quinta-feira, abril 08, 2010

A crítica ao manifesto pelos principais visados


Na sequência deste post, aqui fica algum contraditório da associação de produtores de energias renováveis.
"ESCLARECIMENTO
Lisboa, 7 de Abril de 2010 – A APREN - Associação Portuguesa de Energias Renováveis, criada em 1988, reunindo cerca de sessenta empresas responsáveis pela promoção de energias renováveis para a produção de electricidade, perante o “Manifesto por uma nova política energética em Portugal”, entende ser seu dever contribuir para o esclarecimento de alguns pontos que, conquanto subscritos por eminentes figuras dos meios económico e financeiro, reflectem, no mínimo, desconhecimento de aspectos essenciais da problemática energética do nosso tempo. Neste âmbito, a APREN esclarece que:
1. Sem questionar a relevância da discussão das questões energéticas, tão significativas para o desenvolvimento, quando analisadas tanto do lado da oferta como da procura e na óptica da eficiência energética e do contributo dos cidadãos, rejeita o pressuposto da consideração negativa que o Manifesto faz da aposta de Portugal nas Energias Renováveis ao longo da última década.
2. Ao optar pela aposta nas Energias Renováveis, Portugal não fez mais que assumir as suas obrigações no quadro da política energética da União Europeia, que definiu três metas para 2020: aumentar em 20% a eficiência no uso da energia, aumentar de 8% para 20% a parte das energias renováveis no consumo final de energia e diminuir em 20% as emissões de gases de efeito de estufa.
3. A política do Governo de prosseguir nesta via deixa claro que, muito embora tenha havido nos últimos anos porventura um défice no discurso e debate sobre as políticas energéticas, existe um caminho traçado que se projecta em 2020 e para além disso.
4. Num quadro de serena implementação de uma política energética traçada e mantida por sucessivos Governos ao longo de uma década, cujas lacunas e insuficiências apenas importa colmatar e superar, é totalmente desprovida de sentido uma abordagem como a que se faz no Manifesto, que ignora obsessivamente os aspectos positivos sem oferecer alternativa – que não existe de facto - com reflexos imediatos ou sequer no curto prazo.
5. A APREN considera que o debate sobre a Política Energética Nacional deve ter por base uma análise técnica e económica rigorosa, isenta e suportada em informação cabal e bem documentada. Infelizmente, o Manifesto não assenta nestes princípios e, portanto, não serve para esse efeito.
6. A APREN não deixará de contribuir, como o tem vindo a fazer até aqui, com elementos documentais que demonstrem os erros, aproximações e omissões do Manifesto. Declarando-se, assim, sempre disponível para analisar e discutir a problemática da produção da electricidade, de forma séria e completa, sem temer confrontos no quadro de uma visão global da Política Energética Nacional.
7. Entretanto e atendendo à dimensão de algumas afirmações erróneas do Manifesto já conhecidas, a APREN não pode deixar de afirmar, com pena e desalento, que é falso:
- Que o preço pago pela electricidade de origem eólica é três vezes o preço do mercado. Em 2008 o preço médio pago pela electricidade de origem eólica foi de 94,7 Euros por cada MWh[1] enquanto a média ponderada do preço da energia eléctrica no OMEL (na zona portuguesa), para o mesmo ano, foi de 72,18 €/MWh[2]. É omissa a referência a que o preço pago à energia eólica para novos projectos tenderá a ser muito inferior à tarifa anterior e já o é para os parques eólicos do concurso mais recente, que têm uma tarifa garantida inferior a 70€/MWh[3];
- Afirmar que o desenvolvimento das energias renováveis não teve impacto na dependência do
país das energias fósseis. A APREN relembra que em 1999 apenas 31% da electricidade produzida em Portugal provinha de fontes de energia renováveis contra 69% de origem fóssil
(com um IPH de 0,68, ano seco) e, em 2009, a percentagem de electricidade de origem renovável foi de 46% contra 54% de origem fóssil (com um IPH de 0,77, ano seco);
- Atribuir às energias renováveis a responsabilidade do défice tarifário. Ao deixar entender que o actual défice corresponde ao sobrecusto das energias renováveis, o Manifesto não se exime à
suspeita de ma fé.
[1] Fonte: ERSE, Informação sobre Produção em Regime Especial (PRE) em Portugal Continental - Dados actualizados a Fevereiro de 2010
[2] Fonte: ERSE, Informação sobre Produção em Regime Especial (PRE) em Portugal Continental - Dados actualizados a Março de 2009
[3] O que tem implicações na redução do preço médio da energia eólica que, em 2009, observou já o início de uma curva que se projecta como descendente, assumindo o valor de 93,7 €/MWh "

