Blogue de Reflexão sobre Ambiente e Sociedade
Manuel F. Santos:O Alqueva faz lembrar aqueles teatros de vanguarda que muito poucos frequentam:Financiam o edifício-teatro, dão subsídios à companhia para sobreviver e ainda oferecem os bilhetes aos assistentes à custa dos impostos, via mecenato.No próprio site da EDP sobre barragens nem diz quanta electricidade seria suposto produzir, pois já admitem que será negativa no balanço anual. É uma reserva girante para garantir potência a qualquer custo, quando muito pouco se faz para diminuir a procura e que é muito mais económico ao País e ao ambiente.
Não percebo o que há de misterioso na linha de Leixões: foi re-aberta tendo em conta o pressuposto de que se fariam obras para servir o Hospital de S. João e o interface com o metro em Leixões, entretanto houve uma pequena crise mundial (suponho que tenham ouvido falar) e deixou de haver dinheiro para fazer essas obras nos próximos tempos.Sendo assim, não fazia sentido nenhum continuar a operar os comboios.De misterioso pouco tem.
Caro JMN,Isso não é assim tão linear.1) Por que razão se abre uma linha que não tem condições de exploração?2) Por que razão as autarquias se comprometem a fazer obras que depois se escusam a fazer?3) Porque razão,se é uma mera derrapagam na sua abertura, não existe um calendário de obras adaptado às novas circunstâncias?4) Se não existe dinheiro, por que razão se recuou no fecho de um conjunto de linhas deficitárias que eventualmente ajudariam bastante a resolver o problema do dinheiro nesta linha;5) Se não exsite dinheiro para pequenas obras, por que razãose mantém o investimento em grandes obras como o TGV (o argumento do acordo internacional não pega: em Portugal argumenta-se que não se para por causa de Espanha e em Espanha argumenta-se que não se para, embora haja uns atrasos técnicos, por causa de Portugal).A crise tem as costas largas.henrique pereira dos santos
"Se não exsite dinheiro para pequenas obras, por que razãose mantém o investimento em grandes obras como o TGV"Henrique, não sei se já reparou, mas das 3 linhas que a esta altura já deveriam estar a ser construídas, só está a ser construída meia.Se isso é manter o investimento, não imagino o que seria se houvesse uma redução.
Anónimo,Claro que há cortes, mas isso não explica por que razão se abre uma linha sem condições (quando a crise estava já instalada), por que razão não se fecham as linhas que se previam fechar, nem por que razão na escala de prioridades este investimento fica atrás de uma série de outros.A crise obriga ao corte de investimentos, mas não define quais (embora fosse aconselhável um princípio básico: cortar o que tem menos retorno, manter o que dá maior retorno).henrique pereira dos santos
Já agora, caro anónimo, a sua afirmação, exacta, de que o que continuou é meia linha é um poderoso retrato da forma como o país está a encarar a gestão da escassez de investimento: fazendo meias obras que só têm utilidade quando completas, esperando que o meio feito coloque pressão sobre a metade que falta, em vez de fazer o que deveria ser feito: adaptar o investimento às obras que fazem sentido com o investimento disponível.O mais grave desta atitude de casino (vamos fazer metade a ver se conseguimos que nos saia a taluda) é que o risco de ficarmos com a obra a meio, e portanto razoavelmente inútil, é tanto maior quanto gastarmos essa metade em investimento sem retorno, porque não serve os objectivos que determinaram o investimento.Melhorar a linha de leixões, melhorar a gestão da linha do Norte (por exemplo, avaliando seriamente a criação da circulação entroncamento pampilhoa via covilhã guarda), avaliar o desenvolvimento de um eventual aeroporto em módulos e coisas desse género reduz enormemente o risco do investimento ficar a meio e sem utilidade, e uma realizado permite, com um grau de certeza bastante elevado, retorno que nos permita ganhar recursos para os investimentos maiores e de maior risco.Mas é um leigo a falar, claro.henrique pereira dos santos
"avaliar o desenvolvimento de um eventual aeroporto em módulos "cada tiro cada melro: o aeroporto de Alcochete vai ser construído em módulos.
Caro anónimo,Obrigado por me obrigar a ser mais preciso no quie pretendia dizer. O novo aeroporto é um novo aeroporto que pode ainda ser maior fazendo mais uns módulos.Ora não é a isso que eu pretendia referir-me, mas à possibilidade de manter o aeroporto na Portela e ir construindo uns módulos noutros locais à medida das necessidades.Sim, eu sei que a TAP acha um desastre ter dois aeroportos em Lisboa, mas o aeroporto serve para resolver problemas das pessoas e não problemas da TAP.Sem perceber muito do assunto, podemos aparentemente usar a área de figo maduro para expansão, temos Montijo, temos o desvio das lowcost para outros aeroportos e temos aind a possibilidade de fazer módulos complementares onde se pretende fazer o aeroporto novo e fazêd-lo crescer à medida das necessidades.Não sou especialista de transportes, mas ainda não vi explicado com clareza a razão pela qual a portela tem de sair de onde está.E manter a Portela permite de facto um crescimento por módulos que era o que eu estava a pretender dizer.henrique pereira dos santos
Explique lá que mecanismos legais é que utilizaria para fazer o «desvio das lowcost para outros aeroportos».
