Vieram esta semana a público os relatórios sobre a investigação efectuada pelo parlamento Britânico relativos ao caso dos emails na Climate Research Unit da University of East Anglia.
Apenas três notas breves. Primeiro, a reputação científica de Phil Jones não foi afectada por este caso tendo, embora com algumas dúvidas, sido defendida na comissão de inquérito. A Universidade (e a Unidade de Investigação sobre o Clima) foi fortemente criticada nas suas práticas e relacionamentos organizacionais (“não vale a pena enterrar a cabeça na areia…”).
Segundo, o impacto deste caso, obviamente explorado até à exaustão pelos detractores da posição que as alterações climáticas existem e são maioritariamente resultado da acção humana, foi devastador não só para a questão em si mas também para o movimento ambientalista em geral.
Terceiro, se associarmos estes factos com o desastre da cimeira de Copenhaga em Dezembro último, duas perguntas são óbvias. Face aos enormes interesses já colocados no terreno como e quem irá reiniciar o movimento sobre as alterações climáticas? Que impactos e que novos desafios resultarão para a agenda ambiental?
6 comentários:
Tenho algumas dúvidas sobre o impacto de médio/ longo prazo deste caso.
O caso motivou uma enorme atenção sobre o assunto, obrigou os investigadores a terem mais atenção à comunicação com o público e dá uma fortíssima machadada na capacidade dos negacionistas climáticos imporem a agenda mediática depois de terem demonstrado tanta má-fé e incompetência.
No imediato os negacionistas obtiveram vantagens enormes, que a prazo lhes serão cobradas com juros.
henrique pereira dos santos
"Always consider that the battle will be long and difficult" Sun Tzu, The Art of War.
JM
Não vamos ser ingénuos! Então eles iam dizer que as suas Universidades estavam com problemas? Ainda por cima com eleições à porta? É preciso notar que eles não investigaram a natureza científica do problema climático, que está a ser investigado por outros. É também interessante observar as minutas formais, para ver que houve votos contra!
Ecotretas
Seria bom que, de facto, resultassem novos desafios. É que esta concentração do movimento ambientalista no terror climático parece-me deveras perversa.
Creio que há muitos e bons motivos para diminuirmos o nosso consumo de energia - a começar pelo alto preço do gasóleo - que não passam, de forma nenhuma, por inspirar terror às pessoas sobre eventuais mudanças climatéricas daqui a dezenas de anos.
Não digo que a causa climática não seja importante, mas a focalização do movimento ambiental nela, que teve lugar ao longo dos últimos anos, a pontos de as pessoas terem começado a pensar que o dióxido de carbono é o mais perigoso poluente tóxico com que nos devemos preocupar, é perversa.
Luís Lavoura
O desafio? O desafio é manter os negócios a girar, de preferência com EBITs ainda mais simpáticos, e mais, muito mais, subsídios a fundo perdido.
JM
Caro João,
Penso que se está a referir ao inquérito parlamentar nos UK, cujo relatório final está aqui. O ponto 132, na pág 46, é um dos interessantes.
Quanto a quem continua a causa climática (não disse ambientalista), penso que não tem de se preocupar. A ONU, a UE e os US não vão deixá-la cair. Está demasiado dinheiro em jogo e muita geoestratégia. Entretanto, como sabe, já houve Bona, e vai haver, julgo eu, Cancun (será?), e por aí fora.
Um abraço,
jm
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