"A minha questão (não tenho certezas) é se por exemplo agora uma BP desejosa de boa imagem começar a distribuir umas verbas por umas ONG como a ATN, se as ONG devem contribuir para a limpeza da imagem, ou se devem continuar os ataques em nome de valores que são intangíveis."
A propósito do post anterior do Miguel Araújo, surge a frase acima nos comentários.
Vale a pena olhar para ela porque tem implícitos alguns dos fantasmas típicos do financimento das ONGs em Portugal.
O primeiro (aliás no seguimento da discussão anterior sobre as críticas concretas ao BES, que afinal se reduzem à afirmação de que todos sabemos do que estamos a falar, sem ser preciso concretizar) é esta coisa notável: "se devem continuar os ataques" (à BP). Confesso que não percebo por que razão se deve atacar a BP.
Porque explora petróleo? Porque correu riscos e houve um desastre? Porque foi negligente? Porque não assumiu as suas responsabilidades? Enfim, não sei.
Ainda hoje no Público aparece um artigo a atacar o CEO da BP e não consegui saber por que razão o atacam, excepto por erros de comunicação.
A BP é responsável pelo que parece ser um desastre ambiental de grande magnitude? Sim, é. Essa responsabilidade vem de alguma actividade ilegal? Não. A BP recusou assumir essa responsabilidade? Não. O desastre vem de negligência? É preciso apurar, mas até agora não vi nenhuma demonstração disso, nem ninguém responsável a afirmá-lo preto no branco.
Mas mesmo assim é um dado adquirido que é preciso atacar a BP porque provocou um desastre ambiental. Por essa ordem de ideias era preciso atacar cada um de nós que todos os dias é co-responsável pela pressão sobre os recursos que existe.
Mas passemos à frente desta discussão.
A questão das doações não é como está implícito na frase citada: "uma BP desejosa de boa imagem começar a distribuir umas verbas por umas ONG". Ninguém ganha boa imagem consistentemente ao longo do tempo simplesmente a distribuir dinheiro por ONGs. E raramente as relações são dessa forma.
A questão é outra: se as empresas assumirem compromissos ambientais é normal e razoável que o queiram fazer com parceiros a quem reconhecem idoneidade.
A análise é pois a de saber se as empresas efectivamente assumiram compromissos ambientais razoáveis e consistentes e se as entidades com quem estabelecem compromissos são idóneas.
Não há nenhuma razão para supôr que apenas porque existem relações económicas entre empresas e ONGs estas deixem de ser idóneas.
Ao contrário, é porque são pouco idóneas que trocam os princípios por apoios.
As que são idóneas não têm medo de doações claras e transparentes porque sabem que a sua actuação diária demonstrará se se venderam ou não.
As ONGs não têm de saber se estão ou não a contribuir para a limpeza da imagem seja de quem for, têm é de avaliar se os compromissos associados aos apoios são incompativeis ou não com o que fazem e com a sua independência.
Doutra forma a ONGs estariam transformadas em juízes da bondade de actuação das empresas, assumindo responsabilidades pela sua actuação, matéria para a qual lhes falta idoneidade e capacidade.
Podem ser juízes de actuações concretas. Por exemplo, no caso do Grupo Espírito Santo (que é diferente do BES mas isso é um problema de identidade que o grupo deveria saber resolver), eu posso discordar, como discordo, da QUERCUS no que diz respeito aos sobreiros do caso Portucale e ao mesmo tempo achar razoáveis as críticas da QUERCUS ao grupo. Isso não impede a QUERCUS de ser parceira (e aí também discordo numa troca exacta de posição com a QUERCUS nos dois processos) do grupo no projecto da Comporta. Uma coisa condiciona a outra? Eu acho que não, mas se condicionar esse é um problema de falta de espinha da QUERCUS e não um problema do BES.
Os ataques devem existir porque se entende que são justos, não porque se gosta ou não de uma determinada empresa (ou menos ainda de um detrerminado sector de actividade sem o qual estaríamos todos a perder). E isso deve ser claro para as ONGs. Se não for claro para as empresas, azar, perceberão com o tempo.
Eu não tenho nada a ideia de que se possa generalizar a acusação de que as ONGs que recebem dinheiro das empresas ficam, simplesmente por esse facto, irremediavelmente condicionadas na sua actuação face a essas empresas. Eu tenho ideia de que há muitas ONGs com a espinha direita.
E é exactamente por saber o valor que tem a manutenção dessa ideia que critico todas as situações que podem ser interpretadas como correspondendo a espinhas gelatinosas. Não por haver doações, mas porque existem alterações de comportamento incompreensíveis por parte das ONGs, ou por haver diferenças de tratamento de diferentes empresas que eu não percebo. Por exemplo, a urticária em relação ao BES e à EDP, que investem de facto em biodiversidade (sejam quais forem as suas razões para isso) e a benevolência em relação à GALP e ao BCP (que não investem nada em biodiversidade, apesar das suas imensas razões para isso).
henrique pereira dos santos
67 comentários:
Com este post, entra na pouco invejável categoria (para mim) dos que nem resposta merecem.
Esclareço apenas que me referia a ataques à BP em geral, porque a história da BP é longa. Mencionei a BP pela actualidade, nada mais.
No caso concreto do Golfo do México, se depois de 60 dias ainda não sabe "por que razão se deve atacar a BP", a irrelevância de se discutir nas caixas de comentários, designadamente consigo, é elevada a patamares bíblicos.
Por coincidência tinha publicado um filme do Robert Redford a falar sobre o assunto. Esse tem uma ideia sobre algumas das razões que lhe faltam.
O velejador Tony Howard, também não entende porque se está a atacar a BP: "Almost nothing has escaped", "I think the environmental impact of this disaster is likely to have been very, very modest", "The amount of volume of oil and dispersant we are putting into is tiny in relation to the total water volume" (adoro esta), "The oil is on the surface. There aren't any plumes", "What the hell did we do to deserve this?", "I want my life back". (colocar aqui vernáculo à escolha e adequado.) -- JRF
José Rui,
Faz mal em entrar pela pura demagogia.
Eu não estou a minimizar o desastre, estou apenas a dizer que não sei o que falhou e portanto não sei exactamente por que razão se ataca a BP.
O comportamento da BP, parece-me, tem sido bastante razoável em relação às suas responsabilidades, mas se assim não é, expliquem-me em que é que não foi razoável (é escusado usar os argumentos das declarações infelizes do CEO da BP, estou mais interessado em questões concretas).
Dito isto, devo dizer que me preocupam muito mais os dispersantes usados que o petróleo derramado.
