sábado, abril 07, 2007

Fogos (terceira parte)

Frequência dos fogos

Nas condições existentes no PNSAC a eventual perda de património natural em consequência do fogo está mais ligada à frequência dos fogos que à sua ocorrência pontual.

Para a totalidade do PNSAC, com uma área ardida de cerca de 35% em quinze anos, poder-se-ia admitir um ciclo de fogo de cerca de 45 anos.

Esta informação foi considerada insuficiente, por se entender que poderia haver áreas e classes de uso com ciclos de fogo menores e eventualmente com impactes negativos nos valores de conservação presentes.

Optou-se por analisar que áreas e de que classes de uso, arderam duas vezes em três intervalos de tempo diferentes:
· no total do período de tempo para que existem registos (15 anos);
· em menos de oito anos;
· em menos de três anos.

O resultados mostram que as áreas que arderam pelo menos duas vezes no período considerado representam cerca 7,5% da área do Parque, mas que quando esse período é reduzido de quinze para oito anos essa percentagem se reduz para cerca de 5,5% e ainda para 0,7% quando se consideram períodos de três anos.

Estas percentagens apontam para áreas com fogos frequentes com valores claramente marginais no conjunto da área protegida, o que é consistente com a intensa recuperação da vegetação autóctone a que se assiste actualmente, a partir da diminuição da pressão exercida pela actividade de pastorícia.

Para o uso do solo com maior interesse de conservação que poderia ser afectado de forma mais profunda pelos fogos (folhosas autóctones) as percentagens de áreas ardidas percorridas mais de uma vez por fogos são, para períodos de quinze, oito e três anos, respectivamente 0,85%, 0,33% e 0,00% da área ardida nestas condições, a que correspondem percentagens sobre a totalidade da área deste uso de, respectivamente, 1,4%, 0,40% e 0,00%.

Consistentemente os usos eucaliptos, matos e herbáceas não cultivadas têm percentagens de áreas ardidas mais uma vez superiores às suas percentagens de áreas ardidas na totalidade do período de quinze anos considerado, o que poderia indiciar uma maior susceptibilidade à repetição dos fogos nessas classes de uso.

Esta leitura linear pode não corresponder inteiramente à verdade na medida em que sendo o cruzamento da informação feita entre dados históricos dos fogos e dados actuais do uso do solo, seria sempre expectável um maior peso destas áreas (sobretudo dos matos e das herbáceas não cultivadas, mas admite-se que também para o eucalipto, sobretudo nos fogos mais antigos) já que são as classes que resultarão de uma maior frequência de fogos.

henrique pereira dos santos

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