sexta-feira, abril 06, 2007

Fogos (segunda parte)

Representatividade da área ardida de cada tipo de coberto vegetal no total da área ocupada por essa classe no PNSAC.
Avaliado o peso relativo de cada uso do solo na área afectada pelos fogos importa saber em que medida estas áreas são significativas no total de cada classe de uso presente no PNSAC.
Este aspecto é fundamental para definir os riscos de perda de património natural já que a uma percentagem pequena de área ardida de um determinado uso, pode corresponder uma percentagem alta da totalidade da área ocupada por esse tipo de uso no Maciço Calcáreo Estremenho.
Pela sua relevância este tipo de análise incidiu em primeiro lugar sobre as folhosas autóctones verificando-se que à percentagem relativamente marginal de área ardida de folhosas autóctones (na ordem dos 2%), corresponde uma percentagem já significativa da totalidade deste uso (na ordem dos 17%).
Este valor aponta para um ciclo de fogo (o tempo que seria necessário para que 100% da área em causa ardesse) cerca de seis vezes maior que o período de tempo considerado (15 x 6 anos = 90 anos), aparentemente compatível com a conservação deste tipo de uso do solo.
Significativas são as percentagens que as áreas ardidas representam nos matos e eucaliptos (acima dos 50%) e nas herbáceas não cultivadas (cerca de 40%) que apontam para ciclos do fogo na ordem dos 30 anos para os matos e eucaliptos e de cerca de 37,5 anos para as herbáceas não cultivadas.
Esta ordem de grandeza dos ciclos de fogo são aparentemente compatíveis tanto com a exploração económica do eucaliptal como com a evolução das áreas de mato para sistemas mais complexos mas representam um risco de alteração das actuais valias de conservação das herbáceas não cultivadas, sobretudo tendo em atenção a acentuada diminuição da pastorícia.
São ainda importantes os cerca de 30% de resinosas ardidas que apontam para ciclos do fogo de 45 anos, também compatíveis com a sua exploração económica.
Estes dados, sobretudo no que às matas e povoamentos florestais dizem respeito, devem ser lidos com alguma cautela na medida em que nas áreas incluídas nas respectivas classe de uso do solo estão áreas de regeneração cuja viabilidade produtiva nem sempre está estabelecida de forma segura.

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