O colapso do projecto tal e qual estava apresentado é uma boa notícia para todos nós. Na prática o promotor pretendia a externalização dos custos ambientais do empreendimento. Uma externalização com valores de mercado perfeitamente identificados em virtude do nosso vinculo ao Protocolo de Quioto. Um custo que seria pago pelo erário público; ou seja, pelos nossos impostos. Era, pois, licito perguntar se o investimento que se pretendia imputar ao Estado não poderia ser gasto de outra forma.
Há umas décadas este tipo de raciocínios não se fazia mas graças ao facto das emissões de carbono terem hoje um valor de mercado é possível evitar erros desta natureza. Na realidade o projecto só era rentável se os custos ambientais fossem pagos pelo povo. Seria ainda menos rentável se as futuras gerações fossem consideradas.
Os investimentos prioritários de Portugal, em matéria de energia, deveriam centrar-se nas energias do futuro, i.e., nas renováveis. Os Países que inovarem mais rapidamente nesta matéria serão os Países que terão cartas a dar na nova economia da energia.
Segundo as palavras do promotor, a causa próxima da desistência do projecto terão sido as declarações do Secretário de Estado do Ambiente, Humberto Rosa, sobre as emissões de CO2 do projecto. É um argumento tonto pois mais tarde ou mais cedo os valores seriam divulgados na comunicação social e discutidos abertamente. Mas sendo assim só me posso congratular com as palavras de Humberto Rosa, ex-membro deste blogue. Com este resultado, cuja responsabilidade se lhe pretende imputar, já deixou uma marca positiva no Governo.
sexta-feira, maio 12, 2006
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5 comentários:
"Na realidade o projecto só era rentável se os custos ambientais fossem pagos pelo povo. "
O "povo" acabará sempre por pagar.
a internalização dos custos de emissao do carbono, seja por via indirecta através de impostos , seja pela via directa, preço mais alto dos combustiveis/eletricidade.
Alias as energias renovaveis sao disso prova. Apenas sao rentaveis com subsidios no preço da electricidade.
Proteger o ambiente custa dinheiro e não vale a pena esconder esse facto.
A questão está é se os consumidores, o "povo", estão disposto a pagar mais para protegerem o ambiente.
O sr. Patrick Monteiro de Barros resolveu culpar o Secretário de Estado do Ambiente pelo malogro do seu projecto. Para desviar as atenções da mediocridade do ante-projecto que apresentou, e para fazer esquecer o facto de se recusar a internalizar as externalidades ambientais que iria provocar, anunciou que teriam sido as inconfidências de Humberto Rosa a causar o aborto deste desiderato.
Ora, como é possível que um projecto destes aborte por ter sido violada a sua "confidencialidade"? Que confidencialidade pode haver num projecto público capaz de provocar enormes danos ambientais? Que segredos queria PMB esconder dos cidadãos portugueses?
As renovaveis carecem de investimento publico porque usam tecnologias que estao na sua infancia e sao ainda marginais em termos de producao total de energia. Com o tempo a sua eficiencia aumentara' e as economias de escala farao com que estas tecnologias nao carecam de beneficios fiscais.
Acontece que nao se pode dizer o mesmo do petroleo e das tecnologias que sao usadas para o refinar ou extrair. Este negocio e' altamente rentavel e com o preco do petroleo por barril como esta' nao se entende como e' que o Estado necessita de usar os seus recursos escassos para financiar esta industria.
Ja' agora, a producao de energia nuclear - aventada como alternativa - nunca teria sido implementada nao fossem os elevados investimentos publicos em investigacao fundamental, aplicada e de manutencao. Por exemplo, em Franca, mais de metade do PIB para publica em I&D vai para investigacao nesta fonte de energia.
Porque não mandam o Sr. Patrick Monteiro de Barros para Teerão? Lá talvez tenha mais sorte com os seus projectos para construção de refinarias e centrais nucleares.
No Seixal o lugar equacionado para construir um Hospital é no Sítio Rede Natura 2000 local, e para construir um Bairro Social, uma floresta protegida pelo PDM do Concelho.
Há que deixar o máximo de espaço livre para urbanizar. Que estranha forma de ordenar e proteger o ambiente.
em: www.a-sul.blogspot.com
e em: www.pinhalfrades.blogspot.com
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