Há vários anos que tenho vindo a alertar para o perigo de uma ideologia radical perigosa que vai fermentando no seio do movimento de defesa dos “direitos dos animais”. Como tentei demonstrar várias vezes, em acesos debates na lista ambio, o problema não está nas pessoas que frequentam estes movimentos, muito menos no conceito de que devemos tratar os animais com humanidade e respeito.
O problema está numa ideologia que sustenta a ideia de que os animais não humanos devem ter “direitos” na sociedade humana. Levado ao extremo estes “direitos” privariam os humanos de exercer poder sobre animais não humanos, por exemplo, limitando ou abolindo a utilização de animais para alimentação humana.
É natural que tal ideologia gere comportamentos antisociais. A realidade é de tal maneira contrastante com os princípios defendidos por esta ideologia que é difícil de conceber que pelo menos alguns dos seus defensores não sintam a necessidade de perpetrar actos violentos para impor as suas ideias.
É o que se tem passado no Reino Unido e agora nos EUA. Hoje o editorial da revista “Science” denuncia episódios de terrorismo perpetrado por defensores dos animais contra investigadores norte americanos e suas famílias. O articulista conclui:
“(…) the terrorists, equipped with a kind of moral certainty that cannot distinguish righteous from right, are likely to continue this campaign unless the law of the land makes it clearly illegal and punishable”.
Tenho em crer que o absolutismo moral desta ideologia já chegou a Portugal. No entanto, talvez por sermos um povo de brandos costumes, ainda não se manifestou da mesma forma violenta como se tem vindo a manifestar nos países de matriz anglo-saxónica. Mas creio que não faltará muito tempo para que isso aconteça.
Como os artigos da “Science” só estão disponíveis aos assinantes desta revista alguém com acesso ao seu conteúdo teve a delicadeza de colocar o referido editorial como primeiro comentário a este “post”.
sexta-feira, setembro 15, 2006
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24 comentários:
Science - Editorial
Animal Activism: Out of Control
Donald Kennedy
The scientific community has responded to several important science policy issues this year and is getting a little public traction on some, including stem cell research policies and global climate change. We have mostly ignored another, however, and it's a big one. Scientific progress depends on experiment, and in the life sciences that usually entails the use of live animals. But in many countries, animal rights organizations have successfully used extreme tactics to intimidate scientists and their institutions.
Scientists in the United Kingdom have been engaged in this struggle longer than those in the United States, and they appear to have been vigilant enough to secure at least some moderation of the problem. In the United States, however, if you conduct experiments on primate nervous systems, you might have the following experience. Photographs, allegedly of your subjects wearing expressions of extreme pain, are circulated to media outlets. Crowds with bullhorns picket your residence, and leaflets declaring that you commit "atrocities" are distributed to your neighbors. Your colleague who works on monkey behavior is the target of a firebomb. It is mistakenly placed on a neighbor's porch; the good news is that the fuse timer failed, but the Federal Bureau of Investigation (FBI) says the blast might well have killed those inside.
Am I making this up? Well, it happened to Dr. Dario Ringach, a member of the neurobiology faculty at the University of California, Los Angeles (UCLA). The work he did on higher-order information processing in visual systems had been published in good journals, including this one. The dénouement of the assault he weathered for 4 years is described in a triumphal press release from the Animal Liberation Front (ALF): "You Win" it said, quoting Ringach. The subhead read, "UCLA Vivisector Dario Ringach Quits Animal Experimentation." The release boasts about the reason for this outcome: He "asked that his family be left alone," it says. Well, in the absence of timely help from his institution, he made the best decision he could, as you or I probably would have.
Meanwhile, the ALF has taken credit for both this victory and the firebombing.
During the long spell of Ringach's harassment and the run-up to the firebombing, UCLA was mostly silent, just when the faculty might have expected some high-level encouragement and protection. The UCLA News Office had labeled the firebombing as terrorism and said: "UCLA condemns that." Fine as far as it went, but a firm statement from the top was needed, and one was finally forthcoming on 27 August, weeks after these troubling incidents. It came from Acting Chancellor Norman Abrams, who condemns the harassers as terrorists (thereby choosing exactly the right word), promises more security to protect the faculty members who do animal research, and doubles the $30,000 FBI reward for apprehension of the firebomber. That will help, but more remains to be done. It turns out that the folks who are promoting the harassment of faculty have had inside help and participation from students. Yet appeals by researchers for disciplinary action have gone unanswered, even though harassment is a listed violation under the UCLA Student Code.
Meanwhile, there's more on tap. The ALF has announced its own reward: $10,000 for anyone who supplies information that "leads to the end of an animal experiment or the arrest and final conviction of any vivisector at UCLA." It's good that the university is now moving on the problem. But the terrorists, equipped with a kind of moral certainty that cannot distinguish righteous from right, are likely to continue this campaign unless the law of the land makes it clearly illegal and punishable. Fortunately, there is an opportunity for effective congressional action in this area. H.R. 4239 (the Senate companion is S. 1926) has already been heard by the House Judiciary Committee. Entitled the Animal Enterprise Terrorism Act, it would prohibit threats against researchers and their families and establish penalties for economic damage or for placing a researcher in reasonable fear of death or bodily injury. It also specifically prohibits "tertiary" targeting: actions against those who have a relationship or transactions with animal enterprises, including researchers. The House Judiciary Committee should get this bill out for a vote as soon as possible, before somebody gets killed.
