A propósito de mais um rebanho de cento e tal cabras que vai deixar de produzir bens de consumo e bens difusos, incluindo gestão de combustiveis numa área crítica de fogos, mandaram-me algumas fotografias do que ironicamente chamaram as minhas protegidas.
As notícias vão no sentido de confirmar que o Thomas retorna à sua Alemanha antes do fim do ano.
Uma das informações que me dão, e que não sei confirmar, é que para além das muitas outras razões, havia um subsídio às cabras que foi retirado "às áreas de matos. Para um dono de cabras receber algum dinheiro dos nossos impostos tem de as pastar em pastagens finas, trevos não-sei-quê e demais pastagens semeadas. Apenas nos alentejos, ribatejos e outros locais semelhantes, de boa terra, vale a pena ter cabras", como me dizem sem que eu saiba se a informação é precisa ou se há erros de interpretação.
Eu gostava que algum dos leitores do blog que sabem mais do assunto me confirmasse, ou não, esta regra.
É que a regra parece-me tão abstrusa que é bem possível que alguém no Ministério da Agricultura a tenha inventado.
henrique pereira dos santos
Adenda para uma curiosidade: o Thomas usa painéis solares para fazer a contenção das cabras com pastores eléctricos. Fosse ele um professor universitário a brincar à produção de cabras com menor incorporação de carbono e reforço da sustentabilidade e receberia uma pipa de massa para saber quantos quilos de CO2 se poderiam poupar usando esta técnica. Mas como é um simples produtor de cabras à procura de soluções que lhe permitam viver do seu trabalho independente como quer, o razoável é infernizar-lhe a vida até o mandar de volta para a sua Alemanha natal.
16 comentários:
O nosso governo e a comissão europeia entendem que a melhor maneira de distribuir o dinheiro dos nossos impostos pelo mundo rural é subsidiando os ricos. Conheço alguns agricultores, produtores de gado e empresários florestais, beneficiários desta política, cuja discrição é maior que a do dono do IKEA. Neste aspecto (no da massa) eles são efectivamente felizes. Sendo ricos, hão-de morrer (Deus neste aspecto é justo) riquíssimos, para gáudio dos herdeiros.
Caso exista uma estratégia concertada (como o fecho de escolas isoladas, o fim dos subsídios às cabras, o desprezo com que são tratados pelos autarcas) para acabar com as pessoas que vivem nos ermos serranos deste país, com o objectivo de ajudar a indústria dos fogos, temos um novo caso Casa-Pia. Não estarei a dizer grande disparate, tenho ouvido dizer, desde há muito, que o abandono rural é a maior causa não natural dos grandes fogos florestais. Promovendo-se o abandono rural, ajuda-se a fileira da indústria dos apagadores de incêndios, nada mais lógico.
As pessoas que se preocupam com estas coisas (como nós, que não nos importamos de ser esportulados para ajudar intenções beneméritas para com a natureza, como pagar quotas a algumas ongas cujos dirigentes, 100/100 urbanos, adoram o campo e a natureza) deveríamos organizarmo-nos de modo a ajudar monetariamente pessoas como o Thomas, cujo principal problema é precisamente a falta de dinheiro.
Thomas é exemplo supremo de homem de engenho e arte, que trabalha em prol do ambiente e da natureza por convicção, no duro, com as mãos calejadas e as botas rotas. Ajudá-lo a ficar por cá não seria mal lembrado. Pelo menos até o governo entender mudar de políticas, ou aparecer outro governo com políticas novas.
jaime
Percebo a tua indignação; não entendo a relação entre o abandono da caprinicultura por parte do teu amigo Thomas, e a tua referência à "incorporação de carbono e [ao] reforço da sustentabilidade".
Pastores eléctricos a energia solar compram-se na casa agrícola de Bragança, e nas suas congéneres pelo país fora. O preço varia com a potência; um modelo intermédio ronda os 300 euros, já com IVA. Quem quiser abrir os cordões à bolsa pode importar "pastores virtuais" com um GPS integrado numa coleira que emite choques eléctricos ultrapassados os limites da área de pastoreio. Os "pastores solares" são excelentes, têm no entanto um problema: roubam-nos.
