domingo, novembro 21, 2004

Duas estratégias para a Ciência - Qual delas para Portugal?


Por Miguel B. Araújo
Investigador

Quando falamos de Laboratórios do Estado é bom ter presente duas perspectivas diferentes sobre o seu papel na sociedade. Uma perspectiva encara estes Laboratórios com centros de excelência em investigação fundamental e aplicada. Uma segunda encara-os como entidades prestadoras de serviço ao Estado.

Em França, por exemplo, o Estado investe nestes dois tipos de centros de investigação. Temos um CNRS que prossegue a excelência científica em várias áreas do saber e temos centros de investigação em energia nuclear que visam suportar técnica e cientificamente uma política energética, concreta, do Estado. Na vizinha Espanha temos o equivalente ao CNRS, o CSIC, que é em tudo parecido ao antigo INIC Português que, há semelhança de outros tantos projectos, foi abandonado sem se perceber muito bem porquê. A NASA, nos EUA, é outro exemplo, talvez o mais paradigmático, do segundo tipo de centros prestadores de serviços. Aqui os seus investigadores, ao contrário do que se passa noutros centros de investigação, são desencorajados de publicar as descobertas científicas em revistas da especialidade pois a sua função primordial é aumentar a competitividade tecnológica do Estado e de sectores económicos estratégicos. E esse contributo, como diz o adágio popular, faz-se em segredo.

Dentro da dicotomia identificada importa perguntar se Portugal deve investir na primeira estratégia, se na segunda, ou se nas duas. E fazendo essa pergunta importa depois responder se actualmente está a cumprir alguma delas e se não, porquê? Finalmente gostaria de discutir a situação da investigação Estatal em ciências do ambiente e da biodiversidade em Portugal.


continua...

Entretanto vale a pena ler a posição do Conselho dos Laboratórios Associados sobre a Proposta de Orçamento para a Ciência em 2005:

http://www.labs-associados.org/docs/CLAOE2005-Final.pdf

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