Li ontem no Finantial Times uma página quase inteira sobre os efeitos do derrame da BP (noutros lados li sobre outros derrames, incluindo o que se passa no delta do Níger, mas naquele caso, embora toda a indústria petrolífera que lá actua fosse criticada, a SHELL era o bombo da festa).
E o que li?
Entre outras coisas o responsável pelo programa marinho da UICN dizer isto: "The fact that we're not fishing is probably going to be more beneficial to the animals than the oil is there [and will be harmfull]".
O parágrafo seguinte confirma, através de outro conservacionista, "The fish themselves will recover, no question" agrees Kerry St. Pe, who for 25 years worked as south-east Louisiana's oil spill response co-ordinator and is now director of a conservation programme for te state's estuaries".
...
"Jerald Horst, a retired professor and author of books on the regions's fish and co-author of the Louisiana Seafood Bible, blamed environmental groups with an anti-off-shore drilling agenda for exaggerating the environmental effects of the spill. "None of the experts I know in Louisiana are making the overwrought claims", he said.
Estes três senhores näo säo a bíblia (que aliás fala mais do deserto que do mar) e podem perfeitamente estar errados.
Mas acho que têm curriculum suficiente para que se perceba que em matérias de conservaçäo, sobretudo quando à mistura estäo grandes empresas, tanto é necessária cautela em filtrar a informaçäo que vem das empresas, como é necessária cautela em embarcar nos discursos catastrofistas dos profissionais da crítica demasiado fácil.
henrique pereira dos santos
5 comentários:
Ui! Que maravilha! Vai-se a ver o derrame se calhar ate actua como tonico para a fauna e flora locais! Supimpa! Nao e catastrofe nenhuma, que ideia esdruxula essa. E um beneficio, um favor que nos fizeram.
Se calhar ainda teremos de pagar uma indemnizacao a BP pelos beneficios a biodiversidade que tem proporcionado de forma tao generosa ao longo destes meses.
Lowlander,
Vai-se a ver e a realidade para si näo interessa nada. O que está dito näo é que o derrame é bom. O que está dito é que o derrame tem efeitos secundários numa das actividades mais predadoras do golfo do México e que, se isso constitui inegavelmente uma perda económica, acaba por ter o efeito positivo de uma moratória na pesca.
A realidade é assim. O que era bom para a biodiversidade era ter a interdiçäo de pesca sem o derrame? Sim, provavelmente sim, mas a verdade é que ninguém faria a moratória.
De qualquer maneira a única coisa que pretendo é chamar a atençäo para a complexidade do assunto.
Se prefere a simplicidade das ideias à complexidade da realidade (de que as ideias, certas e erradas, fazem parte) pois espero que seja feliz mas que nunca tenha poder sobre a vida de terceiros.
henrique pereira dos santos
Declaração da IUCN sobre o derrame de petróleo no Golfo do México:
“Because our understanding of the impacts of this catastrophe is inadequate we must stop oil and gas exploitation - not just deepwater ocean sites but all ecologically sensitive areas, including polar areas.”
«it is clear that the ecological and social damage will be more severe than even the Exxon Valdez spill of 1989.»
«Business as usual is not an option. The global nature of the problem calls for collaborative action between countries, industry and civil society. We urge the
corporate energy sector to join with us in creating new forms of economic organization, technological advancement and support tightened governmental regulations.»
Henrique,
Isso e uma forma de por as coisas, direito que lhe assiste em absoluto.
A mim assiste o direito de considerar que quem nao quer engajar a realidade aqui e voce.
Pior envereda pela falacia ad ignoratium: como o mundo e complexo se calhar e melhor nao fazer nada (neste caso deixemos a BP em paz que secalhar ate nos fizeram um favor)
E nao me venha com tretas, repito tretas, se o objectivo deste artigo nao e insinuar que se calhar o derrame ate foi bom e justificar o continuar da atitude laisser-faire que proporcionou o acidente e posterior derrame entao serve para que? Ah pois, informar-me que a realidade e complexa, muito obrigado sr. Palice. Curioso notar que se usa particular tema e desta maneira para ilustrar tao brilhante acesso de iluminismo intelectual... as escolhas nao sao inocentes portanto deixe-se de tretas, sim eu sei, repito-me.
Nao e voce que fala em internalizar a economia ecologica, em internalizar os valores ecologicos? Entao a caca em Portugal e muito importante para por um valor economico na conservacao de especies mas a pesca no Golfo nao e? Entao? Nao sao ambas actividades de caca?
E ja que estamos numa de actividades economicas com impacto ecologico que tal falar tambem do turismo na Florida? Veja la a quantidade de CO2 que esta a ser poupado com os turistas que NAO vao passar ferias la este Verao?
A realidade e assim, informa-me o prestimoso bloguista agora virando mais para um estilo copiado ao dr. Pangloss... tenho uma novidade para si: a realidade nao e como a multiplicacao, dois negativos nao dao resultado positivo.
Nao leu a literatura que lhe disponibilizaram no seu post anterior sobre derrames de crude? Ah! Pois, agora me lembro, voce tem leituras selectivas.
Espera que eu nao tenha decisoes sobre terceiros? Pois eu lamento, profundamente, que sejam luminarias do seu calibre que se tem encarregado nestas ultimas decadas de tomar decisoes sobre os meus patricios. O Estado e sempre um empecilho, e os brilhantes privados quando fazem merda a vista de todos merecem ainda uma salva de palmas.
O resultado esta a vista. Limpem as maos a parede.
Caro José M. Sousa,
Näo percebo o que têm essas citaçöes, que säo statements globais sobre a exploraçäo de petróleo, com a alegaçäo do director do programa marinho da UICN sobre o impacto na fauna (sobretudo tendo em atençäo a forçada paragem da pesca).
Caro Lowlendar
Aconselho-o a ler o artigo do finantial times. Eles falam no impacto sobre o turismo e recordam uma coisa evidente no seu comentário: a ignorância da geografia leva os europeus a confundir as áreas de impacto do derrame, como é aparentemente o seu caso.
Mas volto a dizer que a sua ânsia de ser contra o impede de olhar para os argumentos.
Os argumentos sobre o impacto ambiental real do derrame. Ninguém está a dizer que o derrame näo tem impactos e ninguém está a dizer que näo se deve responsbilizar a BP por esses impactos, nem ninguém está a dizer que näo se deve aprender com este desastre.
O que estou a dizer é que há uma avaliaçäo excessiva dos impactos (e avaliaçäo excessiva näo quer dizer que näo existem impactos, quer apenas dizer que, por grandes que sejam, e säo, näo säo täo grandes como têm sido referidos).
Näo percebi a relaçäo entre o que digo sobre a caça e o que é dito aqui sobre a pesca. Náo percebi mesmo. Sobre a caça tenho dito que se feita em determinadas condiçöes pode ser uma aliada da conservaçäo. O que tem isso com internalizaçäo dos custos ambientais na economia (que defendo com unhas e dentes, incluindo neste caso?
Li as referências aos impactos dos derrames e insisto que elas corroboram o que digo quando falam de impactos avaliados, näo corroboram quando falam de impactos que poderia ter havido (mas näo verificados).
Se tiver tempo desmonto um dia destes um artigo da scientific american que é exemplar na forma como dizendo uma coisa, induz os leitores a ler outra.
henrique pereira dos santos
Enviar um comentário