Uma exploração de 40 ha, num único bloco todo vedado, com castanheiros, giestal e solos de baixa de média qualidade (sem flora de lameiros de regadio) e 120 ovelhas da raça autóctone Galega-Bragançana (uma raça pernalta e frugal, adaptada a comer mato), a poucos quilómetros de Bragança, tem pelo menos 6 "pastores solares". Por terem pastagens melhoradas com trevos à sua disposição as ditas ovelhas comem mais monte (deixam mais limpos os matos de giesta, que ainda assim têm que ser ciclicamente roçados), são mais férteis (têm mais borregos/ano), produzem mais leite e os seus borregos engordam mais depressa. Com cuidado dava para fazer 3 partos em dois anos. Neste Outono o dono vai revestir o solo dos castanheiros com trevos-subterrâneos para reduzir os riscos de erosão e aumentar o efectivo animal. Os trevos não competem com o pastoreio do monte, bem pelo contrário, complementam-no, potenciam-no, e permitem a restauração da fertilidade dos solos degradados pela cerealicultura (facilmente se atingem incrementos de 0,1-0,2 %/ha.ano da matéria orgânica do solo e fixam 20 a 25 kg de azoto/t matéria seca [parte aérea]). A exploração funciona com uma a duas visitas diárias do dono (cerca de 3 horas de trabalho) e o apoio de um tractorista na altura dos fenos (Julho).
Carlos,
Indignação nenhuma, só gostaria de saber se as regras são estas.
A minha referência não é a incorporação de carbono e sustentabilidade mas à facilidade (relativa, mas ainda assim facilidade) com que arranjas dinheiro para estudar os processos e à dificuldade de quem os executa na prática ser pago pelos serviços ambientais efectivamente prestados.
Quanto ao exemplo que dás, óptimo. É sempre bom saber que existem bons exemplos, mas não percebi bem a sua relação com o resto.
Como sabes as pequenas explorações vivem na margem da sustentabilidade económica e pequenas variações nas condições da exploração implicam grandes diferenças na forma de as gerir.
O que daria para outro post sobre o papel do Estado na produção agrícola e a falta que faz uma extensão rural a sério, interessada em perceber as dificuldades dos produtores e fornecer informação para as resolver.
henrique pereira dos santos
Carlos Aguiar: "Por terem pastagens melhoradas com trevos à sua disposição as ditas ovelhas comem mais monte (deixam mais limpos os matos de giesta, que ainda assim têm que ser ciclicamente roçados)"
Aqui escapa-me qualquer detalhe. Sinceramente não consigo relacionar as ovelhas a mitigarem mais matos por terem à disposição trevos semeados.
Carlos Aguiar: "Os trevos não competem com o pastoreio do monte, bem pelo contrário, complementam-no, potenciam-no,"
A mesma coisa, não compreendo como podem potenciar. Supunha que se cabras ou ovelhas pastarem em sítios onde lhes seja oferecido bons acepipes, sendo a barriga uma única, não conseguirão comer mais do que a natureza lhes permite. Caso tenham fome, pois lá terão de comer o que lhes aparecer, no caso matos. E bem mais do que se comerem trevos semeados, pois são nutritivamente mais pobres.
Claro que posso e devo estar enganado, pois reconheço que Carlos Aguiar sabe mil vezes mais do que eu.
Suponho que o principal "interesse público" da existência de cabras a pastar no interior Norte e Centro, é precisamente tê-las a pastar matos na serra. Se andarem magras, sem exageros, provavelmente até têm mais saúde e são mais gostosas.
Segundo fui informado, os bons subsídios só são atribuídos em Espanha, Grécia, França e Itália se cabras e ovelhas pastarem matos. Por conseguinte, se tiraram em Portugal os subsídios por o gado pastar em matos, e não em pastagens semeadas, algo não bate certo.
Quanto aos "pastores eléctricos" a energia solar, a questão não é haver à venda em vários sítios, mas haver a ousadia de os comprar e usar. Posso quase assegurar que nas zonas serranas do centro do país, os dedos de um ser humano serão suficientes para contar estes "pastores" para guardar gado.
Thomas, neste aspecto, como em tantos outros, lidera o pelotão dos que usam as vantagens das modernices da ciência sem causar dano à natureza.
