O episódio de vento Leste marcado pelo pico secundário do gráfico coincidiu com períodos de vento muito fraco ou mesmo calmaria que permitiram que ao aumento do número de fogos não estivesse associada a dificuldade de os extinguir (num comentário a este post Paulo Fernandes confirma que as áreas ardidas foram de pequena dimensão e circulares, indiciadoras de ausência de vento).
Já em condições diferentes da típica lestada o vento aumentou e aumentou também a dificuldade de extinção dos fogos. Por outro lado os efeitos de secagem que as condições dos dias anteriores trouxeram facilitaram o aumento de fogos diários que agora se verifica cujo número começa a estar próximo do que é o limite da capacidade de resposta rápida a todos os fogos.
As previsões para os próximos dias vão no sentido de uma nova aproximação das características do vento Leste, em especial no Norte, felizmente mais agricultado e pastoreado que a região Centro do país, mas ainda assim com fragilidades significativas em relação ao fogo.
A confirmarem-se estas previsões o dispositivo de combate aos fogos terá um segundo teste este ano, mas em condições aparentemente mais duras, mesmo que hoje chova qualquer coisa no Minho: não só há um efeito cumulativo das condições de secura dos dois episódios de vento Leste como, sobretudo, a velocidade do vento aparentemente será um pouco maior (mesmo que não estejam previstas condições de vento forte, essas sim desastrosas).
Veremos como se comporta quer o dispositivo, quer a máquina de produção de informação sobre os fogos que, com todos os governos, tem dificultado enormemente a compreensão do problema e, consequentemente, a criação de condições de gestão de combustível sérias acabando por desembocar em disparates como as centrais de biomassa e anomalias como a gestão do Fundo Florestal Permanente.
henrique pereira dos santos
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