João Dias descreve aqui a discussão havida sobre os efeitos do fogo no Ramiscal.
Descreve a discussão havida neste post de forma muito imprecisa.
Por exemplo, João Dias indigna-se por se chegar "a apostar almoços em como existem trutas na sua baçia a montante de Avelar,pois a partir dai é que é considerado o Ramiscal" quando simplesmente sugeri uma sessão de pesca eléctrica para verificar se o rio está ou não morto (sim, com uma aposta de um almoço para quem quiser fazer essa discussão na base da verificação objectiva).
O post de João Dias tem algum informação relevante (é o caso da trovoada após fogo, já mais que identificada, mas cujos efeitos terão sido bastantes atenuados com a chuvinha miudinha logo após o fogo, por volta do meio de Agosto, mais que suficiente para desencadear uma rápida cobertura do solo por ervas. De qualquer maneira os efeitos da trovoada podem ser importantes mas serão sempre muito limitados no tempo) mas tem muita informação imprecisa e improvável, como por exemplo, trutas como moscas em zonas do rio de baixa produtividade (ouço isso desde que falo com pessoas mais velhas sobre rios truteiros, há anos que ouço dizer que antigamente é que era bom).
Aliás lendo outros posts verificamos o mesmo tipo de imprecisão, por exemplo, dizendo nuns posts que os carvalhos nunca recuperaram do fogo de 2006 e noutro que o carvalho da fotografia resistiu ao fogos porque os carvalhos são muito resistentes.
Mas ainda que assim fosse, era preciso explicar como uma eventual afectação temporário do rio por entrada de cinzas (que dificilmente ainda estarão a influenciar as condições do rio, quatro anos passados sobre um fogo que nem sequer penetrou nas áreas mais relevantes da mata) implicaria o desaparecimento total de trutas que antes eram como moscas a montante da área ardida (as boas fotografias do bolg, noutros posts e neste, são um bom testemunho de como dificilmente o efeito das cinzas se estenderia por quatro anos, excepto admitindo a hipótese que está subjacente ao post: morreu tudo e não houve recuperação, hipótese bastante implausível de acordo com o que se sabe da recuperação deste tipo de sistemas).
A minha sugestão mantém-se de pé: em vez do estafados argumentos do conheço melhor a área que tu, vou lá mais vezes que tu, eu sei mais do assunto que tu, passei mais horas que tu a palmilhar o terreno, e etc., bastante usados neste tipo de conversa, organizemo-nos para umas sessões de pesca eléctrica nos pontos do rio que quiserem (e em que formos autorizados).
Vamos atrás do dados, em vez de ficarmos por jogos florais.
A conservação ganharia muito em que as discussões se fizessem mais sobre informação objectiva e verificável que sobre a confiança que cada deposita em informação pessoal não verificável.
henrique pereira dos santos
6 comentários:
Caro HPS,
Não sendo possível a pesca eléctrica, nada melhor do que combinar uma incursão no Ramiscal antes que as chuvas tornem o leito do rio impenetrável.
O meu mail é público as1075017arrobasapo.pt e podemos combinar, só que o problema de fazermos simplesmente uma incursão é mantermos a dúvida no caso de não vermos trutas, porque não é assim tão evidente que se vejam.
Mas por mim, se quiserem combinar a discussão in loco que depois voltaremos atrazer para aqui para quem não puder ir...
henrique pereira dos santos
Caro Henrique Pereira dos Santos,
Está patente e é mais que óbvio que não sou pessoa formada na área ambiental,tão pouco tenho algum curso Superior,apenas o que a vida durante os anos me foi ensinando!
Os posts que escrevo são da minha exclusiva autoria e responsabilidade, tentando sempre não entrar em choque com ninguém,mas mantendo-me fiel a princípios,tal como o Sr o faz.
Repare que não vê em nenhum post meu referenciar que pescava trutas à mosca neste lugar,pois se fizer uma leitura mais atenta do Blogue facilmente verifica que eu só pesco à mosca à relativamente poucos anos,até porque estamos a falar de uma ZPT,onde a pesca é proibida de todas as formas.Já tive oportunidade por várias vezes de explicar a minha paixão por este lugar,quer em publico ou por email a quem duvida das minhas intenções,até porque não me escondo por de traz de nenhuma identidade e assino todos os meus comentários,tal e qual o Henrique Pereira dos Santos faz!
