sexta-feira, março 19, 2010

A mobilização das pessoas comuns e o movimento ambientalista

Spencer Tunik consegue mobilizar multidões para estarem nuas na rua (neste caso, em Portugal) e nós não conseguimos mobilizá-las para coisas muito mais simples, como fazer uma acção ambiental?

Diz o Público de hoje que a iniciativa "Limpar Portugal" reunirá amanhã cerca de cem mil pessoas (curiosamente havia um ministro do ambiente que exibia como um dos seus grandes sucessos o facto de ter acabado com as lixeiras em Portugal, há já alguns anos).
Esta iniciativa é o resultado do esforço de três amigos (três praticantes de todo o terreno) em meia dúzia de meses.
A iniciativa "Plante uma árvore" da representação da Comissão Europeia em Portugal envolve centenas de pessoas.
O que isto parece querer dizer é que a sistemática invocação da impossibilidade de mobilizar pessoas como explicação para a fragilidade do movimento ambientalista em Portugal parece carecer de demonstração.
O que me parece é que o movimento ambientalista ficou preso nos fantasmas ideológicos dos mais activos e barulhentos dos seus dirigentes e membros. O que torna o movimento ambientalista hostil a praticantes de todo o terreno, a caçadores, a empresas e seus quadros, a comedores de carne compulsivos, a gastadores de combustiveis fósseis, enfim, a todos os que não cabem na estreita definição do verdadeiro ambientalista.
Tenho pensado no assunto e vou avaliar bem a minha capacidade para lançar uma nova ONG na área do ambiente que seja uma verdadeira organização de sócios, que tenha meia dúzia de princípios ambientais, que tenha meia dúzia de regras de transparência e democraticidade e que consiga ter como seus sócios pessoas com posições muito divergentes sobre a vida mas com pontos de contacto em questões ambientais concretas, onde a divergência seja bem vinda e a crítica não seja imediatamente reprimida com as perguntas sacramentais: e tu, não achas que podias fazer muito mais? e tu, se achas que está mal chega-te à frente? e tu, não vês como se sacrificam os que criticas?
Pessoalmente tenho muita dificuldade em meter-me nisto, estou completamente falido, devo dinheiro a meio mundo e preciso de tempo para dedicar a outras coisas (entre elas ganhar dinheiro para pagar as dívidas).
O que eu gostaria era mesmo de conseguir criar (ou ajudar a criar) uma organização para as pessoas comuns, que de maneira geral estão como eu: falidas, sem tempo e amargamente desiludidas com o que se passa à sua volta.
Se decidir fazê-lo pode ser que finalmente me convença de que a mobilização dos portugueses é impossível.
Porque seguramente, até agora, não estou convencido disso.
henrique pereira dos santos

29 comentários:

Anónimo disse...

Força, alinho.
Também sou pobre, com dívidas.
Proponho que nos estatutos fique registado que a associação nunca será uma empresa camuflada, ou agência de emprego, ligada ao PS.

Anónimo disse...

Caro HPS,

Acho que seria uma excelente contribuição e que rapidamente conseguiria uma boa base de sócios, eu incluído. A nível das ideias que propõe, no seu geral tem o meu apoio, e de muita outra gente que por aí anda descontente com este país e os seus ambientes.

Vá, anime-se, tente lá pagar essas dívidas o mais rápido possível, que a sua ONG será muito bem vinda, e crescerá rapidamente.

Esperando que encontre tempo para cumprir os seus objectivos, desejo-lhe muito boa sorte!

Filipe

Anónimo disse...

Henrique, também tem o meu apoio, mas se pensa ir para a frente com isto, talvez não valha muito a pena falar muito do estado das suas finanças pessoais publicamente, que haverá logo gente que lhe apontará que isso não inspira muita confiança sobre a capacidade de gestão pessoal de alguém que se propõe a fundar um ONG. Tempo e dinheiro, pois, é lixado. Ter os dois ao mesmo tempo é complicado, e normalmente é preciso um para ter o outro. Não está sozinho nessa equação difícil de optimizar. Mas deixe para si o que só o Henrique pode resolver. Força nisso!

Anónimo disse...

não seria mais eficaz criares uma lista à direcção numa onga existente e aplicares as tuas ideias tendo como base uma infraestrutura criada? aventureiros não faltam em portugal, o que falta é trabalho persistente e gente com a capacidade de construir em cima do trabalho de outros sem por isso se deixar esmagar pelo legado anterior.

