"El lince ibérico es el felino más amenazado del
planeta, debido a numerosas razones. En primer lugar, se trata de un
especialista de hábitat y presa, por lo que alteraciones de éstos afectan muy
negativamente en sus poblaciones. De hecho, una de las causas más importantes
que ha llevado al lince ibérico al borde de la extinción ha sido la
disminución de su principal presa, el conejo de monte, afectado
por la introducción de dos enfermedades víricas: la mixomatosis en los años 50 y
la enfermedad vírica hemorrágica del conejo en los años 80, que provocaron un
descenso drástico superior al 80% de sus poblaciones. En segundo lugar, la
transformación, fragmentación y destrucción de su hábitat (el
monte mediterráneo), que acoge una elevada biodiversidad y cuya alteración
también afecta a las poblaciones del conejo de monte. Además, otra de las
amenazas ha sido la muerte originada por el ser humano, bien de
manera involuntaria, como los atropellos, o intencionada, como el uso de
técnicas ilegales y no selectivas de caza, furtivismo, uso de venenos, etc. Otra
amenaza para las poblaciones de lince ibérico que está cobrando relevancia en
los últimos años son las enfermedades. El lince ibérico es una
especie con un gran riesgo sanitario (cuenta con escasos efectivos y poseen una
alta densidad de individuos), por lo que la aparición de cualquier brote
infeccioso se puede dispersar con facilidad y llevar a la extinción a la
población local. A esto se une la baja variabilidad genética del lince que,
entre otros efectos negativos, se asocia a una pérdida de respuesta del sistema
inmune."
Felizmente as referências ao coelho vão-se impondo face ao discurso de há anos atrás, em que as outras ameaças eram apresentadas ao mesmo nível, ou mesmo acima da ameaça decorrente da regressão do coelho.
Mas o que vale a pena notar é o seguinte: nos anos angustiantes da regressão rápida do lince, desde o fim dos anos 80 (com a entrada da pneumonia hemorrágica viral nas populações de coelho), a conversa da destruição do habitat, da morte originada pelo ser humano e coisas que tal eram sistematicamente apresentadas como factores muito relevantes nessa regressão do Lince.
Note-se que as pessoas que usavam esses argumentos nunca se preocuparam muito em responder à perplexidade das poucas, muito poucas, pessoas que chamavam a atenção para duas coisas: 1) a evidência empírica da dinâmica das paisagens não autorizava a leitura que era feita sobre a alteração de habitats; 2) a alegação da existência dessas alterações, no sentido e magnitude descritas para explicar a dinâmica da população do lince, não eram suportadas em estudos específicos de consistentes de dinâmica de habitats.
Cerca de vinte e cinco a trinta anos passados, a dinâmica das populações alterou-se (e, curiosamente, isso reflecte-se pouco nos estatutos de ameaça das espécies em causa, porque os seus especialistas acham politicamente imprudente) mas não o discurso sobre as ameaças, com excepção do crescimento do peso relativo da regressão da população de coelho, que é uma evidência que entra pelos olhos do mais cego dos cegos.
Aparentemente ninguém se entretém a responder à pergunta óbvia: o que se alterou na dinâmica das ameaças (alteração de habitat, morte provocada pelo ser humano e por aí fora) que justifique a poderosa recuperação das populações de coelho e lince (e dos outros predadores de topo associados ao consumo de coelho)?.
Às tantas há um poderoso movimento de arroteamento, de regressão florestal, de diminuição da agricultura intensiva e aumento da agricultura extensiva, de diminuição da caça, de diminuição de atropleamentos e ninguém me informou de nada.
Talvez fosse tempo da biologia da conservação cuidar da sua credibilidade e deixar de aceitar como evidências meras alegações ideológicas sem evidência empírica só porque parecem lógicas e encaixam na ideia de que o homem está sempre no centro de todos os desequilíbrios ambientais.
henrique pereira dos santos
1 comentário:
Henrique, Resolvi escrever um post para recentrar um pouco esta discussão.
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