Do que sei de avaliações de efeitos de derramos anteriores (feitos com o devido tempo de recuo, não é a cacofonia inicial) aparentemente os efeitos dos derrames são mais económicos (afectação do turismo, aquaculturas e coisas que tal) que propriamente ambientais.
Há efeitos, não tenho dúvidas de que serão de alguma dimensão, mas o que aparentemente a história ensina é que a recuperação é relativamente rápida e a afectação dos sistemas relativamente limitada.
Não é assim? Estou disposto a ir ler as referências que me derem sobre avaliações de derrames anteriores.
De qualquer maneira o post não é sobre isso.
henrique pereira dos santos
José Rui,
O filme com o Robert Redford não é sobre este desastre, é sobre o consumo de petróleo em geral.
Sobre as razões para atacar a BP, tirando as razões gerais que são usadas para criticar toda a indústria do petróleo, nenhuma.
henrique pereira dos santos
Caro Henrique
O seu texto é politicamente correcto, mas não ignora certamente as pressões políticas destas grandes companhias petrolíferas, sejam elas norte-americanas, britânicas, francesas ou italianas, no sentido de tornar menos restritivas as leis - quando não se trata de puro suborno - aplicáveis à sua actividade. Isto acontece nos EUA, mas é pior, muito pior, embora tenha pouca visibilidade, em países com regimes repressivos. O caso, apesar de tudo, mais visível, tem sido a Nigéria
Sobre as consequências ambientais do derrame de petróleo no Golfo do México:
http://en.wikipedia.org/wiki/Deepwater_Horizon_oil_spill#Ecology
«So much crude pouring into the ocean may alter the chemistry of the sea, with unforeseeable results, said Mak Saito, an Associate Scientist at Woods Hole Oceanographic Institution in Massachusetts.»
Caro José M. Sousa,
A corrupção é um problema dos Estados, não tanto das empresas. O que se passa na Nigéria não resulta das pressões das empresas (que existem e existirão sempre, todos nós fazemos pressões) mas sim a organização do Estado.
Quanto à citação que faz não diz nada a não ser que o senhor em causa diz que não faz ideia do que vai acontecer.
henrique pereira dos santos
Tem uma forma muita selectiva de ver as coisas!
Há pressões que são ilegítimas, quando envolvem subornos ou assassínio, por exemplo!
Graças a Deus que uso selectividade a ver as coisas. Já imaginou o que seríamos se engulíssemos tudo o que nos querem enfiar pela goela.
Mas eu não tenho a menor dúvida de que há rpessões ilegítimas (mesmo sem ser tão extremadas como essas que cita).
O que digo é que isso é primariamente dos Estados que são incapzes de reprimir e sancionar esses comportamentos.
henrique pereira dos santos
Olhe que talvez não sejam tão extremadas como julga. Parece achar que, na corrupção, só um dos lados é culpado, o Estado. Esquece-se do envolvimento activo - directo ou indirecto - deste tipo de empresas em derrubes de regimes democráticos. E não estou a tentar enfiar-lhe nada pela goela abaixo. É matéria de facto.
Quanto aos efeitos dos derrames ver aqui
Aqui tem um exemplo, para além do citado no Global Issues sobre a Nigéria.
José M. Sousa,
Com certeza que as empresas são responsaveis pela corrupção em que participam. Mas isso não quer dizer que o problema central da corrupção não seja o Estado (aliás a mesma BP opera na Nigéria e nos Estados Unidos, e tanto quanto sei nunca foi acusada nos estados unidos do mesmo que é acusada na Nigéria. A BP é a mesma, o que muda é o Estado).
Não queria acreditar que o exemplo que me estava a dar do poder destas companhias derrubarem governos democráticos era o da Pérsia em 1953. Sim, 1953, há mais de cinquenta anos. Acresce que quem derrubou o governo não foram as companhias, mas sim o Estado Inglês e os Estados Unidos (a BP era aliás nessa altura uma companhia detida pelo Estado). Por causa dos interesses petrolíferos, com certeza, mas daí a dizer que foram as empresas a derrubar os governos vai um distância incomensurável. Que o Primeiro Ministro foi eleito não há qualquer dúvida. Que o regime fosse democrático é que já é só para quem tem um conceito bastante elástico de democracia.
Francamente esperaria mais consistência na argumentação.
Quanto ao link para os efeitos dos derrames, continuo na mesma. Leu o que lá está escrito sobre a recuperação dos sistemas?
Não estou a dizer que não existem impactos, estou a dizer que são muito empolados (repare na quantidade de coisas que estão no condicional e nas que apenas são apresentadas no caso mais extremo).
Mas no fim de tanta conversa ainda não percebi em que é que a BP se comportou mal neste derrame em concreto.
henrique pereira dos santos
Não sabe se deve criticar a BP?!?!?!...
Fosse isto no consulado do Bush em vez do Obama e seria engraçado ver o que escreveria sobre este assunto…
Então a culpa é de quem? Do Cavaco? Da conspiração sionista? Dos marcianos?
A sua espantosa afirmação só se compreende porque sai de uma cabeça que é ligeira a opinar sobre produção de energia eléctrica, embora nem sequer saiba o que é a electricidade!!!! E que – evidentemente – também não percebe nada de economia, porque se soubesse, saberia que por causa do EBIT a administração da BP está-se nas tintas para os riscos inerentes ao que faz! Só vê cifrões à frente! Sabe o que é o EBIT? Tem dúvidas? Então informe-se sobre o que o CEO da BP declarou, já depois desta catástrofe, sobre os dividendos…
Ao longo de todo este processo a BP tem pautado o seu comportamento pela vergonhosa, e reprovável, ocultação de factos!!!! Desde logo pela proibição dos funcionários que estavam na plataforma prestarem declarações! Pela aldrabice pegada sobre os barris derramados e os barris recuperados! Pelo protelar constante da implementação de medidas, por razões estritamente economicistas! As mesmas que - misturadas com uma arrogância bacoca – conseguiram iludir a necessidade de um estudo de impacte ambiental prévio à instalação da plataforma, e a consequente implementação das medidas de mitigação!!!!! Sabe o que é um estudo de impacte ambiental? Ou ainda mais espantoso: sabe! mas entende que uma plataforma de exploração petrolífera é uma coisa a modos dum PIN no litoral alentejano, e portanto é um projecto que não precisa de EIA?!!!
