quinta-feira, junho 23, 2011

Bilhetes de avião e chicharro



Peixe Seco from Digital Impulse on Vimeo.



Luis Grave Rodrigues comenta no facebook: "Qual o significado prático de um primeiro-ministro viajar em turística? E o significado político? Nenhum! É uma miséria pindérica, artificial e hipócrita ... E para ser coerente, o que é que se vai seguir? Vai andar de Fiat Punto? Vai aproveitar as costas dos papeis do despacho para rascunho? Vai servir chicharro aos chefes de Estado estrangeiros que nos visitem? Vai trocar o papel higiénico do palácio por uma marca de uma só folha?".
Tendo a concordar com o Luís Rodrigues quando diz que a decisão tomada (e o esforço para a divulgar) decorrem mais do populismo que de verdadeira substância política do actual primeiro ministro. Vai ser preciso tempo para saber.
Não concordo é na ausência de significado político de ter os governantes a viajar em turística, de viajarem de fiat punto, de aproveitar as costas dos papéis para rascunho ou de servir chicharro aos chefes de estado que nos visitem (não me pronuncio sobre papel higiénico, se não para lembrar que a maior parte da população do mundo desconhece o que isso seja e que vale a pena lembrarmo-nos o que signfica, de pressão sobre os recursos, o progressivo acesso desta população a bens que consideramos indiscutivelmente básicos).
O valor dos símbolos (ou da sua ausência) na afirmação do poder é reconhecido desde sempre.
Escuso de lembrar a Rainha Vitória ataviada com as suas mais opulentas jóias quando ia visitar pobres, justificando com a sua convicção de que essa era a melhor forma de respeitar as pessoas que esperavam a visita da sua rainha e não de uma mulher qualquer. Ou a famosa fotografia da então namorada do príncipe Carlos da Inglaterra, saindo do palácio no seu pequeno carro urbano e plebeu, que contribuiu para o título informal de princesa do povo que traduziria a maior proximidade da casa real inglesa com as pessoas comuns, condição essencial para a sua aceitação em sistemas democráticos modernos. Ou os espartanos meios de uso pessoal colocados pela sociedade à disposição dos deputados de parlamentos nórdicos, como forma de afirmação da condição de homens e mulheres vulgares temporariamente representantes de outros homens e mulheres comuns, por contraste com a arquitectura nazi ou estalinista.
A ideia de que viajar em primeira é uma condição básica de prestígio do primeiro ministro de um país é uma ideia muito "antigo regime", em que a legitimidade do poder provinha da distinção imanente do governante e não do voto das pessoas comuns. Basta ver hoje quem são os mais ostensivos utilizadores do luxo como símbolo do seu poder e quem são os governantes mais frugais no uso do dinheiro dos contribuintes.
Lembro-me de um responsável numa unidade hoteleira ocupada por uma delegação extensa e de alto nível numa cimeira mundial em Lisboa me dizer que era de longe mais rentável receber a delegação russa que a delegação americana porque os americanos tinham tudo negociado pelo mínimo e não gastavam um tostão em extras, ao contrário dos russos, traduzindo as diferentes culturas sobre a origem do dinheiro que gastavam: os americanos obcecados com o dinheiro dos contribuintes, os russos (tal como os portugueses) convencidos de gastavam dinheiro público proveniente de um Estado abstracto.
Ora o que me faz escrever sobre isto num blog ambiental é a minha convicção de que Eugénio de Andrade tinha essencialmente razão: "todo o luxo é uma forma de degradação".
No meu trabalho com o chef António Alexandre uma das coisas que mais me impressionam e me agradam é a sua capacidade de usar produtos simples e desvalorizados para criar verdadeira sofisticação: a partilha de alguma coisa tornada única pela inteligência, gosto e capacidade de uma pessoa. O trabalho do António Alexandre com o carapau seco da Nazaré, documentado no video que ilustra o post, demonstra bem como é possível servir chicharro aos chefes de estado sem qualquer perda de prestígio e sem ser pindérico.
O projecto eat the view pretende exactamente acabar com o estigma que o novo riquismo burguês criou sobre a pequena produção própria, sobre a dignidade do trabalho manual, sobre a indignidade da proximidade com o estrume das pessoas mais próximas do poder e da riqueza.
Ao contrário do que sempre foi a tradição dos jardins em Portugal, que essencialmente eram espaços produtivos arranjados para servirem simultaneamente objectivos lúdicos e de recreio, mantendo as funções de gestão da água e da circulação nas hortas mas com soluções formais mais elaboradas, hoje toda a gente escarnece a Maria de Salazar que criava, e bem, galinhas, nos jardins de S. Bento.
É tempo de reabilitar a frugalidade, deixando à inteligência e ao bom gosto dar-lhe o toque de sofisticação que distingue os espíritos superiores, evitando confundir a ostentação do luxo material com dignidade pessoal e institucional.
Se viajar em económica (e, espero eu, viajar de comboio para o Porto) for só uma cartada inconsequente e populista é pena.
Terá sido uma oportunidade perdida para começar a reabilitar a frugalidade, essencial à sustentabilidade e ao respeito pelo dinheiro dos contribuintes.
Ler os doze césares de Suetónio é a esse título muito instrutivo porque a esta distância da história podemos comparar com clareza o prestígio que a história atribui aos césares glutões e que optaram por se rodear do luxo ostensivo, dos césares que, como Augusto, eram conhecidos pela frugalidade "Na sua mesa ... era muito sóbrio e de paladar por assim dizer comum. Preferia acima de tudo o pão caseiro, peixe miúdo, queijo de vaca prensado à mão, figos frescos, desses que há duas vezes por ano".
Esperemos, mesmo sem grande esperança, que viajar em económica seja assumidamente um gesto simbólico que leve, entre outras coisas, à criação de hortas no palácio de S. Bento (e, já agora, no de Belém também), para que se tragam à mesa dos chefes de estado grelos acabados de colher, fertilizados com estrume e diminuídos pela parte que coube às lagartas e aos pássaros, mesmo que seja para acompanhar chicharro cozinhado por quem seja capaz de ser sofisticado a partir de qualquer ingrediente, como o abade de priscos que deu ao seu pudim de ovos uma textura difícil de obter sem a banha de porco que usou na receita original.
Isso sim, é um luxo que não está ao alcance de todos os chefes de estado.
Não se trata de recuperar o "viver como habitualmente" de Salazar, trata-se isso sim de perceber que provavelmente não nos será possível viver como habitualmente.
henrique pereira dos santos