EcoTretas disse...

Um excelente artigo HPS. Agora, não te metas nisso. Porquê? Porque é preciso mudar radicalmente. Os tempos são outros!
Os tempos são da Internet e de coisas como o twitter e redes sociais. Um blog como o Ecotretas tem uns poucos milhares de seguidores, com algumas centenas deles a visitarem diariamente o blog. Por isso as minhas conclusões são citadas nos Media, até como jornalismo de investigação... E eu sou sozinho, embora também ande com umas ideias radicais.
O que a gente precisa é de poucos mas bons. O exemplo de Limpar Portugal é um desses, embora não tenha sido uma ideia peregrina, dado que nasce da excelente resposta a um desafio semelhante, concretizado na Estónia em 2008.
Os Portugueses aderem porque têm consciência do problema. Por isso vou participar também. Agora, quando vemos que nos andam a engrupir, a reacção é contrária. Como os teus últimos posts tem referido, os ambientalistas são praticamente contra o progresso. E acham-se intelectualmente superiores por isso... Mas, o Zé povinho é mais inteligente!

Ecotretas

Nuno disse...

Como sócio de várias ONGs (do ambiente e fora, nacionais e locais) concordo com este último anónimo e apelo a que organize uma lista para se candidatar a uma ONGA existente, precisamente sob a plataforma da participação directa dos sócios, da transparência e da abrangência de pontos de vista.

O Limpar Portugal é um bom ensaio para acções com maior impacto e nos contactos com outros voluntários reparo que a esmagadora maioria não é membro de qualquer ONG e nunca fez voluntariado mas tem algum interesse na área do ambiente e até faria mais qualquer coisa.

Nuno Oliveira

José M. Sousa disse...

Eu também partilho a sua opinião de que o movimento associativo ambientalista, e das ONG em geral, deixam muito a desejar no envolvimento de mais pessoas nas suas acções. Em parte isto talvez derive do carácter mais ou menos "elitista" das pessoas que as dirigem. Como em regra são licenciados e investigadores e a nossa academia não é propriamente um exemplo de abertura, o seu discurso, ainda que, admito, inconscientemente, acaba por ser algo hermético para a generalidade dos cidadãos.

Gonçalo Rosa disse...

Caro Anónimo (que escreveu o abaixi citado e Nuno Oliveira,

"não seria mais eficaz criares uma lista à direcção numa onga existente e aplicares as tuas ideias tendo como base uma infraestrutura criada?"

Há vantagens enormes em criar uma nova ONGA. Desde logo, evitam-se vícios, no mínimo problemáticos de corrigir. Por mim, ou as actuais principais ONGAs mudam claramente de rumo, ou continuarei com muito pouca motivação para com elas (o que, aliás, não lhes fará diferença alguma... :(

Gonçalo Rosa

Nuno disse...

Caro Gonçalo Rosa,

Não vejo porque não, se uma nova ONGA abordasse especificamente uma das muitas áreas de intervenção ou regiões que as ONGAS de carácter mais generalista não conseguem abranger.

aeloy disse...

Defendo há muito outro tipo de organização social e cívica.
Recentemente propûs, aqui, uma tertúlia entre alguns acordantes,,, o que me parece que seria um pequeno passo para outros empenhos, que sem uma logica vertebrada não terão qualquer sucesso.
Hoje participei num sucesso cívico e ambiental, construido nessa lógica.
A vitória de 8 anos de luta, unidade, diversidade e compromisso dos ex-trabalhadores das minas de urânio...
Nem tudo é preto e branco...
António Eloy

trepadeira disse...

Meu caro Henrique

Sou instituidor e voluntário de uma ONG,sob a forma de fundação e,com o objecto social de "preservação da natureza também pela cultura".

