quinta-feira, fevereiro 04, 2010

O coelho


Quanto mais vou lendo e pensando, mais me convenço de que esta é a verdadeira prioridade de conservação da fauna em Portugal.
henrique pereira dos santos

52 comentários:

trepadeira disse...

Boa tarde

Se esta é a verdadeira prioridade,não me atrevo a dizer.Atrevo-me a dizer,é de tal forma importante na cadeia alimentar que a sua drástica diminuição tem provocado enormas perdas,mais visíveis,nalgumas aves de rapina e nos felídeos.
Urge terminar com a caça,pelo menos,nas áreas protegidas.
Foi pensando assim que lançamos,com o apoio da ANIMAL e outras associações,uma petição pública.
Está em www.trepadeiraazul.com ,para quem quiser ajudar.

Saudações cordiais,
mário

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Mário,
As maiores densidades de coelho no país são em zonas de caça (talvez com a excepção de alguns campos de golfe).
A caça é favorável à conservação do coelho.
henrique pereira dos santos

Man disse...

"As maiores densidades de coelho no país são em zonas de caça"

Só é pena haver muitos caçadores dessas zonas de caça que acham que os coelhos devem ser só para si. Depois... é vê-los a atirar a tudo o que acham que é uma ameaça aos seus coelhos, começando pelas águias.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Man,
Depende, há de tudo entre os caçadores (como entre qualquer outro grupo suficientemente grande). Olhe souber um dia destes que há uma reserva de caça em que é proibida a caça às migradoras. É a única no país. Mas quando existem exemplos destes são tão ou tão pouco reconhecidos pelo país e pelos conservacionistas que há sempre o risco de deixar de haver este caso único de consciência conservacionista.
As generalizações são levadas da breca.
henrique pereira dos santos

trepadeira disse...

Caro Henrique

Por aqui PNSE/REDE NATURA 2000,não há coelhos.Algum que aparece,vindo de zonas contiguas,é logo massacrado.
Tanto quanto sei os coelhos existentes nas zonas de caça são,na sua maioria,introduzidos de criação intensiva.
A caça favorável à preservação do coelho é outra,a tal dos predadores naturais,os tais que não dizimam tudo,seleccionam os doentes e mais fracos.
Perseguir,torturar e matar animais por diversão,prazer e,ou desporto é eticamente condenável e racionalmente injustificável.
Por aqui,insisto,tudo serve de alvo árvores,telhedos das casas,portas dos arrumos agrícolas,animais domésticos e "Neophron percnopteros" Abutre do Egipto,"Gyps fulvus" Grifo,"Hieraaetus pennatus" Águia calçada,"Circaetus gallicus" Águia cobreira,"Pernis apivorus" Falcão abelheiro,"Accipiter gentilis" Açor,"Falco peregrinus" Falcão peregrino e muitas "Buteo buteo" àguia-de-asa-redonda,estas comprovadamente chumbadas ou escorraçadas a tiro,sbretudo agora que voam mais baixo à procura de local de nidificação.
Ainda ontem fotografava uma Garça Real "Ardea cinerea" à procura de local para nidificar,fora da área do rio Mondego,na encosta do monte,por daí ser sistematicamente escorraçada.Está no blogue "trepadeira".
Saudações cordiais,
mário

Gonçalo Rosa disse...

Caro Mário,

E o que é que a caça tem haver com a regressão do coelho? Antes pelo contrário, a gestão cinegética tem permitido a recuperação das populações de coelho sendo pelo menos uma, senão a principal responsável pela recuperação de várias espécies de aves de rapina (Águia de Bonelli, Águia-real e Águia-imperial) em Portugal, ao longo dos últimos 10/20 anos.

Já sei que me vai dizer que os caçadores são uns grandes assassinos. Não duvido que alguns abatam espécies protegidas e que se cometam ilegalidades, mas que me parece inegável que o regime cinegético especial presta um contributo de relevo para aquelas espécies, disso não tenho dúvidas algumas.

Se assim pensa, defenda a proibição de caçar nas áreas protegidas (e porque não fora delas?). Mas não misture este seu princípio ético com conservação da natureza. É que se a Animal tivesse a força que felizmente não tem e conseguisse levar adiante os seus intentos, dava uma valente biqueirada na conservação destas espécies.

Gonçalo Rosa

Miguel B. Araujo disse...

Henrique, Se o prisma das prioridades for afinado pelo Lince, tens toda a razão. Mas há que deixar espaço para outros prismas, alguns dos quais serão menos dependentes coelho.

Man disse...

"As generalizações são levadas da breca."
Eu não generalizei, apenas disse que há muitos,
Não sou caçador, mas, converso com muitos caçadores e ouço as conversas entre eles. Posso dizer que fico estupefacto, com pessoas que eu sei que em outros aspectos até têm cuidados ambientais, mas que no decurso das suas acções de "caça", cometem autênticos crimes contra a natureza.
Sei que nem todos são agem da mesma forma, mas, se ouvissem certas conversas informais aposto que ficariam com os cabelos em pé. Se ouvirem apenas as declarações "oficiais" desses mesmos individuos, ficarão a conhecer mais um Santo ambiental.

Francisco Barros disse...

Olá Henrique,

De facto, sendo o coelho a base alimentar da maioria dos predadores actualmente mais ameaçados, isso é verdade.

Discordo parcialmente que TODAS as zonas de caça têm grandes densidades de coelho. E as que têm é à base de reprodução em cativeiro, algo bastante artificial e efémero, pois se a actividade cinegética desportiva, por alguma razão deixar de existir naquelas zonas, acaba-se o coelho novamente.

