sábado, novembro 05, 2011

A professora tem sempre razão

Imagem obtido aqui



Passo a citar a matéria que o meu filho estudou recentemente, para a disciplina de Estudo do Meio, 4º ano da escola primária:

"Prevenção de incêndios

No nosso país, em especial nos últimos anos e durante os meses de Verão, as florestas têm vindo a ser destruídas pelos fogos.

A área florestal está a desaparecer e, com ela, o habitat de numerosas espécies de animais e de plantas.

Esta destruição leva à erosão dos solos e as graves alterações climatéricas."

Tanto disparate que andam a ensinar aos nossos filhos, desde o "nosso país" (não haverão fogos fora de Portugal? essa mania de falar sobre fenómenos globais como se fosse algo exclusivo "nosso"), "últimos anos" (meus caros editores de livros escolares, se fizessem o trabalho de casa como fazem os nossos filhos, não havíamos de aturar coisas destas), "durante os meses de Verão" (salvo a violação do novo acordo ortográfico, supostamente em vigor nos livros escolares, se calhar a única afirmação objetiva em todo o texto), passando pela banalidade da destruição das florestas pelo fogo (será demais pensar que os nossos educadores deviam explicar que o fogo modifica o percurso evolutivo da vegetação, podendo esta modificação ser contrária aos objetivos humanos em relação a esta mesma vegetação, mas que raramente a destroi de forma definitiva), que só se entende pela ideia dominante na educação ambiental que crianças com menos de 10 anos (e se calhar não só essas) só compreendem afirmações estilo tabloide, prosseguindo com o hilariante "a área florestal está a desaparecer" (já pensaram em consultar as estatísticas sobre o assunto, para não falar em ver bem o que é definida como "área florestal"), e o habitual blablabla das numerosas espécies. A relação entre fogos e erosão ainda dou de barato, mas volto a arrepiar com as graves alterações climatéricas, que servem de bogey man do século XXI.


Não sei porque, mas vêm-me à cabeça umas canções que Roger Waters compôs, relacionadas com uma parede e tal, já lá vão 30 anos ...

Henk Feith

3 comentários:

OLima disse...

Este comentário, mais elaborado, seria muito mais eficaz se fosse dirigido à editora do livro emquestão.

Anónimo disse...

Henk, o relativismo é inimigo da pedagogia. Mas passando por cima disso, (sinto-me a reviver a discussão das águias pesqueiras), antes de prosseguir com a conversa, diga-me por favor o que entende por floresta?

Alexandre Vaz

Henk Feith disse...

Caro Alexandre,

Não gosto de inventar, por isso reproduzo aqui o que está definida nos Decretos regulamentares dos PROF como "áreas florestais":

e) Espaços florestais – áreas ocupadas por arvoredos
florestais de qualquer porte com uso silvo-pastoril
ou os incultos de longa duração. Inclui os espaços florestais
arborizados e os espaços florestais não arborizados;
f) Espaços florestais arborizados — superfície com
árvores florestais com uma percentagem de coberto no
mínimo de 10 % e altura superior a 5 m (na maturidade),
que ocupam uma área mínima de 0,5 ha de largura
não inferior a 20 metros. Inclui áreas ocupadas por
plantações, sementeiras recentes, áreas temporariamente
desarborizadas em resultado da intervenção humana
ou causas naturais (corte raso ou incêndios), viveiros,
cortinas de abrigo, caminhos e estradas florestais, clareiras,
aceiros e arrifes;
g) Espaços florestais não arborizados — Incultos de
longa duração que compreende os terrenos ocupados
por matos, pastagens naturais, e os terrenos improdutivos
ou estéreis do ponto de vista da existência de comunidades
vegetais;

Um abraço,

Henk Feith