terça-feira, maio 25, 2010

Epifania

imagem: lenda do fogo, Paula Rego
Li ontem, no Público de sábado, que estavam a ser preparados uns indicadores de biodiversidade para Portugal. Há anos, aliás, que o assunto é tratado sempre da mesma maneira: o ICNB paga a uma equipa de investigadores para desenvolver indicadores, as equipas universitárias desenvolvem, recebem, o resultado desse desenvolvimento nunca é usado, entre outras coisas por ser manifestamente inaplicável e passados tempos vem outra vez alguém dizer que nos próximos meses teremos uma bateria de indicadores que está a ser desenvolvido por um centro de investigação xpto. Em todo o processo ninguém se lembra de perguntar se sistemas de indicadores são matérias de investigação científica ou simplesmente de concertação social, mas penso que isso é irrelevante.
O que me chamou a atenção foi a referência aos temas dos indicadores que já se saberia que fariam parte da futura lista de indicadores. Entre eles estavam os fogos florestais.
Claro que não liguei muito porque confesso que nestas matérias me interesso muito mais pelo que já foi feito em concreto que pelos anúncios de um mundo novo que está para vir, por isso encolhi os ombros, pensei com os meus botões que indicação dariam os fogos florestais em matéria de biodiversidade em Portugal (penso que nenhuma) e segui.
À tarde tive uma aula e finalmente fez-se luz no meu espírito.
Realmente com a minha quadrada cabeça cartesiana (e ter uma cabeça cartesiana não é um elogio, é o reconhecimento de uma limitação) pensei que iam analisar os fogos florestais como indicador de boa ou má evolução da biodiversidade.
Na aula todo um novo mundo se abriu para mim e finalmente vi a ligação entre os fogos e a biodiversidade, com as possibilidades de aplicação das chaves dicotómicas aos diferentes fogos.
A biodiversidade ficará sem dúvida muito mais rica rapidamente.
Um raio de luz fendeu a couraça de ignorância que me tinha impedido de ver o futuro no breve instante em que o professor classificou o fogo como um herbívoro não selectivo.
henrique pereira dos santos

1 comentário:

aeloy disse...

Parece-me da Paula Rego. Será?
António Eloy