Este ano, na minha terra, entre a serra da Lousã e do Açor, pela primeira vez não consegui comprar queijo de cabra artesanal. É uma tristeza.
jaime
«"Os trevos não competem com o pastoreio do monte, bem pelo contrário, complementam-no, potenciam-no,"
A mesma coisa, não compreendo como podem potenciar. Supunha que se cabras ou ovelhas pastarem em sítios onde lhes seja oferecido bons acepipes, sendo a barriga uma única, não conseguirão comer mais do que a natureza lhes permite. Caso tenham fome, pois lá terão de comer o que lhes aparecer, no caso matos»
Reveja-se a nutrição nos ruminantes. As barrigas dos ditos são rumens, cubas de fermentação que funcionam a bactérias. A performance destas na digestão de alimentos grosseiros ( giestas...)beneficia com a presença de alimentos azotados ( tervos...). Se a digestão é mais rápida a capacidade de ingestão aumenta.
Qt às sementeiras de leguminosas, dá-se o caso que em sistemas de pastoreio extensivo elas podem tender a rarear, abafadas por gramineas ou por falta de condições de reprodução ( transito das sementes pelos circuitos digestivos ).
Caro Manuel Rocha, agradeço-lhe os esclarecimentos, não sabia assim a coisa.
Henrique,não me parece que seja fácil arranjar dinheiro para estudar processos, assim o demonstra o racio de aprovações dos projectos de investigação suportados pela FCT, e assim o dizem os milhares de candidatos que anualmente concorrem às bolsas da mesma instituição.
O exemplo foi uma resposta directa ao teu post: serviu para te mostrar que os trevos e outras ervas finas além de prestarem valiosos serviços ambientais têm um importante papel a desempenhar na alimentação dos ruminantes, nas terras boas e nas más, e na sobrevivência da ovinicultura e da caprinicultura nas nossas montanhas.
Uma das pessoas que mais sabe de ovinicultura na Serra da Estrela dizia-me há dois meses atrás que os rebanhos com menos de 100 ovelhas de pastores sem terra estão em risco. O Thomas não está só. A sedentarização ovinicultura e da caprinicultura, o uso de pastagens semeadas e o desenvolvimento de uma fileira da carne são parte da solução. E para sedentarizar é necessário ter acesso à terra … e terra é um problema maior do que a estrutura dos subsídios.
Carlos,
Eu só disse que é mais fácil. A prova é que há muito mais universitários que pastores e que os universitários vivem melhor que os pastores (do meu ponto vista, é justo que esta última parte seja assim, quanto à primeira, tenho as minhas dúvidas).
Eu não estou a discutir de que forma se pode melhorar o pastoreio, estou a discutir por que razão o Estado prefere não remunerar os serviços ambientais prestados, nomeadamente o da gestão de combustíveis, só isso.
Carlos, a quantidade de coisas que as pessoas que mais sabem dizem que é inevitável que acabem e que duram, duram, duram não tem conta.
Se as pessoas soubessem verdadeiramente como se ganha dinheiro na produção de cabras eram produtores de cabras, não eram estudiosos da produção de cabras.
Repara, a maioria dos técnicos que trabalham nestas matérias e que discutem (e muitas vezes determinam) as regras que garantem a viabilidade das produções não percebem raspas dos mercados e portanto analisam todas as explorações com o mesmo padrão de produção, como se a diferenciação fosse indiferente ao preço.
A tua insistência na ideia de que o acesso à terra é mais importante que a competitividade choca de frente com as fileiras mais rentáveis do sector, como o eucalipto, o olival (quer o superintensivo, quer o da diferenciação) e o vinho, para não citar as horto-frutícolas. Todos eles resolvem os problemas do acesso à terra quando existe remuneração da actividade e competitividade dos produtos.
O acesso à terra é um dos factores em cima da mesa, como muitos outros, e actualmente nem me parece que seja o essencial.
Como vês, o Thomas tem terra, faz sedentarização e por aí fora, e não é por isso que a exploração se torna muito rentável.
Ora a questão de fundo é que o Thomas (e muitos outros como ele) prestam serviços ambientais difusos que deixarão de ser prestados se não forem remunerados.
E é isso que me interessa discutir e não se outros modelos de exploração são mais rentáveis ou não.
henrique pereira dos santos
Caro Manuel Rocha, há um aspecto da ecologia alimentar da ovelha e da cabra de que se está a esquecer. As ovelhas preferem os trevos às gramíneas ou aos arbustos. Porém, o consumo em excesso de trevos perturba-lhes a fermentação do rumén. Para compensar estes desequilíbrios as ovelhas ingerem voluntariamente alimentos grosseiros ricos em fibras: atiram-se às giestas. Por esta razão os arbustos não entram nas pastagens com muitas leguminosas; o mesmo não acontece nas pastagens dominadas por gramíneas, mesmo sob encabeçamentos elevados. Tenho experiência deste facto em pastagens geridas ou seguidas por mim. E contou-me um ovinicultor de Mértola que chegou a encontrar ovelhas mortas com a cabeça espetada nos arames (não foram capazes de fazer marcha atrás) a tentarem a comer as estevas que se encontravam do outro lado da cerca, tão “fartas” que estavam de comer trevo.