10.1126/science.1134384
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Don Kennedy is Editor-in-Chief of Science.
Olá Miguel,
Embora ache que o ser humano tem tanto "direito natural" a predar outras espécies como elas se predam entre si, creio que o uso que se faz dos animais na sociedade humana hoje em dia atingiu um extremo de indecência, que prejudica todos os envolvidos: os humanos têm dietas que lhes fazem mal, a diversidade na alimentação perdeu-se, e há um reprimir de vários sentimentos e experiências em que podemos aprender com os ditos "irracionais", só para que eles possam ser usados sem termos pesadelos com isso. A quantidade de estudos que já se fizeram sobre comportamento e consciência dos ditos animais demonstrou que não existem racionais e irracionais, nós estamos simplesmente num estádio mais avançado no que diz respeito à capacidade de raciocínio. Mas se acha que se podem classificar os seres humanos de racionais, apenas pelo facto de terem dominado a técnica para criar uma civilização,basta pensar quantas vezes cada um de nós é vítima dos seus próprios instintos, sejam eles a preguiça, a fome, etc. A quantidade de estudos que também já existem sobre a capacidade de animais "irracionais" sentirem sofrimento psicológico já sevia bastar para que a maneira como os usamos tivesse mudado.
Quanto à posição da Quercus que cita, e tendo eu a infelicidade de ter crescido no Ribatejo a lidar com os criadores e os aficionados da tourada todos os dias, tenho 2 coisas para lhe dizer: não há actividade em Portugal que promova tanto a inconsciência em relação à vida em geral como a tourada, experimente conversar com uma pessoa aficionada às touradas sobre por exemplo "é importante que se recicle" e vai ouvir no tom mais arrogante possível "ai a gente cá não faz nada disso, era o que faltava"; em 2ª lugar e os touros de lide são exactamente a mesma espécie que os touros que as cooperativas criam para vender como carne e nos hipermercados, só quando aparece algum mais bravo vende-se para uma tourada, por isso a história de que "se não houvessem touradas já não haviam touros bravos" é treta. Percebo que a Quercus se tenha associado a esse movimento porque muito além dos direitos dos animais, a existência de touradas é um problema social que promove certos valores de convivência entre as pessoas que são exactamente o oposto so que queremos numa sociedade civilizada e que caminha para melhor, por exemplo no aspecto de preservar o que é importante no seu território.
Um bom fim de semana:)
Pois a menima não sabe o básico.
è claro que os toiros de lide não são iguais aos outros (onde é que a menima anda?) . Resultam de um apuramento e construção que envolve o homem e o território. E é claro que a carne pode e deve ser vendida, como biológica, logo mais cara e rentável em talhos, que a menina não frequenta.
E o que torna rebtável o toiro de lide e assim dá razão à lógica que sem corridas eles acabam é o facto de o custo de venda de um toiro para corrida cobre substancialmente mais (15 ou 20 vezes ) o dinheirinho que pagaria no talho.
E a Quercus, felizmente, demarcou-se desses fanáticos animalistas que querem destruir o ambiente, a cultua, as comunidades e acabar com o toiro. O de lide, para já. O de cobrição a seguir, pois não é que a sua única função é produzir mais gado para nós comermos?
E por aqui me fico que para irracionalidade já me bastam as bestas.
CC
AEloy
caro Aeloy,
Isso é uma falácia que as famílias criadoras de "toiros de lide" tentam fazer passar. A mim, que conheço muitas pessoas dessas famílias e que volta e meia até os tenho cá em casa, não me engana. Agora em relação ao público, é a sua palavra contra a minha, o que é que hei-de fazer?
Já agora, a desculpa da cultura/tradição já não serve. É uma desculpa usada pelos aficcionados porque lá no fundo da sua consciência têm vergonha de admitir que gostam da violência do espectáculo. Qualquer ser humano tem a noção de que aquilo é moralmente errado. Nunca se viu um aficcionado dizer que gosta de ver espetar o bicho. É arte, é tradição bla bla..arranjam-se desculpas.
E não resisto: se o aeloy é tanto a favor de se preservarem tradições, vai-me dizer que também concorda com a tradição das meninas casarem virgens, certo? E acha bem que se aplique a todas à sua volta, não é? Racismo, violência contra mulheres e crianças, guerra - também são coisas que existem desde sempre, e não é por isso que as queremos preservar. E para melhor, muda-se sempre. A humanidade está a evoluir para um estado de consciencia moral cada vez melhor, por isso se foram abolindo torturas e outras práticas, e se começam também a banir certos hábitos como este. A vizinha Espanha tem pelo menos 10 cidades que já se declararam livres de touradas, incluindo Barcelona, e há mais com projectos desses.