Felizmente em terras do Tio Sam opiniões como a sua, tão tipicamente porteguesinhas da Silva (inocentar os criminosos, responsabilizar as vítimas, e culpabilizar a sociedade) não pegam! A coisa pode demorar, mas não tenho dúvidas que alguém vai fazer companhia ao Madoff, e não vai ser o porteiro do prédio onde a BP tem a sede…
Entretanto sugiro que o HPS se dedique a falar sobre paisagismo. Tem aliás neste acidente um campo fértil para teorizar: formas de mascarar a porcaria que o derrame da plataforma da BP provocou (e vai continuar a provocar) na orla costeira do golfo (e não só! A quantidade de petróleo é tanta que também vai chegar a Portugal, nem que seja através do peixe). Aproveite para pedir um subsídio de investigação – desconfio que com a defesa que acabou de lhes fazer, a BP tem lá uns euros que lhe poderá dispensar.
Ou melhor ainda: aproveite o balanço da época que vivemos e fale de futebol!
Completamente de acordo com o anónimo de cima.
Já ouviu falar do acidente de 2005: uma explosão na refinaria da BP de Texas City? Adivinhe as razões porque se deu… procure lá outros acidentes da BP nos últimos anos, e depois some 1+1 e veja lá se não nota sempre o mesmo padrão: redução de custos.
Mas é verdade! A BP tem uma qualidade: é uma companhia que acredita no Aquecimento Global Antropogénico, e isso desculpa muita coisa, e os subsídios dão para limpar muitas nódoas, mesmo de petróleo, não é verdade?
JM
Caro Anónimo e JM,
Vamos lá tentar ouvir alguma coisa no meio dos gritos.
Portanto, neste caso, as críticas à BP devem-se:
1) Ocultação de factos. Reprovável sem dúvida. Quais os factos centrais ocultados?
2) Proibição dos funcionários prestarem declarações. Normal neste tipo de situações em quaisquer companhias do mundo. Se acho bem ou mal é outra discussão. Só me espanto que isso seja considerado criminoso aqui mas não em relação, por exemplo, aos clubes de futebol que passam o tempo a instituir regras dessas em situações delicadas, por razões óbvias;
3) Aldrabice pegada sobre barris libertados e recuperados. Se em relação aos recuperados é mais ou menos fácil saber quantos são, já em relação aos libertados, tanto quanto sei, existem várias estimativas de várias fontes mas não existem certezas;
4)Pode dar uma lista de medidas proteladas por razões económicas? Acredito que existam, mas gostava de as ver listadas;
5)Não sei do que está a falar sobre o estudo de impacte ambiental. Quem decide sobre a necessidade ou não de estudos de impacte ambiental é a adminsitração, não são as empresas, portanto gostaria de perceber melhor o que está a dizer;
Pode por acaso indicar onde eu inocentei criminosos, responsabilizei as vítimas e culpabilizei a sociedade?
Neste caso, tanto quanto sei, a BP tem assumido as suas responsabilidades deste o início, porque não há qualquer dúvida de que é a responsável pelo assunto.
Por isso volto a perguntar: o vosso problema é com a actividade de extracção de petróleo (como é o caso do Robert Redford citado acima) ou é com o comportamento concreto da BP neste caso?
Acho muito bem que se investigue a negligência que eventualmente tenha existido, que se faça a companhia assumir a responsabilidade por essa negligência se ela existiu.
Mas continuo sem saber por que razão neste caso concreto deve a BP ser atacada sem mais nem menos.
Volto a dizer, tenho acompanhado o assunto e até hoje não vi nenhuma demonstração de houve negligência e fuga às responsabilidades.
O argumento do aquecimento global é simplesmente estúpido: nenhuma pessoa preocupada com o aquecimento global é favorável à indústria petrolífera.
Mas responsabilizar a indústria petrolífera por pretender pôr nos consumidores um produto que procuram a preços competitivos parece-me um erro evidente de análise.
henrique pereira dos santos
Esqueci-me,
Anónimo, vá lá estudar os derrames anteriores para ver se percebe que a probabilidade do afectação significativa da cadeia alimentar pelo petróleo é mínima. Ao contrário dos metais pesados e outras coisas que tal não acumulação de petróleo na cadeia alimentar e portanto o petróleo não chega cá via peixes.
Se gritasse menos e estudasse mais talvez dissesse menos asneiras.
henrique pereira dos santos
Eu li que alguns impactos podem durar décadas.
O Henrique pensa mesmo que um sector estratégico como o petrolífero está entregue exclusivamente à lógica do mercado, sem intervenção directa ou indirecta dos Estados? Julgo que não é uma pessoa ingénua.
Quanto a conceitos elásticos de democracia, você terá os seus, tal como têm as potências ocidentais. O Amin Maalouf escreveu um livro ("Um mundo sem regras")interessante que toca este assunto.
Quanto a comportamentos da BP, para além deste e de outros casos de acidentes referidos por outro comentador, a lógica é sempre a mesma: curtar custos ou socializá-los para distribuir mais dividendos; A BP, desde o princípio que tem ocultado informação sobre ou desvalorizado este derrame. Como sabe, há um debate nos EUA sobre legislação para impor padrões mais exigentes na legislação sobre ambiente e energia, bem como restrições na exploração offshore e a BP, bem como outras companhias recorrem a todos os meios para a impedir.
«That lack of oversight is a key reason, “the safety record of U.S. offshore drilling compares unfavorably, in terms of deaths and serious accidents, to other major oil-producing countries. Over the past five years, an offshore oil worker in the U.S. was more than four times as likely to be killed than a worker in European waters.” And blowouts are much more common in the Gulf than anywhere else.»
«Mangrove forests are located in tropical regions and are home to a diversity of plant and animal life. Mangrove trees have long roots, called prop roots, that stick out well above the water level and help to hold the mangrove tree in place. A coating of oil on these prop roots can be fatal to the mangrove tree, and because they grow so slowly, replacing a mangrove tree can take decades.»[...]
«The negative effects of on oil spill may eventually fade away, but in many cases it will be matter of several years, even decades, before an area or ecosystem has fully recovered from a spill that caused extensive damages. Every situation is unique and depending on the particular conditions and circumstances in that area, and on the characteristics of the spill. Some areas might recover in a matter of weeks, others will need up to 20 years.»
Tem razão, que em alguns casos a recuperação pode ser rápida.
Em todo o caso, o derrame em si constitui um enorme desperdício de um recurso que devia ser explorado com mais cuidado.
