Gonçalo Elias perguntou hoje num comentário a este post: "Há dois anos escreveste isto:
"Dentro de dois anos, graças às fortes obrigações dos promotores em matéria de monitorização, teremos uma ideia se foi uma boa ou má decisão autorizar este parque eólico." Será que nesta altura é possível chegar a alguma conclusão?"
É bom ter leitores assim.
O que sei sobre o processo é bastante menos do que sabia quando os relatórios de monitorização me chegavam às mãos, mas tanto quanto sei não foi identificado nenhuma problema sério para a conservação.
A confirmar-se isto, que só um escrúpulo intelectual afiado me leva a pôr no condicional, a decisão de licenciar o parque eólico terá sido a correcta (ou melhor, não terá tido efeitos negativos na conservação, porque poderia ter sido a correcta com a informação existente na altura e ter aparecido qualquer coisa inesperada e que desse mau resultado).
Obrigado Gonçalo, foi dos comentários deste blog que mais gostei de ler. Espero agora que se alguém tiver informação em contrário a traga para a podermos discutir.
henrique pereira dos santos
sábado, maio 26, 2012
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5 comentários:
A pergunta de há dois anos não é a melhor.
Melhor seria perguntar:
"Dentro de doze anos, graças às fortes obrigações dos promotores em matéria de monitorização, teremos uma ideia se foi uma boa ou má decisão autorizar este parque eólico"
Não se deve retirar conclusões de um estudo de monitorização com apenas dois anos de dados.
Camarada,
Se o problema fundamental era a elevada mortalidade que seria induzida pelo parque eólico não precisamos de esperar tanto tempo para verificar que as previsões catastróficas não se verificaram.
A ideia de que se pode dizer o que se quer porque só daqui a muitos anos é que é verdadeiramente possível ter uma ideia do que se está a passar é uma ideia muito confortável, mas tem o problema de estar errada na maior parte das vezes.
henrique pereira dos santos
O Henrique refere:
"A confirmar-se isto [nenhum problema sério para a conservação]... a decisão de licenciar o parque eólico terá sido a correta...".
Só uma longo período de observação permitirá afirmar isto com 'conforto'.
É por isso mesmo que será a longa série de dados a recolher que permitirá uma conclusão confortável, eventualmente com o teor que o Henrique quer dar no seu post.
Retire-se o programa de monitorização nos moldes atuais e o discurso teria outro sentido. Não?
Não é sensato defender que dois anos são suficientes para se traçar um panorama geral num estudo de monitorização ambiental. De todo. A questão "da conclusão estar errada na maior parte das vezes" estará relacionada com deficiências em fases precoces dos estudos, na construção das hipóteses e do desenho experimental para as testar. E não tanto com a série, desejavelmente longa, de uma monitorização.
Caro anónimo,
O tempo necessário para ter uma conclusão depende essencialmente de duas coisas: do que queremos avaliar do grau de certeza que queremos ter.
No caso em apreço o que queremos saber, em primeiro lugar, é se os bichos morrem ou não morrem por causa do parque eólico.
Ora isso não precisa de longos períodos de monitorização, quaisquer dois anos são mais que suficientes para isso.
Agora se quisermos saber se os parques eólicos influenciam o sex-ratio das populações migradoras, é bem provável que duzentos anos não cheguem.
Ou seja, quer doze anos para saber exactamente o quê?
henrique pereira dos santos
Este tema é demasiado complexo para ser reduzido ao que o Henrique considera 'essencialmente de duas coisas: do que queremos avaliar do grau de certeza que queremos ter'.
Da minha parte poderia ter usado outro período qualquer, que transmitisse a ideia de 'um período alargado'. O Henrique tinha lá 2 e eu apenas adicionei-lhe 10.
Não é frutífero por isso continuar por esta via.
Acho apenas que é razoável admitir que não se obtêm dados conclusivos numa monitorização ambiental apenas com dois anos de recolha de dados.
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