e.g. perturbação ou efeito repulsa) face à sua presença.
Não sendo eu especialista em aves, a minha maior preocupação é sobre o impacto que esta espécie exótica e invasora possa provocar sobre a Toupeira-de-água (Galemys pyrenaicus) espécie de mamíferos classificada como Vulnerável (LVVP), pertencente ao anexo B-II e B-IV da Directiva Habitats, endémica da Península Ibérica e Pirenéus e presente na Bacia do Tâmega.De facto uma das ameaças identificada no PSRN200 é a introdução e expansão de espécie animais não autóctones, nomeadamente os potenciais predadores da Toupeira-de-água (e.g. Visão americano e Lúcio), deste modo uma das orientações de gestão referida no mesmo Plano é controlar introduções furtivas de espécies animais exóticas e controlar ou erradicar as populações já introduzidas.
A erradicação de qualquer espécie (de fauna, já a flora é outra conversa) é sempre questionável e polémica, mas será que vamos perder a oportunidade para resolver o problema em quanto temos algum controlo?
Paulo Barros
3 comentários:
O controlo será ainda possível? Tomando como referência as plantas, há quem defenda que um invasão com uma área de ocupação superior a 1 ha, de uma espécie com um mecanismo de dispersão agressivo, está fora de controlo. A escala espacial do "fora de controlo" do visão-americano às tantas é semelhante à das plantas (sou um leigo no assunto). Se assim for, a não ser que o dito visão-americano seja acidental, não tenha parceiro, ou o território português esteja para lá da sua tolerância ecológica, é muito provável que o seu colega possa publicar a descoberta de uma nova espécie de mamífero em Portugal. Portanto é legítimo perguntar: quantas pessoas percorrem o país focadas no visão-americano ou noutras espécies invasoras? Remato com um exemplo. O sapal Odeceixe tem uma enorme cortaderia bem visível da estrada prontinha a espalhar as suas sementes, e a colonizar o sapal interno. Quem o arranca? Quem elimina os seus descendentes?
Faço parte de um grupo de investigação da Faculdade de Ciências de Lisboa que, neste momento, se dedica a estudar a presença do visão-americano em Portugal.
Um pouco por acaso, encontrei o vosso site e este post. É possível darem-me uma localização mais pormenorizada de onde este animal foi visto (coordenadas seria óptimo)?
Muito obrigada.
Diana Rodrigues
Coordenadas UTM WGS84: 629669;4624852
Com os melhores cumprimentos
Paulo barros
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