Clicar para ler o texto delirante que retrata melhor os mundos idílicos que existem na cabeça de quem o escreve que a verdadeira realidade da aldeia retratada
"Miranda do Corvo
Locais a visitar
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Aldeia do Gondramaz
O Gondramaz é uma pequena aldeia de xisto encravada na serra de Vila Nova, cuja origem se perde nos tempos. Com meia dúzia de habitantes fixos, a aldeia é actualmente alvo de um programa de reabilitação por estar inserida na Rede das Aldeias de Xisto. A tipicidade das suas casas e dos seus moradores - de onde sobressai o escultor Carlos Rodrigues - faz deste pedaço de paraíso natural um local a visitar e descobrir. Com a evolução dos tempos e a busca de melhores e mais dignas condições de vida, a Aldeia foi sendo substituída pela Cidade, e a estas comunidades onde fervilhava gente deram lugar os largos abandonados de conversas, onde aqui e ali se sentam os que ficaram e esperam lentamente que o ponteiro dos segundos passe, ansiando que o Verão chegue e traga de volta aqueles que o vento levou para longe. Durante a subida da montanha vamo-nos apercebendo de vários pontos de miragem sobre a vila de Miranda do Corvo e das encostas das montanhas de uma beleza rara de vegetação que vai escorrendo e envolvendo a íngreme depressão até ao sopé, terminando numa euforia de verde. A fauna, esconde-se no embrenhado da flora, mostrando-se aqui e ali de uma forma tímida. Veados e javalis dividirão com o aventureiro os caminhos pedonais que se abrem diante dos seus olhos e que o guiam neste passeio pedestre. Chegados ao cimo da montanha, deixando para trás a aldeia do Cadaval, abandonada, pinta-se perante os nossos olhos, um quadro feito pelos deuses. As elevações e depressões, as várias tonalidades de verde, toda a paisagem parece não ter fim. O percurso continua, sobre os caminhos de terra batida, levando-nos à explosão de beleza máxima e ao terminus do percurso: a aldeia do Gondramaz. Ergue-se do solo uma aldeia que de uma forma envergonhada se mostra por detrás da vegetação. A sensação é esmagadora. A sinaléctica indica-nos os pontos de referência da aldeia e dá-nos a conhecer os seus segredos. A audição é envolta de um som forte, por uma música de uma pauta escrita pelas asas das abelhas. O cheiro é extasiante, de um odor de verde da natureza. O sabor está envolto no gosto delicioso das castanhas que envolvem o chão. A aldeia do Gondramaz é um exemplo puro de várias vidas que se perdem no tempo e no espaço. Para além da sua localização, afastada do mundo do século XXI, do corrupio das vidas agitadas, no Gondramaz o relógio parou há muito. Os seus habitantes envelhecidos, alimentam as horas do dia com a refeição da solidão. O Gondramaz é, sem dúvida, o símbolo da adequabilidade ao local, da natureza, da arquitectura popular que, felizmente, se preservou ao longo das gerações. Aqui os únicos cinco residentes vivem da pastorícia e da agricultura, a que, de uma forma tão apaixonada, dedicam a vida, os dias."
