A propósito quer dos comentários do Henk Feith quer do Paulo Barros sobre o texto que faz a ligação entre o azeite e a produção de biodiversidade na Faia Brava aqui vai o texto sobre a pastorícia.
É que o projecto é só um projecto de comunicação, não é uma análise crítica da gestão da biodiversidade da Faia Brava. E não se pode pedir ao projecto mais que aquilo que ele pode dar.
O crescimento dos matos em quase todo Portugal corresponde à acumulação de milhares de toneladas de combustível que, em condições meteorológicas adversas, ardem facilmente.
O corte de matos, manualmente ou com máquinas, é possível mas é uma tarefa penosa e cara. Por isso, reduzindo a estrumação das terras e deixando de cozinhar e nos aquecermos a lenha, deixámos ao gado miúdo a tarefa de gerir todo este combustível.
O excesso de gado, associado a queimadas frequentes, conduz a perda de solo e à degradação da paisagem como a que ainda existe em algumas partes das propriedades da ATN.
Hoje estas áreas estão em recuperação com um uso cuidado de alguns rebanhos e uma manada de cavalos garranos para diminuir o risco de incêndio.
A opção é sua:
comer carne de vaca ou queijo bola, resulta quase sempre em paisagens com grandes acumulações de combustível e fogos intensos quase todos os Verões;
comer também cabritos e borregos, ou queijos de ovelha ou cabra pastoreada nos montes é construir paisagens mais resistentes ao fogo e espaços onde as matas podem sobreviver anos a fio sem serem afectadas por fogos severos.
O corte de matos, manualmente ou com máquinas, é possível mas é uma tarefa penosa e cara. Por isso, reduzindo a estrumação das terras e deixando de cozinhar e nos aquecermos a lenha, deixámos ao gado miúdo a tarefa de gerir todo este combustível.
O excesso de gado, associado a queimadas frequentes, conduz a perda de solo e à degradação da paisagem como a que ainda existe em algumas partes das propriedades da ATN.
Hoje estas áreas estão em recuperação com um uso cuidado de alguns rebanhos e uma manada de cavalos garranos para diminuir o risco de incêndio.
A opção é sua:
comer carne de vaca ou queijo bola, resulta quase sempre em paisagens com grandes acumulações de combustível e fogos intensos quase todos os Verões;
comer também cabritos e borregos, ou queijos de ovelha ou cabra pastoreada nos montes é construir paisagens mais resistentes ao fogo e espaços onde as matas podem sobreviver anos a fio sem serem afectadas por fogos severos.
Bola de carnes pastorícias (Borrego da Beira IGP, Cabrito da Beira e da Gralheira IGP)
Ingredientes:
3 ovos - 1,4 dl de azeite da Faia Brava – 600 gr de farinha – 1,5 dl de leite – 2 colheres de chá de fermento em pó – sal a gosto – 1 gema de ovo
Preparação:
Deitam-se os ovos numa tigela, batem-se e misturam-se com o leite. Em seguida acrescenta-se o azeite, o sal, e por fim a farinha com o fermento, amassando bem. Tapa-se a massa com um pano e descansa cerca de 4 horas. Depois estende-se a massa com o rolo até ficar fina e forra-se um pirex redondo.
Recheio
Ingredientes:
400 gr de carne de borrego desossado
400 gr de carne cabrito desossado
150 gr de toucinho
3 dentes de alho
2 dl de vinho branco
75 gr de manteiga
2 colheres de sopa de azeite Faia Brava
Sal e pimenta a gosto
1 gema de ovo
Preparação:
Cortam-se escalopes muito pequenos e finos das carnes ovina e caprina. Temperam-se com os dentes de alho picados, o sal, a pimenta, e o vinho branco. Leva-se a manteiga ao lume e fritam-se as carnes. Quando prontos, junta-se a marinada e fervilha, com o tacho tapado, durante uns minutos. O toucinho corta-se em tiras finas e frita-se no azeite. No pirex já forrado com a massa coloca-se uma camada de carnes, outra de massa, novamente carnes e o molho destas acabando com a massa a cobrir. Dobram-se as pontas, doura-se com a gema de ovo e vai ao forno quente para cozer (180ºC)
henrique pereira dos santos, com receita de António Alexandre
15 comentários:
Henrique, será que o facto de assumires que roubas fotografias te torna menos ladrão?
Como fotógrafo sou sensível a esse problema, ainda que esteja longe do fanatismo de outros colegas. Não me importo nada que miúdos da escola usem as minhas fotos nos seus trabalhos ou blogues ou que alguém (com mau gosto) as use como fundo do monitor...
Achei foi interessante a abordagem de citar a fonte como forma de te redimires do pecado.
