quinta-feira, fevereiro 25, 2010

O gosto da biodiversidade (publicidade) IV

A imagem veio daqui
Começa amanhã no CascaisShopping.

"A caça permite a muitos proprietários, tal como faz a ATN por razões de conservação, ter recursos para criar bebedouros para a fauna, fazer sementeiras para aumentar o alimento disponível, manter zonas de refúgio e abrigo, etc., de modo a que espécies como a perdiz e o coelho sejam mais abundantes.
Estas espécies, em especial o coelho, são a base da alimentação de muitas outras, como o gato bravo ou a águia real, presentes nas propriedades que a ATN gere.
A exploração racional da caça, com preocupações de conservação, permite que muitas outras espécies, para além da perdiz e do coelho, beneficiem da gestão do habitat. É o caso de borboletas e outros insectos, cobras, pássaros e morcegos.
A opção é sua:
usar carne de coelhos ou frangos produzidos intensivamente em gaiolas, muitas vezes sem nunca verem a luz do sol, resulta quase sempre em paisagens monótonas de produção intensiva de cereais, usados nas rações que os alimentam;
usar caça, quando gerida com respeito pela biodiversidade, é financiar paisagens com mais diversidade, criando espaços onde as águias, os gatos bravos ou as raposas podem viver sem risco de morrerem à fome.

Pudim de coelho bravo

Ingredientes:
1 coelho com 700 gr
100 gr de chouriço de carne
1 dl de vinho branco
Sal e pimenta a gosto
3 dentes de alho
1 ramo de salsa
5 grãos de pimenta
1 cebola grande
0,5 dl de azeite
50 gr de margarina
3 colheres de sopa de vinho do Porto
Noz-moscada a gosto
100 gr de pão duro levemente torrado
1 dl de leite
5 ovos
Preparação:
Corta-se o coelho depois de bem amanhado, aos bocados. Põe-se na marinada feita com o vinho branco, os dentes de alho picados, o ramo de salsa, a pimenta e o sal. Passadas cerca de 3 horas, leva-se ao lume com a marinada e o chouriço às rodelas. Tapa-se o tacho e ferve devagarinho (adicionando diversas vezes alguma água).
Misturam-se então o vinho do Porto, a pimenta e a noz-moscada. Depois de cozida a carne, desossa-se e passa-se pela máquina, e passa-se igualmente o pão, deita-se o molho da carne, o leite e os ovos previamente batidos. Envolve-se tudo muito bem. Vai a forno brando cozer, em forma de bolo inglês, bem untada com manteiga, durante cerca de meia hora (por cima colocam-se pedacinhos de manteiga). Desenforma-se e serve-se frio, cortado às fatias.
Nota: Feito com lebre, este pudim também fica muito bom.

henrique pereira dos santos, com receita do Chef António Alexandre

8 comentários:

Anónimo disse...

"A caça permite a muitos proprietários, tal como faz a ATN por razões de conservação, ter recursos para criar bebedouros para a fauna, fazer sementeiras para aumentar o alimento disponível, manter zonas de refúgio e abrigo, etc., de modo a que espécies como a perdiz e o coelho sejam mais abundantes."

Mais abundantes do que quê?

Alexandre Vaz

Francisco Barros disse...

"Mais abundantes do que quê?"

Penso que, mais abundantes do que a MESMAS espécies sem essa manutenção e gestão de habitat...

Aliás, penso que pelo texto supra, não se está a comparar abundancias relativamente a espécies diferentes, mas sim abundancias (decerto provadas por censos) entre a mesma espécie, com e sem gestão de habitat.

Não percebo muito bem esta questão...

Francisco Barros

Francisco Barros disse...

Henrique:

Esses pratos só têm um problema...

Sair demasiado caro para o comum dos mortais...

Ou se está BEM convicto de estar a ajudar a manutenção da biodiversidade (pagando mais por isso), ou então as pessoas continuam a consumir carne industrial...

Francisco Barros

Henrique Pereira dos Santos disse...

Crítica mais ou menos justa (o pão de azeite não é caro, a bola de carnes pode ser adaptada a orçamentos mais baixos) assim como seria justa a crítica de algum excesso de carne (que pode resolver-se com adaptações).
Mas a questão central é fazer as pessoas ligar biodiversidade, paisagem e o seu prato.
Sobre isso farei mais tarde um post com o balanço do que aprendi nestes dias no cascais shopping (acaba hoje, pode ainda lá ir provar).
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

"mais abundantes do que a MESMAS espécies sem essa manutenção e gestão de habitat..."

Francisco, era aí mesmo que eu queria chegar. (e o Herique deve ter percebido, mas já não deve ter paciência para me dar corda).

Quando se diz "sem gestão de habitat" assume-se que existe uma caça desregulada nessas áreas?

É que só assim é que se justica que haja maiores abundâncias. De outra forma, não me pareceria positivo fumentar um incremento das populações para além da capacidade de suporte de habitat saudavel...

Quanto aos preços, se as pessoas em vez de comerem carne 15 vezes por semana passarem a comer apenas duas ou três podem consumir carne mais cara. Se bem que se reduirem nessa proporção mas continuarem a comer carne barata, a diferença será sempre grande.

Alexandre Vaz

Henrique Pereira dos Santos disse...

Alexandre,
Como partodo princípio que sabes que perfeitamente que o que chamas habitat óptimo é uma função da gestão que se faz (o que implica a definição dos seus objectivos) e que consequentemente se queres aumentar a disponibilidade alimentar das águias deves gerir o habitat no sentido de ter mais coelho (e outras espécies), o que inclui criar pontos de água, gerir pastagens, eventualmente semear cereais de Inverno, achei que o teu comentário era só uma brincadeira que não era para levar a sério.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Henrique, o meu comentário não era uma brincadeira.

Será que para ti a não intervenção do Homem também é uma forma de gestão? E nesse sentido a tundra árctica, o deserto do sahara ou a floresta amazónica são para ti habitats geridos?

Será que se devia tentar "melhorar" os habitas onde a intervenção humana não se faz sentir de modo a aumentar a disponibilidade de prezas ou de locais de reprodução?

Aquilo que eu queria dizer é que é enganador transmitir a ideia de que a caça é uma ferramenta boa para "melhorar" aquilo que não precisa de ser melhorado. Na Faia Brava (e em muitos outros sítios) o que se passa é que houve durante anos uma actividade predatória desregrada. Agora, perante uma gestão mais cuidada as melhorias fazem-se sentir.

Seria mais ou menos o mesmo que dizer que antes numa estrada em que os automóveis andavam a 120km/h morriam 3 linces atropelados por ano, mas agora como foram instalados radares e só se pode andar a 60Km/h, só morre em média um lince por ano. Será que a conclusão que se pode tirar é que o transito rodoviário é uma boa ferramenta de gestão do lince?

Alexandre Vaz

Henrique Pereira dos Santos disse...

Alexandre,
Eu também tenho esse gosto acentuado pelos surrealistas, em Portugal sobretudo pelo António Maria Lisboa, embora o Cesariny quando resolve ser muito bom é mesmo muito bom, como quando fala do Mário de Sá-Carneiro "poeta gato branco à janela de muitos prédios altos".
Mas nunca tive muita inclinação para os cadavre exquis.
henrique pereira dos santos