sábado, abril 22, 2006

Soldados da paz, claro...

Tive acesso à notícia de um jornal regional (Notícas de Gouveia), que destaca um comunicado da Federação de Bombeiros do Distrito da Guarda em reacção à notícia, da minha autoria, no Diário de Notícias de 11 de Abril sobre os pagamentos de salários nas corporações de bombeiros - informação que consta em estatísticas oficiais (INE).

Entre outras coisas, a Federação diz entender que «já basta de ofensas, de intrigas palacianas, de mentiras da corte e da praça pública, basta de chafurdar na lama, no culto do ódio, ‘basta’ de apunhalar o voluntariado, basta de afrontas imperdoáveis, de tentativas de aniquilamento, de simulações hipócritas e asquerosas, de sorrisos que são facadas, de cortesias que cheiram a traição, de verborreia que tenta dividir-nos».

E o comunicado termina instando os bombeiros a «soltar o grito da revolta, pois a inquietação agigantou-se e tudo se tenta, tudo e todos são utilizados para adormecer a alma dos que, humilde mas gloriosamente, construíram a grandeza vivida, sentida e martirizada dos ‘Homens Grandes’, com farda e sem farda».

P.S. A pedido (pertintente) de um leitor, nos comentários coloquei a notícia que foi publicada no DN e que desencadeou a reacção da Federação.

2 comentários:

Anónimo disse...

Seria mais fácil compreender o "post" se desses conta da notícia original a que os bombeiros respondem.

Pedro Almeida Vieira disse...

Aqui segue a notícia completa, que foi manchete do DN, em 11 de Abril último:

«As corporações de bombeiros voluntários gastaram, anualmente, pelo menos 70 milhões de euros em pagamentos com pessoal entre 2002 e 2004.

Este montante é o dobro do que foi despendido no período entre 1995 e 1997, justificando-se pela crise de voluntariado que obrigou as corporações de voluntários a recorrerem, cada vez mais, à contratação de pessoal para garantir os serviços de urgência e de combate aos incêndios florestais. Por exemplo, no ano passado, foram contratados 3737 bombeiros durante os três meses de Verão, cujo encargo terá atingido os 10 milhões de euros.

Apesar do Serviço Nacional de Bombeiros e Protecção Civil recusar, desde finais de Janeiro deste ano, o acesso a documentos administrativos contendo os custos detalhados do combate aos incêndios florestais (ver texto secundário), certo é que alguns dados do Instituto Nacional de Estatística (INE) permitem aferir que as despesas com pessoal estão a atingir montantes elevadíssimos.

Com efeito, de acordo com o INE, entre 2002 e 2004 os encargos com pessoal adstrito às corporações de bombeiros terá antigido cerca de 450 milhões de euros, enquanto no período entre 1995 e 1995 totalizou os 250 milhões de euros.

Embora os dados mais recentes não discriminem os encargos dos diferentes tipos de corporações (associativas, sapadores, municipais e privativos), constata-se que nos anos 90 as despesas com pessoal dos bombeiros voluntários já representavam cerca de metade do montante global. Assim, mesmo que essa proporção se tenha mantido - sendo até mais provável que tenha aumentado -, as corporações de bombeiros voluntários terão gasto em pessoal cerca de 70 milhões de euros no triénio 2002-2004. Neste último ano terá mesmo atingido os 80 milhões de euros, um aumento de 17% relativamente a 2002.

As outras despesas correntes - maioritariamente compra de bens e serviços - também duplicaram durante estes dois períodos. Em meados dos anos 90 gastou-se cerca de 45 milhões de euros, subindo para os 85 milhões no triénio 2002-2004. Neste caso, a fatia mais importante será da responsabilidade dos bombeiros voluntários. Em meados dos anos 90,pelo menos, as associações voluntárias gastaram quase 90% das despesas relacionadas com aquisição de bens e serviços.

Curiosamente, esta duplicação dos gastos com pessoal e de despesas com aquisição de bens e serviços coincide com uma duplicação da floresta consumida pelos incêndios. Portugal é mesmo o país europeu que mais gasta com o combate aos incêndios.

Fernando Curto, presidente da Associação Nacional de Bombeiros Profissionais, considera que estes montantes devem merecer uma reflexão política. "Uma estrutura profissionalizada e organizada seria mais barata e eficaz do que uma estrutura assente num sistema de voluntariado que acaba por não o ser", defende.

Tendo em conta que dois terços das receitas dos bombeiros são provenientes do Estado e das autarquias, Fernando Curto defende um maior controlo dos dinheiros públicos. "Os sapadores e os bombeiros municipais necessitam de concurso público para aquisição de viaturas, mas o mesmo não se aplica às associação de voluntários, exemplifica.»