Já agora, um artigo de Monbiot, acabadinho de chegar:
«So, to keep the money flowing, BP takes risks that other companies won’t contemplate. “Risk”, the review states, “remains a key issue for every business, but at BP it is fundamental to what we do. We operate at the frontiers of the energy industry, in an environment where attitude to risk is key … We continue to show our ability to take on and manage risk, doing the difficult things that others either can’t do or choose not to do.”(3)»"
Um artigo interessante da "Ethical Corporation" acerca da Responsabilidade Social das Empresas à luz do caso BP:
BP and the Gulf of Mexico oil spill: Exposing the limits of CSR-lite:
"Three major incidents appear to be more than coincidence or bad luc. [...]This calls into question whether CR as currently practiced is fit for purpose.
A possible explanation for the apparent failure of CR, is that the bar is set too low in most of the approved processes and standards.
In other words it’s too easy to have an A+ report and a certified environmental management system.
[...] This may well be part of the problem and one does hear stories of a box-ticking mentality among some of the systems certifiers.
It appears entirely likely that we have developed quite a good understanding of how to identify sustainability risks, but still do not really give that information the weight it deserves when it comes up against commercial pressures – like the need to do things quickly, to cut costs and to minimise regulatory hurdles.
Have we been too accommodating in our effort to ingratiate CR to business, seeing lip-service as preferable to rejection? By ‘we’, I mean the CR industry itself. Consultants, auditors and in house professionals are not in the best position to stand up to really serious pressure from senior executives."
«In 2002, after one of its analysts conducted his own research into the safety risks that BP was taking in Alaska, Henderson Global Investors dropped BP from its socially responsible investment funds (this begs the question of what it was doing there in the first place, but never mind)(11). Henderson published its decision and the result was a stampede out of BP stocks by … nobody.» in Monbiot 21 Junho
Caro José M. Sousa,
Eu também li que há umas pessoas que dizem que os impactos podem durar décadas, mas sempre que falam de casos concretos isso nunca aconteceu.
É típico do discurso ambientalista mainstream ser catastrofista.
Quanto ao resto não percebo o que tem com esta acidente em cocnreto e com o comportamento da BP neste acidente em concreto.
Só para exemplo, passam o tempo todo a falar de ocultação de factos e eu fico baralhado: se os factos foram ocultados, como se sabem?
henrique pereira dos santos
Bom, o link é da UNEP - United Nations Environmental Programme. Ora, este problema já dura há mais de dois meses e, como deve saber, há uma tremenda luta mediática em torno do problema do "offshore drilling". O lobby do petróleo esforçou-se e continua a esforçar-se para minimizar o problema por razões óbvias
Cada um vê aquilo que quer...
«Scientists, too, have complained about the trickle of information that has emerged from BP and government sources. Three weeks passed, for instance, from the time the Deepwater Horizon oil rig exploded on April 20 and the first images of oil gushing from an underwater pipe were released by BP."»
É natural que as empresas defendam os seus interesses, pretender o inverso é no mínimo ingenuidade.
Em relação ao offshore drilling há com certeza discussões, mas quem toma as decisões são os Estados, tanto quanto sei. Influenciados pelas empresas? Claro, e por todos os outros grupos de pressão, incluindo o movimento ambientalista.
O que não percebo é o que tem isso com o acidente em causa e a assumpção de responsabilidades por parte da BP.
Se a acusação é a de que a BP está a realizar uma actividade de risco, com certeza, é uma acusação verdadeira.
Ms está a fazê-lo de forma ilegal ou tendo usado pressões ilegítimas e eventualmente ilegais?
Tenho as maiores dúvidas (eu pelo menos não vi isso escrito em lado nenhum).
Quantas actividades de risco são todos os dias exercida no mundo por empresas, estados e particulares?
Se são de risco, é porque podem correr mal.
Ou se adopta uma posição de risco zero (legítima, mas do meu ponto de vista idiota) e então muito bem, parem-se todas as actividades de risco, ou se adopta uma posição de avaliação caso a caso que deve depender, em última instância, das decisões do estado. Normalmente as autorizações de actividades de risco implicam para o promotor responsabilidades.
É o caso e por isso a BP assumiu as suas responsabilidades.
Ou não foi assim?
henrique pereira dos santos
Caro Henrique Pereira dos Santos
Agora sou eu que lhe pergunto se leu os artigos que lhe indiquei?
Acha mesmo que as organizações ambientalistas estão a par em termos de poder de "lobbying" - o que exige muitos recursos - das petrolíferas?
Acho que depende das circunstâncias. Neste momento não tenho a menor dúvida de que estão em muito melhor posição para influenciar o governo que a BP. Noutras alturas, por exemplo, quando o preço do petróleo sobe, dá-se o inverso.
Resumindo: se neste momento se consultarem as pessoas acerca do offshore drilling haverá muito gente contra, representando muitos votos, pelo que os governos tenderão a procurar dar satisfação a esses potenciais votantes (veja-se o inacreditável comentário do chefe de gabinete de Obama sobre o facto do CEO da BP ter ido com a fam+ilia dar um passeio ao fim de dois meses);
Numa altura em que o petróleo esteja com preços elevados, será fácil às empresas petrolíferas fazer passar regulamentação menos apertada e mais favorável ao offshore drilling.
Ou acha que a elevada taxação dos combustiveis fósseis na Europa foi feito com o acordo das petrolíferas?
A isto chama-se democracia.
henrique pereira dos sants
«Ou acha que a elevada taxação dos combustiveis fósseis na Europa foi feito com o acordo das petrolíferas?»
Pois aí é que está. Não sei se reparou numa citação sobre a probabilidade de morte de um trabalhador nas plataformas no Golfo vs elsewhere. Apesar de tudo, a Noruega e a Grã-Bretanha, e a Europa em geral, são mais exigentes na defesa do interesse público do que é hoje a Administração Americana e seu sistema político. A regulamentação não é apenas em relação ao off-shore drilling, é em relação a tudo.
Afinal estamos de acordo: o problema é o Estado, não a empresa. É o que estou a tentar dizer desde o princípio, que há uma enorme confusão entre responsabilidades do Estado e responsabilidades das empresas.
Já há tempos disse exactamente o mesmo quando o movimento ambientalista desatou a criticar a EDP pela execução de políticas do governo.
henrique
"Faz mal em entrar pela pura demagogia."
E faço coisas muito piores. Mas se me chama demagogo puro, lá vamos nós outra vez... -- JRF
Lamento, mas não estamos de acordo; o problema também é da empresa, que corrompe, que se aproveita de um sistema político onde há corrupção institucionalizada (a expressão não é minha)e que se faz passar por empresa socialmente responsável, etc.
BP received a total of 862 citations between June 2007 and February 2010 for alleged violations at its refineries in Texas City and Toledo, Ohio.
