Nunca li o livro de Herberto Helder de onde tirei o título deste post mas lembro-me muitas vezes dele quando se conversa sobre fogos e sobre a investigação que se faz sobre o assunto.
Estamos a meio de um pequeno episódio de vento Leste que terminará amanhã, de acordo com as previsões.
Achei que era a altura de falar de novo em fogos e coloquei aqui um conjunto de fotografias que Jaime Pinto me mandou e têm como tema uma experiência que está a ser feita por uma equipa de investigação, que queimou dez hectares para avaliar os efeitos do fogo.
Não tenho uma opinião minimamente sólida sobre esse estudo, que desconheço (tem um site e outras informações dispersas mas confesso que não percebi bem), mas é um ponto de partida para discutir se o que realmente nos faz falta saber sobre fogos florestais é o que andamos a procurar estudar.
Eu tenho dúvidas de que em alguns caso seja.
Primeiro algum instrumental do estudo:
Agora a evolução da área ardida, com imagens de Fevereiro, Março e princípio de Maio, por esta ordem:
henrique pereira dos santos
4 comentários:
Pelas imagens parece-me que além do fogo houve uma desmatação do local. O objectivo do estudo é o efeito do fogo sobre o quê em concreto? a flora? fauna? solo? A estrutura da primeira foto é para reter o solo proveniente de águas de escorrência?
Cumprimentos
AAA
Caro anónimo, retirei isto da net:
"No âmbito do projecto europeu "Desire" e em resultado de uma parceria com mais três instituições de ensino - duas delas internacionais - a Escola Superior Agrária de Coimbra [ESAC] realizou esta manhã um fogo controlado em Valtorto [Góis], numa área com 10 hectares.
O projecto "Desire" estuda o fenómeno da desertificação e realiza programas que promovem o combate à mesma. Segundo as conclusões dos estudos efectuados, o principal factor de desertificação são os incêndios, um desastre ambiental que assola o nosso país todos os anos.
O grupo de trabalho decidiu por isso estudar os fogos controlados [fogos de Inverno de baixa intensidade] que devem ser levados a cabo de cinco em cinco anos no mesmo terreno e que são o método correcto para fazer corta-fogos - e não através de máquinas como acontece habitualmente - evitando assim os incêndios na época do Verão.
No local onde provocaram o fogo controlado - uma área equivalente a 15 campos de futebol - foram instaladas três estações de medições meteorológicas e estiveram cerca 180 sensores para medir a temperatura do fogo à superfície e no solo.
Este estudo surge em parceria com a Universidade holandesa de Wageningen e com a britânica de Swansea. A Universidade de Aveiro está também envolvida neste projecto, bem como o Instituto Tecnológico e Nuclear de Lisboa.
in www.rcarganil.com"
Caro AAA e Anónimo,
O projecto tem de de facto um site, é projecto que se insere noutros mais alargados, tem uma grande componente de participação pública e penso que, neste caso, o que pretendem é mesmo saber como se comporta a erosão do solo em fogos descontrolados, por isso foi feito um fogo sem desmatação prévia e que pretendia simular os fogos reais e não os fogos controlados.
O que vai sair daqui não sei.
O que sai é que o dinheiro sai do meu bolso e eu não consigo saber que retorno tenho com ele porque se há coisas opacas em Portugal, são os dinheiros da investigação e os dos fogos.
As duas coisas juntas...
henrique pereira dos santos
Caro HPS e Anónimo
De facto consegui encontrar um site com informação http://www.desire-project.eu/index.php Li brevemente o contributo português para este projecto.
A informação retirada da net por Anónomo pode induzir em erro no meu entender. Leva a crer com esta afirmação:"O grupo de trabalho decidiu por isso estudar os fogos controlados [fogos de Inverno de baixa intensidade] que devem ser levados a cabo de cinco em cinco anos no mesmo terreno e que são o método correcto para fazer corta-fogos - e não através de máquinas como acontece habitualmente - evitando assim os incêndios na época do Verão." que são os corta fogos criados com recurso a fogo controlado que vão impedir os incendios de Verão, apenas acho que vão dificultar a sua progessão, mas não vão interferir na ocorrência. Se falarmos de fogos controlados com objectivos de redução de combustível, assim sim, já estou de acordo que vai reduzir muito provavelmente o número de ingnições de fogos florestais.
Seria mais interessante do ponto de vista científico, já que foi queimada uma área considerável, introduzir na experiência parcelas com diferentes medias anti erosão/escorrência de solo, como as plantações e sementeiras de vegetação, a não remoção de material (tronco e ramos) queimados do solo. Seria pelo menos possível depois um estudo comparativo.
cumprimentos
AAA
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