17 comentários:

Luis Grave Rodrigues disse...

Olá Henrique:
Penso que o teu raciocínio padece de dois vícios:
O primeiro é confundir prestígio com luxo, que são coisas bem diferentes;
O segundo é pensares que todo o luxo é uma forma de degradação, por muito que essa seja também a opinião do Eugénio de Andrade.
Repara: escrevo-te de um IPad, à beira de uma piscina na costa alentejana, para onde vim ontem à noite de Porsche, tenho vestidos uns calções de banho que comprei na Gant da 7a avenida e no pulso tenho um Breitling de edição limitada.
É um luxo? É!
E não é preciso recorrer a comparações com a miséria e a fome que grassa neste mundo.
Mas não acho que seja uma degradação: trabalhei e trabalho como um cão para ter os meus luxos.
E sem trabalhar não os teria, porque não os herdei nem me saiu o Euromilhões.
E também não vale a pena falar aqui de oportunidades que não estão ao alcance de todos: isso é verdade, mas é outra conversa.

Mas coisa bem distinta é eu agora para mostrar aos outros qualquer coisa, publicar um post no meu blogue e divulgar à comunicação social que ia vender o meu Porsche para dar de comer aos pobrezinhos.
Era não só inútil como perfeitamente imbecil e principalmente hipócrita.
E era, talvez acima de tudo, apelar aos sentimentos mesquinhos inculcados ao longo de dois milénios de que é mais fácil um camelo passar num buraco de uma agulha do que um rico entrar no reino dos céus...