Of those, 760 were classified as “egregious willful” and 69 were classified as “willful.” Thirty of the BP citations were deemed “serious” and three were unclassified. Virtually all of the citations were for alleged violations of OSHA’s process safety management standard, a sweeping rule governing everything from storage of flammable liquids to emergency shutdown systems. BP accounted for 829 of the 851 willful violations among all refiners cited by OSHA during the period analyzed by the Center.
"willful", para não haver dúvidas, significa: "(of something bad) done intentionally or (of a person) determined to do exactly as you want, even if you know it is wrong"
José M Sousa, grande texto Monbiot... Se o tinha lido antes, em vez de escrever e perder um tempão tinha mandado para lá o HPS. No meio daquilo tudo deve haver uma ou duas razões para se criticar a BP. -- JRF
HPS os efeitos Exxon Valdez duram. Alguns foram irreversíveis até à data, como a extinçao da população De orcas da Prince Edward Sound. -- JRF
"se os factos foram ocultados, como se sabem?" Pérola guardada para futura referência. --JRF
"Acha mesmo que as organizações ambientalistas estão a par em termos de poder de "lobbying" - o que exige muitos recursos - das petrolíferas?"
Pareceu-me entender isso... é impressionante de facto. Não sei como interpretar... Porque estou num blogue ambientalista. Ou é pancada ideologica liberal levada ao extremo, ou é não ter noção das suas proprias capacidades... Quem fala assim do ambientalismo face a empresas maiores que os proprios estados, não é gago. -- JRF
"Mas mesmo assim é um dado adquirido que é preciso atacar a BP porque provocou um desastre ambiental."
Não percebo porque não. Isto se "atacar" significa tê-la como responsável, claro. Uma empresa responsável é uma empresa eficiente. Em termos de avaliação de segurança a Exxon saiu bastante à frente, tomando os mesmos riscos. A BP vai pagar uma compensação e não é inverosímil que seja comprada pela Exxon no final disto. Ganha a empresa mais eficiente.
"Por essa ordem de ideias era preciso atacar cada um de nós que todos os dias é co-responsável pela pressão sobre os recursos que existe."
Não percebo como usar petróleo significa pactuar com negligência flagrante na sua exploração. Existem modos mais responsáveis de explorar petróleo- lembro a colaboração da WWF com a Chevron na Indonésia, já que se fala em ONGAs. Podemos apoiar uma redução do uso de petróleo e exigir que seja extraído com responsabilidade, não percebo de todo a confusão...
José Rui,
Pode dar-me a referência dessas extinção e ausência de recuperação?
Apenas falei da responsabilidade da BP neste acidente, era isso que estava em causa. Se querem criticar a BP por outras actuações sintam-se convidados mas não tem nada com o que eu escrevi cujo contexto não deixa qualquer dúvida: em concreto neste desastre por que razão deve a BP ser atacada? Importam-se de responder de forma clara e directa?
Apurar responsabilidades é uma coisa, considerar a BP criminosa neste momento é outra.
henrique pereira dos santos
Tive de procurar, não me lembro. Na Wikipedia diz: The Exxon Valdez oil spill adversely affected killer whales in Prince William Sound and Alaska's Kenai Fjords region. Eleven members (about half) of one resident pod disappeared in the following year. The spill damaged salmon and other prey populations, which in turn damaged local killer whales. By 2009, scientists estimated the AT1 transient population (considered part of a larger population of 346 transients), numbered only 7 individuals and had not reproduced since the spill. This population is expected to die out.
Entretanto já li que a população morreu mesmo. Mas não sei onde. Está aqui a referência da Wiki, mas não tinha lido aqui:
http://www.wired.com/wiredscience/2009/03/valdezwhales/
Olhe uma coisa, assim é fácil ou não vale: porque eu também não falei deste acidente em concreto. Questionava-me sobre o financiamento ambientalista. E o HPS, saltou logo para os fantasmas e para o "não sei de nenhuma razão para criticar a BP". E há muitas razões. E sobre o caso concreto, dê um tempo. Os parceiros de plataforma já começaram e outros se vão seguir.
Nuno: não tão depressa. Não pode extrapolar deste acidente da BP para a Exxon é mais eficiente. E a Chevron (Colapso?) tem também a sua bela história. O que poupam na Indonésia, estragam na Amazónia. Etc. A indústria do petróleo, só não estraga o que não pode. -- JRF
Entretanto também da Wired:
Contrary to the conventional wisdom of 1989, oil isn’t just a problem in a the immediate aftermath of a spill, when coastlines and wildlife are covered in a hideous, highly photogenic slick. It wreaks a subtle, long-term havoc, as toxic chemicals enter ecological cycles and take decades to break down. That’s not only true in Prince William Sound, but around the United States, where millions of gallons of oil spill every single year.
http://www.wired.com/wiredscience/2009/03/valdezlegacy/#ixzz0rct0bfR8
Admita que está muito errado. -- JRF
José Rui,
Um artigo que se baseia no ue diz uma organização de interesses e confunde os efeitos do crude com o da gasolina dos carros parece-me bem menos convincente que a imensa literatura com peer review sobre o assunto.
E sim falava deste acidente em concreto: "A minha questão (não tenho certezas) é se por exemplo agora uma BP desejosa de boa imagem começar a distribuir umas verbas por umas ONG como a ATN, se as ONG devem contribuir para a limpeza da imagem, ou se devem continuar os ataques em nome de valores que são intangíveis." O que está ali a fazer o agora se não é deste derrame em concreto que se está a falar?
henrique pereira dos santos
Caro Henrique
Tenha paciência, mas se tivesse lido as referências que lhe foram dadas, já teria percebido qual a reaponsabilidade da BP. Ela foi, no mínimo, gravemente negligente. E não pode continuar a fazer de conta de que o historial da BP noutros casos semelhantes não é relevante para o caso presente, caso contrário não está a ser sério na discussão. De qualquer modo, mais alguns dados:«The BP investigation has also raised concerns about the maintenance history, modification, inspection, and testing of the BOP.»
José M. Sousa,
Posso sugerir uma interpretação alternativa do que eu escrevo? Aqui vai: li os seus links todos e faço deles leituras completamente diferentes. Por exemplo, e porque desde o princípio a questão era saber por que razão deve a BP ser atacada pela sua actuação neste derrame, desvalorizo todos os inúmeros links que manda sobre a responsabilidade global do sector petrolífero na degradação do mundo. Não porque isso não seja relevante, mas porque para a discussão concreta do que está em causa (a paranoica mania de sectores ambientalistas dispararem primeiro e perguntarem depois) isso é irrelevante.
Tomemos um exemplo do último link que apresenta como uma demonstração de que a actuação da BP na gestão deste derrame merece censura.