As pastagens anuais ricas em leguminosas deprimem a vegetação arbustiva à escala da exploração agrícola por três vias: são uma opção séria para os solos abandonados pela agricultura onde os matos acumulam rapidamente biomassa, aumentam o encabeçamento, e incrementam a apetência dos animais por elementos grosseiros.
Não vamos agora discutir ecologia de pastagens. De qualquer modo quero-lhe dizer que a ecologia da vegetação das pastagens temperadas e mediterrânicas é muito distinta. Por exemplo, no mediterrânico temos trevos que pouco sofrem com a passagem pelo tracto digestivo e a falta de gramíneas de boa qualidade é talvez a maior limitação das misturas de sementes disponíveis no mercado.
Henrique, eu sei que estás "a discutir por que razão o Estado prefere não remunerar os serviços ambientais prestados, nomeadamente o da gestão de combustíveis". E tu também sabes por que razão comentei as referências do teu post ao carbono e às pastagens .
"Se as pessoas soubessem verdadeiramente como se ganha dinheiro na produção de cabras eram produtores de cabras, não eram estudiosos da produção de cabras."
Criar, ou não criar, cabras e ovelhas não tem apenas que ver com rendimento. Além de ser uma actividade socialmente pouco considerada é uma vida de escravidão: quem manda são os animais. Dai uma das razões da minha simpatia por sistemas de produção animal extensivos, pouco exigentes em mão de obra.
"A tua insistência na ideia de que o acesso à terra ..."
O acesso à terra não está apenas relacionado com a remuneração da actividade. No Alentejo e no Oeste talvez (não conheço bem a realidade destas regiões), no resto país não. A minha insistência no acesso à terra vai de encontro ao que ouço directamente da boca dos agricultores. Estou plenamente convencido que o acesso à terra (e implicitamente o luxo de não a cultivar, de a açambarcar) é uma das razões maiores do retrocesso da actividade agrícola em Portugal.
"... Thomas (e muitos outros como ele) prestam serviços ambientais difusos que deixarão de ser prestados se não forem remunerados". Estamos de acordo, claro.
Jaime, creio que respondi parcialmente às suas questões num comentário anterior. Ainda assim, se me permite, aproveito o espírito de algumas das suas notas para lançar mais algumas ideias. Salvo raras excepções os pequenos (e os grandes) ruminantes são incapazes de controlar os matos em sistemas de pastoreio de percurso: apenas atrasam a sua restauração. Este sistema de pastoreio pode ser importante mas não evita a necessidade fogos controlados, roças mecânicas ou a sementeira de pastagens ou de outras culturas para criar descontinuidades. É importante termos noção que os solos das nossas montanhas para além de naturalmente pouco férteis, foram expurgados dos seus nutrientes por uma longa história de uso agrícola e pastoril. Consequentemente, a sua flora tem pouco valor alimentar e cresce muito devagar. Por exemplo, é difícil encontrar uma alimento herbáceo de pior qualidade do que os famosos cervunais da Serra da Estrela. Criar gado nestas condições não é fácil; por isso é que os restolhos eram tão importantes no passado e muitas vezes é necessário importar a fertilidade de fora (através de adubos e correctivos) para recuperar (ou manter) os pastos, naturais ou semeados.
Jaime, creio que respondi parcialmente às suas questões num comentário anterior. Ainda assim, se me permite, aproveito o espírito de algumas das suas notas para lançar mais algumas ideias. Salvo raras excepções os pequenos (e os grandes) ruminantes são incapazes de controlar os matos em sistemas de pastoreio de percurso: apenas atrasam a sua restauração. Este sistema de pastoreio pode ser importante mas não evita a necessidade fogos controlados, roças mecânicas ou a sementeira de pastagens ou de outras culturas para criar descontinuidades. É importante termos noção que os solos das nossas montanhas para além de naturalmente pouco férteis, foram expurgados dos seus nutrientes por uma longa história de uso agrícola e pastoril. Consequentemente, a sua flora tem pouco valor alimentar e cresce muito devagar. Por exemplo, é difícil encontrar uma alimento herbáceo de pior qualidade do que os famosos cervunais da Serra da Estrela. Criar gado nestas condições não é fácil; por isso é que os restolhos eram tão importantes no passado e muitas vezes é necessário importar a fertilidade de fora (através de adubos e correctivos) para recuperar (ou manter) os pastos, naturais ou semeados.