Caro aeloy, aproveite que não vou continuar esta discussão e ponha cá todos os seus argumentos, que eu não venho cá desmentir. De qualquer maneira, aficcionados ou não, vivissecadores ou não, todas as pessoas merecem o meu respeito e é com opiniões diferentes que enriquecemos. Mas não sou obrigada a concordar com elas, nem deixo que me atirem areia para os olhos.
Não consigo entender porque é que ciclicamente se volta na Ambio à discussão sobre a tourada. Especialmente quando o que se discute neste post é uma forma de terror ideológico inaceitável por qualquer forma de vida inteligente, o que concerteza inclui a Quercus e todos nós.
Não discuto (nem eu nem as grandes universidades e centros de investigação) que a vivissecção tem de ser usada com critério, e que critério. Também não me parece discutivel que os avanços proporcionados pela investigação científica realizada com base em animais têm sido extremamente benéficos (até para os animais, ainda que não os directamente envolvidos nos estudos), e até prova em contrário, inalcançáveis se realizados sem recurso aos mesmos. Quanto aos cosméticos, a estória é outra, e estaremos mais ou menos todos de acordo.
Curiosamente, não me parece que a contestação seja tão forte em relação ao uso de embriões. Será que não inspiram tanta preocupação por não serem minimamente antropomórficos, ou não permitirem grandes projecções?
Seria também engraçado obter comentários vindos de campos extremistas sobre a experimentação científica realizada em humanos, humanos esses a quem se lhes promete dinheiro, playstations e outras recompensas, e que acabam com o aspecto do homem elefante e provavelmente muito menos anos de vida. Não acharão também este tipo de investigação maldosa e desnecessária, tão profundamente errada como a relizada em animais?
Como em tudo o que diz respeito a ciência, a discussão deveria andar à volta de problemas e soluções propostas, perguntas e respostas, não de terror e fundamentalismos. Não se gosta do que é práctica comum? Proponham-se e defendam-se alternativas. Mandar abaixo por mandar abaixo, por qualquer frustração profunda e irracional, só dificulta a vida de quem trabalha e de quem protesta. Não se produzem avanços.
A tourada não me parece para aqui chamada. Mas que sei eu...
E sem me pronunciar ssobre a virgindade de ninguém em particular não quero deixar de registar que mostrando todo a sua farisaica hipocrisia os putativos amigos dos animais não se manifestem contra o atentado contra estes e dispilfário ambiental que se vai realizar na fil, uma coisa nojenta, pavor de torturas dos bichos (até lhes pintam as unhas!) que é a petafil.
De petas, manipulações e confusões estamos falados.
AEloy
Meus caros,
a realidade emerge mostrando que o futuro do Homem, passa por outras fronteiras que não as que até aqui têm sido considerado fundamentais.
Fundamental vai obrigatoriamente ser a redefinição do que é possuir e usar a consciência, a inteligência, o factor emocional e herança dos princípios éticos que regem a vida, não dos humanos, mas de todas as espécies.
Naturalmente que até hoje, o pensamento dominante foi o de que tudo o que se nos oferece no planeta que habitamos nos serve. O conceito provém da 'antiguidade' e durou praticamente até à 'morte de Deus', citada apologeticamente por Nietzche no século XX. É certo que estamos precisamente a viver a fase da mudança, e, portanto, todos aqueles que se pensam modernos ainda não deixaram de lado o preconceito da espécie dominadora ' do quero, posso e mando' que vai vigorando, martelando o nosso quotidiano com problemas que por fim se vão rotulando de insolúveis e sob a capa da democracia vamos apontando como 'problemas novos do sistema' ou ' os sempre novos problemas postos pela democracia'.
Não cremos que existam muitas dúvidas acerca desses problemas. Residem os mesmos no facto de o pensamento do Homem, esse pensamento vigente mas 'velho', se alicerçar numa base errada, sendo que a mesma nos vai conduzindo à destruição e à do planeta.
Passa, sem dúvida, pela relação que temos com o que nos rodeia, a mudança dessa velha perspectiva, a possibilidade de nos podermos representar de outra forma e de conduzirmos a nossa 'inteligente espécie' a outras funções muito mais responsáveis, na prática, porque essa responsabilidade já a temos de há muito, mas a cuja prática fugimos diariamente.
A nossa relação com os outros seres é má. O facto de denominarmos alguns dos 'outros' por animais já de si é um sinal da diferença, do preconceito rácico, e o erro traduz-se em esplendor nessa chamada.
Será possível explicar a um entendido e vaidoso humano que ele é tão só feito da matéria das estrelas e que o planeta a que chamamos Terra nos autoriza a nascer apenas pela sua pontual arquitectura actual?
A nós e a todos os outros espécimes, que, da mesma forma, também desconhecem a razão da sua existência na Terra!