Pois bem, o que vejo é a BP a disponibilizar os relatórios da sua investigação interna, vejo-a a assumir responsabilidades a um nível a que o autor do escrito considera inusitado ("And that mere declaration puts BP, the operator of the project, in the hot seat") e vejo o autor atirar-se à administração pelos seus erros eventuais, coisa que a BP aparentemente não fez ("It’s not likely BP will ever include this, but the list is missing one major factor: the failure of the government’s Minerals Management Service to properly regulate the operation to begin with.").
Ou seja, eu leio os seus links, leio é coisas diferentes do que o José M. Sousa lê.
É por eu ser desonesto na discussão?
Pode ser, mas nem respondo a essa acusação recorrente (e a insinuações mais baixinhas como as que faz o José Rui no seu blog quando diz que eu sou especialmente sensível a tudo o que diga respeito ao BES). E não respondo porque das duas uma: ou realmente sou um evidente desonesto ao serviço dos interesses económicos, e não vale a pena desmentir porque ninguém liga ao que eu digo (e o que me espanta nesse caso é que ainda percam tempo a discutir comigo) ou não sou e parto do princípio que o melhor é discutir argumentos e deixar os ataques pessoais onde devem estar: no lixo.
henrique pereira dos santos
Admito que o agora o leve para este acidente... Se estivessemos a falar, essa questao estou convencido que não se colocava. Mas agarra- se a isso como gato a bofe.
Adiante. O meu comentário é o seguinte: tem razao em espantar- se com a perda de tempo, eu próprio suspeitei disso e não devia mesmo ter respondido. Mas vem com as suas demagogias chamar-me demagogo, foi azar (Meu).
Quanto ao BES, além De não ter sentido De humor, vem outra vez dizer que eu insinuo baixamente que não é honesto. Eu li para aqui que participou nesse esquema da biodiversidade e estou certo que terá sido trabalho meritorio. Nem me passa pela cabeça que exista desonestidade envolvida no trabalho, nem nos escritos. Mas é sensível ao BES, que quer que lhe diga? É o banco mais portugues De Portugal, há muita gente que gosta Do BES.
De resto desvalorizou tudo. É assim mesmo. Linquei no blogue para um estudo sobre a falta De recuperaçao Do arenque. Nem o Monbiot o demove, que esperança temos nós pobres comentadores? Devia arranjar um cantinho no blasfemias ( ja tinha dito isto?)..
Meta links para a imensa literatura. -- JRF
Pronto, como queira.
Em todo o caso:
sobre a Minerals Management Service (MMS)
Claro que a culpa é do Estado, dir-me-á, e as companhias não têm obrigação de nenhuma responsabilidade ética e a falta de inspectores, ainda por cima mal pagos, deve ser tudo um acaso, sem nenhuma relação de qualquer tipo com o que a Administração Bush fez em inúmeras agências responsáveis por regular estas e outras companhias. Eu não me pronuncio sobre as suas intenções, acho que é mais obstinação que outra coisa, ou então falta de conhecimento do contexto.Não sei, nem é relevante.
Já expliquei cem vezes a minha sensibilidade em relação ao BES (e a EDP, já agora): não percebo por que razão os que fazem alguma coisa são mais mal tratados que os que não fazem nada. Já disse isto cem vezes mas de facto devo ser completamente incompetente em matéria de comunicação.
http://www.pws-osri.org/publications/other_pubs.shtml
e para abreviar, escolham as referências que quiserem aqui, onde há de tudo:
http://scholar.google.pt/scholar?q=recovery+oil+spills&hl=pt-PT&btnG=Pesquisar&lr=
Convém notar, no entanto, que uma das principais conclusões do desastre do exxon valdez (e outros) é a de que os impactos dos métodos de limpeza (quer químicos, quer físicos) são em muitos casos piores que o dos derrames (e muitas vezes o seu uso imediato é ditado por razões políticas, já que uma coisa viscosa e facilmente perceptível como o crude (e suas sequelas) são muito mais incómodas que a invisível poluição dos dispersantes e coisas que tal.
henrique pereira dos santos
C'um canecos. O primeiro link tem estudos mas não lhes dá acesso (não que fosse ler aquilo tudo).
No Google Schoolar resolvi mudar a sua pesquisa de "recovery" para "persistence" ou "decline"...
Já está a ver o quadro. Acho que isso é um bom retrato dos nossos respectivos bias. A diferença e isso é que não entendo, é que o HPS é ambientalista e eu não.
Agressão atrás de agressão ambiental, o HPS só vê auto-regeneração e bondade na acção do Homem e das empresas. E quem disser o contrário é catastrofista. -- JRF
Reparei depois que em vez de linkar para a home page do instituto, como era minha intenção, linkei para a página de outras publicações. Se fizer o favor de ir para a homepage e procurar outras entradas (como relatórios e etc.) tem muitas análises sobre o assunto.
Quanto ao google scholar pode pôr as palavras que quiser, o que o aconselho é a ler tendo apenas em atenção uma coisa: separe cuidadosamente o que é efectivamente verificado do que é inferido, poderia, até ao máximo de, potencialmente, etc. por aí fora.
Os nossos BIAS não se definem assim mas de outra maneira: linkei-o a dois instrumentos de pesquisa que pode usar como quiser (que aliás foi o que me pediu); pelo contrário, habitualmente tenho sido linkado a coisas específicas com informação pré-formatada.
E é de facto uma diferença grande.
Já agora, não sei o que faz de mim um ambientalista na sua opinião.
henrique pereira dos santos
"Os nossos BIAS não se definem assim mas de outra maneira: linkei-o a dois instrumentos de pesquisa que pode usar como quiser"
Ai é? Anotado para futura referência. Isto faz sentido? É óbvio que estamos a discutir um determinado assunto e que facilita a discussão linkar para o que suporta a nossa, vá lá, tese. Manda-me a internet quase toda e isso já o define sem bias que é o que está a dizer, vs. eu e o José M. Sousa com um bias catastrofista e de certeza anti-liberal, no mínimo... Olhe, considere-se linkado para o futuro:
Google.com
Bing.com
Yahoo.com
Pode utilizar as palavras que quiser.
Lê-se cada uma.
"Já agora, não sei o que faz de mim um ambientalista na sua opinião."