O que eu quero no meu país é um primeiro-ministro que resolva os problemas, sim, mas que tenha o prestígio e a hombridade e a honestidade de me representar com prestígio, e não com medidas mesquinhas e populistas -e principalmente inúteis e irrelevantes - que mais não lhe servem do que para arregimentar três votinhos entre aquela malta lá de Massamá!

Um grande abraço.

Miguel B. Araujo disse...

O que cada um faz com o seu dinheiro é consigo. O que os nossos representantes fazem com o nosso dinheiro é outra questão. O gesto de Passos Coelho vale pela simbologia e porque manda recado a outros níveis do aparelho de Estado. Se o PM viaja em classe turística para um vôo intra-continental, porque não poderão o deputados fazer o mesmo? Por outro lado, todos sabemos que mais apertos do cinto vão vir e não fica nada mal que o exemplo de contenção comece desde cima. Eu que não votei neste sujeito só tenho a aplaudir o gesto.

Henrique Pereira dos Santos disse...

Olá Luís,
O primeiro vício de raciocínio devolvo-o à procedência: quem confunde luxo com prestígio é quem acha que não ir em primeira para bruxelas é um desprestígio para o primeiro ministro. Se me disseres que no alfa vais em primeira porque tens tomadas de electricidade para ligar o computador em que queres trabalhar eu não tenho nenhuma objecção em não classificar isso como luxo. Ora eu não vejo que diferença faz, numa pequena viagem de avião, ir em primeira ou económica para além do preço e do estatuto (o acesso ao luxo). Não vejo por isso como ir em económica diminua o primeiro ministro.
Segunda questão, a do luxo e da degradação. Não tenho a menor intenção de discutir moralmente a questão do luxo. Mas sempre que alguém gasta mais que o que precisa isso significa maior desperdício. Isto é uma verdade inquestionável com vários problemas. O primeiro é a definição de necessidade, que para além das questões básicas da alimentação e abrigo é sobretudo uma definição pessoal. O segundo é discutir os efeitos do desperdício. Que tem componentes morais mas está longe de ser uma questão moral.
Tenho pena mas o luxo é sempre uma forma de degradação.
Isso não sgnifica que se abdique totalmente dele, significa apenas que entre várias formas de degradação (e a miséria conduz a outras formas de degradação, quando não é ela mesma uma forma de degradação) cada pessoa escolhe as que quer aceitar ou não.
O que não pode é negar os efeitos das suas escolhas (uns positivos, outros negativos).
Ainda assim quero fazer-te notar que falei sempre na perspectiva do dinheiro dos contribuintes. Com o teu fazes o que queres, com o dos impostos (que inclui dinheiro dos mais pobres de todos) fazes o que deves, que é respeitá-lo como o que é: uma restrição para quem os pagou.
henrique pereira dos santos

Gonçalo Rosa disse...

Luís,
Entre outros, o seu comentário esquece um aspecto fundamental. É que os luxos que você tem, resultam do fruto do seu trabalho. Os luxos que os nossos governantes e demais agentes de Estado têm, resultam do trabalho e dos rendimentos de pessoas como o Luís, mas também "da malta de Massamá" e de milhões de outros contribuintes, muitos dos quais, pobres.
Este seu esquecimento de que estas despesas de que falamos são pagos com dinheiro de todos nós, é paradigmático da forma como governantes, funcionários públicos e, afinal, a maioria da sociedade civil tem olhado para a coisa pública. Uma espécie de saco sem fundo, recheado de dinheiro vindo não interessa de onde.
Gonçalo Rosa

Luis Grave Rodrigues disse...

Se tudo isso é verdade e é uma questão de princípio, e porque, por definição os princípios são para levar até ao fim, acho que o Passos Coelho deveria mandar substituir o papel higiénico do Palácio de S. Bento por aquele mais baratinho de uma folha só.

Isso sim: isso é que seria uma mensagem a valer para transmitir a todos os portugueses!