A prioridade seria tentar irradicar completamente as viroses que afectam o coelho (tendo causado extinções locais da espécie, pelo menos a nível temporário) estando ele ligado à caça ou não.

Mas de facto, o coelho é (ou deveris ser) uma das grandes prioridades da conservação da natureza em Portugal!

Cumprimentos,
Francisco Barros

joserui disse...

A caça é favorável à conservação do coelho.
Consta que sim. E à conservação da natureza em geral. Os caçadores são os maiores amigos da natureza em Portugal.
Aliás, parece que em Estado falido a tendência é entregar cada vez maiores áreas de território para os caçadores conservarem. E para terem um quintal grande para brincarem com as suas armas.
Não venha também dizer que há de tudo. O grupo dos caçadores genericamente, está armado. E não está armado para conservar nada. Está armado para matar. E é nesse grupo que se mata, muitas vezes sem critério (já para não falar em matanças por outros meios). Não é noutros grupos também suficientemente grandes e desarmados.
Dizer que a caça é favorável à conservação é um desplante. Raposas a guardar galinheiros. As repovoações de coelho são assim tão complicadas? É ciência de foguetões? Essa função está a cargo dos caçadores em exclusivo a que propósito? Fazem-no com algum intuito conservacionista?
Nunca conheci nenhum caçador que achasse não ter direito ao seu quinhão da matança. Houvesse muito ou pouco.
Caça em zonas protegidas é um mais um desplante. Não se sabe muito bem de que se protege essas zonas... É como a rede natura. Nas cartas topográficas fica bem. E em fotografias aéreas. Andar lá é que é pior. E ainda nos arriscamos a levar um tiro desses grandes conservacionistas. Nem nas nossas próprias propriedades estamos a salvo. -- JRF

Francisco Barros disse...

Caro José Rui,

Generalizar pode ser injusto...

Conheço vários caçadores efectivamente conservacionistas e que têm feito um bom trabalho com dinheiro do seu bolso! Não são muitos mas existem.

Francisco Barros

Henrique Pereira dos Santos disse...

Miguel,
De que prismas falas para se poder aferir?
Francisco, há muitas zonas de caça que têm coelho porque fazem verdadeira gestão de habitat, não é com introduções que se têm elevadas densidades de coelho.
Caro José Rui,
O que tem o acto de matar com a conservação de uma espécie? Por essa ordem de ideias as estradas seriam uma grande ameaça à conservação da nossa espécie, o que manifestamente não é o caso.
henrique pereira dos santos

trepadeira disse...

Meu caro Henrique

Quanto à ANIMAL não precisará de advogado de defesa e eu também não sou.
Acabo de enviar aos senhores ministros do ambiente e agricultura mais um requerimento a pedir a reposição da legalidade,pedida há já sete anos,no PNSE/REDE NATURA 2000.
Não consigo colocar aqui o link mas,sempre posso dizer:
Criaram uma zona de caça associativa onde,comprovadamente mesmo pela AFN e SEPNA,não há terrenos cinegéticos,ou seja,respeitando a lei da caça (zonas de protecção)não se pode caçar.
Não contentes aprovam agora uma zona de caça municipal,sem pareceres,embora a portaria diga que existem,com mais do dobro da área indicada no parecer do técnico que instruiu o processo e,com a gestão entregue a uma junta de freguesia com vários,mais de quatro,processos pendentes de transgressão ambiental confessada,continuada e desrespeitando a autoridade do SEPNA.Afirma alto e bom som "borboletas e passarada é para matar tudo".
Estes são os caçadores conservacionistas que por aqui conheço.
Também converso com alguns caçadores,dizia-me um:
"-Sabe deixei de caçar,por um lado já não me apetece andar por aí a matar animais selvagens belos e que não fizeram mal nenhum,por outro lado tenho medo,parecem alucinados a tentar matar o último animal no último refúgio,nem olham disparam sobre tudo o que mexe.".
Dirijo uma pwequena fundação a Trepadeira Azul.dedicamo-nos a registar,em fotografia e video,a fauna e flora desta região,em colaboração com vários especialistas.Já não é a primeira vez que ouço chumbos por cima da cabeça,mesmo sem usar refúgios ou redes,nem sequer camuflado,e no espaço da fundação,que tivemos de vedar.
Gostaria ainda de acrescentar,há uma foto de águia,muito divulgada mesmo internacionalmente,feita ao raio X,com mais de vinte bagos de chumbo no papo.
Está também no blogue do Prof. Raimon Guitart,da Universidade Autónoma de Barcelona,titular da cadeira de toxicologia.
Cordial abraço,
mário

joserui disse...

Caro Francisco Barros, não me acredito na bondade desse grande grupo. E é um grupo grande demais, que se tem meia-dúzia de elementos com consciência, são a excepção que confirma a regra. Eu não conheço nenhum.

Caro Henrique Pereira dos Santos, já estava com saudades das suas respostas desconversadoras. Resposta: Não sei. O resultado é o que está à vista? Então 'tá bem. Conserve-se.

Mas sou todo ouvidos para os seus argumentos a favor da caça em zonas protegidas e propriedades privadas. JRF

Francisco Barros disse...

Henrique, há de facto zonas de caça com boas densidades de coelhos, mas não é apenas pela gestão de habitat. É também pela captura e vacinação de grande parte da população de coelhos dentro da sua àrea de concessão. É um trabalho de "sapa" e que dá despesas. Não fosse tirarem rendimento à posteriori que lhe pagasse o investimento e de pouco valeria a gestão de habitat quando o principal problema é de ordem sanitária.

