O Público de hoje fala deste projecto, (mas como não tem link aqui fica o do Mirante, um bom jornal) dizendo:
1) Não há uma única nave logística contruída;
2) Há dois empregos criados (o do guarda do terreno e o da recepcionista da empresa);
3) Ninguém faz ideia quando se fará ali mais alguma coisa, depois do projecto estar parado desde Abril de 2011;
4) O PSD de Vila Franca já fala em mudar o destino da coisa, passando a ser um centro empresarial (traduza-se, libertar a plataforma logística da sua função dita estratégica e vender o terreno ao metro quadrado a quem pagar mais);
5) A presidente da Câmara considera os 4 milhões que gastou no assunto muito bem gastos porque a população da Castanheira do Ribatejo ficará com um nó para a auto-estrada (mais de 500 euros por habitante para evitar os cinco quilómetros e cinco minutos que os separam do nó mais próximo da auto-estrada);
Pois bem, qual é a conclusão da Presidente da Câmara Maria de Luz Rosinha?
Que a burocracia matou o projecto porque demorou seis anos a aprová-lo.
Que o projecto se implante em Reserva Agrícola Nacional, é irrelevante; que o projecto se localize em Reserva Ecológica Nacional, é irrelevante; que o projecto esteja em leito de cheia, é irrelevante; que o projecto precise de avaliação de impacte ambiental, é irrelevante.
Discutir se vale a pena destruir dos melhores solos do país ou evitar uma catástrofe provocada pela estupidez de colocar uma plataforma logística num leito de cheia é, não opinião de Maria de Luz Rosinha, burocracia.
Que se o projecto tivesse andado mais depressa apenas se chegaria mais depressa ao fosso em que caiu, que se as naves estivessem vendidas e construídas, a crise apenas teria um efeito maior em desempregos, falências e ruínas, isto é, em desperdício de recursos que agora nos fazem falta, nada disso interessa a Maria de Luz Rosinha.
O que interessa é a atirar as responsabilidades para a burocracia, isto é, para as regras e leis que nos obrigam a todos e que pretendem exactamente garantir o equilíbrio de interesses na gestão do território.
Que aliás, se tivessem sido seguidas, teriam evitado este elefante branco criado pela vontade irresponsável de decisores concretos, que usaram todos os seus poderes, os legítimos e os ilegítimos, para contornar a lei.
Para o promotor a coisa é simples: comprou o terreno pelo preço da chuva, investiu 50milhões para consolidar a situação e é só esperar que em desespero de causa os mesmos decisores, ou outros, o deixem mudar o uso do terreno e aproveitar o primeiro alívio da crise para finalmente vender por urbano o que em tempos foi terreno agrícola do melhor que Portugal tem. O risco que corre é o do custo do financiamento do investimento ser maior que a margem de lucro, o que é um risco pequeno dada a enormidade da diferença de valor entre um terreno sem qualquer capacidade construtiva e um terreno urbanizado.
Eu tenho uma sugestão para a Senhora Presidente de Câmara, Maria de Luz Rosinha: e se fosse vender limões à praça? Sempre aprenderia qualquer coisa sobre bens transacionáveis e sectores protegidos e escusava de nos atirar areia aos olhos.
PS O que mais me choca neste projecto são os cândidos, suaves e intermitentes protestos das ONGs, tão sonoras noutros casos sem a menor importância. Ide vós também vender limões à praça.
henrique pereira dos santos
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