Mas, com pouca dúvida, escrevo o que muitos já deixaram em herança: somos a espécie mais adiantada no mapa obscuro da evolução, mas não nos podemos esquecer que habitamos um dos 200 biliões de 'artigos espaciais' contidos na galáxia a que pertencemos.
Então, qual é a vaidade?
Bem, a vaidade está apenas no facto de podermos ter surgido ‘aqui e agora’, e podermos conversar sobre este assunto, dirão talvez alguns, mais distraídos, o tal assunto dos animais.
Não, não há assunto sobre os animais; a matéria é mais profunda, muito mais profunda, e tem apenas a ver com o papel que desempenhamos na Terra.
Somos apenas uma espécie entre as outras.
Temos a responsabilidade de preservar todas as formas de vida que estiver nas nossas possibilidades.
Não devemos causar sofrimento a nenhum ser vivo.
Devemos usar a tal consciência para podermos perceber o que podemos comer - existe uma escala e a Terra está perfeitamente proporcionada para alimentar quem quiser ser alimentado.
A nossa alimentação está pejada de preconceitos do foro da gula e é, ainda por demais e sem necessidade, ritualística.
A tradição, ou aquilo que se designa por tradição, na defesa de costumes perfeita e injustificadamente grosseiros e torturantes, só podem merecer a enorme tristeza de quem se diz possuir uma consciência activa. E alguns dos mandantes do velho pensamento até falam de alma, pasme-se!
Retomando agora o post do 'ambio', não defendi ou defendo, e continuo a pensar não defender o uso da violência, com o objectivo de impor novas formas de conduta. Mas entendo que a maioria está a deixar correr o marfim, e a lentidão das medidas urgentes relacionadas com uma série de situações graves e atentatórias do íntimo de muitos milhares de pessoas e que representam um futuro que desejamos não muito distante, podem dar ensejo a que apareça gente disposta a usar esta luta para lhe retirar significado.
Por isso, e como a consequência da forma de pensar relativamente ao nosso papel como espécie e da nossa responsabilidade perante tudo o que nos cerca, é matéria vital, penso que não vale a pena fechar a discussão sobre quem é que está favor ou contra os animais.
A questão é: sou (como humano) superior aos outros seres porque tenho a responsabilidade de preservá-los do sofrimento e da destruição por motivos relacionados com o meu ego e a minha vaidade.
Este é o ponto que deixava em aberto para a continuação da conversa versando esta vital matéria.
Meus caros,
a realidade emerge, mostrando que o futuro do Homem passa por outras fronteiras que não as que até aqui têm sido consideradas fundamentais.
(deveria ter começado de forma mais correcta, e como não foi revisto, foi mal! agora, está bem; desculpem...)
Quanto à questão da violência em prol dos animais sou contra, não faz sentido.
Agora em relação ao seu comentário de absolutismo moral em relação aos direitos dos animais como deixar de comer carne a meu vêr não faz sentido essa sua afirmação.Esse absolutismo moral também se está a referir ás peles de felinos, focas e outras animais, é mesmo necessario ao ser humano usar peles??
A terminar queria só dizer em relação ao seu post sobre direitos dos animais, em relação aos vegans de ser contra natural eu não sou vegan mas os estudos que se efecturam provam que os primeiros homens a pisar a terra foram vegetarianos só depois com a alteração de certos factores é que começaram a comer animais.
Nao e' verdade que os primeiros humanos eram vegetarianos, nem e' verdade que o boi pertence a' mesma raca do touro.
Nao ha' discussao que resista a' deturpacao sistematica da verdade.
E se quiser levar esta discussao mais longe poderei, como alias fiz na lista ambio, demonstrar que a sua afirmacao sobre o vegetarianismo dos primeiros homens e' falsa.
Nao resisto a colocar um trecho de uma mensagem /discussao havida na lista ambio em dezembro de 2005, altura em que o mesmo argumento desprovido de qualquer fundamentacao apareceu:
>O Henrique acha que a dieta
> vegetariana é um produto da globalização, mas a verdade é que esta dieta
> existia muito antes da dieta omnívora e que a maior parte da população
> que já existiu em toda a história da humanidade foi vegetariana. A
> vulgarização do acto de comer carne é que é fruto da modernização, da
> industrialização e da globalização.
Errado. A dieta que a Irina se estará a referir, designadamente a
Mediterrânea, SEMPRE foi omnívora. Teria, em certos locais, em função das disponibilidades alimentares, uma proporção de produtos derivados da carne e do peixe menores que a dieta humana, predominante, do mundo global
actual mas, para o caso de não se lembrar, nós derivamos de sociedades "caçadoras recolectoras". Visite a Irina as sociedades caçadoras
recolectoras que ainda hoje existem, por exemplo, na floresta amazonica, onde além de mamíferos se comem aves, insectos e peixe, e experimente ver como reagem estes indígenas à teoria de que eles são vegetarianos.