Jose Rui, Eu também não acredito na vertente conservacionista da "classe" dos caçadores a nível geral, mas que existem cada vez mais excepções, existem. E o facto é que conheço alguns casos exemplares de actividade cinegética responsável que tem tido efeito muito positivo na conservação da natureza.
Só tenho pena que não vejo essa atitude generalizar-se como gostaria...

Francisco Barros

Francisco Barros disse...

Henrique,
Esqueci-me de mencionar acima isto:
Existem de facto zonas de caça (sobretudo municipais) que conseguem boas densidades de coelhos recorrendo ao cativeiro, sim. O problema é que como mencionei atrás, é coisa efémera e por vezes temporária, feita através da figura legal de "reforço cinegético" (largadas de exemplares na véspera de jornadas cinegéticas).
Basta ver os "relatórios financeiros" de alguns clubes de caçadores e ver o dinheiro gasto na aquisição de coelhos.

Francisco Barros

Gonçalo Rosa disse...

Caro José Rui,

Bem sei que se cometem crimes, que deveria haver maior fiscalização e que raramente aqueles são devidamente punidos.

Mas acho que se preocupa demais com as intenções e intuitos (de caçadores e de zonas de caça) e de menos com os resultados. As zonas de caça preocupam-se em ter coelho, entre outras espécies cinegéticas, porque é o que os seus sócios e clientes (caçadores) procuram e não necessariamente por preocupações conservacionistas. E depois? Se o resultado está à vista de todos. Espécies que dependem de coelho como a Águia-real, Bonelli e Águia-imperial têm recuperado e isso é um facto irrefutável.

Gonçalo Rosa

joserui disse...

Caro Gonçalo Rosa, não entendo o que diz. Há pouco tempo li uma notícia perturbadora sobre um macho de águia-imperial crivado de chumbo que foi encontrado junto ao ninho.
Ninho, numa zona de "protecção especial" *dentro* de uma zona de caça associativa. Bastava isso para tirar o retratinho da conservação em Portugal.
Dizia também a notícia que era o único casal de águia-imperial que nidificou com sucesso em Portugal.

Portanto, sobre o acto de matar e a conservação, estamos conversados. Desde o Dodo que quanto mais se mata, mais se conserva. E tem-se aprendido muito desde o século XVII. A conservação está boa e recomenda-se.

E já agora caro HPS, "há de tudo entre os caçadores (como entre qualquer outro grupo suficientemente grande)", mas onde acha que se deve procurar o culpado por este e muitos outros crimes? Noutro "grupo suficientemente grande"? O ACP passa a ser o meu principal suspeito. -- JRF

Francisco Barros disse...

Caro José Rui,

De facto houve um crime cometido sobre um exemplar de uma espécie protegida feito por um caçador. Infelizmente acho que ainda não se chegou ao culpado.

No entanto, se neste momento temos 3 casais (não sei se serão já mais, pois estou algo desactualizado acerca da espécie) de Águia-imperial no sul do país (quando há anos atrás não tinhamos 1 único), deve-se em muito à actividade cinegética e à gestão da mesma no fomento de espécies tradicionalmente de caça (sobretudo coelhos e perdizes).

Embora com barbaridades cometidas, o saldo é positivo. Basta fazer contas...

Francisco Barros

joserui disse...

Lamento, mas não. Eu não consigo, quando se está a falar de um, dois, três casais, tirar grandes conclusões estatísticas e fazer grandes contas. As contas que eu faço são calamitosas.

Se são três casais, não devem faltar caçadores a julgarem-se no direito de abater os machos. E digo-lhe mais: ainda não conheci um único, que contribuindo do seu bolso para essas largadas de coelhos e perdizes de aviário, goste de os ver desaparecer nas garras dos predadores. Aliás, gostava de conhecer um que goste de ver desaparecer "a caça" selvagem nas garras dos predadores.

Portanto, aproveitei para ficar a saber que os "factos irrefutáveis" do Gonçalo Rosa são na melhor das hipóteses três casais. E Bonelli serão quatro? Com estes resultados espectaculares, imagine-se o que não seria entregar tudo aos caçadores! Já está tudo entregue? Zonas protegidas? Propriedades privadas? Proximidades de habituações e zonas urbanas? Está bem assim. Conserve-se. Não há na nação mais amigo da natureza e dos animais (cães incluídos). -- JRF

Francisco Barros disse...

Henrique, mais uma coisa de que me esqueci e que não podia deixar passar em branco.

"Francisco, há muitas zonas de caça que têm coelho porque fazem verdadeira gestão de habitat, não é com introduções que se têm elevadas densidades de coelho."

As grandes densidades de coelho em muitas zonas de caça devem-se em muito, para alem do que referi lá atrás, a apertados controles de predadores terrestres. E não são apenas raposas e sacarrabos como previsto na lei da caça. Nos grandes "coutos" a fiscalização não entra e tudo o que cai nas caixas é para abater. Muitas vezes existem zonas cercadas a rede miuda que nem um lagarto lá consegue entrar.
Mas creio que disso tem tanta noção como eu.

Em suma: Gestão de habitat + vacinação intensiva + repovoamentos + exclusão de grande parte de predadores terrestres = Grande densidade de coelhos.

Exceptuando a gestão de habitat, tudo o resto é demasiado artificial para ser solução definitiva no que toca ao coelho e consequentemente à manutenção dos predadores que deles dependem.

Francisco Barros

Francisco Barros disse...