Analisar,tentando diminuir,o trabalho seja de quem for,pelo número de aderentes será a mesma coisa que procurar a falta de assentos num texto na impossibilidade de interpretar o conteúdo.
Não somos galopins.
Não queremos fazer disto escada para qualquer poleiro.
Não tentamos obter apoios a qualquer custo.
Não queremos ser um negócio.Não deixamos que nos avaliem pela viabilidade econónico-financeira.
Não temos a consciência à venda e,também não queremos ajudar a lavar a conciência de ninguém.
Como sobrevivemos?Para fazer trabalho sério,sem espectáculo,não são precisos grandes meios.Economizamos.Temos também alguns artistas amigos,nossos e do ambiente,que oferecem trabalhos seus para nos ajudar a custear algumas iniciativas.
Por enquanto,pensar e estudar,ainda não pagam imposto.
Elitistas?numa Nação onde o dinheiro está em primeiro lugar e a cultura é vista como ameaça,qualquer resquício cultural é elitista.
Qualquer posição dita imparcial e tentando servir a todos,só serve o poder,económico não há outro.É sempre fácil servir e,assim,servindo-se,o poder.
As grandes mudanças foram sempre protagonizadas,inicialmente,por pequenos grupos ou,mesmo por uma só pessoa.
Problemas?muitos.
Manifestações e ameaças,com tentativas de insultos,à porta feitas por eleitos autarcas.
Ameaças,de entidades patronais,a voluntários da fundação.
Rodas de carros desapertadas a amigos e voluntários,etc..
Só nos incentiva.Indica que estamos no caminho certo.Haverá sempre mais gente num campo da bola do que haverá num concerto de música contemporânea,por melhor que seja o compositor.
"quando alguns estiverem de acordo connosco mudaremos de opinião, estamos errados de certeza absoluta".
Lançar uma nova ONG,semelhante a uma manta de retalhos,sem capacidade de intervenção científica independente e credível,financiada pelos interesses de quem mais destrói,para tomar atitudes de conveniência e servir o poder?para quê?basta associar-se a alguns organismos oficiais que para aí abundam.
Cordial abraço,
mário

Anónimo disse...

O que são "pessoas comuns"?

A mim o que me parece é que os portugueses tem um sentido cívico pouco desenvolvido. As razões, são certamente várias e de difícil compreensão. Ainda assim, os portugueses mobilizam-se para o que lhes interessa (seja o futebol ou as fotografias com o rabiosque ao léu).
A questão central é que provavelmente o ambiente continua arredado do centro das preocupações da maioria dos portugueses.

Alexandre Vaz

Gonçalo Rosa disse...

Alexandre,

Quando afirmas que "os portugueses mobilizam-se para o que lhes interessa (seja o futebol ou as fotografias com o rabiosque ao léu).", tens em muito pouca consideração as pessoas comuns.

Uma boa demonstração de como as subestimas é a iniciativa Limpar Portugal, com uma enorme adesão de pessoas comuns.

http://www.limparportugal.org/

Que há uma reduzida cultura associativa na sociedade portuguesa, já eu sei. Mas das duas uma: ou o movimento ambientalista encontra fórmulas que tenham isso em consideração e que consigam inverter aquela tendência, ou o melhor é irmos pregar para outra paróquia (leia-se, sociedade), porque o lamento de nada serve.

Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

Ja agora cito aqui uma prova do total desfasamento que eu acho que existe entre as "elites" (uso a palavra ironicamente, é claro, mas outros a usarão com toda a seriedade) e as "pessoas comuns" em Portugal:

"FIGURAS TRISTES
Em plena felicidade "guterrista", apareceu uma coisa ridícula que foi o "dia sem carros". Estava de férias em Marrocos mas recordo que me contaram as figuras que o poder andou a fazer à conta daquele pequena demagogia. Sampaio, provavelmente de alpercatas, foi de eléctrico para Belém. Não me lembro se Sócrates, já nessa altura, usou a licra e desatou a correr até ao seu gabinete. E Guterres, seguramente, comoveu-se muito. Hoje, uns patuscos quaisquer, decidiram promover uma "limpeza geral" de ruas e matagais. Como chove, a porcaria deve ser mais que muita. E Cavaco alinhou com a palhaçada, em Colares, onde foi simular a limpeza de um pinhal. A bosta geral deprimente que é este país não muda por causa de meia dúzia de escuteiros mesmo se um deles for o presidente da República ou uma ministra de nome Pássaro. Metam isso, de uma vez, na cabeça e deixem-se de figuras tristes."

