domingo, fevereiro 28, 2010

Negacionismos

O negacionismo pegou moda. São os negacionistas-da-teoria-da-evolução, negacionistas-da-teoria-do-aquecimento-global e agora negacionistas-da-homeopatia.

Os primeiros são corajosos (ou patéticos) já que contestam o que dificilmente se pode contestar: a teoria com maior "pedigree" nas ciências biológicas.

Os segundos são um lote curioso que confunde complexidade com complicação.

Os terceiros nem sequer entendem o que contestam mas isso não os impede de usar palavras grossas e de defender a caça às bruxas.

O tempo em que se formavam opiniões, como dizia Camões, com "honesto estudo e longa experiência misturada" já lá vai.

22 comentários:

Pedro disse...

Sinceramente não consigo encontrar referências sérias que suportem que as moléculas de água tenham alguma memória ou que as diluições "prescritas" tenham algum efeito farmacológico.

Efeito "per si" tenho a maior das dúvidas que tenham, se tiver conteúdos que provem o contrário agradecia que partilha-se.

Agora não podemos esconder o efeito placebo que existe e é fundamental.

Que alguma homeopatia tenha efeitos reais eu não duvido. Que esses efeitos sejam mais que efeito placebo... tenho dúvidas (bastantes)

Anónimo disse...

Miguel, não se pode citar a ciência quando nos convém e descarta-la quando nos interessa...
As teorias da evolução e do aquecimento global apoiam-se em argumentos científicos sólidos, já a verificação científica da eficácia da homeopatia é no mínimo duvidosa.

Claro que a ciência não consegue explicar tudo, mas isso é outro debate.

Eu acho o cartaz bastante divertido.

Alexandre Vaz

Anónimo disse...

Só mais uma coisa, chamar patetas às pessoas que negam os fundamentos da homeopatia parece-me precipitado e pouco construtivo.

O progresso científico é feito de divergências, e não se deve confundir uma salutar discordância (perante factos não provados)com uma caça às bruxas.

Deverás estar de acordo que tanto do lado dos defensores como do dos opositores à homeopatia, que há posições dogmáticas.

Alexandre Vaz

Miguel B. Araujo disse...

Caro Pedro,

As dúvidas são boas especialmente quando são acompanhadas por uma vontade genuína para as esclarecer.

Há duas questões pertinentes. Uma é sobre o mecanismo de cura através de substâncias diluídas. Outra é sobre a evidência empírica dos tratamentos, além do efeito placebo.

A primeira dúvida é a mais difícil de resolver sem muito mais investigação e infelizmente poucos recursos gastos são gastos a tentar compreender os mecanismos de cura.

E são gastos poucos recursos porque o debate público ainda está ao nível da evidência empírica.

Existe alguma literatura que obviamente não domino porque não é a minha área e porque tenho pouco tempo para mergulhar num campo com 200 anos de literatura (talvez um dia o faça) mas sugiro-lhe a leitura de uma revisão publicada em 2005. É um bom ponto de partida para entender em que pé estão as evidências clínicas em homeopatia:

http://www.iscmr.org/publications/2005_JACM_Homeopathy.pdf

Boas leituras,

Miguel B. Araujo disse...

Alexandre,

Creio que a precipitação está do teu lado. Onde é que leste que eu chamo patetas a quem contesta os principios da homeopatia?

Sim, há dogmatismos de ambos os lados da barricada. Como sempre aliás.

Quanto à caça às bruxas é um facto histórico (o fundador da homeopatia teve de se exilar e muitos outros seguiram o mesmo caminho depois) e actual (a homeopatia continua a ser perseguida sem que, curiosamente, se decida patrocinar os testes que permitiriam comprovar a sua eficácia).

Mas sobre isto remeto-te para o artigo referido acima.

Anónimo disse...

Colar os negacionistas do aquecimento global aos negacionistas da teoria da evolução, vale o mesmo que colar os crentes no aquecimento global às previsões do tarot da Maya...

:-(

Anónimo disse...

"Os terceiros nem sequer entendem o que contestam mas isso não os impede de usar palavras grossas e de defender a caça às bruxas."

Miguel, para mim dizer isto de alguém é o mesmo que lhe chamar pateta. Ou será que quem contesta coisas que não entende que não é pateta?