José Rui,

Se estão 3 (ou 4(?)) casais em território nacional é porque existe (sobretudo) disponibilidade alimentar.
Essa disponibilidade alimentar (independentemente da maneira mais ou menos ética em que é conseguida) é fruto da actividade cinegética, quer queiramos ou não.

Seria preferivel ter zonas de não caça, sem intervenção nas populações de coelhos, deixando meia dúzia de exemplares (que vão resistindo às viroses epidémicas) e não haver disponibilidade alimentar para a espécie águia-imperial?
Seria melhor deixarmos a natureza evoluir à sua sorte, termos um manancial de predadores oportunistas que não dependem exclusivamente do coelho, mas sem qualquer Águia-Imperial em território Português??

Eu que dou muito mais importancia à espécie relativamente ao indivíduo per si, não me parece...

A actividade cinegética tem (e teve) muita responsabilidade na degradação de muitas espécies, mas não pode ser bode expiatório para tudo, e actualmente, quando bem gerida, pode ser para alem de conciliável, uma mais valia para a conservação das espécies que em tempos ajudou a declinar.

Haja vontade!

Francisco Barros

joserui disse...

Essa disponibilidade alimentar (independentemente da maneira mais ou menos ética em que é conseguida) é fruto da actividade cinegética, quer queiramos ou não.
Sou-lhe franco, eu não quero nem deixo de querer. Mas acredito que a actividade dos caçadores é esmagadoramente prejudicial. E não têm controlo. São o exemplo acabado da auto-regulação. Numa palavra, fazem o que querem e lhes apetece. E só estamos a falar dos que actuam na legalidade. Fora os outros e não tenha dúvida que os dois grupos têm grandes zonas de intersecção. E são todos às centenas de milhar.

Dito isto, volto ao início. O Estado está falido, os recursos são poucos e os que há são alocados ao "progresso da nossa terra", não à conservação da nossa terra. Entregue-se então a conservação aos caçadores. E alguns milhões de euros pelo caminho.

O que está a dizer é o seguinte: três casais de águia-imperial não são importantes para o Estado português nem para os portugueses. Como tal, não se investe um cêntimo na conservação do coelho na região de nidificação. Portanto, cace-se o coelho que é praticamente a mesma coisa. Mais: criem-se as zonas de protecção especial dentro das reservas de caça. Que é para haver muitos coelhos.
Está bem assim e não podia ser de outra maneira. -- JRF

Gonçalo Rosa disse...

José Rui: "Eu não consigo, quando se está a falar de um, dois, três casais, tirar grandes conclusões estatísticas e fazer grandes contas. As contas que eu faço são calamitosas."

Como vê, faz contas... mas apenas obtendo o resultado que procura. As últimos censos de águia-real apontam para 51-60 casais nidificantes de Águia-real e 77-80 casais nidificantes de Águia de Bonelli em Portugal (bem mais que quatro, como sugere). Ao nível nacional, ambas as populações em incremento populacional. Já quanto à Águia-imperial, esteve extinta durante durante largos anos até há meia dúzia de anos atrás. Existirão actualmente mais de três casais. Em Castro Verde, onde o indivíduo que refere foi abatido, existem actualmente mais algumas aves que poderão vir a formarem novos casais. A boa notícia é que a fêmea do casal cujo macho foi abatido, parece ter encontrado novo companheiro.

Digo e repito, o regime cinegético especial tem fortes responsabilidades na recuperação destas espécies. Há ilegalidades? Com certeza que sim. Mal o saldo é claramente positivo. Os números para isso apontam.

E pergunto-lhe, se for possível combater as ditas ilegalidades e hipoteticamente reduzi-las a zero, aceitaria a caça ao coelho, lebre e restantes espécies cinegéticas.

Não queira fazer da conservação da natureza testa de ferro para as suas (respeitáveis, ainda que não sejam as minhas) convicções éticas.

Gonçalo Rosa

Miguel B. Araujo disse...

De que prisma? Pois de todos os que não dependem directa ou indirectamente da cadeia trófica associada aos coelhos.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Miguel,
Estando eu apens a falar de fauna, que problemas de conservação conheces em Portugal que de uma maneira ou de outra não se relacionem com o coelho? Posso admitir os que se prendem com os invertebrados, mas a maioria deles suspeito que têm os mesmos problemas que o coelho, isto é, não dependende dele, coexistem nos mesmos habitats.
henrique pereira dos santos

trepadeira disse...

Meus caros

A recuperação da biodiversidade está mais ligada ao abandono da agricultura,com a consequente não utilização de pesticidas e outros poluentes,do que a qualquer actividade humana.
A natureza tem capacidade imensa de recuperação,desde que não seja permanentemente agredida.
A caça tem sido uma das actividades mais desiquilibrantes dos ecossistemas.
A gestão económica da biodiversidade é algo que não consigo aceitar nem entender.
A tal gestão económica,capitalista se quiserem,não conseguiu,em séculos,resolver sequer problemas primários como a fome.Também não resolverá,só agravará,os problemas ambientais.
A caça,com todos os animais que deixa feridos no campo,e dos quais os predadores se irão alimentar,tem provocado milhares de mortes por saturnismo.
As leis da natureza não são as dos interesses económicos.É rentável?Talvez.
Mas eu não quero reduzir a actividade humana a casinos,casas de alterne e comércio de droga.
Cordiais saudações,
mário

Miguel B. Araujo disse...