As "pessoas comuns" mobilizam-se para aquilo que lhes interessa a nivel de associações recreativas, escuteiros, paroquias, bombeiros, clubes, o que quer que seja, totalmente fora do radar dos comentadores (neste caso isto é do Portugal dos Pequeninos, mas podia ser de qualquer dos grandes blogs, excepto que os outros nem sequer comentaram), jornalistas e politicos, que passam o tempo a olhar uns para os outros e a falar uns dos outros, numa espécie de palacio dos espelhos cruzado com câmara de eco. As grandes organizações ambientalistas pelos vistos fazem parte dessas "elites". As "pessoas comuns" provavelmente organizem-se em pequenas associações de que se ouve falar pouco ou nada, e simplesmente fazem aquilo que acham que têm que fazer.

IsabelPS

Henk Feith disse...

Alexandre,

Falar sobre "os jornalistas" é fasciante, mas falar sobre "os Portugueses" já se pode? Onde está a coerência?

LimparPortugal provavelmente fez mais para o real problema dos despejos de resíduos em espaço rural que alguma iniciativa antes. Os despejos são um fenómeno generalizado que aumentou muito desde a criação dos aterros sanitários há uma década. Até então, as pessoas ou empresas levavam os seus resíduos às lixeiras camarárias, quando quiseram e o que quiseram e os depositavam lá. Hoje em dia têm de ir aos aterros licenciados, em horários estabelecidos, identificar-se e, pasma-se, pagar para poder livrar-se dos resíduos. Portanto, muito mais fácil é dar uma voltinha por caminhos rurais num sábado ao fim da tarde e largar os resíduos numa valeta qualquer, uma vez que a probabilidade de ser apanhado é negligenciável.

O problema é de dimensão enorme e de um impacte inavaliado, mas provavelmente muito significativo.

Em termos jurídicos, o ónus dos despejos ilegais é do proprietário do terreno. Portanto, não basta ver se dono de um problema que lhe é lançado ao colo, ainda corre o risco de apanhar uma multa e ter de pagar os custos da remoção.

O que fez LimparPortugal? Atacou o problema pela raiz. Não limpou Portugal, que seria um trabalho herculiano, mas sim colocou o problema na comunicação social com todo o seu poder informativo. As pessoas, ao jantar, viram a realidade e a mensagem que aquilo não se faz foi muito clara. Essa é o ganho, porque as pessoas que despejam, na sua ignorância, muitas vezes não têm perceção do prejuízo que provocam. São "pessoas comuns", raramente mal intencionados, e tão comuns como os milhares que andaram a limpar.

Claro que o problema não terminou ontem, mas foi um passou muito grande no sentido certo. E é curioso de ver que a maior ação ambiental de sempre em Portugal veio de forma espontânea, fora das estruturas habituais do "establishment" ambiental. E isso da esperança.

Henk Feith

Anónimo disse...

O maior problema do movimento ambientalista português são os tiques de esquerda elitista e caviar.

Já se falaram dos fantasmas ideológicos, dos preconceitos contra montanhistas, pessoal do TT e comedores de carne, que eu vejo todos os dias nos "arautos" do ambiente que para aí andam a passear. Mas gostaria de acrescentar, embora um pouco offtopic, a política de gestão de gestão dos espaços naturais por eles defendida: "a política da protecção do meu cantinho secreto ao qual só posso ir eu". Um bom exemplo desta perspectiva viu-se na discussão do plano de ordenamento do Gerês, em que surgiam ambientalistas a criticar a abertura de uma série de áreas à visitação. No entanto, depois são eles os primeiros a entrar nas reservas integrais à margem da restrição que defendem.

"Patuscos" os que defenderam o dia sem carros? Olhe, foi dos melhores dias que se viveram em Lisboa. Sem barulho dos carros, sem buzinas e sem fumarada. Se provocou alguma confusão? Alguma, mas valeu bem a pena.

O Limpar Portugal a melhor iniciativa de carácter ambiental alguma vez feita no nosso país. Curiosamente não teve origem no movimento ambientalista. Porque será?

Anónimo disse...

E longa vida à internet, que vive de redundâncias e imperfeições, como a Natureza, e não de caminhos únicos e afunilamentos, onde é preciso "pagar portagem" de uma maneira ou doutra:

http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=39358&op=all

IsabelPS

Anónimo disse...

