Quem acompanha este blog sabe que tenho um carinho grande por este projecto que vou apoiando (menos talvez do que gostaria, ou pelo menos com menos resultados do que gostaria).
No segundo post que fiz sobre o site dizia-me satisfeito com a possibilidade de se acumularem dez mil registos em cinco anos.
A base de dados foi disponibilizada ao público em Março deste ano, pelo que passaram pouco mais de seis meses e o número de observações registadas está quase nas vinte mil.
O projecto é em parte vítima do seu próprio sucesso, porque inteiramente dependente do trabalho de três ou quatro pessoas em regime totalmente voluntário, não estava preparado (admito eu, não tenho certezas) para uma tão grande adesão. Mas ainda assim funciona magnificamente.
Claro que o registo de observações tem sido irregular, mas são raros os dias sem observações e alguns dias têm mesmo muitas observações.
Aparentemente reduziu-se o leque de observadores regulares, mas os observadores fiéis vão fazendo um jogo inocente que se traduz por competirem pela posição de observador mais activo em cada grupo.
Apenas nas aves se mantêm no topo os observadores holandeses que dominavam todos os grupos inicialmente. De resto, quase sempre (há outra excepção nas plantas, mas não tão notória como nas aves) os observadores portugueses dominam e, bastante interessante, alguns em posições intermédias são instituições, como o CISE da serra da Estrela e uma ou outra escola.
Recentemente o observador com mais espécies observadas (não é o mesmo que maior número de observações) de todos os grupos mudou para Francisco Barros. Durante estes meses quase todos foi Paulo Eduardo Cardoso até ontem ou anteontem. Fernando Romão, da Faia Brava (um dos locais com mais observadores e observações e com observações mais relevantes do ponto de vista de conservação) também parece entrar na competição, de forma mais discreta.
Não conheço o Paulo Eduardo, mas conheço os outros dois e posso assegurar que são dos melhores naturalistas que se encontram em Portugal. Suponho que encontraram no site uma forma de organizar os seus cadernos de campo de forma fácil e útil, para eles e para todos.
É um site engraçado, que qualquer pessoa pode usar, como observador ou utilisador de informação e que permite alguma exploração lúdica e de saudável competição sem prémio.
Mas é um site que está a fazer um trabalho muito sério de democratização da informação sobre biodiversidade.
Não posso deixar de notar a relativa ausência de grande parte dos académicos que trabalham em biodiversidade. Alguns será por andarem pouco no campo, outros simplesmente porque não calha, alguns outros porque não dão muita relevância à necessidade de democratizar a informação sobre biodiversidade.
O que hoje queria era uma coisa simples: agradecer aos observadores que têm a generosidade de partilhar o que vêem com toda a gente.
Adenda: tanto quanto me parece, não há uma única espécie de cogumelo registado. É estranho, mas também é a boa altura para alterar isto.
henrique pereira dos santos
5 comentários:
Caro Henrique,
Bom post e oportuno.
Queria apenas fazer uma correcção. Há registo de cogumelos, pelo menos da minha parte, se bem que uma insignificância quando comparados com outros grupos.
Pode ver os registos aqui:
http://www.biodiversity4all.org/index.cfm?event=getps&urln=/user/stats/58024
São apenas referentes à Faia Brava e representam apenas 7 espécies. Neste momento, e nesta área natural, o seu número já ultrapassou as 100 espécies.
Mas tenho mais observações de cogumelos em outros pontos do país.
Ainda há muitos registos para inserir...
Obrigado!
Fernando,
Eu fui pela lista de utilizadores mais activos e por grupos, e voltei a repetir agora, estando os cogumelos a zeros. Vou tentar saber o que se passa.
Entretanto as observações ultrapassaram hoje as 20 mil.
Mas ainda bemque ainda há muito mais dados para ir inserindo. A este ritmo daqui a cinco anos qualquer trabalho sobre biodiversidade incluirá incontornavelmente consultas a este site.
henrique pereira dos santos
Olá Henrique,
"Suponho que encontraram no site uma forma de organizar os seus cadernos de campo de forma fácil e útil, para eles e para todos."
Será mais ou menos isso que me leva a inserir registos. Claro que também insiro registo que normalmente nem registava, pelo simples prazer de partilhar as fotos, e tentando estimular os outros observadores a fazer o mesmo. Os registos fotográficos diminuem os erros de identificação, pelo menos a longo prazo e para grande parte das espécies.
Como tenho estado doente, e consequentemente privado de "explorações" mais duras, fui-me debruçando sobre invertebrados, com especial incidencia sobre os ortópteros (faz-me lembrar os meus tempos de infância...).
Neste contexto, consegui alguns registos de espécies que não eram referenciadas para a Península Ibérica já há uns tempos (ex: http://www.biodiversidadvirtual.org/insectarium/Decorana+decorata+Fieber+1853-img166994.html ), o que me deixa bastante satisfeito.
Para além do B4A, que é uma prática base de dados para registos, não posso deixar de agradecer aos administradores de 2 sites que muito contribuem para a identificação de espécies:
http://naturdata.com , site inteiramente português com administração de vários especialistas nacionais.
http://www.biodiversidadvirtual.org , site ibérico com administração de vários experts espanhois.
Quanto aos cogumelos, não sei como está a fazer a busca, mas a mim dá-me o Fernando Romão com 7 espécies...
OK, já percebi porque não lhe aparece resultados nos cogumelos. A BD do D4A deve ter um bug qualquer na apresentação dos resultados... se aceder à BD "mãe" em observado.org vai ver ue aparecem resultados nacionais para cogumelos.
Francisco,
Calculei que fosse qualquer coisa do género e encaminhei a informação porque é encontrando coisas destas que se vão corrigindo.
henrique pereira dos santos
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