Num dos meus posts sobre o projecto "O gosto da biodiversidade" existe o seguinte comentário (implicitamente criticando a dicotomia entre o uso de azeite e de manteiga expressa num dos textos do projecto):
"Consumo manteiga dos Açores. Acaso esse local fica no outro lado do mundo? E os bichos ficam em que estábulos? Do que eu vi andam em liberdade pelos terrenos dos proprietários. E acaso a paisagem dos Açores é monótona?".
A crítica é razoavelmente justa no sentido em que o texto é demasiado a preto e branco (pelas razões que explico na caixa de comentários) mas um simples clik na internet permite questionar (verdadeiramente no sentido de levantar questões, não no sentido de contestar) várias frases do comentário.
Aconselho a leitura deste post, de Março de 2008, noutro blog.
Nesse post é evidente o uso (e um uso intenso, não apenas pontual) de rações produzidas no outro lado do mundo, não nos Açores, na produção de leite açoreano.
É isso que o projecto pretende: perguntarmo-nos de onde vêem e como se fazem os alimentos que usamos diariamente, muitas vezes com imagens estereotipadas na cabeça, como a visão idílica que todos temos (não apenas o comentador) da produção de gado nos Açores, por exemplo.
Essa produção é apesar de tudo muito mais sustentável que muitas outras com gado estritamente estabulado? Sim, sem dúvida.
E por isso o projecto põe a tónica na liberdade individual: cada um faça a sua apreciação, mas inclua a sustentabilidade informada nos critérios de decisão, por favor. Mesmo quando, como todos fazemos, uns mais outros menos vezes, sabemos perfeitamente que optámos por uma refeição completamente insustentável, o que é legítimo e muitas vezes razoável.
henrique pereira dos santos
Sem comentários:
Enviar um comentário