quarta-feira, dezembro 29, 2010

Protecção a mais

Imagem retirada daqui, onde se defende exactamente o contrário do que se defende neste post
Lá vem a história do abate de sobreiros e das compensações associadas.
Esta história das compensações associadas a abates de sobreiros e azinheiras "é um vôo cego a nada".
Quer o sobreiro quer a azinheira estão em rápida expansão. Não estará o montado, que exige gestão e manutenção, mas está com certeza o azinhal e o sobreiral, com a regeneração aos molhos que por aí anda.
É por isso absurda a protecção às árvores em vez da protecção ao que corre alguns riscos: o montado.
O tempo e os recursos gastos nestas tretas, porque é de tretas que se trata, de contar sobreiros abatidos, fazer plantações noutro lado para compensar (sem que ninguém verifique o que lá está cinco anos depois), parar investimentos por causa de sobreiros e azinheiras é pura e simplesmente uma perda de recursos para o país, sem benefícios visiveis para o que se pretende proteger.
Fora o que isto implica de distorção de prioridades, como se pode ver neste parecer da QUERCUS sobre o novo aeroporto de Lisboa, em que se diz: "Ao ser deslocada a área de implantação do NAL para Noroeste, será afectada uma maior área de montado, que agora totaliza 1278 ha. A localização anterior do NAL permitia poupar uma área significativa de montado e de povoamento de sobreiros, uma vez que a zona Sul é constituída maioritariamente por eucaliptal e por áreas agrícolas." (sublinhado meu).
Há a possibilidade destas áreas agrícolas estarem implantadas em solos de pouca aptidão, mas há uma fortíssima probabilidade destas áreas agrícolas serem os melhores solos que por ali estão. O que este parágrafo quer dizer é que a QUERCUS está mais preocupada com destruição que o aeroporto causa em 1287 hectares de sobreiro (dos mais de 700 000 que o país tem, isto é, menos de 0,2% do total) que com a destruição de solo agrícola, muito mais estratégico para o País.
Confesso, estou um bocado farto da irracionalidade da legislação de protecção do sobreiro e da azinheira.
Proteger, de acordo, mas sensatamente e distinguindo bem o que é de proteger e como, do que pura e simplesmente é excesso de zelo.
henrique pereira dos santos

4 comentários:

Luís Lavoura disse...

É irracional, até porque proíbe o abate de azinheiras e sobreiros para fins economicamente viáveis.

Por exemplo, que é feito do parquet de azinho que dantes cobria o chão de algumas casas portuguesas de classe alta? Já não se arranja, por ser proibido abater azinheiras para o produzir.

Será preferível cobrir os chãos com produtos sintéticos, ou com madeiras importadas de África?

Henk Feith disse...

Como é sabido por quem conhece um pouco da história florestal de Portugal, a proteção dos sobreiros e azinheiras não foi legislado por motivos ecológicos mas sim económicos. O objetivo era, como dizes bem, proteger o sistema produtivo de montado. No entanto, a legislação é, como é de costume, elaborada de forma deficiente, e acabou por proteger as árvores das espécies em causa. O que é curioso é que o movimento ambientalista transforma uma medida de proteção económica na sua porta-estandarte ecológica. Américo Amorim agradece a ajuda...

E agora já, quando é que as ONGA se lembram das outras espécies de folhosas autóctones, que carecem de proteção mas que são deixadas à sua sorte? Até quando posso abater um carvalho-cerquinho centenário enquanto corro o risco de apanhar uma multa de 60 mil euros se pisar um chaparro?

Henk Feith

PS, o Código Florestal voltou a estar em vigor, por ter passado o tempo de 360 dias de suspensão. A não ser que o PR promulgou nos últimos dias o diploma aprovado em AR que suspende o CF sem termo. É hilariante: parece um semáfero. Em vigor - suspenso - em vigor - suspenso. Imagine alguém que tem como objetivo ridículo cumprir a legislação em vigor? fica doido...

Anónimo disse...

Possivelmente o legislador teve problemas na definição do conceito de montado. Por exemplo, os 5 sobreiros que possuo numa propriedade de 3 ha e que constituem o limite de uma difusa mancha de sobreiros e azinheiras são montado? Ao centrar-se nas especies o legislador evitou alguns problemas ainda que possa ter criado outros

Sérgio Murra Martins disse...

"Por exemplo, que é feito do parquet de azinho que dantes cobria o chão de algumas casas portuguesas de classe alta? Já não se arranja, por ser proibido abater azinheiras para o produzir.

Será preferível cobrir os chãos com produtos sintéticos, ou com madeiras importadas de África?"


Pelo que me foi dito por um Professor há uns tempos, devido à densidade da madeira de azinho, o seu poder abrassivo nas serras era tal que eles não ganhavma para elas. Não sei se foi esse o unico motivo para o fecho de tais empresas mas...