Henk, não vejo onde está a falta de coerência? Será que a minha constatação de índole sociológica (consubstanciada por inúmeros estudos científicos) e que não comporta qualquer juízo de valor pode ser comparada aos seus comentários negativos e generalizantes face a uma classe profissional? Não me parece.
Não deixa no entanto de ser curioso que tenha esperado todas estas semanas para se vir alegadamente defender das acusações de que se sentiu vítima...

Quanto ao exemplo do limpar Portugal, parece-me péssimo.
É certamente uma iniciativa com objectivos nobres, mas cujo o real impacto me parece diminuto. Os portugueses são pródigos em aderir a estas iniciativas mediáticas. O abraço a Timor, o dia sem carros ou a exposição do Amadeu de Sousa Cardoso ou da Joana Vasconcelos... Depois se for preciso passam o resto do ano sem por os pés num Museu.

Alexandre Vaz

Gonçalo Rosa disse...

Alexandre: "Os portugueses são pródigos em aderir a estas iniciativas mediáticas."

Ai são??? E quais foram as iniciativas mediáticas promovidas pelas principais ONGAs nacionais a que nós, portugueses, aderimos em massa??? É que, assim como assim... não me lembro de nenhuma...

Gonçalo Rosa

Nuno disse...

Caro Alexandre Vaz e anónimos,

Acho que a iniciativa Limpar Portugal foi um êxito no sentido que mobilizou um conjunto bastante abrangente de pessoas com resultados concretos (70000 toneladas de lixo recolhidas) para além do efeito sensibilizador, ao contrário da outra iniciativa de suposto carácter ambiental que mencionou, o Dia sem Carros, que não se traduz em nenhum resultado prático directo e duradouro (não é um bom modo de provar o impacto positivo da pedonalização contínua das cidades).

Acho que serviu para introduzir muita gente a este tipo de acções, e que com paciência e tempo se pode evoluir para outras iniciativas- muita gente se mostrou interessada em participar em plantações de árvores no rescaldo, por exemplo. São passos modestos mas devagar se vai ao longe.

Por outro lado constato que nas caixas de comentários na internet continua aquilo que eu não vi ontem- os preconceitos e estereótipos em acção, ora os ambientalistas são vegetarianos que comem caviar da esquerda (!), ora os montanhistas e pessoal dos rallys são uns brutamontes destruidores e isto vindo de pessoas que vêm aqui elogiar um evento consensual, abrangente e de carácter ambiental.

Sem aprender com a mensagem positiva e consensual que o LP lançou e que foi a base do seu sucesso não vamos realmente a lado nenhum...

Henk Feith disse...

Alexandre,

"tenha esperado todas estas semanas para se vir alegadamente defender das acusações de que se sentiu vítima..."

Então não leu o meu comentário, logo a seguir ao seu, na altura certa?

Será então permitido concluir que o português Alexandre Vaz é uma pessoa com um sentido cívico pouco desenvolvido? Ou será que o português Alexandre Vaz não integra "os portugueses"?

Acho que o Alexandre é uma daquelas pessoas que adora falar sobre "os portugueses", tendencialmente negativo e inevitavelmente fatalista, como se não fizesse parte desse grupo.

Olhe, eu é que não faço, e não tenho motivo nenhum em afirmar que os portugueses são mal nisto ou péssimo naquilo. São um povo como todos os outros, com pontos fortes (muitos) e fracos.

Henk Feith

Anónimo disse...

Henk, obviamente não me conhece porque eu sou precisamente o oposto daquilo que está a sugerir. Se há coisa que não sou é uma daquelas pessoas que está sempre a dizer mal de Portugal e dos portugueses. Pelo contrário. No entanto, mesmo que fosse esse o caso não veria qualquer conflito entre ser português e criticar características identitárias do grupo a que pertenço.
Mas isso são conceitos básicos que me vou escusar neste âmbito de estar a desenvolver e a explicar. Direi apenas que apesar de isso ser aparentemente chocante para várias pessoas que participam frequentemente neste espaço, que existe gente capaz de autocrítica e de reconhecer as suas falhas e erros. Ou será que apenas um ser perfeito deveria ter direito à crítica?

Quanto ao comentário ao outro texto dos jornalistas, posso ter feito confusão e já nem me recordo de vi ou não a sua resposta. Pela imprecisão peço desculpa.

Gonçalo diz me primeiro quais as iniciativas mediáticas promovidas pelas ONGA e eu dir-te-ei a quais os portugueses aderiram...

