quinta-feira, julho 22, 2010

Já podemos mudar de mau da fita

A China, mesmo com um consumo per capita de um terço do da OCDE, passou a ser o maior consumidor de energia, acima portanto dos Estados Unidos.
henrique pereira dos santos

7 comentários:

Man disse...

É natural. Todas as indústrias que emitem CO2 são transferidas para a china, onde vão emitir ainda mais CO2 do que no Ocidente, devido à maior iveficiência produtiva da china.
Entretanto por cá, há que se congratule com a diminuição das nossas emissões, mesmo que isso provoque uma destruição maciça da nossa indústria, em proveito da china.
Será que o CO2 só é problema quando é emitido no Ocidente, e que o emitido pela china vai parrar à atmosfera de outro planeta?

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Man,
Essa é uma visão muito redutora do problema.
Em primeiro lugar toda a gent está preocupada (os que acham o problema preocupante, claro) com o CO2 emitido pela China e Índia.
A discussão centra-se em quem tem de fazer o quê. A China, por exemplo, diz que as suas emissões per capita são muito reduzidas (o que é verdade) e portante entende que são os que têm emissões per capita mais elevadas que têm de fazer o maior esforço.
Ou seja, o que está em causa não é se o CO2 Chinês ou americano é diferente mas se é justo querer que sejam os menos desenvolvidos a suportar o modo de vida insustentável dos mais desenvolvidos.
Segundo ponto, não é porque a China é mais eficiente que há deslocalização, é porque o custo dos factores de produção (nomeadamente o trabalho, mas também outros) são mais baixos, situação que não será eterna. À medida que as pessoas têm acesso a niveis de vida mais elevados vão sendo também mais consumidoras e mais exigentes com as suas condições de trabalho.
Muitos anos antes das discussões sobre alterações climáticas já a indústria pesada da química pesada, do aço e de muitas outras tinham mudado de ares.
Pretender que são as questões ambientais as que provocam o fecho a indústria portuguesa, europeia ou americana é manifestamente um erro.
henrique pereira dos santos

Man disse...

"Pretender que são as questões ambientais as que provocam o fecho a indústria portuguesa, europeia ou americana é manifestamente um erro."

Claro que é um erro, mas, que contribui, contribui.

"Segundo ponto, não é porque a China é mais eficiente que há deslocalização, é porque o custo dos factores de produção (nomeadamente o trabalho, mas também outros) são mais baixos, situação que não será eterna. À medida que as pessoas têm acesso a niveis de vida mais elevados vão sendo também mais consumidoras e mais exigentes com as suas condições de trabalho."

A china tem 500 milhões de trabalhadores para deslocar da agricultura para a indústria. Muito antes disso ser possível já estariam a produzir todos os produtos fabricados do que o mundo necessita.

Os economistas gostam muito de estudar a história da economia para fazer as suas previsões. Acontece que esta é uma situação sem precedentes e por isso as suas previsões falham redondamente.
O crescimento chinês já há muito que devia estar a abrandar, mas, mão é isso que se observa.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Man,
Apenas chamei a atenção para o facto de não ser a eficiência mas outros factores (como por exemplo, o que refere) que exlicam a deslocalização das empresas para a China (outra é porque é um mercado crescente de dimensão incalculável).
Mas já agora deixe-me que lhe diga que para deslocar essa gente toda da agricultura para a indústria seria preciso que alguém produzisse os que eles comem (como fizeram a Europa e os Estados Unidos, quer beneficiando das descobertas tecnológicas que permitiram aumentar enormemente a produtividade agrícola, quer aumentando a área em produção nos novos continentes (com a américa à cabeça).
Ora nenhuma destas condições está assegurada na China: os aumentos de produtividade da agricultura são crescentemente menores (isto é,ainda se aumenta a produtividade, mas a uma taxa cada vez menor) e a China é um país de produção agrícola intensíssima há centenas de anos.
henrique pereira dos santos

Man disse...

"Mas já agora deixe-me que lhe diga que para deslocar essa gente toda da agricultura para a indústria seria preciso que alguém produzisse os que eles comem (como fizeram a Europa e os Estados Unidos, quer beneficiando das descobertas tecnológicas que permitiram aumentar enormemente a produtividade agrícola, quer aumentando a área em produção nos novos continentes (com a américa à cabeça)."

Não é preciso novas tecnolgias nem nenhum milagre, basta copiar o que fez o Ocidente. Mecanização de toda a gricultura. Isso libertará centenas de milhões de chineses que passarão a estar dísponiveis para a indústria.
Só há um travão a isto: os recursos energéticos não são ilimitados, mas, também não o são para os países desenvolvidos.
O futuro pertencerá áqueles que consigam aproveitar melhor os recursos energéticos.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Man,
O que estou a tentar explicar é que no Ocidente ao mesmo tempo de passou a produzir mais por área e por pessoa (por exemplo, mecanizando, mas também, adubando e melhorando geneticamente as plantas) numa altura em que no mundo, globalmente, as áreas de produção aumentaram substancialmente.
Na China, haverá com certeza mecanização e libertação de trabalhadores da agricultura (como na Índia) mas não é líquido o que isso significa no futuro porque dificilmente se aumenta a produção por hectare na mesma proporção em que se aumentou nos últimos cem anos e porque a mecanização diminui a área de produção (como aconteceu na Europa, não nos Estados Unidos).
A questão está em saber se o que se fez nesta matéria nos últimos cem anos no Ocidente é reprodutível.
Tenho dúvidas que se prendem com o consumo de energia inerente (como diz, e bem) mas também com a diminuição do fundo de fertilidade que o fecho de ciclos de nutrientes permite, mas de maneira muito mais imperfeita na agricultura industrial.
Veremos com o tempo o que para aí vem. Mas eu diria que os tempos não serão fáceis, nem aqui, nem na China.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

E viva a política do Robert Mugabe! Mal posso esperar por atingirmos todos a qualidade de vida do Zimbabwe. Acrescente-se em abono da verdade e reconheça-se o mérito do Eng. Sócrates, que tanto se tem esforçado para Portugal se elevar ao nível da ex-Rodésia...

;-)))