Quanto aos carvalhos,sim de facto a maior parte deles recuperou,e nessa matéria acho que todos estamos de acordo,mas a minha primeira visita logo após o incêndio,a desilusão era total.Praticamente todo o giestal estava carbonizado e os troncos dos carvalhos negros.E as manchas de azevinho?,consideradas a maior mancha de azevinho do País,segundo o ambientalista Miguel Dantas da Gama?tem informações sobre se esta mancha recuperou?não estou a ironizar,sinceramente não sei!
Eu não tenho muitas duvidas que foram as cinzas que destruíram o ecossistema do rio,arrastando em enxurrada todos os peixes,provocando a mortandade total.
De facto eu não sou entendido na matéria de recuperação deste tipo de sistemas,mas faça uma visita ao local e tente falar com gentes locais e obter a opinião deles em relação à tese defendida, verificará que as opiniões convergem todas neste sentido.Eu continuo a afirmar que "morreu tudo e o rio ainda não recuperou",nem vai recuperar nos próximos anos através de trutas migratórias,tais são as condições difíceis de sobrevivência neste rio.
Caro Henrique,não me revejo nas Suas afirmações"do conheço melhor a área que tu, vou lá mais vezes que tu, eu sei mais do assunto que tu, passei mais horas que tu a palmilhar o terreno, e etc"pois em lado nenhum vê afirmações do género minhas,apenas relatos no singular.
A minha informação,é do meu ponto de vista objectiva e relata de facto uma informação pessoal,vale o que vale,mas uma coisa é certa,nunca mais o Ramiscal foi o mesmo opôs o incêndio.
Sim seria uma óptima ideia tentar tirar as duvidas através do estudo do ICNB.
E repare que eu na altura alertei todas as entidades através de email,o qual lhe posso forneçer uma copia quer dos envios quer da respostas.
Os melhores cumprimentos,
João Dias
Ei, há por aqui frequentadores que não conhecem o vosso jargão. Que vem a ser pesca eléctrica?
concordo com o senhor joao
A pesca eléctrica é um método de pesca que usa a corrente eléctrica para apanhar peixes (vivos). É usada para fins científicos embora o seu uso seja muito restrito.
Há videos na net facilmente acessível se puser no google pesca eléctrica.
Caro João,
Não falei em pesca à mosca mas sim em haver trutas como moscas (fui verificar e a expressão que usou no seu blog foi como abelhas, eu é que mudei as abelhas em moscas, mas a ideia é a mesma).
O azevinho foi muito pouco afectado pelo incêndio (que não penetrou na parte mais importante da mata). A apreciação do Miguel Dantas da Gama, como aliás tive oportunidade de lhe dizer nos comentários ao blog dele em Agosto de 2006, é ou foi manifestamente exagerada.
Há matérias em que é preciso filtrar muito bem a informação das populações locais, porque os mitos são uma coisa poderosíssima. Um deles é o da abundância de peixe nos rios antigamente, outros relacionam-se com os lobos e muitas outras coisas. E tudo o que diga respeito a fogos é também muito, muito mitificado.
Por mim, vou ao ramiscal ver com os meus olhos, mas sei que em matéria de fauna a observação directa é muito contingente e é preciso algum rigor metodológico na observação (ou então muito tempo aplicado de forma muito regular) para se ter informação consistente e fiável.
Há pessos nas populações locais que têm de facto uma capacidade invulgar de observação e raciocínio sobre o que as rodeia que são preciosíssimos na prestação de informação sobre a região, mas estas pessoas são raras. As outras dão muita informação importante mas que tem de ser filtrada e enquadrada no que se sabe (o tempo é muito difícilmente objectivo, as quantidades são muito dificilmente objectivas e por aí fora).
Eu não digo que a sua informação sobre a morte do rio está errada. Digo que me parece difícil que esteja certa e que é preciso mais que boa vontade para tirar o assunto a limpo, é preciso também observação sólida e tecnicamente segura para ter dados em que possamos confiar.
A partir daí, é mais fácil a discussão.
henrique pereira dos santos
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