quarta-feira, janeiro 06, 2010

pobreza e conservação


algumas notas utilizadas no Quénia e na Tanzânia

O pequeno avião ficou uns bons dez minutos à espera de lugar para usar a pista que rasgava a intensa forragem e fazer-se a sul. Amplas pastagens iam dando lugar ora à savana mais ou menos arborizada, ora a vastas áreas aparentemente semi-desérticas.

A esta distância a paisagem assume tons de verde seco e de amarelo de ervas e arbustos diversos, que cortam a inesperada coloração rubra da terra. Daqui, poderia pensar que sobrevoava o interior alentejano, não fosse a total ausência de povoados e de habitações alvas que decoram a paisagem lá para as bandas do Guadiana.

Como uma criança, busco manadas de elefantes e outra bicharada que por serem grandes teriam que ser facilmente visíveis, ainda para mais que o avião sobrevoava a uma altitude relativamente baixa, ou pelo menos, assim eu assim o desejava.

Entretanto, pequenas núvens vão criando silhuetas que caminham pela savana. Aos poucos, adensam-se e dão lugar a uma imenso tapete branco onde, alguns minutos mais tarde emerge a grande montanha. Quilimanjaro. Mais tarde, a monotonia do contínuo de nuvens que me parecia destinada, atirou-me para uma daquelas revistas das companhias aereas que existem em todos os aviões. Uma reportagem sobre mergulho em Zanzibar, outra sobre gravuras milenares em Kondoa-Irangi, outra sobre os gorilas-da-montanha no Uganda e mais outra sobre a pesca nas Murchison Falls ainda no Uganda, e uma última sobre um safari no Katawi National Park. Publicidade diversa usando imagens dos animais da região.

As gentes destas terras souberam aproveitar a incrível biodiversidade que possuem. Conservam-na porque representa uma tremenda fonte de receita. E convenço-me que é este o único caminho viável para promover a conservação da natureza, particularmente evidente em países pobres.

Gonçalo Rosa

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