A esse propósito sugiro que não percas isto:
http://www.youtube.com/watch?v=mj5IV23g-fE&feature=player_embedded
Farto-me sempre de rir.
Alexandre Vaz
Alexandre,
Algumas notas:
1. O ambio não tem fins lucrativos nem gera rendimentos o que torna o exemplo do video deslocado.
2. Quem tem fotos e as quer vender ou das duas uma: i) ou as coloca na internet com protecção de copyright, ou ii) não as coloca na internet.
De resto o meu conselho é o seguinte. Se alguém tem fotos que não quer que sejam usadas livremente o melhor é não as colocar na internet. Ao colocá-las perde, goste-se ou não, o controlo sobre as mesmas. E digo isto sem qualquer proselitismo. É uma simples constatação de um facto.
Alexandre,
Citodo site onde fui buscar a fotografia: "Quem desejar as fotos em grande formato ... é só pedir (fomarques@gmail.com)! Mas peço que indiquem o autor se as utilizarem publicamente.".
Apesar disso mandei um mail ao dono do blog, e autor das fotografias a perguntar se assim estava bem ou se queria que alterasse alguma coisa.
Como vês sou um ladrão bastante cordato.
E já agora, uma boa parte do fotógrafos de natureza que conheci com verdadeiras psicoses sobre o uso das suas fotografias eram pessoas que usavam o tempo pago por outros, os materiais pagos por outros e etc., para fazerem as suas fotografias (estou a falar da maior parte, há muitos que não funcionam assim e a maior parte dos que não funconam assim não têm nenhuma psicose com o assunto).
De resto tenho uma filha que é fotografadíssima por fotógrafos profissionais e nunca nenhum me recusou entregar fotografias com medo que eu as roubasse e nunca nenhum se queixou do facto de eu as usar indevidamente, apesar de muitas e muitas vezes me entregarem fotografias inéditas.
henrique pereira dos santos
Tenho uma grande simpatia para com o projeto Faia Brava. Penso ser pioneiro em Portugal e uma lufada de ar fresco na gestão de património rural.
No entanto, não acho que precisam de se promover pelo caminho da publicidade negativa; acho que o que tem para oferecer é de tal forma positivo que se vende por si próprio.
Explico melhor: não era preciso justificar a opção pelos cabritos que andam a limpar os montes transmontanos, acusando as feias vacas de promoverem paisagens inflamáveis e monótonos. Penso que a mensagem da Faia Brava podia ser igual, baseada numa reserva algures no vale da Guadiana com base em vacas Mertolengas. Não é por haver vacas que os pratos de cabritos são melhores ou piores, são simplesmente boas (acredito eu, porque já não como carne há 30 anos).
E aproveito para dar os parabéns à ATN, esperando que chegue aos milhares de sócios e hectares geridos.
Henk Feith
Henk,
És capaz de ter razão, mas tendo 1000 carateres para ser claro sobre o que significam as opções na alimentação é muito difícil não optar por uma visão de contrastes, que é uma maneira eficaz de comunicar, mesmo sabendo como é complexa a teia que liga a alimentação à biodiversidade.
De qualquer maneira eu puz estes textos aqui no blog (o que aliás tem sido útil para mim) mas estes textos são apenas uma das componentes de comunicação que está centrada no tempo que vamos estar nos centros comerciais em contacto directo com as pessoas.
O texto é mais um teaser para uma conversa com as pessoas (que naturalmente levantarão as questões que aqui se levantam).
Poderia ser feito doutra maneira?
Talvez, o mais provável é que sim, mas foi o que se conseguiu fazer e, admitindo que tenhas razão, também não me parece que seja um texto agressivamente negativo. Tivemos aliás sempre o cuidado de usar expressões como quase sempre, provavelmente, etc., exactamente porque sabemos que tudo isto depende da forma como se produzem as coisas.
henrique pereira dos santos
"2. Quem tem fotos e as quer vender ou das duas uma: i) ou as coloca na internet com protecção de copyright, ou ii) não as coloca na internet."
Miguel, estás profundamente enganado. A propriedade intelectual está por defeito protegida por lei, e não carece em caso algum que seja explicitado o copyright.
Ao contrário do que muita a gente pensa a partilha de textos, imagens ou vídeos na Internet não pressupõe um convite implícito à sua utilização sem autorização do autor. Por outro lado, colocas a tónica na questão da venda, e esse não é o problema. Eu posso não querer vender imagens e mesmo assim não querer que elas sejam usadas por A, B ou C.
Henrique, tendo em conta o que agora dizes (que a imagem foi usada com autorização do autor) então não percebo porque é que escreveste na legenda que ela tinha sido roubada. Foi isso que me induziu em erro...