> Volto a dizer que beber leite só faz sentido quando se é nómada no
> deserto ou se vive num qualquer outro meio ambiental ou cultural em que
> as opções alimentares são reduzidas, porque os malefícios de beber leite
> estão há muito comprovados pela ciência, apenas não se faz muito alarido
> disso porque seria prejudicial à economia e a uma série de interesses
> instalados.
Talvez a Irina não saiba que alguns seres humanos, nomeadamente uma parte importante dos humanos de raça caucasiana, sofreram alteraçoes do seu código genérico que lhes permitem digerir a lactose. Existe, por assim
dizer, na Europa, um gradiente latitudinal de tolerância à lactose, sendo que 95% Norte Europeus são tolerantes à lactose, contra 70% dos Centro-Europeus, e 30% dos Europeus do Sul. A maior parte dos humanos de raça negra, ou provenientes da Asia (entre 75 a 90%), não tem essa capacidade.
Portanto, dizer que beber leite faz ou não faz sentido depende da etnia de humanos que estamos a falar.
A afirmação sobre o nomadismo, ainda que intuitiva, não coincide com a opinião dominante de que a tolerância à lactose se terá desenvolvido no neolítico, ou seja, numa fase de sedentarização das comunidades. Ver, por
exemplo, o artigo que extraí da revista "Science" sobre este assunto e que coloco no final desta mensagem.
Se a Irina tivesse dito que se pode viver sem leite de vaca e que para algumas pessoas até é melhor que o façam eu concordaria (mas já não o faria no contexto de outros produtos lacteos evitados pelos "vegans" como sejam o queijo e os yogurtes). Eu próprio evito o leite de vaca e prefiro
o leite de soja (provavelmente pertença aos 70% de intolerantes à lactose que existem no sul da Europa). Mas não preciso de torcer a verdade dos factos para justificar esta minha opção.
Cumprimentos,
Miguel
http://www.sciencenews.org/articles/20030201/fob1.asp
Dairying Pioneers: Milk ran deep in prehistoric England
Bruce Bower
Farmers who settled in England around 6,000 years ago literally milked
cattle and other grazing animals for all they were worth. A chemical
analysis of broken pots found at 14 ancient British sites confirms
archaeological evidence suggesting that early farmers raised livestock for
dairy products as well as for meat.
The new study, directed by chemist Richard P. Evershed of the University of Bristol in England, employed a recently developed mass spectrometric technique to identify milk fats on pots from the ancient sites, which
range from about 1,500 to 6,000 years old.
"This is the first direct evidence of milk use at the time farming began in Britain, 6,000 years ago," says archaeologist and study coauthor Sebastian Payne of English Heritage in London, a public agency that supports archaeological work.
These findings, described in the February 18 Proceedings of the National Academy of Sciences, reveal only that many pots once contained milk or milk products. "We don't know the extent to which prehistoric people drank milk or converted it into products such as cheese and butter," he says.
Some archaeologists suspect that only after several thousand years of farming did milk make its way into people's diets because lactose, a sugar in milk, commonly elicits allergic reactions. In accordance with that view, Payne speculates that early farmers in England primarily used milk
to make lower-lactose dairy products, at least until widespread biological
tolerance for the sugar had evolved.
Evershed and his colleagues studied more than 950 pot fragments found among the remains of villages spanning England's Neolithic, Bronze, and Iron ages. Small samples taken from each fragment were ground to a powder
and chemically treated using a method that identifies the amounts of different carbon isotopes. Milk fats display a signature ratio of carbon isotopes, distinctive from that for meat fats.
"Evershed's chemical technique is the breakthrough we've been waiting for to investigate prehistoric nutrition," comments archaeologist Andrew Sherratt of the University of Oxford in England.
Many pottery pieces from each site that Evershed's team
investigated—including the three oldest sites—contained milk-fat residue, the scientists say. Even the earliest English farmers seem to have employed a variety of agricultural practices, such as domesticating animals, cultivating crops, and dairying, Payne notes.
The new chemical data set the stage for researchers to look for milk-fat residues on pottery from comparably ancient sites in central Europe, adds archaeologist Peter Bogucki of Princeton University. Clues to dairying at
these locations consist of large numbers of adult female cattle bones and ceramic strainers possibly used in cheese production, Bogucki says.
Evershed and Payne, with Sherratt, are now searching for milk-fat residues on pottery from about a dozen prehistoric sites in southeastern Europe, Turkey, and the Middle East. Payne suspects that Middle Eastern villagers
milked farm animals at least 7,000 years ago. Various farming practices developed slowly there and then spread into Europe as a "package," he speculates.
At this point, it's hard to know precisely where dairying and milk
consumption began and how they spread from those origins, Sherratt notes. "The milk story is getting fuzzier and more interesting," he says.
Logos Quotes 26-SEP-2006:
Author - Anonymous
English - apart from a few men, all animals have a soul
Portuguese - salvo alguns homens, todos os animais têm alma
É incrível como tanta gente, e dos vários pontos de vista, passa ao lado do essencial e de uma posição equilibrada!