Não li (ainda) as coisas que sugeriste, mas será que estás insinuar que a homeopatia não é mais desenvolvida apenas como fruto do boicote da industria farmacêutica?

Esse para mim é um argumento que não colhe. Por cada laboratório que não está interessado no aparecimento de medicamentos alternativos, deveria haver pelo menos outro interessado em explorar esse novo nicho de mercado.

Por outro lado acho interessante a relevância que neste caso dás às "evidências empíricas". Pergunto-me se estarias disponível para as utilizar da mesma forma numa discussão sobre o aquecimento global ou as curas milagrosas.

Alexandre Vaz

Anónimo disse...

Há quem conteste a homeopatia?
Como é possivel perder tempo a contestar uma religião?

Miguel B. Araujo disse...

Caro Alexandre,

Agradeço o teu esforço por tentar descodificar as minhas palavras mas garanto-te que não há entrelinhas no que escrevi. Se quiser apelidar de patético um determinado comportamento não tenho problema em fazê-lo, como aliás o fiz no caso do negacionismo evolutivo. Se não o fiz no caso do negacionismo climático ou homeopático não foi por acaso.

Aliás, se reparares, há um gradiente nos três exemplos que dei e este, sim, é propositado. No topo está o negacionismo patético. Negar a teoria da evolução está praticamente ao nível de negar a gravidade. A evolução é um dos pilares da ciência moderna. Está entre as poucas teorias científicas que podemos dar como certas (dentro dos limites próprios do conhecimento científico). Poderão ser feitos ajustes aqui e ali, como aliás têm sido feitos, mas os princípios gerais são sólidos.

As alterações climáticas encontram-se num patamar abaixo em termos de evidência. Entramos no domínio das probabilidades em que, no quadro do conhecimento actual, se pode dizer que é mais provável que um cenário seja verdade mas naturalmente falta-nos saber mais para chegar ao patamar de outras teorias com mais pedigree.

Finalmente, temos a homeopatia. A homeopatia é uma prática clínica com 200 anos. Há quem a compare com o Prof. Karamba ou com religiões Vudu ainda que nenhuma dessas crendices, contrariamente à homeopatia, tenha entrado no serviço nacional de saúde do Reino Unido, ou tenha penetrado na sociedade Indiana (onde é a principal forma de medicina), na Alemã (onde nasceu), ou em diversos países da América Latina com particular destaque para o México onde é considerada um ramo da medicina convencional e ensinada nas universidades (em Espanha também é considerada como um ramo de medicina convencional mas ensina-se em cursos de especialização de médicos e não em cursos universitários de primeiro e segundo ciclo). O Prof. Karamba e o Vudu têm obviamente os seus seguidores mas não consta que entre estes contem grandes nomes da ciência, das artes, da literatura, e da política. Contam-se, regra geral, pessoas sem instrução e como tal mais permeáveis a todo o tipo de manipulações.

A homeopatia, no quadro das comparações que fiz é, obviamente, o elo frágil. Não há grupos de investigação nas universidades a estudar a matéria. Não há financiamento do Estado a patrocinar investigação sobre os mecanismos de cura. Há, tão somente, empirismo puro como aliás também o há na medicina chinesa onde temos uma acupunctura que se rege por princípios análogos à homeopatia (ambas são medicinas chamadas energéticas). Será empirismo = crendice?

Eu sou treinado em ciência e como tal respeito o método científico. Porém, contrariamente a alguns colegas meus, não creio que esta seja a única forma de aquisição de conhecimento. O conhecimento adquirido com base empírica, ou seja com o acumular de evidência durante séculos (no caso da homeopatia) ou milénios (no caso da medicina chinesa), têm o seu lugar na civilização. Mais, creio que a qualidade mais elevada de qualquer pessoas interessada em ciência é a curiosidade. Se algo existe que não entendemos e se esse algo move milhões de pessoas, muitas das quais não são as tradicionais suspeitas de manipulação religiosa, talvez valha a pena indagar e tentar perceber se algo existe para além das aparências.

Se me perguntares como funciona a homeopatia, não poderei fazer mais que balbuciar umas quantas ideias. Se me perguntares se funciona, apenas poderei reflectir sobre a minha experiência própria. Com a homeopatia disse adeus a dores reumáticas que tinha desde os 15 anos (tomando um único remédio que fez efeito em apenas 2 minutos), curo gripes em 5-6 dias sem tomar quaisquer fármacos e safei-me de uma intoxicação alimentar que, em condições normais, me teria levado ao hospital para fazer uma lavagem ao estômago. Será placebo? Se o placebo fizer destas coisas então é uma grande medicina.