Gostava de saber quem são esses fotógrafos de natureza de que falas. Se há uma classe profissional que conheço bem é essa, e não conheço ninguém nessas condições...
O exemplo da tua filha é um mau exemplo. Esses fotógrafos estão antes de mais a usar a imagem da tua filha. Melhor seria que não te dessem as fotos...
Alexandre Vaz
Alexandre,
É muito curioso que perante um projecto (se quiseres, uma criação intelectual) que evidentemente pode ser copiada por quem quiser (porque ninguém faz o registo de copy right deste tipo de coisas) a única coisa que te preocupe sejam os direitos de imagens com os quais nem os seus autores estão preocupados.
Usei a palavra roubar porque gosto de ironias e confio no bom senso dos leitores, que de maneira geral se informam primeiro antes de chamar ladrões a terceiros.
Qualquer dos fotógrafos que habitualmente fotografam a minha filha dão-lhe bem mais retorno (quer em respeito, quer em valor) que o retorno que os fotógrafos de natureza dão à conservação da natureza (de maneira geral, há excepções) que tratam como um bem público que têm o direito de privatizar integralmente através das fotografias que tiram sem contribuir para a sua manutenção, portanto o teu parágrafo final é para mim completamente incompreensível. Não percebo sequer o que queres dizer.
Alexandre,
Independentemente de quem tem razão nesta discussão (do uso de fotografias de terceiros), é fascinante como discutes quase sempre "ao lado" dos posts que comentas.
Caramba, só tens pedras nas mãos?
Gonçalo Rosa
Henrique, é verdade que o meu comentário é lateral relativamente ao assunto do teu texto, mas não creio que daí se possa inferir da minha falta de interesse pelo tema.
Como sou fotógrafo, julgo natural a minha reacção à tua legenda.
Normalmente as pessoas quando roubam alguma coisa dizem que não o fizeram, mas o contrário, temos de convir que é muito invulgar... Perdoa-me então se acreditei na tua palavra e se não tive o cuidado de investigar que se tratava afinal de uma "ironia".
Noto também que tens aparentemente grande facilidade em arrumar as pessoas em "gavetas". Os fotógrafos que fotografam a tua filha são uns tipos porreiros e generosos, os fotógrafos de natureza são uns pulhas oportunistas. Em Portugal (e dependendo dos critérios) há entre 2 a 5 fotógrafos de Natureza profissionais. Fazer este tipo de afirmações sem consubstanciar acusações concretas é portanto na minha opinião calunioso. O argumento de que estes últimos se apropriam indevidamente de um bem público é no mínimo anedótico. Calculo que penses o mesmo de Friedrich, Turner ou van Gogh cujo tema central nas suas obras era a Natureza... Nas tuas palavras começo também a adivinhar um padrão: os naturalistas são preguiçosos os fotógrafos de natureza oportunistas... Vá lá que se safam os caçadores.
A ideia de que o contributo dos fotógrafos à conservação da natureza é pequeno só pode ser um sinal de ignorância. Há felizmente bem documentadas histórias de grande sucesso em que projectos simples ou até imagens singulares ajudaram a mudar definitivamente o curso da história. Se algum dia quiseres terei todo o gosto em falar sobre isso.
Para terminar, paragrafo final da minha anterior intervenção, o que estava a dizer é que todos nós temos direito à nossa própria imagem. E que se os fotógrafos pretendem usar imagens da tua filha, se alguém está a fazer algum favor a alguém é a tua filha a eles, e não o contrário. Eles oferecerem imagens em troca é a retribuição mínima que se poderia esperar.
Gonçalo, acho o teu comentário injusto, e convido-te a procurares os meus últimos 10 comentários e a veres quantos são sobre o tema central do texto e quantos são assuntos laterais. Por outro lado não percebo as "pedras nas mãos"?
Será que encontras em algum dos meus comentários críticas pessoais? Acho que as minhas críticas foram sempre sobre ideias expressas nos textos...
Alexandre Vaz
"Em Portugal (e dependendo dos critérios) há entre 2 a 5 fotógrafos de Natureza profissionais."
Ok. Tens razão. E eu sou a Marlene Dietrich.
Sim, o primeiro parque nacional do mundo foi criado em grande parte ao impacto das imagens captadas e depois transmitidas largamente. A única parte que não me lembro de ter lido nessa história é o montante fabuloso de direitos de autor pagos. Distracção minha, claro.
Alexandre,
É completamente ridículo que a propósito deste post estejas aqui a pretender dar lições de moral sobre o uso de imagens, incluindo as da minha filha.