Gonçalo Rosa disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Henrique Pereira dos Santos disse...

Luís, isso seria o mesmo que defenderes, coerentemente, que S. Bento só tivesse papel higiénico preto porque esse é que dá verdadeiramente estatuto. Repara, dei o exemplo da primeira e segunda classes do ALfa porque têm uma diferença funcional clara que pode justificar o uso da primeira classe (até poderia ser só o conforto, mas falo da ligação eléctrica). O número de folhas dos rolos de papel higiénico também apresenta diferenças funcionais que devem ser avaliadas. O que não faz sentido é haver uma data de gente que acha, em casa, que duas folhas chegam e no sítio onde trabalha é desprestigiante ter menos de quatro.
O que está em causa são duas coisas: o bom senso e o valor simbólico deste tipo de decisões.
Por isso no post não desvalorizo o valor simbólico e digo que para ser a sério e de bom senso se deve ir muito mais longe, incluindo as deslocações de comboio quando razoável (provavelmente não sabes mas a CP tem um excelente programa que associa comboio e aluguer de carro que te dá quase a liberdade de levares o carro para o porto e um preço e impacto ambiental muitíssimo menor).
Deixa-me que te diga que nunca vi ninguém emagrecer a sério uma organização sem duas coisas: dar o exemplo e ter atenção ao valor simbólico dos pequenos gestos, como este.
O tempo dirá se é um fogo fátuo ou se corresponde a uma verdadeira vontade de levar o assunto a sério, mesmo mantendo o papel higiénico que existe em S. Bento (tens consciência de que em muitos serviços do estado hoje não há papel higiénico nenhum por falta de dinheiro, e que esses prefeririam ao menos o de uma folha?).
henrique pereira dos santos

Gonçalo Rosa disse...

Luis,
Seria outro sinal positivo, para todos nós e (pelo que já disse) especialmente para quem dirige/trabalha no Estado.
Só não percebo porque é que, do ponto de vista dos gastos de dinheiros públicos, passar a viajar em turística é, como diz, populismo, mesquinho, inútil e irrelevante, mas passar a consumir papel higiénico de uma folha "seria uma mensagem a valer para transmitir a todos os portugueses"...
Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

"Se o PM viaja em classe turística para um vôo intra-continental, porque não poderão o deputados fazer o mesmo?"

Porque já o fazem há 2 ou 3 anos.

Gonçalo Rosa disse...

Caro anónimo,
Desconheço se deputados o fazem ou não. Se o fazem, fazem muito bem. Mas sei de diversas situações em que ministros e secretários de estado viajam em executiva com os seus gabinetes. Não sei se é a regra, mas conheço diversas situações que me indicam o contrário.
De qualquer modo, não reduzo o exemplo de frugalidade que Passos Coelho dá e que desejo que repita o maior número de vezes possíveis, à lógica de viajar em turística, sempre que possível, ao invés de primeira classe ou executiva, mas à ideia de que é imperioso olhar para os dinheiros públicas (e para a coisa pública) de uma forma distinta à que temos olhado.
Gonçalo Rosa

Gonçalo Rosa disse...

Henrique: "Não vejo por isso como ir em económica diminua o primeiro ministro."

Não só não o diminui como o enobrece porque demonstra cuidado no gasto de dinheiros públicos. Espero bem que este gesto de Passos Coelho seja minimamente genuíno e não uma operação de marketing pontual. Se não, continuaremos todos na mesma quanto à confiança na nossa classe política dirigente diz respeito. O futuro o dirá.

Gonçalo Rosa

Anónimo disse...

Duas notas breves:

Relativamente às viagens em classe turística versus executiva (ou primeira classe), não posso concordar que não hajam diferenças funcionais. A diferença de fazer um voo de 8 ou mais horas numa cadeira que se transforma em cama ou numa cadeira em que o ângulo das pernas e das costas varia entre 90 e 75º é substancial. Quando se fazem muitas viagens e se espera que as pessoas estejam aptas mal chegam ao destino para começar a trabalhar (porque passar um dia a repousar no hotel não é opção) essas diferenças podem-se justificar... No entanto, acho que se pode é questionar a opção das transportadoras públicas (como a TAP e a CP) terem essa opção. Será que apesar de das diferenças no custo da operação serem pagas pelo utilizador, que não era preferível um sistema público que promovesse a igualdade (mantendo patamares de conforto adequados) em vez de promover a diferença? Tenho algumas dúvidas...