Anónimo disse...

agradeço que nos indique um único exemplo de quem tenha sobrevivido a uma situação diagnosticada de infecção bacteriana grave (iniciada em qualquer órgão do nosso corpo) com riscos de evoluir para septicémia, com os ditos tratamentos milagrosos da homeopatia.

caso não o faça tomo a liberdade de o apelidar de charlatão, à semelhança do que aconteceu na década de 80 com o investigador do INSERM Jacques Benveniste

Miguel B. Araujo disse...

Caro anónimo,

A sua mensagem é gratuitamente insultuosa e sendo enviada por uma pessoa que nem sequer assume as palavras que diz, assinando o texto com um nome real, só não é apagada porque me quero permitir de lhe responder. Mas aviso que não aceitarei a continuação do envio deste tipo mensagens insultuosas pois não é o propósito de pessoas que criam e escrevem em blogues, assinando de boa fé os seus textos, expor-se ao enxovalho público por anónimos cobardes.

Quanto a Benveniste, ainda é cedo para saber se ele era charlatão ou não. O único que se pode dizer é que continuam por demonstrar inequivocamente as suas experiências o que, em abono da honestidade intelectual, é diferente de dizer que ele está errado. Sugiro a leitura do texto abaixo, pois tem a relevância de ter sido escrito, em 1999, por uma pessoa que mais tarde escreveu séries de atigos tentando explicar os mecanismo de cura homeopática com base em física quântica (um ex-investigador do Imperial College de Londres do departamento de Química). São trabalhos incompreensíveis para uma mente simples como a minha e são publicados numa revista homeopática longe de ser considerada "mainstream". Portanto, estamos a falar de ensaios preliminares (comuns na aurora de qualquer campo científico) e não de artigos científicos aceites pelo "establishment".

"The memory of molecules Can molecules communicate with each other, exchanging information without being in physical contact? French biologist Jacques Benveniste believes so, but his scientific peers are still sceptical. By Lionel Milgrom

Jacques Benveniste was once considered to be one of France's most respected biologists, until he was cast adrift from the scientific mainstream. His downfall began in 1988 when he infuriated the scientific community with experimental results which he took as evidence to suggest that water has a memory. His ideas were seized upon by homeopaths keen to find support for their theories on highly diluted medicines, but were condemned by scientific purists. Now, Benveniste believes he has evidence to suggest that it may one day be possible to transmit the curative power of life-saving drugs around the world - via the Internet.

It sounds like science fiction and Benveniste will have a hard time convincing a deeply sceptical world that he is right. Nevertheless, he began his campaign last week when he announced the latest research to come out of his Digital Biology Laboratory near Paris, to a packed audience of scientists at the Pippard Lecture Theatre at Cambridge University's Cavendish Physics Laboratory. Benveniste suggested that the specific effects of biologically active molecules such as adrenalin, nicotine and caffeine, and the immunological signatures of viruses and bacteria, can be recorded and digitised using a computer sound-card. A keystroke later, and these signals can be winging their way across the globe, courtesy of the Internet. Biological systems far away from their activating molecules can then - he suggested - be triggered simply by playing back the recordings.

Continua...

Miguel B. Araujo disse...

continuação...

Most scientists have dismissed Benveniste as being on the fringe, although there were some famous names in the audience last week, including Sir Andrew Huxley, Nobel laureate and past president
of the Royal Society, and the physicist Professor Brian Josephson, also a Nobel laureate. Benveniste started by asking some apparently childish questions. If molecules could talk, what would
they sound like? More specifically, can we eavesdrop on their conversations, record them, and play them back? The answer to these last three questions is, according to Benveniste, a resounding "Oui!" He further suggested that these "recordings" can make molecules respond in the same way as they do when they react. Contradicting the way biologists think biochemical reactions occur, he claims molecules do not have to be in close proximity to affect each other. "It's like listening to Pavarotti or Elton John," Benveniste explained. "We hear the sound and experience emotions, whether they're live or on CD."