Cumprimentos do
João Vale Serrano
Miguel, eu não disse que o boi é da mesma raça que o toiro. Eu sei perfeitamente que não é. Eu disse é que aquilo que se cria ali na lezíria são toiros, e que eles tanto são vendidos para as cooperativas locais, como os que mostram ser mais bravos são logo postos à parte e vendidos para as corridas. É costume ali no Ribatejo as pessoas comprarem um toiro aos criadores, mandarem desmanchar ao matadouro e encherem a arca de carne para uns meses. (E sim, eu sei que na lezíria também se criam bois de outras raças).
E com isto cometi um erro que não devia ter cometido. Quando escrevi aquilo bem me parecia que me estava a soar mal. O boi e o touro são diferentes sim, mas não é na raça. O Miguel investigue, tenho a certeza que tem recursos para isso, e vai descobrir facilmente.
comt oda esta discussão acabei por me desviar do que era o comentário inicial ao seu post.
O Miguel tem todo o direito à sua opinião em relação à posição e deveres/direitos dos animais na sociedade humana. Mas outras pessoas, que fazem tanto parte da dita sociedade como o Miguel, têm opiniões diferentes conforme a sua sensibilidade e /ou experiência. Por exemplo, eu sou vegetariana por várias razões, uma das quais é que isso me permite não contribuir para o sofrimento de animais, porque é uma ideia que me perturba. Como isto é uma opinião pessoal que tem a ver com a minha maneira de ser, ninguém tem que a criticar nem tentar estabelecer regras para eu me guiar a formá-la. Acho que por isso vai sempre haver desacordo entre vegans, vivissecadores, etc. E tenho a noção, tal como o Miguel terá, que fere bastante a sensibilidade de alguém pensar que um cão igual ao que tem em casa é sujeito a vivissecação. Agora, quando algo o incomoda, não acha que é normal tentar mudar isso?
De resto, tenho que dizer que concordo absolutamente consigo em relação ao vegetarianismo, leite de soja, etc.. cada um come o que quer e por razões pessoais, por isso não tem nada que tentar arranjar maneiras de o justificar aos olhos dos outros, aind apor cima com factos pseudo-científicos.
Bom, o post nao fala sobre dieta mas sobre terrorismo animal.
Como e' obvio eu nao me meto em dietas alheias. Tambem nao critico o veganismo, o vegetarianismo ou a omnivoria pois essencialmente penso que cada um deve comer o que melhor lhe aprouver.
Se reparar bem nos textos deste blogue vera' ninguem usa argumentos "pseudo-cientificos" para justificar uma opcao carnivora. O que se diz e' que a omnivoria define a especie humana do ponto de vista EVOLUTIVO sendo falso a afirmacao contraria de que os humanos comecaram por ser vegetarianos.
De resto nao entendo porque a rita fala de dietas, como comentario ao post que escrevi. So' assessoriamente, i.e., querendo ir por ai, se pode puxar o tema do meu post para este tema.
Quanto a tentar mudar praticas que chocam a sensibilidade de uns...
Tudo bem, nao tenho nada contra desde que os metodos se situem no dominio do bom senso e do respeito por escolhas alheias.
O problema - e e' disso que se fala no post - e' que a ideologia animal pode conduzir interpretacoes extremas que conduzem, inevitavelmente, a comportamentos extremos.
E nao sou eu que o digo. Sao os factos.
Infelizmente fui mal interpretada. Bom, eu só falei de dietas no seguimento da sua ultima entradas sobre a tolerância à lactose; e em relação a argumentos pseudo-científicos não me referia ao blog em si mas às afirmações (feitas por outrem) de que os "primeiros" hominideos eram vegetarianos, "devemos ou não" beber leite, etc. Como percebe é uma causa a que sou sensível e sei que infelizmente, com o uso deste tipo de argumentos e com um discurso sem credibilidade nenhuma, a tal "causa da defesa dos animais" só anda mais devagar. No fundo acho que essa é uma luta que se acaba por tornar muito frustrante, e por isso leva algums pessoas a extremismos. Aliás, qualquer ideologia que encontre bastante resistência pode levar a isso, há bastantes exemplos. Não quero de maneira nenhuma justificar atitudes violentas com as quais obviamente não concordo, só estava a tentar que a causa para elas existirem fosse compreendida.
Pois infelizmente só ideologias totalitárias, como o animalismo, tem que recorrer à violencia, ao insulto e a mais reles manipulação. Ainda bem que é um seu prosélito que o refere.
Já em tempos outro sr. de uma dessas associações me referiu que um seu colega era um louco rematado que devia ser internado.
Menina as ideolgias são sistemas de ideias que se desenvolvem no tecido social, compagináveis tolerantemente com outras, a não ser as extremistas como o comunismo, o islamismo e o animalismo, ou o nacionalismo.
As ideolgias exigem respeito e funcionam pelo convencimento argumentário e pela lógica do contraditório, logo o histerismo, o desfilar em pelota, a mentira e a alarvidade, as cuspidelas não são argumentos.