Alexandre Vaz

Anónimo disse...

O Limpar Portugal foi o sucesso que foi por duas razões: infelizmente há muito lixo por limpar; mas felizmente também há pelo menos 20 anos de boa educação ambiental.

Anónimo disse...

Ah, e este sucesso não surge do nada. Já ouviram falar no Clean Up the World? Existe há 20 anos e ao longo deste tempo também mobilizou milhares de portugueses. Num dos anos até se chamou "Limpar o Mundo, Limpar Portugal". O problema é que continuamos a ter dois tipos de portugueses: os que limpam e os que continuam a sujar.

Marcos Pais disse...

Penso haver nas actuais associações espaço para iniciativas como a Limpar Portugal. Há associações de estrutura horizontal em que qualquer pessoa pode chegar, comunicar e avançar com um projecto, sem ficar limitada ao que os "dirigentes" da associação pensam ou preferem. Eu faço parte de uma dessas associações e teria muito gosto em ver aparecer mais pessoas a avançarem com projectos que as apaixonem e que possam, eventualmente, mobilizar muita gente.

Cumprimentos

Anónimo disse...

E porque o que é bonito é para se ver, ao acaso:


Comentário de Pedro Miguel Serra Santos 43 minutos atrás

Apoio da Câmara Municipal de Pombal no âmbito do projecto Limpar Porttugal na freguesia do Louriçal:

- 3 Camiões com báscula no dia 20 de Março
- Recolheu 60 toneladas numa só lixeira que foi limpa antes do dia 20 de Março
- Ofereceu 30 pinheiros mansos e 15 sobreiros para plantar nessa lixeira

Comentário de Pedro Miguel Serra Santos 52 minutos atrás

Contando com o apoio de cerca de uma centena de voluntários e algumas viaturas particulares, a quantidade de lixo recolhida foi de 146,5 toneladas (ainda falta contabilizar um camião que irá amanha levar mais lixo para a valorlis).
Ao longo do dia percorreu-se todas as localidades da freguesia da Louriçal, recolhendo lixo em 17 das 20 lixeiras detectadas.
Também foi recolhido lixo disperso ao longo da via pública, desde cartazes afixados a objectos atirados fora pelos ocupantes de viaturas, tais como garrafas de água, iogurtes, latas de refrigerantes, entre outros.
Nesta actividade foram utilizados 3 retroescavadoras, 5 carrinhas caixa aberta, 3 veículos ligeiros de transporte de voluntários, 1 tractor, 1 veículo ligeiro, 5 camiões basculantes e 1 camião basculante com grua, 2 retro-escavadoras pequenas, disponibilizados pelas firmas Soteol, Urbiguia, Dominconstruções e Louricalba, para levar o lixo recolhido para o aterro.
Agradece-se a todos os que colaboraram nesta iniciativa, nomeadamente aos coordenadores de lixeiras da freguesia: Eunice Pedrosa, Dina Sebastião, José Roque, Vitor Mota e Carina Leal.
Agradece-se também o apoio das empresas: Alinutre (disponibilizou Luvas e Sacos), Garrafeira O Trago (disponibilizou águas), Frutaria Carraco (disponibilizou laranjas e maças e uma carrinha de caixa aberta), Caixa de Crédito Agrícola (disponibilizou chapéus), Gráfica do Louriçal (disponibilizou os cartazes), Roque Repara (disponibilizou um tractor), Manuel Matias Simões (disponibilizou uma máquina retroescavadora-giratória), Soteol (disponibilizou um camião basculante e um camião basculante com grua), Urbiguia (disponibilizou um camião basculante), Louricalba (disponibilizou um camião basculante), Dominconstruções (disponibilizou um camião basculante e uma retroescavadora), Grácio & Catarino (disponibilizou uma carrinha de caixa aberta), Privilégios (disponibilizou duas retro-escavadoras pequenas), Salema (disponibilizou uma carrinha de caixa aberta), Louricar (disponibilizou uma carrinha de caixa aberta para carregar pneus e peças de automóveis) e ao Sucateiro das Cavadas (disponibilizou uma carrinha de caixa aberta para carregar a sucata recolhida), Junta de Freguesia do Louriçal (disponibilzou uma retroescavadora, uma carrinha de caixa aberta e três viaturas para transporte de voluntários)
Um agradecimento especial ao Corpo Nacional de Escutas-Agrup 1244 Louriçal, ao Instituto D. João V, ao Grupo de Jovens do Louriçal e ao ATL Aprender & Companhia-Moita do Boi.
Agradecimento também aos voluntários que foram plantar os sobreiros e pinheiros mansos no local onde estava a lixeira do furadouro.
Um bem hajam a todos.
Em breve indicarei o número final de lixo recolhido e o número exacto de voluntários.


