Gostei de ler esta notícia, depois de tanto tempo a criticar as opções do movimento ambientalista nesta matéria.
A contestação é dirigida a quem deve ser, o Governo e não nenhuma as empresas produtoras de electricidade que operam em Portugal e a base da crítica é a opção económica (se preferirmos, a sustentabilidade global do plano de barragens), em vez de inventarem pretextos como a biodiversidade (relevante aqui e ali, mas não determinante) e a linha do Tua.
Gostei de ver esta reorientação estratégica.
Até pode perder-se esta guerra (que é difícil) mas ao menos que se perca sem cedências à demagogia e mantendo os argumentos sérios que devem ser mantidos.
henrique pereira dos santos
5 comentários:
"a base da crítica é a opção económica, em vez de inventarem pretextos como a biodiversidade"
Eu diria o contrário: a base da crítica é a biodiversidade, inventa-se o pretexto económico apenas para dar força à crítica.
Eu não estou certo de que os ambientalistas tenham razão neste caso. As barragens geram pouca energia de per si, mas são essenciais para guardar a energia produzida pelas eólicas.
Luís,
Tens razão na imprecisão do que eu disse: não há pretextos de biodiversidade (a ameijoa x ou a população do lobo y) mas sim uma contestação sobre s sustentabilidade global do projecto (protegida ou não pela legislação comunitária) que se traduz na vantagem do país, numa perspectiva ambiental, ter rios menos artificializados.
Eu também tenho dúvidas de que o movimento ambientalista tenha toda a razão, mas nest caso tem a seu crédito dizer exactamente o que pensa, numa base objectiva que pode ser discutida.
E isso constitui uma inversão estratégica importante em relação ao que tem feito nos últimos anos: defender o que pensa, em vez de adaptar o que diz ao que acha mais fácil de conduzir a uma vitória pontual.
henrique pereira dos santos
O argumento da poupança de energia como alternativa à construção de barragens é bom. Mas não chega para resolver o problema da dimensão do consumo instalado e da dependência de fontes externas para o satisfazer. Não ficava mal às organizações envolvidas elaborarem melhor o problema nessa perspectiva. Nada tenho a opor que se seja contra as barragens às segundas, contra os parques eólicos às terças, contra a queima de combustiveis fósseis às quartas. Mas convinha que pelo menos às quintas e às sextas se usasse algum tempo a pensar alternativas crediveis à situação instalada. Até para que fique salvaguardada a possibilidade de que amanhã, num cenário de acentuado aumento do preço dos fósseis, aparecer alguém a dizer que o que entretanto se pagou a mais pela falta de barragens já dava para cobrir várias vezes o criativo cheque de 7mM!
Caro Manuel Rocha,
Exactamente por ter dúvidas de que seja possível resolver o problema do abastecimento apenas com eficiência energética é que não tenho a certeza de que o movimento ambientalista tenha inteira razão no que diz.
Mas há um aspecto que convém não esquecer: todas as projecções que têm sido usadas para justificar grandes investimentos públicos, das estradas ao consumo energético passando por aeroportos, se têm mostrado irrealistas.
E à exigência, justa, de rigor nos números do movimento ambientalista, deve corresponder uma exigência ainda maior aos promotores (neste caso o Estado, por interpostas empresas concessionárias) no sentido de justificarem os seus números.
Para além disso há a questão dos custos de oportunidade.
Até é possível que daqui a cinco anos se justifique este plano de barragens (ou o TGV) mas investir agora em coisas que só são necessárias depois é dimimuir o investimento disponível para o que já hoje é necessário (eficiência energética, água quente solar, por exemplo) com a agravante deestarmos a onerar com custos financeiros e eventual obsolescência tecnológica o futuro.
A questão neste momento é simples: para cada MW necessário para resolver o abastecimento (seja pelo aumento da oferta, seja pela diminuição da procura através da eficiência energética) qual é a solução melhor hoje. Para os primeiros MW, para os segundos, para os terceiros as soluções podem até variar.
O que não faz sentido é usar em primeiro a solução óptima para os terceiros MW necessários.
É uma das poucas críticas sérias às renováveis, ou melhor, ao excesso de renováveis e às tecnologias embrionárias: a de que se está a fazer hoje o que se poderia fazer muito mais eficientemente amanhã.
henrique pereira dos santos
Hão-de repararse fizerem as contas que as novas barragens têm um tempo de uso anual da ordem de 700 horas, ou seja um mês, ou seja metade do fotovoltaico, ou seja 2/3 das horas de ponta ou seja apenas nas horas de ponta de Outono/Inverno/Primavera temporã.
Justificar as novas barragens, que de elevado potencial apenas têm o nome,com as eólicas é rebatido no próprio comunicado, que garante já hoje existirem 2500 MW de bombagem reversível.
mfs
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