Relativamente ao comentário do Luís e subsequentes respostas. Claro que há uma diferença de fundo entre o gasto de capitais públicos e privados. Mas mesmo assim, o gasto de recursos privados está sujeito a um juízo ético. O luxo, por definição não se materializa na qualidade intrínseca dos bens ou serviços, mas antes no contraste que se estabelece com os bens de consumo mais comuns. É portanto sempre mais uma afirmação de estatuto do que outra coisa qualquer.

Alexandre Vaz

Nuno disse...

http://sol.sapo.pt/inicio/Politica/Interior.aspx?content_id=22550

Se calhar serão mais significativos estes gestos quando se privatizar toda a TAP e o governo pagar efectivamente as viagens.

Também gostaria de saber a origem da notícia original, que nunca ficou esclarecida.

Carlos Pires disse...

Espero que ele diminua a frota automóvel do estado, a bem da ecologia e das finanças públicas!

Anónimo disse...

Excelente nota feita pelo MBA ao comentario pateta e xuxalista do LGR. Para que conste tambem nao votei no PPC, mas como faco parte do grupo dos que pagam impostos porque trabalha (nao confundir trabalho com emprego!) o gesto do PM agrada-me. Assim como tambem me agrada a ideia de ver os ministros a andar de lambreta em Lisboa, solucao mais ecologica do que a habitual...
Por ultimo uma nota sobre os portugueses que moram em Massama: ate prova em contrario sao gente mais seria, trabalhadora e inteligente do que os LGRs deste pais. Se Massama nao existisse gozava com quem? Com os pretos? Com os judeus? Com os ciganos?... Para quem se arma em superior perdeu uma boa oportunidade de nao escrever.
JM

Anónimo disse...

É de uma falta de nível absoluta quem julga que porches e lugares de 1ª nos aviões trazem distinção a quem quer que seja. Noutra escala, mas com o mesmo espírito, as maisons dos imigrantes dos anos 70, no Norte e centro do país, pretendiam evidenciar o sucesso económico dos seus donos. O governo cessante, em má hora posto na rua (há muito que deveria ter sido corrido) primou por este tipo de referências pacóvias, pimbas, de novo-riquismo bacoco, que envergonham quem sempre se considerou de esquerda e teve de votar PSD. Pedro Passos Coelho, ao viajar em classe turística, passa a mensagem que é tempo dos portugueses abandonarem os exemplos dos políticos africanos, mergulhados em mordomias à custa da miséria dos seus povos, aproximando-se da atitude escandinava, de sobriedade. Uma profunda demarcação com o passado recente protagonizado pelos miseráveis novo ricos que se vestiam nas melhores alfaiatarias de Nova Iorque. Os mesmos que antes de serem acolhidos pelo PS viviam nas berças, ansiando por conseguirem dinheiro para comprar um T0 em Massamá.

Anónimo disse...

Por duas vezes pensei ter posto aqui um comentário, que afinal desapareceu.

Era só para dizer que, a ser verdade o que o Expresso dizia, que o Macário Correia, sentado em executiva, ficou embaraçado ao ser cumprimentado pelo chefe de passagem para a turística, já valeu a pena.

Acrescento agora que de chicharro não sei nada, mas de chícharo (uma coisa comida em tempos pelos pobres, que os ricos a davam aos animais) já posso dizer qualquer coisa: faz uma sopa, um creme simplissíssimo de sabor extremamente requintado. Era só pôr-lhe um nome chique e servir num desses restaurantes que agora servem crème brûlée em vez de leite creme que qualquer dono de Porsche lhe chamava une figue.