henrique pereira dos santos

8 comentários:

Anónimo disse...

HPS,
Isto é um Esclarecimento?!?... ou você se contenta com pouco, ou pensa que os (alguns) outros se contentam com umas baboseiras... Ou pretende fazer disto um remake do filme de terror «Temperaturas do global warming»?
Zé Pagante

Henrique Pereira dos Santos disse...

Zé pagante,
Penso que não terá lido o mail anterior em que disse que poria os dois pontos de vista e quando eu tivesse tempo diria o que penso.
Mas já percebi que lê mesmo pouco, doutra forma já teria lido as conclusões sobre Phill Jopnes da comissão especial do parlamento inglês e já teria percebido quem andou estes meses a enganar quem sobre alterações climáticas.
henrique pereira dos santos

EcoTretas disse...

É gira esta resposta... Posso saber onde a obteste, HPS? É que no site da APREN não a encontrei...
Gostaria de rebater esta argumentação como sendo deles, e não do Ambio. Mas se o Ambio tiver a exclusividade da resposta, OK, link para aqui...
Ecotretas

Henrique Pereira dos Santos disse...

Vários jornais noticiaram esta tomada de posição e a mim chegou-me ao email (como muitos outros documentos associados à discussão) em papel timbrado da APREN.
Este documento é da APREN, apenas o reproduzi.
henrique pereira dos santos

EcoTretas disse...

Estranho... Pesquisa-se no Google por uma frase
(eg: "Sem questionar a relevância da discussão das questões energéticas")
e só aparecem referências ao Ambio...

Ecotretas

Henrique Pereira dos Santos disse...

Como disse o comunicado da APREN chegou-me via email, não sei onde estará publicado, tinha todo o aspecto de uma nota de imprensa.
O facto de aparecerem referências a este blog está relacionado com a forma como o google ordena as pesquisas, cujos critérios colocam bastante bem a Ambio (quer o blog, quer a lista de discussão da qual nasceu).
Mas esteja à vontade: o texto é, ipsis verbis, o texto de um comunicado (ou nota de imprensa) da APREN.
henrique pereira dos santos

EcoTretas disse...

HPS,
O texto que publicaste só está referenciado no Ambio. Em mais lado nenhum. Nem sequer no site da APREN! Eu sei que o Ambio aparece bem no Google, mas repara, neste caso, APENAS o ambio aparece!
Ecotretas

Henrique Pereira dos Santos disse...

O site da APREN nem mexia há vários anos, mas há pouco tempo reparei que tinha mudado substancialmente (fui lá ver onde era a sede porque tinha uma reunião marcada e para minha surpresa tinha sido todo remodelado e até tinha on-line um estudo que comentei na AMBIO há algum tempo e que apesar de bastante publicitado nunca tinha sido disponibilizado na net, mas acredito que a agilidade do site se mantenha baixa).
Vi referências a este comentário da APREN na notícia do Público sobre a apresentação do manifesto e na lista ambio o António Eloy reproduziu o seu conteúdo. A mim, como digo, chegou por mail.
O mau funcionamento da comunicação da APREN é assim uma coisa tão estranha?
henrique pereira dos santos