É pena ninguém saber informar sobre a retirada, ou não, do subsídio às cabras que pastam exclusivamente em matos e lameiros, sem pastagens semeadas.
Sobre os benefícios das cabras pastarem trevos e matos, não o contesto. O que contesto é isso ser absolutamente necessário para cabras, cabritos e queijos poderem ter qualidade ou denominação de origem.
Milhões de cabras e ovelhas nasceram e findaram-se em tachos e panelas sem nunca terem ingerido um único trevo semeado. E sem queixas dos consumidores por terem sido enganados na qualidade do produto. Possivelmente a rama dos nabos, as couves portuguesas, as folhas das videiras e mais umas quantas espécies do reino vegetal das hortas e lameiros, que volta e meia passam pelo estreito das cabras nas serranias do norte e centro, suprimem as delícias dos trevos na engorda dos bichos e na mitigação de matos.
Tenho um primo que me queria dar um cabrito o ano passado. Não lhe aceitei o obséquio, desfazendo-me em amabilidades e desculpas parvas. É que os cabritos dele, gordos como anhos tratados a trevo semeado, são criados a ração. Para comer m. como-a em Lisboa. Na serra quero cabrito do monte, que tenha bebido leite da mãe e não em pó desfeito em água. Que tenha pastado em matos de carqueja e queiró. Em lameiros e na horta do vizinho. Os queijos, a mesma coisa, quero-os como no tempo da minha avó.
O Thomas possui alguns hectares de terra de semeadura, a quase totalidade abandonada ao dente das cabras e plena de gramíneas, regadas com abundante água no Verão, para ficarem sempre verdes. Pode pastar as cabras em milhares de hectares de baldio, quase todos de matos. Vai-se embora não por não ter terra, que a tem com fartura, em exclusivo e comunitária, não por os seus cabritos e queijos (este ano já não os fez) não terem excelente qualidade, mas por razões que o Henrique por aqui muito bem tem explicado.
Isto sem pôr em causa o que quer que seja que o Carlos Aguiar afirme ser o historial e a forma mais correcta de manusear gado, matos e pastagens. A questão é que entre o óptimo e o abandono das serras, há um meio-termo que se tenteia com subsídios. Os agricultores das terras de 1ª classe também os recebem, declarando os subsidiados, na generalidade, tremendos prejuízos na actividade.
Olá Carlos Aguiar,
Obrigado pela nota. Estou a par e de acordo com tudo qt diz. O meu comentário, talvez demasiado sintetico, apenas pretendeu dar a Jaime Pinto uma pista para entender a relação entre consumo de alimentos grosseiros e de leguminosas pelos ruminantes.
Deixo mais uma nota ao Jaime Pinto sobre a sementeira de pastagens, em relação à qual lhe sinto algum preconceito. Se é o caso, repare que se trata de um método muito eficaz na conservação de solos marginais e na recuperação de solos degradados. Tem também papel de muito relevo na gestão do montado. Sobre o tema encontra boa informação em "David Crespo" e nas publicações do ex ( ? ) INIA ( instituto nacional investigação agrária ).
Saudações.
Caro Manuel Rocha, a questão é que os trevos não podem ser semeados em muitos zonas serranas, vivendo nesses ermos pessoas que se dedicam à pastorícia. Marginalizar essa gente devido a não poderem ter pastagens finas, não faz o mínimo de sentido. Nada tenho contra os trevos, até fico feliz quando encontro um com 4 folhas ;-)
Zonas de mato, que tenham mais de 50cm de altura, já não contam para o encabeçamento.Eu e a minha esposa têmos 200 cabras em S. Estevão (Serra do Mosteiro/Malcata),a terra que é nossa e que é considerada limpa chega para o encabeçamento dessas 200 cabras mas têmos há volta de 40,5 hectares mistos de carvalhos e castanheiros que são nossos e que não contam para nada, assim como os 120 hectares de baldios que pastoriamos.Não é uma questão de subsídios, é uma questão sim de sermos compensados por andarmos a fazer o papel de vigilantes da Natureza(com muito gosto) e ao mesmo tempo de Sapadores(cabras).
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