domingo, junho 06, 2010

Biodiversity4all (VI)

Tenho dado conta da evolução deste projecto porque acho um bom projecto e porque acho uma boa demonstração de não é verdade que os portugueses não sejam mobilizáveis.
Vejamos alguns factos.
A base de dados tem ligações com uma congénere holandesa e portanto há um conjunto alargado de observações que são assinadas por holandeses, em especial no grupo das aves. Neste grupo o projecto Chegadas, da SPEA, é o primeiro observador português na lista dos observadores mais activos, em 16º.
Nos outros grupos esse era o panorama quando a meio de Março o site foi lançado publicamente.
Actualmente Paulo Eduardo Cardoso está a menos de vinte espécies de se tornar o observador com maior número total de espécies observadas.
Há alguns grupos já totalmente dominados por observadores portugueses.
Já existem 720 observadores registados no site.
O dia B, que neste post eu considerava como não tendo sido mau porque os registos nessa altura eram 250, resultou em mais de 700 registos de observações num dia.
Retirei a semana excepcional de 22 de Maio a 29 de Maio (em que se fizeram mais de mil observações) e a média de observações diárias de meio de Março, quando o site foi aberto ao público, até hoje é superior a 20, o que ao ritmo actual apontaria para mais de 8000 observações anuais.
A base de dados conta já com mais de 11000 registos dce observações.
Um dia destes conversava com um ornitólogo sobre o livro que tem em preparação e os muitos anos que leva de actividade permitem-lhe ter perto de 60000 registos de observações, cuja exploração naturalmente será espelhada no livro.
Claro que não devem ser confundidas observações específicas de um ornitólogo cuidadoso e orientado quanto aos seus objectivos, com observações genéricas como as de uma base de dados do tipo do Biodiversity4all.
Mas não deve ser descurado o facto de em muito menos tempo que o que demorou ao indivíduo isolado ter disponível perto de 60 000 registos (penso que mais de vinte anos), ser possível a uma base de dados deste tipo ultrapassar este número (ao ritmo actual de observações, metade do tempo era mais que suficiente), o que potencia enormemente os registos de cada pessoa ao permitir o seu confronto fácil com o registado por muitas outras pessoas.
Conheço outro naturalista que me dizia que até agora tinha milhares de observações em cadernos lá por casa, mas tinha descoberto que com este site podia ter um caderno de campo muito mais eficiente e útil, para ele e para outros.
E convém não deixar passar em claro o que é afirmado neste artigo do Público, sobre o papel deste tipo de métodos de recolha de informação, para fazer face ao enviesamento do sistema científico no registo de observações de biodiversidade, claramente orientado para as espécies ameaçadas e os hotspots de biodiversidade.
O mais difícil para o Biodiversity4all começa agora quando passar o mediatismo inicial associado ao lançamento, ao ano internacional da biodiversidade e ao programa bioeventos, e com a necessidade de dar resposta ao desafio de integração de bases de dados de terceiros, por exemplo.
Mas as perspectivas de que afinal os portugueses até são mobilizáveis parecem muito boas, face ao que quase todos os dias aparece de novo no site.
E não falo do enorme banco de imagens associado ao site, que é matéria mais longínqua para mim.
henrique pereira dos santos

9 comentários:

joserui disse...

Caro HPS, vê algum inconveniente neste tipo de registo? Por exemplo que possam servir de ferramenta a caçadores, passarinheiros e indivíduos com objectivos muito pouco identificados com a ciência ou conservação? -- JRF

Unknown disse...