Ou as mentiras e manipulações grossas.
Infelizmente mesmo no Estado liberal ideias totalitárias vão encontrando espaço de afirmação (como a censura a opera de Mozart ou aos cartoons) e os direitos civis vão sendo restringidos, em nome do medo (como pode acontecer com o experimentalismo cientifico ou com lógicas tradicionais e rituais, mais dificilmente pois essas encontram-se escudadas nas comunidades).
Infelizmente o estado de direito padece com os vírus dos totalitarismos e é cada vez mais díficil mantermo-nos coerentemente à tona.
Mas enquanto houver alguém que resista, enquanto houver quem diga não aos pensamentos religiosos, transformados em ideologia, a vida continuará e os toiros também.
Em 1973, Carl Sagan já escrevia nas suas 'Ligações Cósmicas', "Chegou o tempo de um respeito, uma reverência, não só por todos os seres humanos, mas por todas as formas de vida".
Sinceramente, o aeloy põe na mesma prateleira o manter os animais nas touradas e o continuar a usá-los para experiências científicas que contribuem para descobrir a cura de doenças... Enfim... vivam o esclarecimento e o civismo da comunidade aficcionada.
Pois a menina Rita além de confundir bois e toiros, inocentemente ou manipulatóriamente, confunde as gavetas da prateleira.
Mas sendo que o problema é que com os seus amigos quer deitar fogo ás ditas todas, não lhe importando as consequências, em nome de valores totalitários, absolutos.
E hipocritas.
Sou dos tais que me apetece ver uma tourada sempre que surgem "amigos dos animais" a querer acabar com elas. Nos argumentos destes "amigos" só encontro motivos para não deixar morrer a tradição, a festa e a arte; a participar na preservação do touro, do cavalo e dos campos. Bem-hajam, que me acordam de letargia calaceira, sem dúvida o maior perigo para a festa brava.
Jaime Pinto
Perdão: não é festa brava mas sim Festa Brava.
Nossa senhora dos pai nossos ... que com muita facilidade se baralha e volta a dar e se divide para reinar. Ao ler esta sequência de posts foi levado numa viagem ao mundo da retórica e dos argumentos fáceis. For what it's worth aqui fica a minha muy humilde opinião. Os animais ditos "irracionais", termo convencionado mas com o qual discordo, são seres sentientes com sistemas nervosos semelhantes ao humano. São seres capazes de sentirem e exprimirem dor e outras sensações. Muitos de nós temos vivências que o demonstram. Negá-lo é desmentir tudo o que a ciência sabe e tem por garantido até prova em contrário. O que me leva ao ponto seguinte que é a discussão dos direitos dos animais em relação aos direitos dos humanos. Teremos nós o direito a dispor da vida animal em proveito da vida humana? Não sou capaz de criticar quem caça ou pesca para comer. Os recursos são escassos e a humanidade não poderá prescindir da carne, do peixe, dos ovos e de outros alimentos de origem animal como fontes de alimentação. Somos de facto omnívoros, por evolução e em muitos casos por necessidade. O vegetarianismo ou o "veganismo" são, no entanto, opções válidas e sustentáveis por parte de adultos conscientes e informados. Não me agrada saber que o animal que vou comer sofreu para que eu me possa alimentar - seja um bovino que passou a vida preso em instalações precárias ou um peixe cujos orgãos internos explodiram devido à descompressão súbita a que foi sujeito. Também não é um pensamento agradável o facto de um grande número de animais ter sido sujeito a experiências de horror para que eu tenha acesso a milhares de medicamentos. Em todos estes tipos de interacção com os animais, há temas em particular que devem ser discutidos na praça público. A lista é imensa. Há muitos pontos em que poderemos evoluir sem prejuízo significativo do nosso modo de vida. Citarei apenas alguns tópicos. Onde caçar? Com que métodos? Como proceder á criação dos animais? Como fiscalizar? Que experiências são aceitáveis? Quem define os critérios? E esta parece-me a palavra-chave - critério. Vivissecar para quê e em que circunstâncias? Porque é mais barato? Porque conduz a resultados mais rápidos? E quais são os resultados pretendidos? Analgésicos mais eficazes? Uma vacina contra o HIV? Não serão mitas vezes a obtenção de um cosmético mais barato ou a publicação de mais um "paper" redundante, e inútil que vai ser lido por dois ou três cientistas numa qualquer publicação obscura sem que daí resulte qualquer benefício para a humanidade? Teremos o direito de o fazer? A fronteira é difusa, e o universo das farmaceuticas e dos meios académicos é obscuro e não é gerido senão pela consciência de quem se move nesses meios. Essa impunidade conduz certamente a exageros e violências gratuítas. Exige-se transparência. Exige-se que se definam regras claras quanto a este tipo de actividades. Temos, pelo menos, 200 anos de experiência a nível do que se fez em nome do progresso e da humanidade. Não deveríamos ser mais judiciosos e vigilantes em relação ao que permitimos que se faça em nosso nome? E digo-o com muita frontalidade: certas organizações que chamam repetidamente a atenção