Um comentário ao post anterior merece, pelo conjunto de questões que levanta, algum detalhe nas explicações que não caberiam na caixa de comentários.
Na medida em que conseguir gostaria de ir respondendo com alguns posts sempre com o mesmo título, de que este seria o primeiro.
Começo por reafirmar o que o meu post anterior pretendeu dizer: havia várias áreas protegidas nacionais sem planos de ordenamento. Esta questão era considerada estratégica e era insistentemente reclamada. Está resolvida e aparentemente as pessoas que a reclamavam desinteressaram-se e desvalorizam-na.
Esta é uma atitude frequente em Portugal onde muita gente só está bem onde não está e só quer ir onde não vai.
O normal seria as pessoas que se interessam pela gestão das áreas protegidas terem uma agenda e avaliar o cumprimento dessa agenda, protestando quando não se cumpre, apoiando quando se cumpre.
Lembro-me, penso que já o disse, que quando a presidência do ICNB de que fiz parte reuniu com as principais ONGs (depois reuniu muitas vezes com todas as que quiseram) e lhes pediu que enviassem a sua agenda em matéria de conservação foi para nós um verdadeiro balde de água fria.
O resultado não só era confrangedor como variava permanentemente. Dessa altura (há mais de dez anos) até hoje penso que não se alterou muito a situação: não é fácil saber qual é a agenda na área da conservação de qualquer das grandes ONGs.
O mesmo se passa em relação ao ICNB, diga-se de passagem. Apesar de por imposição comunitária e por ter uma maior estruturação haver mais estabilidade no desenvolvimento de alguns assuntos, também não é fácil perceber qual é a agenda que se mantém ao longo das diferentes direcções do ICNB (já não falo em cada direcção visto que algumas têm agendas mais ou menos definidas, infelizmente muito pouco públicas e muito pouco escrutinadas, condições essenciais para a sua estabilização e manutenção ao longo do tempo).
Ora sem agenda clara e estável é muito difícil obter resultados: não há ventos favoráveis para quem não sabe para onde quer ir.
O que se passa é que o cumprimento deste objectivo era dos poucos pontos estáveis na agenda de toda a gente.
E está cumprido, o que merece que se registe que está cumprido.
Questão diferente, que ficará para outro post, é a de saber se toda a gente pensava o mesmo quando reclamava o cumprimento deste objectivo, isto é, se toda a gente tinha a mesma percepção do que significaria o cumprimento deste objectivo.
henrique pereira dos santos
2 comentários:
Embora tambem ache que mereça alguma nota o facto de os PO estarem finalmente estabelecidos não deixa de ser confrangedor e revelador que tenhamos, cada vez mais hoje em dia, necessidade de assinalar uma questão que deveria ser da mais elementar obrigação das entidades que tem esse dever.
Abç
Tiago,
A administração reflecte a sociedade.
Se, como se verifica, os recursos para fazer a tarefa são significativos e o ganho política por a executar (ou se quiser, a sanção política por não a executar) é claramente menor que meia dúzia de números mediáticos atrás dos quais vai uma comunicação social pouco preparada para o debate sobre conservação é evidente que os recursos serão aplicados onde a sociedade os reclama.
henrique pereira dos santos
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