terça-feira, agosto 17, 2010

Foto da várzea de Aljezur para memória futura

Foto do local onde vai passar a variante à EN120

No verão, Aljezur testamunha o problema do aumento de trânsito, consequência da afluência de milhares de turistas que suportam grande parte da vida económica do concelho. A EN 120 passa pelo centro da vila e diariamente há dificuldades de digerir as viaturas que procuram passar pela ponte sobre a ribeira e a zona das lojas onde os lugares de estacionamento são evidentemente insuficientes para o número de utentes, resultando em estacionamento em segunda fila.
Com o objetivo de o resolver, foi lançado pela Estradas de Portugal, o EIA para a construção de uma variante, que passa por um viaduto sobre a várzea de Aljezur e a Ribeira de Alfambras.
A Associação de Defesa do Património Histórico e Arqueológico de Aljezur (ADPHA), tem manifestado sua posição contrária ao traçado escolhido para a variante, como se pode ler no seu blog. Vale a pena ler.
Este caso é emblemático para o valor do solo agrícola, não só em processos de construção de infraestruturas de transporte, mas em geral. É um facto que a várzea ainda é cultivada em partes significativas (a foto acima comprova-o), mas também assiste-se a um abandono continuado de terras semelhantes, mas mais afastadas da vila. Essas terras estão a ser invadidas aos poucos por arbustos e, se seguida, por sobreiros, cuja expansão é notória na região. Esta situação torna a defesa dos solos agrícolas mais difícil, porque baixa o seu valor intrínsico e imediato para a sociedade (baixa escassez faz baixar o seu valor). A perda de alguns hectares de solo agrícola (até classificada como RAN) não pesa muito no processo burocrático de decisão quando existem outros tantos mais abandonados nas proximidades.
Desconheço o processo de EIA deste tipo de iniciativas e quais os processos de consulta pública associados a ele. Mas certo é que a ADPHA já emitiu o seu parecer. Espero que haja mais organizações, desde políticas a ONGA a juntar-se à iniciativa da ADPHA, obrigando o Estado a olhar para outros traçados para essa variante, deixando a terra agrícola ser cultivada pelos agricultores locais.
Henk Feith



5 comentários:

Carlos Aguiar disse...

A combinação de uma veiga fértil e de um acesso fácil por rio ao mar, certamente ajudam a explicar a importância de Aljezur no passado. A expansão da agricultura e da pastorícia pelas encostas sobranceiras à ribeira degradou o solo e os ecossistemas, e acabou por conduzir ao isolamento de Aljezur do mar. Recusamos a aprender com o passado, e o abuso do solo continua. Sobretudo incomoda a presunção de que o solo agrícola é substituível, de que uma estrada ou uma "obra de arte" valem mais do que a terra fértil.
A proposta das Estradas de Portugal é criminosa.

"O solo é uma espécie de placenta que permite que os seres vivos se alimentem da Terra ... [por isso] aqueles que abusam do solo contam-se entre os mais abjectos criminosos" (Nathaniel Shaler, 1841–1906).

Anónimo disse...

A Reserva Agrícola, como o nome indica é uma reserva. Que uns solos altamente produtivos não sejam usados hoje porque a conjuntura económica é desfavorável, não implica que estes não venham a ser usados amanhã se a conjuntura mudar (e muda sempre). Pleanear implica pensar prospectivamente e quando o planeamento não faz este exercício, está a falhar na sua função.

Sérgio_alj disse...

Sou a favor da construçao da Variante, mas nao com esse percurso.

E a razao para a construçao da mesma nao se deve só ao fluxo de turistas, mas sim aos mais de 300 veiculos pesados que passam diariamente pelo centro da vila, pondo em risco casas (ja foram destruidas varandas) e pessoas.

Devia-se tentar encontrar outro traçado para não destruir a beleza da Varzea, com caracteristicas unicas a nivel nacional.

Cumprimentos

Anónimo disse...

O Itenerário Complementar 4 (IC4), que devia substituir a velhinha Nacional 120, tem vindo a ser adiado, condenando os concelhos entre Sines e Lagos a um agravamento da sua periferia, mas também com sérias implicações, no caso de Aljezur, na demora do acesso ao Hospital do Barlavento e no elevado índice de sinistralidade registado no troço entre esta vila e Odeceixe. Particularmente crítica é a situação do forçado atravessamento de grandes veículos por Aljezur obrigando algumas vezes, quando se cruzam, à utilização dos passeios. A antiga Junta Autónoma de Estradas disponibilizou-se no princípio dos anos noventa a construir uma variante que, no essencial, se tratava de um troço do futuro IC4, contornando o núcleo urbano pelo lado nascente e sem invasão gravosa de terrenos da várzea, mas esbarrou com a oposição do anterior Presidente da Câmara e dos vereadores da altura.
O facto é que o decurso do tempo tem vindo a agravar este problema, sendo a situação já muito crítica e insustentável - atravessamento de uma rua estreita e estrangulada na ponte por veículos transportando, por vezes matérias perigosas e disputando os passeios com os peões. Contudo, a variante agora proposta, é inaceitável a vários níveis: inutilização de terrenos férteis, obriga a que todo o trânsito passe desnecessariamente pela vila e preconiza um traçado destrutivo de um futuro ordenamento lógico da baixa de Aljezur.

José Cavaco

Anónimo disse...

Já me pronunciei sobre a questão desta variante no site da Associação de Defesa do Patrimonio Histórico e Arqueológico de Aljezur.Não sendo natural de Aljezur nem aí residente sou no entanto visita anual desta linda terra.Quanto a este projecto de varinte ,pelo que sei não devem atribuir a responsabilidade unicamente ás Estradas de Portugal.O primeiro responsável nestes casos são sempre os politicos e as suas extratégias eleitorais.No caso presente o maior responável é certamente o actual presidente da C.M.A.Prometeu ,pelos vistos durante a campanha resolver o problema ,e agora quer cumprir com a ajuda do seu amigo Secr.de Estado(Paulo Campos).Onde é que já vi isto?Infelizmente um pouco pelo país fora.
Luis de Macedo