para estes factos têm efecuado um trabalho notável, se bem que em muitos casos inconsequente, de sensibilização. Entristece-me que algumas pessoas aqui optem pela patética estratégia de os tentarem reduzir a, passo a citar, "animalistas". Segundo os mesmos ilumidados o tenebroso "animalista" é o inimigo do ambientalista. Ao ler alguns artigos neste blog, entre os quais, o que relata a libertação de espécies não endémicas, compreendo o ponto de vista e associo-me naturalmente às críticas neste caso ou em qualquer outro em que o benefício geral da fauna e da flora seja posto em causa. E eis que este tema me traz aqui a este post e em particular às touradas, ao touro, ao boi, ao mundo rural e ao ambiente. Li, para grande espanto meu, que os tais "animalistas" são inimigos do mundo rural e de uma forma de vida tradicional. Isto porque de uma forma "ignorante" advogam o fim das touradas, tradição que não entendem nem fazem por entender. A minha pergunta é a seguinte: o que é que nós - e por nós entenda-se o grupo de pessoa que se opõe a tão triste espectáculo - não entendemos ? Trata-se de um grupo de homens a torturarem um animal com um cérebro com metade do tamanho do seu. Trata-se de um confroto desigual e cobarde em que se causa sofrimento a um animal que é arrastado para um ambiente estranho e hostil e sujeito a crueldadaes várias. Nada disto é discutível para qualquer ser humano com as suas capacidades cognitivas intactas. Também me parece aceitável que tal seja motivo para oposição e denuncia. E então porque se persiste na práctica? Para a preservação do mundo rural, disseram uns, para a preservação do touro e não do boi disseram outros. E por partes iremos. Em primeiro lugar a preservação das touradas nada tem a ver com a preservação do mundo rural. O mundo rural já foi sujeito a tantas mudanças nas últimas décadas que não será o fim das touradas o tiro de misericórdia, até porque as explorações de onde provêm estes animais existem por outros motivos que assegurariam a sua continuidade. E o ambiente, seria prejudicado? A preservação do meio rural tal como este existe hoje não é garantia de preservação do ambiente. Sobejam exemplos no nosso país de explorações rurais nocivas para o ambiente, muitas vezes propriedade de pessoas perfeitamente indiferentes ao ambiente e às consequências das suas acçoes e actividades. A sobrevivência do meio rural é argumento que não colhe nesta discussão. Tal como não o é a preservação do touro, como em oposto ao vulgar "boi". Dizem-nos que sem a continuidade das touradas não se assegurará a sobrevivência dos genes do touro - espécie distinta, asseguram. Ora, técnicamente, uma espécie é-o de facto quando não se reproduz com animais que não os da sua própria espécia. Esta definição foi-me dada por um biólogo como a mais simples e precisa que se pode formalizar uma vez que este é um ponto discutível em relação a alguns animais (que não os bovinos, note-se). O touro reproduz-se com a vaca, a mesma que se reproduz com o vulgar "boi", logo o touro não é uma espécia distinta. But I digress ... até porque tal não é relevante. Qual é a vantagem de preservar um animal modelado pelo homem na sua forma actual, espécie distinta ou não, se este está dependente de um espectáculo que tem como finalidade o seu fim degradante? Tudo se resume ao que é aceitável ou não, à existência de critérios que respeitam o direito dos animais a um vida digna. Dir-me-ão que o que será digno para um animal é discutível. Pois eu creio que a tortura e o sofrimento animal para fins que não os da sobrevivência e da saúde humana não é aceitável nos tempos em que vivemos. E felizmente que cada vez mais pessoas partilham a minha opinião. Não estarei muito enganado ao afirmar que dentro de uma década ou duas as touradas terão sido banidas da Europa. E haverá muitos filhos envergonhados pela opiniões dos pais sobre este tema. O estado em que o planeta está obriga-nos a todos a reflectir sobre a nossa relação com o meio que nos envolve, o que implicará, cada vez mais, o respeito por outras formas de vida. Podemos continuar a torturar os touros, ou "bois" conforme as versões ou a testar cosméticos nos olhos dos coelhinhos de laboratório. E ao mesmo tempo podemos combater os fogos florestais, a exploração anárquica do litoral, defender o lince na malcata e em espanha. Mas na minha forma de ver, o caçador que caça o que não deve, o autarca que permite construir onde não deve, os grandes armadores que pilham os oceanos, o cientista sem escrúpulos, os toureiros e quem os aclama ostentam todos a mesma indissociável marca: a marca de quem não respeita a natureza, de quem se acha dono e senhor dos solos, da floresta , dos mares, dos animais ... Dizia Alexander von Humboldt que nada define mais um povo baixo e reles do que a crueldade contra os animais. Pela amostra que aqui vamos tendo e pelo desrespeito pelo ambiente a que vamos assistindo o homem tinha razão. Mas talvez fosse tal como eu, mais um "animalista".
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