Vai à lista de vermelha e olha para os anfíbios, répteis, aves, peixes só para referir os vertebrados e encontrarás problemas de conservação não associados ao coelho. E, como dizes, há a maior parte dos invertebrados que vivem num hiperespaço ambiental completamente diferente do coelho. E se olharmos para os mamíferos, temos os morcegos, insectívoros, roedores, artiodáctilos e alguns carnívoros que não dependem exclusivamente ou principalmente do coelho.

De resto, digamos que o ónus da demonstração de que a "verdadeira prioridade de conservação da fauna em Portugal" é o coelho, não está do meu lado. Da forma como está feita a afirmação é, obviamente, uma hiperbole. Tem algum sentido na medida em que o coelho é a base de uma das muitas cadeias tróficas existentes em Portugal (uma que muita gente valoriza) mas daí a dizer que é a "verdadeira" prioridade, deixando antever que as outras não são verdadeiras, vai um passo de gigante (e antes que me respondas pensa nas cadeias tróficas de ambientes costeiros, aquáticos de água doce, montanhosos, florestais da região euro-siberiana, etc).

Jaime Pinto disse...

As associações de caçadores não são tontas para fazerem largadas de coelhos. Coelhos largados no campo ficam completamente desorientados, correndo como doidos, tal qual o lince da mensagem anterior. Fazem-se sim largadas de perdizes, patos-reais e faisões. O comentarista que analisa as contas das associações informe-se melhor. Os coelhos para repovoamento são colocados em pequenos cercados, dando muito trabalho até conseguir-se resultados.

Actualmente a lógica do caçador querer abater tudo até ao último coelho é ridícula. Todo o país está retalhado em zonas de caça, com grupos de caçadores fixos que caçam sempre nas mesmas zonas, pelo que dizer-se que os caçadores abatem tudo até ao último bicho é ignorância. Os caçadores sabem que o campo não é um hipermercado, onde à noite as prateleiras estão quase vazias de belos bifes e pela manhã, como por milagre, estão cheias. Se matarem tudo numa época na outra nada têm. A generalidade das zonas de caça apenas faz meia-dúzia de jornadas de caça às espécies sedentárias, sobrando muito que o seu dinheiro pagou para alimentar durante todo o ano rapinas e carnívoros. É evidente que esta lógica não se aplica às migradoras, mas isso é outra conversa, estamos a falar do coelho, é já agora, da perdiz e lebre.

Quero eu dizer com isto que os caçadores são meninos do coro? claro que não! mas da maneira como as coisas estão, sem dúvida que são muitíssimo mais necessários à Natureza que os ambientalistas que estoiram dinheiro dos contribuintes para os seus projectos de educadores do povo, ou dos anti-caça que pensam que os bifes com que se lambuzam fabricam-se numa fábrica ao lado dos hipermercados.

trepadeira disse...

Meu caro Jaime Pinto

Lamento desiludi-lo mas não conheço caçadores dos que menciona.
Conheço:
Ameaças de me incendiarem a quinta por cá não poderem caçar;
Conheço tiros no telhado de casa para intimidação;
Conheço dezenas de cerejeiras novas cortadas a tiro;
Conheço portas de arrumos agrícolas furadas a tiro;
Conheço indivíduos parecendo alucinados a correr de arma aperrada,a menos de 40 metros de casa,atrás de um javali;
Conheço caçadores,dizendo ter não um mas dois cursos superiores,a escrever em jornais (cito de memória),veem os caçadores do Porto
e vão as crianças da aldeia todas assistir e,quando dão um tiro num tordo e ele cai como um paraquedas,é um espectáculo e uma festa.Quando cai como um paraquedas é porque lhe foi partida uma asa e a pobre ave desce com a asa a abanar,podemos imaginar o sofrimento.É mais ou menos o mesmo que pegar num indivíduo com uma perna partida e atirá-lo por uma encosta abaixo.É o prazer pelo sofrimento provocado.
Conheço agricultores sem poderem fazer os trabalhos agrícolas com medo de levar um tiro e,alguns já levaram.
Conheço ainda muito mais.
Tudo isto no PNSE/REDE NATURA 2000.
Os bifes com que se lambuzam,os que se lambuzam,não são de animais baleados com prazer e por desporto,nem de animais selvagens.
Parafraseando um conhecido comentador da Antena 2:-"A caça é um resquício de bárbarie que,dentro de poucos anos,envergonhará esta civilização.".
Saudações cordiais,
mário

trepadeira disse...

Meu caro Jaime Pinto

Lamento desiludi-lo mas não conheço caçadores dos que menciona.
Conheço:
Ameaças de me incendiarem a quinta por cá não poderem caçar;
Conheço tiros no telhado de casa para intimidação;
Conheço dezenas de cerejeiras novas cortadas a tiro;
Conheço portas de arrumos agrícolas furadas a tiro;
Conheço indivíduos parecendo alucinados a correr de arma aperrada,a menos de 40 metros de casa,atrás de um javali;
Conheço caçadores,dizendo ter não um mas dois cursos superiores,a escrever em jornais (cito de memória),veem os caçadores do Porto
e vão as crianças da aldeia todas assistir e,quando dão um tiro num tordo e ele cai como um paraquedas,é um espectáculo e uma festa.Quando cai como um paraquedas é porque lhe foi partida uma asa e a pobre ave desce com a asa a abanar,podemos imaginar o sofrimento.É mais ou menos o mesmo que pegar num indivíduo com uma perna partida e atirá-lo por uma encosta abaixo.É o prazer pelo sofrimento provocado.
Conheço agricultores sem poderem fazer os trabalhos agrícolas com medo de levar um tiro e,alguns já levaram.
Conheço ainda muito mais.
Tudo isto no PNSE/REDE NATURA 2000.
Os bifes com que se lambuzam,os que se lambuzam,não são de animais baleados com prazer e por desporto,nem de animais selvagens.
Parafraseando um conhecido comentador da Antena 2:-"A caça é um resquício de bárbarie que,dentro de poucos anos,envergonhará esta civilização.".
Saudações cordiais,
mário

Gonçalo Rosa disse...