Pagam-te mal as fotografias, usam-nas indevidamente, roubam-tas? Processa quem te faz isso mas deixa em paz quem não tem nada com isso.
henrique pereira dos santos
Não percebo? Achas que há mais do que 5 fotógrafos de natureza profissionais? Se achas estás enganado... Isto se considerarmos que um fotógrafo de natureza profissional como aquele para quem pelo menos 30% do rendimento provem desta actividade...
Eu não pretendi dar lições de moral a ninguém, e lembro-te que foste tu que foste falar na tua filha, não fui eu.
Henrique, eu gosto de discutir os assuntos que me interessam, e achei que este blogue podia ser um sítio para fazer isso. Mas cada vez mais vejo que há aqui muito boa gente que só gosta de lições de moral quando é a sua moral que se faz ouvir.
A referência que fazes é ao Ansel Adams? Não percebo onde queres chegar com isso? Achas que ele ganhou dinheiro a mais com o seu trabalho? Será que ele não devia ganhar dinheiro em função dos milhões de calendários que foram (e continuam a ser) vendidos com as suas imagens?
Os meus comentários não são movidos pelas minhas frustrações. Se quiseres esgrimir argumentos óptimo, se não, tudo bem na mesma.
"Courage and grace are a formidable mixture. The only place to see it is in the bullring."
Marlene Dietrich
Alexandre,
Creio que a tua interpretação das regras de "copyright" está equivocada e influenciada pelo código Americano. Na Europa somos mais liberais:
"Text and images found on the internet and not protected by technological means can usually be copied and used in blogs as long as the author and the source of the original is properly cited. On the contrary, texts that are part of a subscription service or that are protected against copying cannot be copied without express authorisation of the author and/or the publisher."
Fonte: Comissão Europeia
http://ec.europa.eu/information_society/eyouguide/fiches/6-ii-a/index_en.htm
Por outras palavras, aqui ninguém rouba nada e a simples menção à fonte da fotografia servirá para tornar a sua divulgação legal a menos que esta esteja explicitamente protegida.
Miguel, obrigado pela referência. Terei de confirmar na legislação Lusa, mas julgo que não será exactamente assim... De qualquer das maneiras não deixa de ser curiosa a diferença entre a protecção dos textos e fotografias. Pergunto-me também o que é que eles entendem por "protected by technological means", e é também interessante a ideia do "can usually be copied and used in blogs". Usually? In Blogs? E em websites (que não blogues)?
Enfim, mais uma vez obrigado, mas sou o primeiro a concordar que esta discussão não é para aqui...
Alexandre Vaz
Alexandre,
Independentemente do que te preocupa - e percebo que os direitos de autor te possam preocupar - o que acho é que não é necessário entrar em acusações do nível das que fizeste, muito menos quando não estás minimamente seguro dos procedimentos de quem acusas e do enquadramento legal em questão. Acabas por, teres "entrada de leão e saída de sendeiro"...
Quando afirmas "Será que encontras em algum dos meus comentários críticas pessoais? Acho que as minhas críticas foram sempre sobre ideias expressas nos textos." devo-te referir que não, não acho que sejam críticas pessoais, mas não é verdade que as tuas críticas sejam sempre sobre ideias expressas nos textos... a começar pela que fizeste neste post ou no último que aqui escrevi "gente perigosa".
Gonçalo Rosa
Gonçalo, acho que vamos ter de acordar em ficar em desacordo. Não sei a que "saída de sendeiro te referes". Aquilo que talvez te surpreenda é eu ter disponibilidade para ouvir os outros, e se for caso disso para reconhecer que estava enganado (que não foi o caso).
Se mergulhares mais fundo no assunto do copyright, inclusivamente através do link que Miguel sugeriu vais descobrir que é um assunto tremendamente complexo... Não é por exemplo clara qual a legislação que se deve aplicar quando a vítima vive na Europa, as imagens estão alojadas num servidor Norte Americano e o utilizador indevido está na Ásia:
"Most intellectual works (literary, musical, audiovisual, artistic works, computer programmes, databases etc.) are covered by copyright for a set period from the time of their creation. In the EU this is until 70 years after the author's death for authors' rights and 50 years from the date o recording for related rights (performers, producers of phonograms and broadcasting organisations). When the copyright expires, the intellectual works enter the public domain."
Como já disse não farei questão de discutir aqui este assunto para fazer valer qualquer tipo de orgulho primário.
Será que a internet não deve ser um espaço privilegiado de debate? Porque tanto incómodo perante opiniões dissonantes?
O exemplo do texto "Gente Perigosa" não é nada bom, porque como o título indica (e tu já tiveste oportunidade de explicar) se alguém veio com "pedras na mão", foste tu.
Alexandre Vaz
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