O Gondramaz é uma pequena aldeia de xisto encravada na serra de Vila Nova, cuja origem se perde nos tempos. Com meia dúzia de habitantes fixos, a aldeia é actualmente alvo de um programa de reabilitação por estar inserida na Rede das Aldeias de Xisto. A tipicidade das suas casas e dos seus moradores - de onde sobressai o escultor Carlos Rodrigues - faz deste pedaço de paraíso natural um local a visitar e descobrir. Com a evolução dos tempos e a busca de melhores e mais dignas condições de vida, a Aldeia foi sendo substituída pela Cidade, e a estas comunidades onde fervilhava gente deram lugar os largos abandonados de conversas, onde aqui e ali se sentam os que ficaram e esperam lentamente que o ponteiro dos segundos passe, ansiando que o Verão chegue e traga de volta aqueles que o vento levou para longe. Durante a subida da montanha vamo-nos apercebendo de vários pontos de miragem sobre a vila de Miranda do Corvo e das encostas das montanhas de uma beleza rara de vegetação que vai escorrendo e envolvendo a íngreme depressão até ao sopé, terminando numa euforia de verde. A fauna, esconde-se no embrenhado da flora, mostrando-se aqui e ali de uma forma tímida. Veados e javalis dividirão com o aventureiro os caminhos pedonais que se abrem diante dos seus olhos e que o guiam neste passeio pedestre. Chegados ao cimo da montanha, deixando para trás a aldeia do Cadaval, abandonada, pinta-se perante os nossos olhos, um quadro feito pelos deuses. As elevações e depressões, as várias tonalidades de verde, toda a paisagem parece não ter fim. O percurso continua, sobre os caminhos de terra batida, levando-nos à explosão de beleza máxima e ao terminus do percurso: a aldeia do Gondramaz. Ergue-se do solo uma aldeia que de uma forma envergonhada se mostra por detrás da vegetação. A sensação é esmagadora. A sinaléctica indica-nos os pontos de referência da aldeia e dá-nos a conhecer os seus segredos. A audição é envolta de um som forte, por uma música de uma pauta escrita pelas asas das abelhas. O cheiro é extasiante, de um odor de verde da natureza. O sabor está envolto no gosto delicioso das castanhas que envolvem o chão. A aldeia do Gondramaz é um exemplo puro de várias vidas que se perdem no tempo e no espaço. Para além da sua localização, afastada do mundo do século XXI, do corrupio das vidas agitadas, no Gondramaz o relógio parou há muito. Os seus habitantes envelhecidos, alimentam as horas do dia com a refeição da solidão. O Gondramaz é, sem dúvida, o símbolo da adequabilidade ao local, da natureza, da arquitectura popular que, felizmente, se preservou ao longo das gerações. Aqui os únicos cinco residentes vivem da pastorícia e da agricultura, a que, de uma forma tão apaixonada, dedicam a vida, os dias."
Gondramaz vale a visita, sem dúvida.
Mas não sei de que mais me espantar, se do texto delirante sobre a duríssima vida das aldeias isoladas com que as terras do xisto promovem a aldeia (tipicamente publicidade enganosa), se do texto contraditório que a Câmara de Miranda usa na sua promoção, mas apesar de tudo bastante mais realista.
A produção primária destas aldeias está entalada entre as visões idílicas das terras do xisto, assente na ideia de que é possível um turismo que resgate este mundo gerindo aparências, e a resignação dos responsáveis que não acreditam que o trabalho da sua terra possa ser competitivo.
Só isso parece explicar que um município, ao mesmo tempo e no mesmo cartaz, se intitule capital da chanfana e defensor estrénue da floresta que depende de todos e foi erguida contra as cabras.
Aparentemente não passa pela cabeça dos munícipes (sim, dos munícipes, não apenas dos responsáveis) que a chanfana depende de um sistema competitivo de produção de cabras que é preciso reinventar, investindo em conhecimento e inovação, para o conciliar com a floresta, a escassez de braços e os novos contextos sociais.
Aparentemente ser capital da chanfana não traz responsabilidades sobre a sustentabilidade da produção de cabra.
Aparentemente ser capital da chanfana significa investir milhões na defesa da floresta de onde a cabra é afastada, significa investir milhares em programação cultural para criar um turismo que substitua a produção de cabra como base económica, mas não significa o menor esforço a pensar e investir na cabra.
Miranda do Corvo é apenas um exemplo, não é substancialmente diferente de grande parte do resto do país.
E repito, Gondramaz vale a visita.
henrique pereira dos santos
1 comentário:
Henrique
Discordando de algumas das tuas causas, não posso deixar de subscrever este teu post.
Sempre que surge a oportunidade, passei a ter uma palavra de incentivo junto dos criadores de cabras e autarcas sobre esta forma racional de controle da vegetação mediterrânica.
Abraço,
João
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