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9 comentários:
Manuel F. Santos:
O Alqueva faz lembrar aqueles teatros de vanguarda que muito poucos frequentam:
Financiam o edifício-teatro, dão subsídios à companhia para sobreviver e ainda oferecem os bilhetes aos assistentes à custa dos impostos, via mecenato.
No próprio site da EDP sobre barragens nem diz quanta electricidade seria suposto produzir, pois já admitem que será negativa no balanço anual. É uma reserva girante para garantir potência a qualquer custo, quando muito pouco se faz para diminuir a procura e que é muito mais económico ao País e ao ambiente.
Não percebo o que há de misterioso na linha de Leixões: foi re-aberta tendo em conta o pressuposto de que se fariam obras para servir o Hospital de S. João e o interface com o metro em Leixões, entretanto houve uma pequena crise mundial (suponho que tenham ouvido falar) e deixou de haver dinheiro para fazer essas obras nos próximos tempos.
Sendo assim, não fazia sentido nenhum continuar a operar os comboios.
De misterioso pouco tem.
Caro JMN,
Isso não é assim tão linear.
1) Por que razão se abre uma linha que não tem condições de exploração?
2) Por que razão as autarquias se comprometem a fazer obras que depois se escusam a fazer?
3) Porque razão,se é uma mera derrapagam na sua abertura, não existe um calendário de obras adaptado às novas circunstâncias?
4) Se não existe dinheiro, por que razão se recuou no fecho de um conjunto de linhas deficitárias que eventualmente ajudariam bastante a resolver o problema do dinheiro nesta linha;
5) Se não exsite dinheiro para pequenas obras, por que razãose mantém o investimento em grandes obras como o TGV (o argumento do acordo internacional não pega: em Portugal argumenta-se que não se para por causa de Espanha e em Espanha argumenta-se que não se para, embora haja uns atrasos técnicos, por causa de Portugal).
A crise tem as costas largas.
henrique pereira dos santos
"Se não exsite dinheiro para pequenas obras, por que razãose mantém o investimento em grandes obras como o TGV"
Henrique, não sei se já reparou, mas das 3 linhas que a esta altura já deveriam estar a ser construídas, só está a ser construída meia.
Se isso é manter o investimento, não imagino o que seria se houvesse uma redução.
Anónimo,
Claro que há cortes, mas isso não explica por que razão se abre uma linha sem condições (quando a crise estava já instalada), por que razão não se fecham as linhas que se previam fechar, nem por que razão na escala de prioridades este investimento fica atrás de uma série de outros.
A crise obriga ao corte de investimentos, mas não define quais (embora fosse aconselhável um princípio básico: cortar o que tem menos retorno, manter o que dá maior retorno).
henrique pereira dos santos
Já agora, caro anónimo, a sua afirmação, exacta, de que o que continuou é meia linha é um poderoso retrato da forma como o país está a encarar a gestão da escassez de investimento: fazendo meias obras que só têm utilidade quando completas, esperando que o meio feito coloque pressão sobre a metade que falta, em vez de fazer o que deveria ser feito: adaptar o investimento às obras que fazem sentido com o investimento disponível.
O mais grave desta atitude de casino (vamos fazer metade a ver se conseguimos que nos saia a taluda) é que o risco de ficarmos com a obra a meio, e portanto razoavelmente inútil, é tanto maior quanto gastarmos essa metade em investimento sem retorno, porque não serve os objectivos que determinaram o investimento.
Melhorar a linha de leixões, melhorar a gestão da linha do Norte (por exemplo, avaliando seriamente a criação da circulação entroncamento pampilhoa via covilhã guarda), avaliar o desenvolvimento de um eventual aeroporto em módulos e coisas desse género reduz enormemente o risco do investimento ficar a meio e sem utilidade, e uma realizado permite, com um grau de certeza bastante elevado, retorno que nos permita ganhar recursos para os investimentos maiores e de maior risco.
Mas é um leigo a falar, claro.
henrique pereira dos santos
"avaliar o desenvolvimento de um eventual aeroporto em módulos "
cada tiro cada melro: o aeroporto de Alcochete vai ser construído em módulos.
Caro anónimo,
Obrigado por me obrigar a ser mais preciso no quie pretendia dizer. O novo aeroporto é um novo aeroporto que pode ainda ser maior fazendo mais uns módulos.
Ora não é a isso que eu pretendia referir-me, mas à possibilidade de manter o aeroporto na Portela e ir construindo uns módulos noutros locais à medida das necessidades.
Sim, eu sei que a TAP acha um desastre ter dois aeroportos em Lisboa, mas o aeroporto serve para resolver problemas das pessoas e não problemas da TAP.
Sem perceber muito do assunto, podemos aparentemente usar a área de figo maduro para expansão, temos Montijo, temos o desvio das lowcost para outros aeroportos e temos aind a possibilidade de fazer módulos complementares onde se pretende fazer o aeroporto novo e fazêd-lo crescer à medida das necessidades.
Não sou especialista de transportes, mas ainda não vi explicado com clareza a razão pela qual a portela tem de sair de onde está.
E manter a Portela permite de facto um crescimento por módulos que era o que eu estava a pretender dizer.
henrique pereira dos santos
Explique lá que mecanismos legais é que utilizaria para fazer o «desvio das lowcost para outros aeroportos».
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