Mário,

O abandono das terras não contribui em nada para a recuperação das populações de coelho. Isto é completamente falso. A agricultura biológica??? Mas tem a noção qual a percentagem do país (e da área de distribuição destas espécies) se encontra coberta por agricultura biológica? Ao nível nacional, acha que tem algum relevo na conservação do coelho e consequentemente das espécies que dele dependem...???

Gonçalo Rosa

trepadeira disse...

Meu caro Gonçalo Rosa

Estamos,com toda a certeza,a falar de regiões diferentes.Na Beira só há coelhos em dois locais nos terrenos onde são introduzidos para abate(zonas de caça) e em terrenos não agricultados quando próximos de áreas com alguma agricultura.
Há um esforço crescente de passar a produção biológica.Isto nada tem tido de sensibilidade acrescida.Tem que ver com o facto de,o olival por exemplo,só ser subsidiado em regime de agricultura biológica ou integrada.
Não me referia especificamente ao coelho mas sim a toda a fauna e flora.
Tento fazer,acompanhado por alguns amigos,recolha em fotografia e video de fauna e flora.Nessas andanças é o que tenho verificado crescente recuperação da fauna e flora em zonas não intervencionadas agrícola ou industrialmente,ou,em recuperação bem mais acelerada,em zonas de agricultura biológica.
No caso dos lepidópteros,sítios de agricultura não química parecem ilhas com populações em crescimento e com grande variedade de espécies.As borboletas são um excelente indicador do estado do ambiente e dos ecossistemas.
Saudações cordiais,
mário

Jaime Pinto disse...

Caro Mário,
Quando afirma: "Na Beira só há coelhos em dois locais nos terrenos onde são introduzidos para abate(zonas de caça) e em terrenos não agricultados quando próximos de áreas com alguma agricultura "

Denota um completo desconhecimento da realidade das Beiras e da caça. A não ser que a Beira a que se refere seja uma qualquer aldeia que o Mário conhece.

Quanto à questão dos caçadores se divertirem estupidamente em actos de vandalismo, pois isso actualmente é uma excepção. Há 20 ou 30 anos era raro o sinal de transito dos meios rurais que não recebia, poucos meses após a sua colocação, um baptismo de chumbo. Contudo hoje em dia isso é raro. Porventura o Mário tem saturado tanto os caçadores da sua zona com acusações e afirmações sem nexo, que uns quantos mais brutos resolveram também moer-lhe o juízo. Tente não ser fanático e verá que as coisas se compõem. Entretanto queixe-se ao Sepna. As suas provocações não podem ser correspondidas com os actos que refere, nisso dou-lhe razão.

joserui disse...

Caro Gonçalo Rosa, mas qual resultado que procuro? Julgava que eram factos e deixe lá os quatro casais de águia-bonelli que era uma boca como outra qualquer.
É bom ter ambientalistas satisfeitos com populações de três ou de poucas dezenas. Eu não estou.

É sintomático que o "indivíduo abatido" seja considerado apenas isso. E não o crime grave que é. Nas notícias referia sendo do único casal nidificante. E também é sintomático estar a zona de protecção dentro de uma zona de caça. Porque tudo é zona de caça neste país.

As minhas convicções éticas? As situações descritas nestes comentários por mais de um comentador e que eu confirmo e subscrevo na maioria, deviam ser uma preocupação ética muito abrangente.

Já disse e repito e já veio um comentador confirmar: não há mais protector da natureza que o caçador. O caçador gosta da natureza e dos seus cães também. São seres verdadeiramente encantadores, com uma sensibilidade acima da média e que muito têm feito pela ecologia neste país. -- JRF

Francisco Barros disse...

Jaime Pinto disse:
"As associações de caçadores não são tontas para fazerem largadas de coelhos. Coelhos largados no campo ficam completamente desorientados, correndo como doidos, tal qual o lince da mensagem anterior. Fazem-se sim largadas de perdizes, patos-reais e faisões. O comentarista que analisa as contas das associações informe-se melhor."

Tem razão. Não me expliquei convenientemente. Nos Reforços Cinegéticos é utilizada sobretudo a perdiz e não o coelho. No entanto conheço alguns "tontos" que o fizeram, embora não o voltassem a repetir.

Isso não invalida que as associações gastem dinheiro em aquisição de coelhos criados em cativeiro para repovoamentos. É um facto!

Não se queira passar a mensagem de que as densidades de coelho em certas zonas de caça são fruto unicamente de gestão de habitat. Porque não é verdade.

As grandes densidades são conseguidas conforme já referi e como decerto também deve saber:
Gestão de habitat + vacinação intensiva + repovoamentos + exclusão de grande parte de predadores terrestres = Grande densidade de coelhos.

Francisco Barros

Henrique Pereira dos Santos disse...