Resultados do Projecto Limpar Portugal na Freguesia do Louriçal

1. PBL M-41 - Privado. Não tivemos autorização para limpar
2. PBL M-8 - Privado. Não tivemos autorização para limpar
3. PBL P-38 - Privado. Não tivemos autorização para limpar
4. PBL G-21 - Limpo. Irá levar uma nova intervenção para breve
5. PBL G-20 - Limpo. Irá levar uma nova intervenção para breve
6. PBL P-167 - Resolvido
7. PBL P-166 - Resolvido
8. PBL P-173 - Resolvido
9. PBL P-172 - Resolvido
10. PBL P-168 - Resolvido
11. PBL M-7 - Resolvido
12. PBL P-40 - Resolvido
13. PBL P-39 - Resolvido
14. PBL M-6 - Resolvido
15. PBL P-37 - Resolvido
16. PBL P-36 - Resolvido
17. PBL P-35 - Resolvido
18. PBL P-34 - Resolvido
19. PBL P-1 - Resolvido
20. PBL G-1 - Resolvido

IsabelPS

Gonçalo Rosa disse...

Cara IsabelPS,

Tiro o chapeu à iniciativa. O dinamismo e muito especialmente a capacidade mobilizadora do Limpar Portugal, contrasta com o discurso lamechas, sorumbático e deprimente da enorme maioria dos dirigentes ambientalistas das principais ONGA's nacionais. Oxalá aprendam alguma coisa.

Mais uma vez, os meus parabéns!

Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

Eu não limpei nada, limito-me a fazer publicidade aos que limparam, e aos que deram laranjas a maçãs e carrinhas de caixa aberta, e camiões basculantes, e pinheiros mansos e retroescavadoras e luvas e sacos e... e... e... Enquanto outros escrevem languidamente coisas inteligentes como isto:
http://portugaldospequeninos.blogspot.com/2010/03/circo-sem-pao.html

Felizmente, ainda há esperança. Atentem neste diálogo (o último que responde é o, ou um dos, organizadores):

http://limparportugal.ning.com/forum/topics/pequeno-comentario?commentId=3644063%3AComment%3A319711&xg_source=activity

Há uma lição aqui algures...

IsabelPS

Carlos Aguiar disse...

Mais de 1/4 dos meus alunos, a maioria de origem rural, integrados em grupos organizados pelas juntas de freguesia, participou no Limpar Portugal. O sucesso LP em Trás-os-Montes deveu-se a uma conjugação invulgar de causas: 1) as freguesias necessitam de mostrar trabalho, e sentem o seu futuro ameaçado (crescem os receios de uma reforma administrativa que ponha em causa estes pequenos poderes, e rendimentos); 2) a prática de velhas solidariedades gera uma certa euforia nos meios rurais, que representam o passado agropastoril sob a forma de uma sociedade igualitária, comunalista e ingenuamente solidária; 3) os resíduos são um problema real, deixaram se dissolvem na paisagem, e precipitam um pouco por todo o lado, nos caminhos, nas hortas, à porta de casa; 4) muitos dos organizadores eram gente mais ou menos anónima, pouco conotada politicamente; 5) nos meios rurais, e não só, as pessoas são muito sensíveis à componente paternal da figura do Presidente da República e a um certo ideal de regeneração nacional.
Não me parece, por isso, que se possa fincar uma análise do movimento ambientalista num sucesso, que me parece pontual, do Limpar Portugal. O LP é tudo menos um sinal da necessidade, ou de um nicho vago, para um novo agrupamento ambientalista. Uma nova associação, além de redundante, como é costume, acabaria por depender a perenidade do entusiasmo dos seus fundadores.
É importante, no entanto, que o LP deixe uma recordação grata. O maior erro que os organizadores da iniciativa poderiam cometer seria organizar um novo LP, sem um pousio suficientemente alargado de pelo menos de 2 anos.