Ah. Obrigado pelo esclarecimento. E o blogue é ambientalista? Às tantas com os seus posts começo a nem saber. -- JRF
José Rui,
Não mandei a internet toda. Vamos ver se nos entendemos. Eu não sou especialista em derrames de crude. Mas tive de lidar várias vezes com o assunto ao longo da minha vida profissinal. Por isso fui lendo sobre o assunto. E li bastante bibliografia com peer review. E tal como em outras matérias intrinsecamente mediáticas (como os fogos e os seus efeitos), verifiquei que há um desfasamento muito acentuado entre a percepção pública do problema e a sua real dimensão (por isso, sobre este derrame da plataforma não sei ainda classificar o desastre, mas estou muito longe de alinhar no mainstream que fala no maior desastre ecológico do mundo ou dos estados unidos). Espero para ver. Do mesmo modo espero para ver a responsabilidade da BP (dificilmente deixará de as ter, e bem pesadas, algumas das quais eventualmente configurarão crimes e muitas outras darão origem a duras batalhas judiciais).
Mas recuso-me a ceder à facilidade de insultar a mãe do árbitro quando a minha equipa está a perder, é só isso.
Quando neste contexto falo na imensa bibliografia que suporta o que estou a dizer (informação que está na wikipedia, se procurar o artigo sobre o exxon valdez verá alegações da exxon sobre a enorme quantidade de bibliografia face a um estudo da NOAA, e convenhamos que este tipo de argumentos não pode ser válido para discutir com os negacionistas climáticos e não ser válido agora) eu limito-me a escolher dois canais de busca: um instituto especializado no assunto e não alinhadoo com a indústria, e o google scholar, que é muito bom para este tipo de coisas.
Não tenho tempo (e teria de perder muito tempo porque não trabalho nessa área) para ir fazer uma triagem consistente (pondo as palavras adequadas seria fácil escolher meia dúzia de referências favoráveis ao que digo, mas não é isso que me motiva).
O mais curioso disto tudo é que o post é sobre outra coisa, não é sobre este derrame. E sobre isso, ninguém pelos vistos tem nada a comentar (a não ser o post que fez no seu blog que já comentei em relação ao que me pareceu razoável, deixando as picardias para quando eu estiver na reforma e não tiver nada que fazer.
henrique pereira dos santos
"estou muito longe de alinhar no mainstream que fala no maior desastre "
Repare numa coisa: o ex-amigão Tretas, diz que o mainstream anda calado. Que os ambientalistas não fazem barulho. O Tretas não inventa nada, limita-se a ir aos sítios anti-ambientais, que é isso que dizem. Pode-se ser preso por ter cão e preso por não ter, mas o seu cuidado e zelo, neste caso, é no mínimo, de um exagero imenso. Incompreensível. Porque além disso desvaloriza tudo que não lhe interessa. Eu ia até falar no aquecimento global, mas já nem penso nisso. Senão são mais 50 comentários e alguns posts.
Injusto: eu preocupo-me com o financiamento das organizações ambientais e no meu post isso está bem patente. Só que na minha opinião as organizações têm de ter moral, é uma resposta directa a esta sua visão amoral e micro gerida do financiamento. Não são só picardias. É a verdade. -- JRF
"Apenas falei da responsabilidade da BP neste acidente, era isso que estava em causa. Se querem criticar a BP por outras actuações sintam-se convidados mas não tem nada com o que eu escrevi cujo contexto não deixa qualquer dúvida: em concreto neste desastre por que razão deve a BP ser atacada? Importam-se de responder de forma clara e directa?
Apurar responsabilidades é uma coisa, considerar a BP criminosa neste momento é outra."
HPS 11:37 pm 22-06-2010
"O mais curioso disto tudo é que o post é sobre outra coisa, não é sobre este derrame."
HPS 04:02 pm 23-06-2010
Avanco com a sugestao de que, de facto, sera extremamente complicado comentar o conteudo de um post em que o seu proprio autor te dificuldades em definir com claridade por periodos sequer de 24horas...
E o que tenho com o que diz o tretas? Tudo lhe serve para dizer que há uma conspiração ambientalista no mundo. Não é para chatear ou não o tretas que falo disto ou daquilo. Neste caso em concreto não tenho nenhum contributo de especial para a discussão (e volto a dizer, no post limitei-me a perguntar por que razão se parte do princípio de que é preciso atacar a BP) espero calmamente para deixar passar o tempo e depois ler as notas de rodapé que irão dizer que afinal e tal e coisa, parece que não foi tão grave como se admitia (pode guardar este também para memória futura).
É claro que há aqui uma divergência de fundo: está a atacar-se o sector petrolífero porque tem impactos ambientais negativos e eu acho isso um contra-senso. O sector petrolífero faz o que qualquer empresa faz: fornece consumidores que procuram os seus produtos.
Não é verdade que eu tenha uma visão amoral do financiamento das associações. O que tenho é uma moral diferente da sua. Na minha moral é ilegítimo que as associações condicionem a sua actuação por causa dos financiamentos das empresas. Na sua moral é ilegítimo receber doações de empresas "sujas".
São duas morais diferentes de facto, não se trata de uma moral e uma ausência de moral.
henrique pereira dos santos
Lowlander,
O post é sobre a relação entre as ONGs e as doações de empresas. No enquadramento, porque vinha atrelado ao que eu estava a comentar, manifestei a minha perplexidade pelo facto de à partida se considerar que a BP deveria ser atacada.
Por causa dessa introdução os comentários focaram-se na BP. E eu fui respondendo a esses comentários tentando focar a discussão no que desde o início estava em causa nos comentários: "por que razão a BP deve ser atacada pela sua actuação neste derrame". Os comentaristas insistem em falar da extracção de petróleo globalmente, e das responsabilidades da BP numa série de outras coisas.
Por isso eu disse que se quiserem comentar a BP estejam à vontade, mas o post não é sobre isso.
Onde está a dificuldade de saber o que diz o post?
Ainda que eu tivesse essa dificuldade, que não tenho, era só lê-lo.
E já agora, tem resposta clara e concreta para a pergunta que tenho vindo a fazer nos comentários?
Ou quer comentar mesmo o post e as relações entre ONGS e donativos de empresas?
henrique pereira dos santos
Sobre essa questão, acho que as ONG´s devem basear o financiamento dos seus projectos sobretudo em donativos de particulares, de cidadãos comuns. As grandes empresas, cotadas em bolsa, regra geral dedicam o que para elas são "peanuts" para projectos enquadrados na sua responsabilidade social quando, frequentemente, a sua actividade principal causa prejuízos bem maiores ("greenwashing"). Não pode dizer que tudo o que foi dito sobre a BP não tem nada a ver com isto. Tem e muito.