Miguel,
A verdadeira prioridade é uma expressão idiomática que quer dizer a mais importante, a primeira prioridade.
E é exactamente por ter visto todos esses documentos que reafirmo que a conservação do coelho me parece a primeira prioridade da política de conservação.
Exactamente porque os seus efeitos na saúde global do nosso património biológico me parece muito maior que qualquer outra acção de conservação.
Não fiz um longo post a explicar isso, posso fazer, mas parece-me uma perda de tempo porque todos temos consciência do que está em jogo (isto é só um post, não é um comentário na Nature).
Quando te pergunto o que sugeres em alternativa não é porque ache que te cabe a ti demonstrar que não é assim, mas porque poderias ter uma opinião concreta de uma situação que te pareça que deveria merecer mais atenção que a recuperação das populações de coelho.
Se as tuas dúvidas são uma saudável dúvida metódica acompanho-te nessas dúvidas, mas cada vez que penso noutra prioridade de conservação para a fauna (como te digo, com alguma hesitação nos invertebrados), nunca consigo eliminar esta como mais importante.
Há uns anos este curto post teria motivado reacções muito diversas das de hoje, que como se vê se reconduz a uma discussão de surdos sobre o acto de caçar em si mesmo, sem qualquer fundamentação sobre o seu efeito na conservação.
O que diz muito sobre o estado de alarme real que existe à volta do peso funcional do coelho nos sistemas mediterrânicos.
henrique pereira dos santos

trepadeira disse...

Caro Jaime Pinto

Mas os factos referidos não são,em grande parte passados comigo.
Poderia referir muito mais situações.
Talvez eu conheça mal a Beira,mas olhe que ainda há dois dias estive numa assembleia geral de uma cooperativa de agricultores onde,imagine,foi proposto requerer às entidades competentes,a proibição da caça em toda a área abrangida pelos cooperantes,tendo sido aprovada por unanimidade.
Nem calcula as acusações que lá foram feitas,os actos de vandalismo relatados,as ameaças,a morte de animais domésticos,e o diabo a quatro.
Ainda não consegui entender quem são os fundamentalistas.
O SEPNA,em relação a duas das zonas de caça,fez vários relatórios indicando não haver "terrenos cinegéticos" nas áreas conssecionadas.
Nada resultou.
Quanto a fiscalização por exemplo,no distrito de Guarda,existe uma brigada para 14 concelhos.
Saudações cordiais,
mário

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Mário,
Quando lhe contarem histórias pergunte com quem se passaram, em que dia, a que horas.
Vai ver que na grande maioria dos casos a resposta vai ser igual à que deu agora: não foi comigo, ouvi dizer.
henrique pereira dos santos

joserui disse...

Vai ver que na grande maioria dos casos a resposta vai ser igual à que deu agora: não foi comigo, ouvi dizer.
Isto é terrível. Conto eu já uma que se passou comigo: recusei o acesso com jipe pela minha propriedade a uns corajosos caçadores que andavam aos tiros no meio dos agricultores e a muito menos de 100 metros das habituações, estradas e caminhos públicos. E disse-lhes que a pé também não os queria lá. Responderam-me logo que tinham direito. Referi as pessoas, habitações, estradas e caminhos públicos. Tinham direito e mais nada.
No dia seguinte tinha o espigueiro alvejado. Dirá que é uma ameaça, um tiro que falhou o javali, ou alguém do ACP que passou por lá e resolveu alvejar o espigueiro?
Se quiser hora e dia anda algures no meu blogue. E se quiser mais histórias, arranjam-se.

Sabe o que é que não se vê em lado nenhum a não ser no Ambio? Historietas de conservação e caçadores na mesma frase. -- JRF

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro José Rui,
Convém ler as frases todas. Quando se diz a grande maioria está-se a dizer que existem outras respostas diferentes dessa grande maioria.
Já disse algures lá para trás que existem idiotas em qualquer grupo suficientemente grande.
Nada disso tem que ver com a relação entre caça e conservação.
henrique pereira dos santos

trepadeira disse...

Caro Henrique

Cegarem o meu sogro,quando andava numa propriedade sua(dele).Não foi comigo.
Ouvir,no café,caçadores em grupo provocarem o casal que lá está atrabalhar,com afirmações como "quem é contra a caça é estúpido" e acrescentavam "como esses dois" e outras afirmações que não quero reproduzir,também não foi comigo.
Professores,em visita de estudo,aqui na quinta,a fugir com os alunos depois de umas chumbadas a roçar as cabeças também não foi comigo.
Ter de ir comer fora com os amigos,porque tem crianças pequenas que desatam a chorar ao ouvirem tiros aqui mesmo ao pé.Isso já foi comigo.
Meu caro,não reproduzo histórias que não sejam confirmadas e contadas por pessoas idóneas.
Cordial abraço,
mário

joserui disse...

Quando se diz a grande maioria está-se a dizer que existem outras respostas diferentes dessa grande maioria.
Desculpe, o que se está a querer instituir como tese é que os caçadores são uns agentes de conservação bestiais e que sendo um grupo muito grande, enorme, existem uns poucos que não têm o mínimo civismo e que dão mau nome à actividade.

O que eu digo: É falso. É mentira. A excepção é o civismo e a preocupação com a conservação. Até a preocupação com a caça do próximo ano como foi alegada aí em cima é falsa. Os caçadores têm enraízada a mentalidade de matar tudo o que voe, caminhe ou rasteje e que se não for eu é o parceiro do lado. Nas zonas de caça, sem os aviários não havida nada. Zero. São os exemplos vivos da tragédia dos comuns.

