terça-feira, maio 28, 2013
Incorrecções políticas
Para ilustrar o post fui buscar uma fotografia que está no post original que aqui comento. E fui buscá-la porque acho que no post original a principal acção de conservação, e aquela que tem mais custos para a empresa, ter pouco destaque e se limitar à legenda, pouco explícita, desta fotografia: a decisão de manter em pé, sem corte, toda uma mancha de eucaliptos que se considerou necessária para criar as condições favoráveis ao que aconteceu
Começo por uma declaração de interesses: tenho um pequeno trabalho a decorrer com a Altri (mais lentamente do que eu gostaria, mas existe).
E, já agora, explico de onde apareceu esta relação profissional (ténue, incerta e minúscula).
Um dia, tentava eu vender à Altri a ideia de usar animais na gestão dos matos (até certo ponto consegui vender a ideia, mas a Altri ficou à espera de uma proposta minha que nunca consegui fazer), e fui fazer uma visita a uma propriedade da Altri onde talvez fosse boa ideia usar animais.
No caminho, o director de produção florestal (ou coisa do género, nunca entendi a estrutura da Altri e nunca perdi tempo a procurar entender) pára o carro numa berma de estrada e mostra-me uma outra propriedade da Altri com uma das mais bem conservadas, extensas e em expansão, por gestão activa, galerias ripícolas que conheço em Portugal.
E enquanto me explicava o trabalho que era feito pela Altri florestal naquele caso, não pude deixar de dizer (mais tarde repeti a mesma ideia ao responsável máximo da Altri florestal) que me parecia que só uma coisa poderia explicar que empresas como as celuloses tivessem a imagem social que têm, ao mesmo tempo que tivessem trabalho concreto de conservação como o que eu via, e não tivessem uma lógica de comunicação onde esse trabalho se tornasse visível para as pessoas comuns: incompetência (estava evidentemente a ser provocatório porque sabia perfeitamente que a realidade é outra: as empresas de celulose relacionam-se muito pouco, e de forma muito pouco diferenciada, com os consumidores finais, e portanto a sua imagem social, se os afecta via regulamentação, afecta-os muito pouco nas vendas. Na verdade todos os comunicados de imprensa contra as celuloses e os eucaliptos se escrevem e imprimem em produtos das celuloses).
Conversa daqui, conversa dali sobre o assunto, acabaram por me pedir para fazer um documento sobre o que poderia ser essa comunicação orientada para o trabalho de biodiversidade que era feito.
No contexto da construção desse documento e algumas acções pontuais subsequentes, acabei a fazer este trabalho, numa parceria com outra consultora das celuloses em matérias conexas.
Daí vem a minha relação profissional com a Altri.
Gosto de pensar, sem ter nenhuma base sólida, que daí também vem, em parte, o facto da Altri fazer posts como este. Não no trabalho base, que as celuloses fazem há anos e para o qual até hoje contribuí zero (com pena minha, diga-se), mas no facto de procurarem comunicar, como acho que é do seu interesse, é certo, mas também é do nosso interesse de pessoas comuns que se preocupam com o seu património comum.
O Henk, que uma vez por outra escreve aqui, procura não escrever aqui sobre o que faz a Altri, evitando conflitos de interesses e procurando separar claramente o blog da Altri (onde escreve mais regularmente e que penso que seja em grande parte dinamizado por si) deste blog.
Eu não tenho essas obrigações, mas também evito trazer para aqui os posts do blog da Altri, mesmo quando o tema é conservação, para evitar confusões.
Mas há coisas que justificam excepções a esse princípio.
Já fiz ligações no passado e faço hoje, outra vez, com muito gosto.
Podemos discutir o efeito global do trabalhos das celuloses no património natural.
Mas é indiscutível que sectorialmente têm acções de gestão para a conservação que são muito boas e bons exemplos para o movimento ambientalista.
henrique pereira dos santos
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1 comentário:
Nota. Tentei enviar isto a mas foi devolvido.
Caro Henrique Pereira dos Santos,
Este será um pedido invulgar. Mas, talvez especialmente para os vegetarianos, quem não arrisca, não petisca.
Acabo de ler vosso comentârio interessante sobre a Altri (com a qual eu também tenho tido algúm contacto) e a imagem das celuloses. Este é um ponto que toco num artigo que a Quercus me tem pedido sobre o carvalho de Monchique. O texto trata não só deste belo exemplar do património natural nacional, quase desconhecido e desaparecido do país, mas também de uma reserva florestal que espero criar para conservar a árvore e outra flora ameaçada.
A ideia é ambiciosa e quero assegurar que o artigo, de umas 6 páginas incluindo fotos, tenha a maior influência possível. Meu português não é perfeito, contudo, e lhe agradeceria muito se me pudesse recomendar alguém com habilidade na língua para 'pulir' o material.
Qualquer sugestão será apreciada.
Melhores cumprimentos,
Antonio Lambe
ACCIÓN AMBIENTAL (Perú)
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