Olá amigos, vem aí a 2ª Olimpíada Nacional em História do Brasil (ONHB). As inscrições acontecem de 1 de junho a 6 de agosto.
Se puder, nos ajude a Divulgar! =D
A Olimpíada, composta por cinco fases online e uma presencial, é destinada a estudantes do 8º e 9º anos do ensino fundamental e demais séries do ensino médio, de escolas públicas e privadas de todo o Brasil.
Para orientar a equipe, formada por três estudantes, é obrigatória a participação de um professor de história.
A Olimpíada começa no dia 19 de agosto, dia nacional do historiador, data que celebra o nascimento e o centenário da morte do jornalista e historiador Joaquim Nabuco.
A iniciativa é do Museu Exploratório de Ciências da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). Em 2009, a ONHB inscreveu mais de 15 mil participantes e reuniu cerca de 2 mil pessoas na final presencial.
Mais informações acesse o site “www.mc.unicamp.br”

Henrique Pereira dos Santos disse...

Caro José Rui,
Quantos exemplos quer de destruição do património natural feitos por indivíduos identificados com a conservação ou ciência?
Quantos exemplos quer de destruição do património natural quer resultantes da ignorância dce terceiros porque alguns indivíduos ligados à conservação e à ciência acham que a informação só deve ser acessível a eleitos?
Tem mesmo a certeza que os caçadores, passarinheiros e etc., precisam desta base de dados para conhecer o património natural?
Quantos exemplos quer de caçadores com mais conhecimento da biodiversidade das zonas em que caçam que a enorme maioria dos indivíduos ligados à conservação e à ciência?
Resumindo, não, não vejo, nunca vi, nenhum inconveniente no carácter público da informação de conservação, bem pelo contrário.
henrique pereira dos santos

Anónimo disse...

Basta ver o caso do macho de águia imperial que foi abatido a tiro. Ninguém ou quase ninguém sabia daquele ninho e ele apareceu morto.

É preferível acontecer o que aconteceu agora para o ninho do abutre negro, que foi anunciado, filmado e dado a conhecer ao público. Tenho a certeza que se algum criminoso tiver a mesma ideia, pensará duas vezes.

Anónimo disse...

Basta ver o caso do macho de águia imperial que foi abatido a tiro. Ninguém ou quase ninguém sabia daquele ninho e ele apareceu morto.

É preferível acontecer o que aconteceu agora para o ninho do abutre negro, que foi anunciado, filmado e dado a conhecer ao público. Tenho a certeza que se algum criminoso tiver a mesma ideia, pensará duas vezes.

joserui disse...

Só perguntei... escusava era de voltar a re-sublinhar (não é um pleonasmo) o seu "campeonismo" pelos caçadores. Quem lê isto já sabe que são os maiorais da conservação e do conhecimento. Jesus Cristo.

Achei e acho uma preocupação legítima... não vá dar-se o caso de haver caçadores ou outros burros e ignorantes que necessitem da base de dados para malfeitorias... Se calhar um registo por exemplo travava alguns. -- JRF

Henrique Pereira dos Santos disse...

José Rui,
Acha razoável que depois de ser o José Rui a falar dos caçadores me venha acusar a mim de na resposta falar de caçadores?
Só perguntou e eu só respondi.
henrique pereira dos santos

joserui disse...

Acho razoável. A resposta de interesse deixou para as duas últimas linhas, mas não explica porquê. As carradas de exemplos devem ser a explicação.
Acho uma preocupação legítima, mas consigo não se pode falar. De certeza que quem está ligado à conservação já pensou no assunto. -- JRF

Henrique Pereira dos Santos disse...

José Rui,
Já pensei no assunto e muito. E até já vi como se faz nos países mais avançados do ponto de vista de conservação.
Já expliquei que há muitos mais problemas decorrentes da ignorância (real ou fingida) que da abertura na informação (independentemente das questões de princípio sobre a naturea da democracia).
É pro ter pensado muito no assunto, por ter discutido muito o assunto, por ter visto as consequências concretas da reserva da informação que digo que não, não vejop problema nenhum.
Mas a base de quaiquer maneira tem um sistema de embargo e de protecção de dados que o observador pode activar para espécies mais ameaçadas. O facto de eu achar isso inútil não quer dizer que não chame a atenção para essa possibilidade.
henrique pereira dos santos