BP is the top dog, arrogating to itself the lion’s share of the wealth from the deepwater oil reserves and displacing the risks onto the rest of us. The oil industry took pains to secure a statutory limit on its liability from offshore oil spills to a paltry $75 million, after which we taxpayers pick up the tab. Efforts to raise that liability cap to $10 billion or eliminate it altogether are in the works, but there is sure to be fierce opposition, and not just from Republicans.
Isto é tudo conversa de ambientalistas radicais...
"tal e coisa, parece que não foi tão grave como se admitia (pode guardar este também para memória futura)."
Já está. Isto é ouro (negro) puro. -- JRF
José M. Sousa,
Podia desde o princípio ter explicado que parte do princípio de que todas (ou quase todas) as grandes empresas, nomeadamente as cotadas em bolsa, são corruptas e que portanto o derrame é só uma oportunidade para atacar uma delas.
Tínhamos poupado imenso tempo.
henrique
"fornece consumidores que procuram os seus produtos."
Como já foi dito antes, mas infelizmente não aceita, há muitas formas de fornecer os consumidores. Mas não fique a pensar que tenho ilusões, porque não tenho.
"O que tenho é uma moral diferente da sua. Na minha moral é ilegítimo que as associações condicionem a sua actuação por causa dos financiamentos das empresas."
Concedo mais uma coisa: tem jeito para as palavras e consigo é impossível ganhar.
Isto é uma distorção deliberada do que está em causa. Vai sem dizer. É a moral de qualquer pessoa que se preze.
Dito isto, não me parece possível o dinheiro mudar de mãos (transparentemente) sem exercer a sua "magistratura de influência". Até porque sendo a sua tese (e a minha) que as empresas defendem os seus interesses, ao financiarem é para isso, não é para outra coisa. Pode até existir o caso de interesses pontualmente coincidentes, mas...
"Na sua moral é ilegítimo receber doações de empresas "sujas"."
...no caso de empresas cuja actividade central tem como consequência a destruição continuada do ambiente, mesmo esses interesses coincidentes deviam ser seriamente avaliados.
Diz que as organizações não são "juízes de bondade", se isto não é amoralidade não sei o que é. No mundo da amoralidade é tudo muito lindo até chegarem as crises e/ou os riscos grosseiramente calculados. É uma chatice.
Mau é para os que morreram, para os milhões e milhões de animais, para aquelas pessoas que têm que mamar esta miséria diariamente e não têm iate para ir dar umas curvas (se é demagogia, é com muito gosto). Bom é o lodo que estes casos normalmente trazem à superfície. Ficarmos todos a saber um bocadinho mais sobre moralidade.
Hoje, nem a BP quer estar perto da BP, quanto mais organizações ambientalistas que receberam a verba. Prevejo uma mudança de imagem mal a poeira assente — via fusão se a empresa ficar extremamente frágil, ou via milhões se continuar sólida.
Eu não percebo as suas teorias. Nem percebo que não veja isto. -- JRF
Estou desgraçado, não faço mais nada... Essa última era escusada caro HPS.
Eu tenho preocupação em investir em empresas com ética e socialmente responsáveis e é algo que anda muito longe de ser fácil. Se acha que é, invista e depois conte como foi.
Nos bancos (ao balcão) o que acontece é que ficam a olhar para nós. Suponho que devam ser como o HPS... Éticas? Então não são todas? Se estão na bolsa, têm que cumprir as regras, são legais, CMVM, blá blá... Nada feito. (muito depois julgo que surgiu um fundo de renováveis na CGD, mas não sou cliente desses.)
Nos bancos de investimento, falando com os funcionários ao telefone, nada sabem sobre ética ligada às empresas. A mesma conversa. Consegui há uns anos uns fundos, pesquisando e perdendo um tempão. Ganhei bom dinheiro, mas não encontro o post posterior sobre o assunto.
Mesmo assim, se leu o post do Monbiot, fica a saber que pelos vistos até a BP consegue entrar nesses fundos éticos. Parece que a questão não é serem todas corruptas, parece que é uma espécie de estado das coisas. É como viver na constante presença de petróleo derramado. Ao fim de uns anos já se pensa que é água pura. Porque não se conhece outra coisa. -- JRF
Eu não disse que todas as grandes empresas, sobretudo as cotadas em bolsa, são corruptas. Eu acho que está a desconversar. Eu não digo que, em absoluto, uma ONGA não possa ou deva receber apoios financeiros deste tipo de empresas, mas deverão ter algumas cautelas.
HPS,
Nao comento e recuso-me a lhe dar mais troco por 3 motivos:
1 - O Jose Sousa e o JRF ja disseram quase tudo aquilo que ha para dizer e creio que neste momento estao apenas a argumentar em circulo porque o HPS esta apenas a desconversar.
2 - O HPS muda os termos de discussao a seu bel-prazer (sera este derrame em particular? os apoios "greenwash" as ONGA's ambientais?), ou em portugues corrido - esta a desconversar.
3 - O conteudo do post e ridiculo. Argumentar que o comportamento da BP esta assima de reprovacao e que em vez disso devemos ficar indignados isso sim com Estados e/ou cidadaos comuns sem real poder de decisao porque consomem petroleo numa sociedade organizada a volta do consumo de petroleo roca a pantomina. Anda ao nivel do trollismo - pura provocacao para gerar discussoes acaloradas e sem sentido. E nao se abespinhe que e mesmo isso que se passa aqui, um blog a portar-se como um troll.
O comentário que pretendia colocar lá atrás Of greatest concern to me is the environment in which these inspectors operate -
particularly the ease with which they move between industry and government
Claro que isto não tem nada a ver com isto e isto. É tudo coincidência.
E já agora, é curioso que o Henrique considere tão inócuo um derrame que forçou a BP a constituir um fundo de 20 mil milhões de dólares e apareceram notícias de que estaria a tentar obter recursos num total de 50 mil milhões para qualquer eventualidade. O prejuízo deste derrame deve ser coisa pouca...
Quanto a referências explícitas sobre consequências de derrames passados:
Exxon Valdez Oil Spill Trustee Council:
Status of Injured Resources & Services
Lowlander,
Se quiser ter a amabilidade de me dizer onde alguma vez eu disse que o comportamento da BP está acima de reprovação eu agradeço para eu corrigir o que disse de forma a ficar mais claro o que pretendi dizer: "podem dizer-me em concreto neste derrame o que é reprovável no comportamento da BP?";
Se não for muito incómodo agradeço também que me diga onde disse eu que devíamos ficar indignados com os Estados e cidadãos comuns.
henrique pereira dos santos
O texto do "On the Commons" que citei atrás tem um erro: onde diz que o derrame varia entre 1 e 2.1 milhões de barris deve ler-se galões em vez de barris.
Enviar um comentário