Conheço dois ex-caçadores em Cinfães que são ex-caçadores exactamente pelo que viram, porque têm algumas preocupações de conservação absolutamente incompatíveis com a sua ex-actividade e porque não queriam fazer parte de um grupo com tanto energúmeno à solta. -- JRF

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro Mário,
Repare que reagi à sua afirmação de que numa assembleia geral se contaram histórias assombrosas. E é à maioria dessas histórias que se aplica o que disse.
Tirando a questão com o seu sogro, e com os professores, que são de outra natureza, todas as outras dizem muito pouco sobre o assunto: na tasca podia ser um grupo de benfiquistas, que era igual e o almoço com os miúdos podia ser com fogo de artifício que era igual.
Volto a dizer que nada disso diz o que quer que seja sobr caça e conservação (no máximo diz quanto à caça e outras actividades humanas).
henrique pereira dos santos

joserui disse...

Volto a dizer que nada disso diz o que quer que seja sobr caça e conservação
Caro HPS, devia fazer um post sobre a importância da caça para a conservação, porquê e de quê. Porque eu não percebo o que diz. -- JRF

trepadeira disse...

Meu caro Henrique

Não permito caça aqui na quinta.
Porque será que consigo fotografar saca-rabos a curta distância,quando não tinham sido ainda registados na parte norte do PNSE?
Porque será que a densidade de aves e a variedade é muito maior do que no resto do Vale?
Porque será que vou encontrando borboletas e outros animais dados como extintos,alguns na peninsula.
Tudo isto está registado fotograficamente e com acompanhamento de especialistas.
Ainda na semana passado coloquei no blogue um lagarto ainda não identificado,nem pelos especialistas de "anfíbios e répteis".E por lá andam outros ignoro.
Cordial abraço,
mário

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro José Rui,
Posso escrever mas enquanto não o faço pode ler este, que é antigo:
http://ambio.blogspot.com/2008/12/caa-e-conservao.html
Caro Mário,
Há muito tempo que defendo que a raridade de muitos valores biológicos se deve mais à raridade de naturalistas em Portugal que à raridade dos bichos em si. O que descreve é um padrão que se repete muitas vezes: uma pessoa atenta, persistente e que regista constantemente as suas observações na sua área de interesse rapidamente encontra copisas que não estão descritas para essa área.
henrique pereira dos santos

Francisco Barros disse...

Bom... para quem se associa a Miguel Moutinho e à ANIMAL, que já teve ligação estreita com a PETA, compreendo que não perceba a diferença ente espécie e indivíduo, e que o abate de indivíduos pode positivo ou negativo consoante a espécie.

Voltando ao coelho (e correndo o risco de me repetir) estou em grande parte de acordo com o Henrique: O coelho é sem dúvida uma das principais prioridades e que o aumento da sua densidade em certas zonas se deve aos caçadores.
No entanto, não concordo com a sua generalização: Zonas de caça = grande densidade de coelhos.
A provar isso está grande parte da zona Oeste, que embora esteja sob a tutela de zonas de caça, tem vindo a presenciar cada vez mais ào declíneo da espécie.
E esse declíneo está directamente ligado com problemas sanitários epidemiológicos em que as zonas de caça não conseguem dar resposta.

Continuo na minha: O maior problema do coelho continua a ser as doenças que o dizimam. E pouco se tem avançado para combater esse problema por parte do Estado ou de conservacionistas. Quem ainda tem tentado dar uns passos nessa matéria são os caçadores... embora com resultados muito longe da resolução do problema.

Francisco Barros

trepadeira disse...

Meu caro Henrique

Terá razão.
Algumas das espécies que aparecem em Portugal também se devem mais à preservação que se faz em Espanha.

Desculpe voltar a um pormenor.
Quanto aos benfiquistas,ou outra qualquer clubite,há uma enorme diferença,não têem caçadeiras.

Se a inervenção dos caçadores é,para alguns importante,coloquem-se na posição de todos os outros seres,larguem as armas e,por mim,podem caçar à vontade.

Um cordial abraço,
mário

Henrique Pereira dos Santos disse...

Francisco,
Mas onde fiz eu essa generalização?
O que tenho dito é bem mais simples: a caça é um excelente instrumento de conservação.
Posso acrescentar, quando bem usado, porque evidentemente há maus usos desse instrumento.
Que a questão das doenças é a principal, não tenho dúvida. Mas o que acontece é que mesmo com o problema das doenças, quando as populações são bem geridas, como é o caso na zona do Guadiana, os resultados têm sido bons, quer na densidade de coelhos, quer na densidade de rapinas. E já agora, o abate de predadores generalistas (opu se preferirem, o seu controlo) faz parte das acções a adoptar imediatamente antes da introdução de linces. Tecnicamente está certo, do ponto de vista de conservação.
henrique pereira dos santos

Francisco Barros disse...

Henrique,
A ideia com que fiquei dos comentários anteriores era de generalização. Provávelmente houve má interpretação da minha parte.
Assim sendo estou totalmente de acordo.

Quanto ás acções de controle de predadores generalistas, legalmente inclui apenas 2 espécies: Raposa e Sacarrabos.
Para acções a tomar antes da reintrodução do lince, acho lógico (sobretudo raposas).
O que não acho lógico é abaterem-se toirões, genetas, fuinhas, etc. (espécies cuja competição com o lince é insignificante), mas que actualmente são alvo (não divulgado por questões obvias) das correcções que se presumiam dirigidas ás raposas e sacarrabos.
E isso acontece assiduamente em zonas de caça, porque a fiscalização é a propria entidade gestora.

Francisco Barros

Anónimo disse...

Cá me parece que certos comentadores que falam das virtudes da caça passam pouco tempo com caçadores (pessoal das coutadas não conta).