For example, anger produces adrenalin. When adrenalin molecules bind to their receptor sites, they set off a string of biological events that, among other things, make blood vessels contract. Biologists say that adrenalin is acting as a molecular signalling device but, Benveniste asks, what is the real nature of the signal? And how come the adrenalin molecules specifically target their receptors and no others, at incredible speed? According to Benveniste, if the cause of such biochemical events were simply due to random collisions between adrenalin molecules and their receptors (the currently accepted theory of
molecular signalling), then it should take longer than it does to get angry.

Benveniste became the bete noire of the French scientific establishment back in 1988, when a paper he had published in the science journal Nature was later rubbished by the then editor, Sir John Maddox, and a team that included a professional magician, James Randi. With an international group of scientists from Canada, France, Israel and Italy, Benveniste had claimed that vigorously shaking water solutions of an antibody could evoke a biological response, even when that antibody was diluted out of existence. Non-agitated solutions produced little or no effect. Nature said that the results of the experiment that produced the "ghostly antibodies" were, frankly, unbelievable. The journal itself came in for criticism for publishing the paper in the first place.

In his Nature paper, Benveniste reasoned that the effect of dilution and agitation pointed to transmission of biological information via some molecular organisation going on in water. This "memory of water" effect, as it was later known, proved Benveniste's academic undoing. For while the referees of his Nature paper could not fault Benveniste's experimental procedures, they could not understand his results. How, they asked, can a biological system respond to an antigen when no molecules of it can be detected in solution? It goes against the accepted "lock-and-key" principle, which states that molecules must be in contact and structurally match before information can be exchanged. Such thinking has dominated the biological sciences for more than four decades, and is itself rooted in the views of the 17th-century French philosopher Rene Descartes.

Miguel B. Araujo disse...

continuação...

Nature's attempted debunking exercise failed to find evidence of fraud, but concluded that Benveniste's research was essentially unreproducible, a claim he has always denied. From being a respected figure in the French biological establishment, Benveniste was pilloried, losing his government funding and his laboratory. Undeterred, he and his now-depleted research team somehow continued to investigate the biological effects of agitated, highly dilute solutions. The latest results are, for biologists, even more incredible than those in the 1988 Nature paper. Physicists, however, should have less of a problem as their discipline is based on fields (eg gravitational, electromagnetic) which have well-established long-range effects. If Benveniste's claims prove to be true - which is far from certain - they could have profound consequences, not least for medical diagnostics.

Benveniste's explanation starts innocuously enough with a musical analogy. Two vibrating strings close together in frequency will produce a "beat". The length of this beat increases as the two frequencies approach each other. Eventually, when they are the same, the beat disappears. This is the way musicians tune their instruments, and Benveniste uses the analogy to explain his water-memory theory. Thus, all molecules are made from atoms which are constantly vibrating and emitting infrared radiation in a highly complex manner. These infrared vibrations have been detected for years by scientists, and are a vital part of their armoury of methods for identifying molecules.

However, precisely because of the complexity of their infrared vibrations, molecules also produce much lower "beat" frequencies. It turns out that these beats are within the human audible range (20 to 20,000 Hertz) and are specific for every different molecule. Thus, as well as radiating in the infrared region, molecules also broadcast frequencies in the same range as the human voice. This is the molecular signal that Benveniste detects and records.

If molecules can broadcast, then they should also be able to receive. The specific broadcast of one molecular species will be picked up by another, "tuned" by its molecular structure to receive it. Benveniste calls this matching of broadcast with reception "co-resonance", and says it works like a radio set. Thus, when you tune your radio to, say, Classic FM, both your set and the transmitting
station are vibrating at the same frequency. Twitch the dial a little, and you're listening to Radio 1: different tuning, different sounds. This, Benveniste claims, is how millions of biological molecules manage to communicate at the speed of light with their own corresponding molecule and no other. It also explains why minute changes in the structure of a molecule can profoundly alter its biological effect. It is not that these tiny structural changes make it a bad fit with its biological receptor (the classical lock-and-key approach). The structural modifications "detune" the molecule to its receptor. What is more, and just like radio sets and receivers, the molecules do not have to be close together for communication to take place.

Miguel B. Araujo disse...

continuação...

So what is the function of water in all this? Benveniste explains this by pointing out that all biological reactions occur in water. The water molecules completely surround every other molecule placed among them. A single protein molecule, for example, will have a fan club of at least 10,000 admiring water molecules. And they are not just hangers-on. Benveniste believes they are the agents that in fact relay and amplify the biological signal coming from the original molecule.

