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sexta-feira, abril 30, 2010

Uns gananciosos, estes trabalhadores - crónica de Daniel Oliveira


in Expreso, 13 de Abril de 2010

A Galp propôs aos seus funcionários um aumento de 1,5 por cento. Os trabalhadores vão fazer uma greve. O presidente do conselho de Administração, Ferreira de Oliveira, acusou os trabalhadores de "falta de solidariedade para com o futuro da empresa".

Alguns dados:

1 - Ferreira de Oliveira recebeu, em 2009 , quase 1,6 milhões de euros, dos quais mais de um milhão em salários, 267 mil em PPR, quase 237 mil euros de prémios de desempenho (mais de 600 mil em 2008) e 62 mil para as suas despesas de deslocação e renda de casa. É um dos gestores mais bem pagos deste país.

2 - Os sete administradores da empresa (ex-ministros Fernando Gomes e Murteira Nabo incluídos) receberam 4,148 milhões de euros. Mais subsídio de renda de casa ou de deslocação, no valor de três mil euros mensais. Os 13 administradores não executivos receberam 2,148 milhões de euros. Entre os administradores não executivos está José António Marques Gonçalves, antigo CEO da petrolífera, que levou para casa uma remuneração total de 626 mil euros, incluindo 106 mil de PPR e 94 mil de bónus. No total, os 20 gestores embolsaram 6,2 milhões de euros, 2,9% dos lucros da companhia.

3 - Os trabalhadores pedem um aumento de 2,8 por cento no mínimo de 55 euros. Perante estas exigências de aumento, a administração que recebe estes salários diz que, tendo sido estes dois últimos dois anos "de crise", elas são "impossíveis de satisfazer".

4 - A Galp não está em dificuldades. Os lucros ascenderam, no ano passado, a 213 milhões de euros. No ano anterior foram de 478 milhões de euros. A empresa vai distribuir dividendos pelos accionistas. Mas ao contrário do que tem acontecido nos últimos cinco anos os trabalhadores ficam de fora. "Não é possível distribuir resultados que não alcançámos", diz Ferreira de Oliveira, que, tal como o resto da administração, não deixou de receber o seu prémio pelos resultados que não alcançou.

Os factos comentam-se a si mesmos. Por isso, ficam apenas umas notas:

A administração que suga (com uma grande contribuição do seu CEO) quase três por cento dos lucros de uma das maiores empresas nacionais acusa os trabalhadores de falta de solidariedade por quererem um aumento de 2,8 por cento. E que a greve "não defende os interesses nem de curto nem de longo prazo dos que trabalham e muito menos dos que aspiram a vir a trabalhar" na Galp.

De facto, ex-ministros pensarão duas vezes em escolher aquela empresa para dar conforto à sua reforma se os trabalhadores receberem 2,8 por cento de aumento. De facto, um futuro CEO que precise de receber mais de sessenta mil euros para pagar a sua renda de casa e deslocações (que um milhão nem dá para as despesas) pensará duas vezes antes de aceitar o cargo se os funcionários que menos recebem tiverem um aumento de 55 euros mensais. De facto, gestores que recebem prémios por "resultados não alcançados" não aceitarão dirigir uma empresa que distribui dividendos quando os lucros baixam.

A ganância destes trabalhadores desmoraliza qualquer homem de negócios mais empenhado. Assim este País não vai para a frente. A ver se os trabalhadores da Galp percebem: todos temos de fazer sacrifícios.

domingo, janeiro 24, 2010

U.S. Feeds One Quarter of its Grain to Cars While Hunger is on the Rise

by Earth Policy Institute on January 22, 2010

The 107 million tons of grain that went to U.S. ethanol distilleries in 2009 was enough to feed 330 million people for one year at average world consumption levels. More than a quarter of the total U.S. grain crop was turned into ethanol to fuel cars last year. With 200 ethanol distilleries in the country set up to transform food into fuel, the amount of grain processed has tripled since 2004.

The United States looms large in the world food economy: it is far and away the world’s leading grain exporter, exporting more than Argentina, Australia, Canada, and Russia combined. In a globalized food economy, increased demand for food to fuel American vehicles puts additional pressure on world food supplies.

From an agricultural vantage point, the automotive hunger for crop-based fuels is insatiable. The Earth Policy Institute has noted that even if the entire U.S. grain crop were converted to ethanol (leaving no domestic crop to make bread, rice, pasta, or feed the animals from which we get meat, milk, and eggs), it would satisfy at most 18 percent of U.S. automotive fuel needs.

Ethanol Demand, Rising Food Prices, and Hunger

When the growing demand for corn for ethanol helped to push world grain prices to record highs between late 2006 and 2008, people in low-income grain-importing countries were hit the hardest. The unprecedented spike in food prices drove up the number of hungry people in the world to over 1 billion for the first time in 2009. Though the worst economic crisis since the Great Depression has recently brought food prices down from their peak, they still remain well above their long-term average levels.

The amount of grain needed to fill the tank of an SUV with ethanol just once can feed one person for an entire year. The average income of the owners of the world’s 940 million automobiles is at least ten times larger than that of the world’s 2 billion hungriest people. In the competition between cars and hungry people for the world’s harvest, the car is destined to win.

Continuing to divert more food to fuel, as is now mandated by the U.S. federal government in its Renewable Fuel Standard, will likely only reinforce the disturbing rise in hunger. By subsidizing the production of ethanol, now to the tune of some $6 billion each year, U.S. taxpayers are in effect subsidizing rising food bills at home and around the world.

For more information on the competition between cars and people for grain, see Chapter 2 in Plan B 4.0: Mobilizing to Save Civilization (New York: W.W. Norton & Company, 2009), on-line for free downloading with supporting datasets.