It is like a CD which, by itself, cannot produce a sound but has the means to create it etched into its surface. In order for the sound to be heard, it needs to be played back through an electronic amplifier. And just as Pavarotti or Elton John is on the CD only as a "memory", so water can memorise and amplify the signals of molecules that have been dissolved and diluted out of existence. The molecules do not have to be there, only their "imprint" on the solution in which they are dissolved. Agitation makes the memory.

So what do molecules sound like? "At the moment we don't quite know," says Didier Guillonnet, Benveniste's colleague at the Digital Research Laboratory. "When we record a molecule such as caffeine, for example, we should get a spectrum, but it seems more like noise. However, when we play the caffeine recording back to a biological system sensitive to it, the system reacts. We are only recording and replaying; at the moment we cannot recognise a pattern." "But," Benveniste adds, "the biological systems do. We've sent the caffeine signal across the Atlantic by standard telecommunications and it's still produced an effect."

The effect is measured on a "biological system" such as a piece of living tissue. Benveniste claims, for instance, that the signal from molecules of heparin - a component of the blood-clotting system - slows down coagulation of blood when transmitted over the Internet from a laboratory in Europe to another in the US. If true, it will undoubtedly earn Benveniste a Nobel prize. If not, he will receive only more scorn.

Benveniste's ideas are revolutionary - many might say heretical or misguided - and he is unlikely to persuade his most ardent critics. Although his ideas may seem plausible enough, he will win over
his enemies only if his results can be replicated by other laboratories. So far this has not been done to the satisfaction of his many detractors.

published in The Independent, March 19th., 1999.

Miguel B. Araujo disse...

De resto e para perceber melhor a natureza do cepticismo dos diferentes intervenientes desta conversa, gostaria que clarificassem se o cepticismo deriva de:

1 - Terem tido uma experiência pessoal de tratamento homeopático que os decepcionou? Se for este o caso agradecia que indicassem o nome do/da homeopata que os tratou e/ou -mais importante que o nome- a sua formação de base para se poder discutir se estamos perante um problema da técnica clínica ou do técnico que a aplica;

2 - Desconhecem o mecanismo de cura e como tal não aceitam que possa existir. Se for o caso pergunto se leram e entenderam a literatura mais recente, designadamente de Milgrom, sobre possíveis mecanismos de cura com base em campos electromagnéticos?;

3 - Não consideram ser essencial conhecer o mecanismo de cura desde que os seus efeitos estejam experimentalmente demonstrados mas consideram que as provas ("double blind randomized tests") fornecidas até à data são fracas e não aceitam evidência empírica (na acepção dada num comentário acima) como evidência sólida. Se for o caso agradecia que me indicassem os exemplos de testes que consideram credíveis (e já agora o link para a sua descrição) e que não mostraram existir efeito positivo do tratamento homeopático nos pacientes para que os possamos discutir com algum detalhe.

Se o cepticismo não se basear em nenhuma das 3 categorias acima expostas (frustrada experiência pessoal, incompreensão dos mecanismos teóricos, cepticismo quanto à análise experimental) considero que estamos a discutir num nível de crendice menos consubstanciado que as minhas posições sobre a matéria pois eu, pelo menos, posso responder pessoalmente, pela categoria 1. Nestes casos, não estranharão se decidir não perder tempo em responder-lhes.

Miguel B. Araujo disse...

Corrigenda:

Tenho que retratar-me das minhas próprias palavras que foram, quanto a mim, apressadas. Acima disse “Quanto a Benveniste, ainda é cedo para saber se ele era charlatão ou não.”

O que na realidade queria dizer é que é cedo para saber-se se ele estava certo ou errado ou, para ser rigoroso, qual o grau de acerto e/ou erro dos resultados das suas experiências.

A qualificação de charlatão a Benveniste é injusta e imprópria. Um charlatão é alguém que apregoa produtos com vantagens fraudulentas, pecuniárias ou não, ludibriando a outros para seu benefício próprio. Ora Beneveniste foi tudo menos um charlatão no sentido estrito da definição. Beneveniste foi um homem que, tendo muito a perder, perdeu tudo ao defender, até às últimas consequências, o resultados das suas observações que, a ser correctas, revelariam fenómenos na fronteira do conhecimento. Nem todos os investigadores estariam dispostos a levar tão a sério as suas próprias ideias ao ponto perder a reputação, posição académica e dinheiro para trabalhar. Alguns fazem-no e têm a sorte de colher frutos dessa ousadia e com isso a adquirem glória eterna. Outros fazem-no sem essa sorte, como é o caso vertente.

A grande maioria dos investigadores repete o que outros fizeram com dados diferentes, acrescentam pequenos grãos de conhecimento (por vezes nem isso) em edifícios cujas fundações foram construídas por outros. Ter a visão para propor novos edifícios científicos reflecte uma qualidade básica de qualquer investigador: a inteligência, a curiosidade e o espírito crítico. Ter ousadia de defender novos edifícios, pondo em risco edifícios construídos, tidos por sólidos e defendidos por egos consolidados, que poderão nunca vir a ser construídos durante a sua vida, é um exercício de elevado risco que revela, acima de tudo, outra característica humana nobre: a coragem. E é tanto mais corajoso quem mais tem a perder, como é o caso de Benveniste.

Nada disto se pode apelidar de charlatanismo. O facto de tal acusação ser feito por uma criatura anónima, que como tal, nada tem a perder, diz mais sobre o carácter dessa pessoa que sobre o perfil do defunto Benveniste.

Anónimo disse...

depois desta ladaínha toda a defender teorias baseadas em conclusões de experiências únicas que nunca conseguiram ser reproduzidas, nada foi dito sobre as virtudes terapêuticas da homeopatia na cura das infecções bacterianas graves sem recurso aos antibióticos.

Jaime Pinto disse...

As medicinas alternativas sérias não recusam o avanço da medicina ocidental nos meios de diagnóstico, antibióticos e intervenções cirúrgicas.

Contudo existem muitas doenças em que a homeopatia dá cartas. Doenças relacionadas com o reumático/ortopedia são um exemplo. Conheço pessoas torturadas com anti-inflamatórios não esteróides, durante anos, com graves repercussões no sistema digestivo, que após recorreram à hemopatia ficaram muito melhor, ou mesmo curadas.

Doenças do foro psíquico, como depressão e ansiedade grave, podem ser curadas mediante a prática de yoga, Chi kung, Tai-chi, como os orientais fazem à séculos com sucesso. Contudo os médicos ocidentais resolvem o assunto receitando os infames anti-depressivos e ansiolíticos, viciando muitas vezes o doente para o resto da vida sem resolver o problema.

As pessoas de idade é uma desgraça. Gastam uma percentagem significativa das reformas apenas para sustentar a fileira da "saúde". E coitados, se alguém lhes disser que deveriam tentar outras soluções, de tal maneira estão envolvidos na engrenagem que de imediato respondem que os querem é matar.

Deveria haver mais pessoas como o Miguel Araújo, indiscutivelmente associados aos "métodos científicos", a assumir sem reservas a defesa de soluções alternativas. Por serem medicinas suaves, geralmente pouco onerosas, a saúde das nossas contas públicas beneficiaria com a mudança. Também o ambiente agradeceria, pois caso as fábricas de químicos que suportam os medicamentos reduzissem a produção, não faria mal nenhum.
Ja

Anónimo disse...

As pessoas de idade é uma desgraça. Gastam uma percentagem significativa das reformas apenas para sustentar a fileira da "saúde".

Pois .. podiam comprar Berberis Homacord (30 ml, dose diária 10 gotas) por 31,53 Euros, para aliviar as dores do tracto urogenital e outras dores .. aproveitando igualmente para aliviar a carteira, cotrariamente ao que é sugerido.

Anónimo disse...

Não existe qualquer remédio homeopático chamado Berberis Homacord. Existem remédios Berberis vulgaris e Berberis aquifolium e soluções líquidas de 30 ml destes remédios custam menos de 10 euros.

http://www.helios.co.uk/cgi-bin/store.cgi?action=list_remedies

Anónimo disse...

Berberis homarcod é um remédio homotoxicológico. Não é homeopatia em sentido estricto.

Anónimo disse...

Berberis homacord a 11.50 euros:

http://shopping.iespana.es/shopping/mostrar-medicamentos-6080821/heel-berberis-homaccord-30-ml-gotas-00005305338/affiche.html